Arquivo do mês: maio 2025
DAS PROCISSÕES
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
A canção de Gilberto Gil, “Procissão”, é um clássico da MPB cuja letra por pressão e covardia do autor, foi modificada três vezes, mas não se perdeu a original que começa assim: “Olha lá vai passando a procissão/ Se arrastando que nem cobra pelo chão/ As pessoas que nela vão passando/ Acreditam nas coisas lá do céu…”
As procissões religiosas são atos de fé e devoção com raízes antigas, remontando ao longo da História manifestações multifacetadas que refletiam a cultura popular das sociedades em que ocorreram.
No antigo Egito, a festa de Opet compreendia uma grande procissão ao longo da avenida das esfinges, onde o deus Amon, sua consorte Mut e filho Khonsu, cada um sobre uma barca dourada, eram levados do templo de Karnak até Luxor.
O budismo leva os seus seguidores a dar voltas silenciosas em torno de uma Árvore Bodhi, invocando forças espirituais para apoio ou proteção. Segundo a tradição, foi sob a árvore sagrada que o primeiro ser humano alcançou a iluminação e onde Siddharta Gautama no século VI antes de Cristo, tornou-se Buda.
Os gregos e romanos as apresentavam em homenagem a Dionísio ou Baco, ao final da colheita das uvas. Do outro lado do Atlântico, os maias realizavam procissões com dança, música, e mesmo sacrifícios humanos, para comemorar diferentes períodos do calendário maia, como o ano novo e eclipses solares.
Também faziam procissões os antigos judeus, na Páscoa, em Pentecostes e na Festa do Tabernáculo. Na Torah são relatadas diversas procissões: (Êxodo 25:10-15, Josué 3:5-6;14-16, Josué 4:4-5;15-18, Josué 6:4, Números 10:33-34).
Este Velho Testamento deixou a tradição de procissões como herança para cristãos, e com o catolicismo elas se multiplicaram, eclodindo na Idade Média com a exibição de imagens e suspeitas relíquias….
Dicionarizado, o verbete Procissão é um substantivo feminino que se refere a um cortejo com pessoas caminhando na mesma orientação de crendice e de roteiro. Este desfile em diversas religiões é organizado pela burocracia sacerdotal com versificadas orações cantadas em refrão.
A etimologia da palavra é latina, “processĭo, -ōnis“, proviniente de “procedere”, no sentido verbal de “ir adiante”, “avançar”, “caminhar”, mencionando pessoas em grupo caminhando de maneira formal ou cerimonial.
Émile Durkheim, psicólogo, filósofo e sociólogo francês que emancipou a Sociologia como autônoma, argumenta que as procissões reforçam a solidariedade entre os membros de uma comunidade.
E esta observação nos leva aos desfiles políticos, marchas cívicas e cortejos religiosos; manifestações que passaram a ser exploradas eleitoralmente nas democracias ou como demonstração de apoio nos regimes totalitários.
Durante muitos anos, assistimos as Marchas de 1º de Maio, em desfiles de protesto e propostas sindicais em defesa dos trabalhadores. Muitas vezes iam às ruas enfrentando a repressão dos governos a serviço do patronato reacionário.
As conquistas do Mercado de Trabalho, lentas, graduais, mas sempre revitalizando e atendendo reivindicações, esvaziaram os slogans revolucionários, afastando os extremistas da movimentação; e a última pá de cal sobre o túmulo do anarco-sindicalismo, foi a criação fascista da pelegagem que mercenarizou os líderes de classe vendidos aos governos ou ao patronato.
Neste Ano do Senhor de 2025, o 1º de Maio trouxe o exemplo mais-do-que-perfeito da degenerescência sindical no Brasil, com os pelegos roubando os aposentados e pensionistas com ajuda governamental, uma ação criminosa que impediu a presença demagógica de Lula da Silva nos comícios esvaziados.
Em verdade, diante da enxurrada de corrupção em seu governo, o traidor da classe trabalhadora, corrompido, corrupto e corruptor nada tinha a dizer a não ser as mentiras marqueteirizadas de sempre.
Isto nos leva à realidade seguindo uma Procissão compromissada em ajudar o novo papa, Leão 14, agostiniano, que quer construir pontes para relacionar toda a gente sem distinção, em defesa da Paz; e assim vislumbra um mundo melhor.
DAS COINCIDÊNCIAS
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
A vida é cheia de coincidências; mas as coincidências que encontramos nos círculos políticos são exageradas. Como verbete dicionarizado, a palavra Coincidência é um substantivo feminino vindo do latim vulgar “coincidere”, significando a condição de dois fatos ocorrerem igualmente por acaso.
