Arquivo do mês: agosto 2014
Sharon Jones & the Dap-Kings
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Walt Whitman
Escuto a América a cantar, as várias canções que escuto;
O cantar dos mecânicos – cada um com sua canção, como deve ser, forte e contente;
O carpinteiro cantando a sua, enquanto mede a tábua ou viga,
O pedreiro cantando a sua, enquanto se prepara para o trabalho ou termina o trabalho;
O barqueiro cantando o que pertence a ele em seu barco – o assistente cantando no deque do navio a vapor;
O sapateiro cantando sentado em seu banco – o chapeleiro cantando de pé;
O cantar do lenhador – o jovem lavrador, em seu rumo pela manhã, ou no intervalo do almoço, ou ao por-do-sol;
O delicioso cantar da mãe – ou da jovem esposa ao trabalho – ou da menina costurando ou lavando – cada uma cantando o que lhe pertence, e a ninguém mais;
O dia, ao que pertence ao dia – De noite, o grupo de jovens, robustos, amigáveis,
Cantando, de bocas abertas, suas fortes melodiosas canções.
Biografia de Walt Whitman aqui
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John Keats
Se Tenho Medo
Se tenho medo de meus dias terminar
Antes de a pena me aliviar o espírito, antes
De muito livro, em alta pilha, me encerrar
Os grãos maduros como em silos transbordantes;
Se vejo, nas feições da noite constelar,
Enormes símbolos nublados de um romance
E penso que não viverei para copiar
As suas sombras com a mão maga de um relance;
Quando sinto que nunca mais hei de te ver,
Formosa criatura de um momento ideal!
Nem hei de saborear o mítico poder
Do amor irrefletido! – então no litoral
Do vasto mundo eu fico só, a meditar,
Até ir Fama e Amor no nada naufragar.
Biografia de John Keats aqui
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TEMPO
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Não me lembro se foi sempre assim. As manhãs de outono aqui no Rio são cinzentas e frias. Parece outro lugar; para os esnobes, o fog londrino, ou garoa paulistana para os nacionalistas como eu…
Fico pensando que nos dias atuais o tempo é virtual, como o governo do PT; fica espremido entre o catastrófico aquecimento global e o frio glacial hollywoodiano. Este “tempo” é resumidamente climático. Não nos dá a noção de presente, passado e futuro. A cronologia tem uma medida, com átimos, segundos, horas, dias, semanas, meses e anos, (até séculos!). Sua mensuração é independente das condições metereológicas.
Não há um estudo científico que aponte quando surgiu a medida do tempo; os pesquisadores vão ao Período Paleolítico, cerca de 20.000 anos, encontrando indícios da sua origem; e concluem que tudo começou pela observação dos fenômenos naturais, a periodicidade da migração dos animais e a frutificação, sujeitos que eram os homens à caça e a colheita.
Nossos tupis-guaranis, práticos, distinguiam a passagem do tempo pelas fases da lua, e como esta observação vinha dos pajés, essa realidade simples tinha algo de magia. Isso nos leva à comédia “O Feitiço do Tempo”, um filme sob a direção de Harold Ramis, interpretado por Bill Murray e Andie MacDowell.
Desenrola-se na ida de Phil Connors, um egocêntrico homem do tempo da TV, a uma pequena cidade cobrir a previsão de uma marmota para o fim do inverno. Connors sofre uma alucinação do dia se repetir várias vezes, enlouquecendo-o. Termina com o happy end do romance entre ele e a produtora de filmagem.
A magia do tempo nos dias atuais se dissipa no amontoado das ofertas de relógios: vão dos japoneses, a R$ 15,00, até o preferido dos ditadores e dos pelegos que se locupletam com eles, o Rolex, cujo mais barato, o Submariner Date Stahl, está na base de R$ 12.056,00 e o mais caro é o Daytona Palatin custando R$ 129.158,00.
A análise do tempo político, porém, dispensa relógios e calendários; é a vivência do dia a dia, acumulando fatos irretocáveis, ou colhendo informações da mídia; assim chegamos à década perdida do Brasil sob os governos lulo-petistas.
Tudo começou quando os brasileiros, após o desastroso impeachment de Collor, o bem-aventurado governo Itamar Franco e FHC com seu Plano Real, elegeu-se em 2002, Lula da Silva para a Presidência da República. Este fato trouxe a ilusão de mudanças para muitos brasileiros. Mas foi um estelionato: o Pelegão curvou-se a Wall Street chamando Henrique Meirelles para dirigir o Banco Central, e simultaneamente aliou-se com Sarney, Renan, Jáder Barbalho e Collor…
Com o tempo, desvaneceu-se a esperança da militância honesta do seu Partido dos Trabalhadores. Os idealistas saíram de pronto, e pouco a pouco foram seguidos pelos bons que restavam. Ficaram os carreiristas hipócritas e os autômatos fanáticos.
O projeto de poder da República dos Pelegos reconduziu Lula a um segundo mandato e a seguir empurrou-nos garganta a dentro um fantoche que manobra. Assim, o PT mostrou sua cara horrenda. É amoral, inumano, desumano, totalitário e ditatorial.
