Arquivo do mês: julho 2008

Poesia

Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?

Ferreira Gullar

O Poeta

Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira (São Luís, 1930) poeta, crítico de arte, biógrafo, memorialista e ensaísta brasileiro.

Hugo Chávez anuncia nacionalização da unidade venezuelana do Santander

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou em entrevista transmitida pela rádio e pela televisão nesta quinta-feira (31) que vai nacionalizar o Banco da Venezuela, que pertence ao grupo espanhol Santander. “Disseram-me que não queriam vender, mas agora lhes digo que vamos nacionalizá-lo”, afirmou Chávez, segundo o site “Globovisión”.

O presidente referia-se à ocasião em que o Santander anunciou a negociação com um banqueiro venezuelano e o governo vetou, demonstrando interesse no negócio. Ainda segundo o “Globovisión”, Chávez disse que o governo quer recuperar o Banco da Venezuela porque é o ‘Banco da Venezuela’. “Queremos recuperá-lo para que ele sirva ao povo”, disse. Chávez chamou os donos do banco para negociar e previu que uma “guerra midiática” deve começar. “Não vai demorar a aparecer na Espanha os que dizem que Chávez atenta contra os interesses espanhóis, para complicar uma relação que já curada”, advertiu.

No último dia 25, Chávez se encontrou com o rei da Espanha, Juan Carlos, e afirmou que os dois sempre foram “bons amigos”. Na ocasião, o presidente disse que “o rei é um senhor muito brincalhão, faz travessuras, e então me disse que ia me dar um presente”, explicando sobre a camisa que recebeu do monarca espanhol com a famosa frase “¿Por qué no te callas?” (Por que não se cala?).

A frase que foi dita pelo rei durante a reunião da Cúpula Ibero-americana do Chile, em novembro de 2007, e estremeceu as relações diplomáticas entre espanhóis e venezuelanos, tornando-se alvo de brincadeiras por todo o mundo.

Fonte: Uol Notícias

Filmes que amamos

Juno, por exemplo. Vi recente, atrasado, pós levada do Oscar. E adorei. Filme bom, bem escrito e interpretado. Gosto de filmes que conseguem parecer a vida, sem aqueles textos de frases prontas, que parecem a maioria das comédias da Sony, por exemplo. Fica aquele monte de gente esperta que nada atinge e tudo tem uma resposta. Juno tem um monte de respostas, mas parte de perguntas bem feitas.

Não é a toa que tem uma frase chave ali que é “Encontre alguém que te ame por quem vc é. Alguém pra quem vc não precise ser outro”. É uma frase de pai pra filha, mas é como se a autora, ex-stripper entre outras vidas, tivesse cansado de dançar pros outros e dissesse “Ok, pessoal, só tem um jeito que vale a pena. Sendo real e honesto”. E assim vai, doce.

A trilha também segue o rumo, é bem gostosa e tem aparecido bastante aqui em casa.
A verdade é que Juno tem potencial pra ser um legítimo FQA. Os FQA são aqueles filmes que te pegam de surpresa. Aqueles, que quando vc percebe, já está vendo de novo. Eles te tiram pra dançar, e antes de dar mais um gole de Martini seco com azeitonas rosas, lá está vc, rodopiando na pista.

Os FQA raramente, muito raramente, estão na lista dos Melhores. Doce Vida de Fellini, por exemplo. Na lista dos meus 10, mas não é um FQA. Eles não são pra casar. Fanny e Aleksander, genial, é. São mais livres, um jeito de casa da avó. Você está ali, zapeando, e pronto. Eles aparecem. Jerry Lewis, por exemplo. Seinfeld, estão, atrasa até batizado.

Os FQA, como os amores, são muito pessoais, claro. Tem esse que reprisam toda hora, Crime Perfeito. Com a Jodie Foster, que também fez o Silêncio dos Inocentes, que cá entre nós, apesar da pinta, também é um FQA. É bom lembrar que o DNA dos FQA está na árvore Allen, de Woody, com os irresistíveis Manhattan e Annie Hall. Ou, nos ingleses mais simples, como Nothing Hill e Quatro Casamentos e um Funeral. Simples como a gente.

Ou esse que não sai da minha cabeça, Dançando na Chuva, que passou ontem sei lá que horas, i’m singing in the rain, just singing in the rain….toda vez que vejo, espero essa hora. Um legítimo, inquestionável e insubornável FQA.

Fonte: Dan Stulbach, ator e blogueiro

Frase da vez_3/31

“Não estou incomodado. Não fui condenado, eu fui absolvido.”

Gilberto Kassab (DEM), prefeito de São Paulo, sobre a inclusão de seu nome na “lista suja”

Miriam Leitão comenta

O Plano B

Este será conhecido como um dos momentos de insensatez da Humanidade. Diante de um mercado agrícola em crise, com preços disparados, produção insuficiente, risco de fome, o mundo fracassou em abrir os mercados e reduzir o custo do comércio de produtos agrícolas. A Rodada Doha foi comparada por Pascal Lamy, da OMC, com uma catedral em que os avanços foram erguendo as paredes.

Uma parede importante da catedral subiu quando os países ricos concordaram em acabar com o maior absurdo do distorcido mercado agrícola: os subsídios às exportações. Pelo texto do finado acordo, o dinheiro dado na mão do exportador acabaria em 2013.