Não encontramos para Coincidência um sinônimo perfeito que represente claramente sua significação, a justaposição de situações distintas em tempo e espaço. Nada tem a ver com coexistência, nem concordância, nem semelhança; o mais próximo que achei foi simultaneidade, e mesmo assim passa raspando….
“Uma vez acontece. Duas vezes é coincidência. Três vezes é ação inimiga” é a definição jocosa de Ian Fleming, militar, escritor e jornalista britânico conhecido mundialmente como inventor de James Bond.
Isto está exemplificado pela História Geral no caso ocorrido na 2ª Guerra com o prodígio da engenharia naval alemã nazista que, lançado ao mar, fez o almirantado inglês temer pela sua invulnerabilidade; mas a 27 de maio de 1941, por uma coincidência, uma bomba lançada pelo encouraçado inglês Prince of Wales entrou em uma das chaminés do navio alemão e explodiu a casa de máquinas.
Até hoje nos círculos navais se discute este fato de um dos navios mais lendários do mundo afundar na primeira batalha naval de que participou.
No campo do fantástico situações que ocorrem simultaneamente temos a história de um milionário norte-americano que simples empregado numa granja, indo a uma barbearia ouviu do cabelereiro que tinha palhetas de ouro nos cabelos. Ele se lembrou que havia tomado banho num riacho que corria num terreno devoluto e foi ao órgão competente registrar o terreno como sua propriedade. Assim fez a sua fortuna explorando o ouro que havia ali em profusão.
Como piada, temos de Leon Eliachar, humorista que fez sucesso no século passado, quando o gênio não se acovardava, traz no seu livro “Homem Ao Quadrado”, um problema brasileiríssimo: – “A pontualidade é a coincidência de duas pessoas chegarem ao encontro com o mesmo atraso”. Brasileiríssimo.
O modo de pensar independente desconfia das coincidências; achamos que o que é repetido por duas pessoas sobre um fato ocorre por acidente, pode se considerar coincidência, mas quando surge uma terceira versão tem, sem dúvida, um propósito.
Isto se observa sempre no infelicitado Brasil quando coincidentemente elevou-se na política uma polarização entre populistas corruptos. Neste confronto ensaiado como as disputas dos cordões azul e encarnado nas lapinhas folclóricas.
Antes, as disputas eleitorais eram jogadas de compadrio com uma duração marcada; terminada a eleição tudo voltava à estaca zero. Hoje esta política esquizofrênica, tem reflexos escandalosos como ocorre no assalto aos aposentados e pensionistas do INSS vítimas de descontos ilegais por uma gangue sindicalista.
Encontramos aí coincidências memoráveis. Vejam que os descontos do INSS atingiram 60% dos aposentados, por justaposição foram 19 cidades do Nordeste as mais atingidas; a maioria vive em áreas rurais, segundo a CGU…
Por coincidência o ministro Carlos Lupi, que havia sido demitido no Governo Dilma por denúncias de irregularidades em convênio, teve conhecimento do assalto ao bolso dos velhinhos em 2023 e somente dois anos depois diz que a demora se deveu à “burocracia” …
Também por coincidência um dos envolvidos no roubo é o irmão de Lula, Frei Chico, cujo sindicato teve um aumento de 564% em repasses do INSS nos últimos 5 anos; e ocupa duas situações: o apelido de “Frei” é porque embolsava um “terço” da arrecadação sindical; e recebeu uma ajudinha com a dispensa da biometria e agora foi poupado na lista dos acusados….
Das coincidências advocatícias, temos a imoral – para não dizer criminosa, a contratação por uma das entidades investigadas pela PF do advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro Ricardo Lewandowski!
Há muitas outras situações e compatibilização de ocorrer ao mesmo tempo. A mais interessante é ver-se Lula não demitir Lupi, réu confesso; comenta-se que com isto se repete o caso do asilo dado à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia condenada por lavagem de dinheiro em um caso envolvendo a construtora Odebrecht. Tanto Nadine como Lupi são arquivos vivos sabendo demais sobre o Pelegão descondenado.
Finalmente uma coincidência que serve de prova para condenar o Governo Lulopetista; vê-se o líder do governo na Câmara Federal, Lindenberg Farias e a ministra petista Gleise Hoffman postar-se com afinco contra uma CPI para investigar o crime na Previdência. É uma suspeição explícita da participação do Chefe no esquema.
Coincidir, ajustar, compatibilizar e concordar é a inútil tentativa de terceirizar o assalto dos corruptos, fugindo do envolvimento no esquema bilionário de fraudes contra aposentados do INSS…. E coincidentemente tudo sob o silêncio ensurdecedor do STF.
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