O subsídio à produção também cairia nos países ricos, e a Europa derrubaria suas tarifas à importação de agrícolas. O que acontecerá com esses avanços? É o que um desconsolado Pascal Lamy pretende responder com o texto que tenta fazer com os salvados do incêndio.

Clique aqui para ler na íntegra.

Athos Bulcão

Athos Bulcão

Athos Bulcão nasceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de julho de 1918. Dedicou grande parte da sua vida a Brasília, cidade que escolheu para viver e presentear com a sua obra. Aqui chegou em 18 de agosto de 1958, onde residiu até hoje e onde permancerá, pois por sua vontade, será enterrado no Cemitério Campo da Esperança.

Athos Bulcão é responsável pelo conjunto de uma obra de qualidade artística inigualável. Artista múltiplo, sua arte está ao alcance do cidadão em seu trajeto cotidiano: no parque, nos muros, nas escolas, nos edifícios residenciais e nos prédios públicos. Como diria o arquiteto e amigo pessoal, João Filgueiras Lima, o Lelé, “como pensar o Teatro Nacional sem os relevos admiráveis que revestem as duas empenas do edifício, ou o espaço magnífico do salão do Itamaraty sem suas treliças coloridas?”, difícil imaginar.

Athos cursou medicina, mas abandonou-a por amor à arte. Expôs sua obra nos mais importantes espaços culturais do país. Viajou pelo mundo afora e por lá deixou a sua marca. Seus painéis podem ser vistos na França, Itália, Argélia, Argentina, Cabo Verde, dentre outros tantos. Trabalhou no Ministério da Educação e na extinta Novacap.

Lecionou no Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Foi condecorado pelo governo brasileiro com a “Ordem Rio Branco” e “Ordem do Mérito Cultural”. Recebeu o título Doutor Honoris Causa pela Universidade de Brasília, a “Medalha Mérito da Alvorada” do Governo do Distrito Federal, e o título de “Cidadão Honorário de Brasília”, concedido pela Câmara Legislativa.

Todos os títulos e condecorações o emocionaram, não tanto quanto a criação da Fundação que o homenageia e que há 15 anos preserva, documenta, promove e divulga sua obra junto aos jovens, estudantes de escolas públicas e particulares, professores, artistas, jornalistas e a comunidade em geral.

Fonte: Fundação Athos Bulcão

Artista plástico Athos Bulcão morre em Brasília

Morreu nesta quinta-feira (31), às 9h20, o arquiteto, escultor, pintor, desenhista e mosaicista Athos Bulcão. Aos 90 anos, completados no último dia 2, ele estava internado havia quatro meses no hospital Sara Kubitschek, em Brasília, onde se tratava do mal de Parkinson.

Suas obras estão espalhadas por igrejas, murais e monumentos de Brasília. Athos, que nasceu no Catete, no Rio, foi amigo de al­guns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, como Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco.

Segundo a biografia publicada no site da Fundação Athos Bulcão, foi Bianco quem o apresentou a Burle Marx, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fer­nando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti e Manuel Bandeira, entre outros.

Aos 21 anos, de acordo ainda com a biografia, conheceu Porti­nari, com quem trabalhou como assistente no mural de São Fran­cisco de Assis, na Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Fonte: Uol News

COMENTÁRIO (II)

Fazendo inveja a Lula

No cargo de ministro da Cultura, Gilberto Gil passou todo o tempo sob licença, sem abrir mão dos compromissos profissionais mundo afora. Ele viajou, só em 2008, o equivalente a uma volta e meia ao redor da Terra.

Senado inicia semestre com pauta trancada

Amanhã (1º) começa o segundo semestre do ano e com ele, o Congresso Nacional volta as suas atividades. O Senado Federal já retoma os trabalhos com a pauta do plenário trancada por três medidas provisórias. O calendário parlamentar é considerado apertado neste semestre já que, em outubro, ocorrerão às eleições municipais.

Para agilizar as votações na Casa, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), se reunirá com os líderes partidários na próxima semana. A sessão plenária marcada para amanhã é apenas de debates. A Casa se reunirá em sessão deliberativa apenas na terça (5).

Na Câmara, o presidente Arlindo Chinaglia (PT-SP) marcou sessão deliberativa para a próxima segunda-feira (4). A pauta também está trancada por medidas provisórias, entre elas a que trata da reestruturação de Plano Geral de Cargos do Poder Executivo (PGPE).

Fonte: Cláudio Humberto

Miriam Leitão comenta

Mais uma declaração desastrada de Celso Amorim

‘Deus queira que não seja preciso um outro 11 de setembro’. A frase é do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.

Quando chegou a Doha, Amorim já havia feito uma declaração desastrada citando o nazismo. Agora fala do atentado contra os americanos como argumento de pressão política, para que haja mais negociações.

O que é grave neste novo episódio é que diplomatas não fazem declarações impensadas e nem cometem gafes. E Amorim cometeu duas gafes em menos de quinze dias.

Presenciar um diplomata falando coisas impensadas é tão inesperado quanto assistir a um cirurgião desmaiando na sala de cirurgia. O diplomata é o profissional que deve pensar antes de fazer declarações porque suas palavras têm sempre objetivo.

O que dá a entender é que Amorim está torcendo para o pior. Parece que o fracasso em Doha subiu à cabeça do chanceler.

Ouçam aqui para ouvir pela CBN