Além dos oportunistas, que se acercam do poder para obter vantagens, gente mais moça, ignorando ou se recusando a acreditar, colaboram com o regime narco-populista no poder. Os corruptos se lixam para a História, e os inocentes úteis desconhecem o modelo stalinista do PT e seus satélites.
A magia do tempo poderia transportar esses estúpidos para a década de 1950 e a revelação das atrocidades e crimes cometidos por Stálin, emergidos do Relatório Kruschev. Se forem probos, abandonarão a idéia do igualitarismo sentimental e o internacionalismo voltado para ditadores sangrentos e corruptos.
Desconhecer a passagem histórica do fascio-comunismo do século passado, é aprisionar-se por si nas grades da ignorância. Felizes são os letrados e bem-informados de intelecto e horizonte amplos, que repudiam a enganosa taumaturgia do País das Maravilhas inculcada pela facciosa propaganda lulo-petista.
Escreveu Tolstoi que “o tempo e a paciência são dois eternos beligerantes”. Verdade. Mas é preciso estimular esta guerra, aconselhados por um poeta que cantou “Os moinhos do Senhor movem sem pressa, porém moem muito fino”.
CÉSAR VALLEJO
EPÍSTOLA AOS TRANSEUNTES
Tradução de Antonio Miranda
Renovo meu dia de coelho
minha noite de elefante em descanso.
E, para mim, digo:
esta é minha imensidade em bruto, a cântaros,
éste é meu grato peso, que me buscara debaixo para pássaro;
este é meu braço
que por conta própria recusou ser asa,
estas são minhas sagradas escrituras,
estes meus alarmados testículos.
Lúgubre ilha me iluminará continental,
enquanto o capitólio se apóie em meu íntimo deslize
e a assembléia de lanças clausure meu desfile.
Mas quando eu morrer
de vida e não de tempo,
quando cheguem a duas minhas duas maletas
este há de ser meu estômago em que coube minha lâmpada em pedaços,
esta aquela cabeça que expiou os tormentos do círculo em meus passos,
estes esses vermes que o coração contou em unidades,
este há de meu corpo solidário
pelo qual vela a alma individual; este há de ser
meu umbigo em que matei piolhos natos,
esta minha coisa coisa, minha coisa tremebunda.
Entanto, convulsiva, asperamente
convalesce meu freio,
sofrendo como sofro da linguagem direta do leão;
e, posto que eu existi entre duas potestades de ladrilho,
convalesço eu mesmo, sorrindo de meus lábios.
Biografia de César Vallejo aqui
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DENTES
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Temos que ir a um passado distante, dos fins do Império e à República Velha, para conhecer o que foi o “coronelismo” e como seus métodos foram adaptados pelo “governo dos trabalhadores” instalado pelo lulo-petismo.
Encontra-se na enciclopédia livre da Wikipédia o verbete “coronelismo”, como um modo classista de agir para conquistar o poder através de fraudes eleitorais, trocando votos por apadrinhamentos e favores.
A princípio, os “coronéis” alteravam as cédulas (eram de papel) revertendo o resultado dos votos; inutilizavam as urnas ou sumiam com elas; criavam eleitores fantasmas e até os mortos votavam. Após a revolução de 1930 e a Constituição de 1934, elaborada pela representação classista, o coronelato sofreu uma mudança na sua maneira de agir.
Então, inventaram outros artifícios, como dar um pé do par de sapatos para completar o donativo caso vencessem as eleições; pelo mesmo método adiantavam meia nota de dinheiro; e mais tarde, doavam cadeiras de rodas, objetos domésticos, óculos, e “dentaduras”…
Numa obra de referência, “Coronelismo, enxada e voto”, o jurista e cientista político Victor Nunes Leal descreve como se estruturavam os “currais eleitorais” e a traficância de votos em troca das peças pleiteadas pelos eleitores.
Aspeei “dentaduras” porque estão na pauta política, com farta distribuição delas pelo PT-governo em favorecimento da reeleição de Dilma. O marketing desavergonhado do lulo-petismo aproveitou-se de uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde mostrando (aproximadamente) que 15% dos brasileiros são desdentados totais.
A pesquisa da OMS foi realizada por avaliações odontológicas em 108.921 pessoas, de bebês (18 a 36 meses) a idosos (65 a 74 anos), de maio de 2002 a outubro de 2013.
O amoralismo lulo-petista aproveitou-se dessa amostra para somar aos 40 milhões das bolsas-família que considera eleitores cativos, mais 30 milhões de pessoas que anseiam por suprir esta necessidade básica.
Assim, a distorção programática e a estupidez ideológica do PT e seus satélites levam o Brasil de volta ao passado dos coronéis, submetendo à servidão eleitoral nossos compatriotas de baixa condição socioeconômica.
Registre-se que em 12 anos no poder, o PT-governo cumpriu apenas uma das cinco metas da OMS relacionadas à cárie e à perda dentária. E o fez de propósito, como faz abandonando a assistência médica e desagrega o ensino público como estratégia para a manutenção do poder.
Aliás, o único projeto dos pelegos narco-populistas é manter o poder. Veja-se a presente campanha eleitoral. Nos programas de propaganda de Dilma, cheios de tempo e vazios de conteúdo, sobram dentes nos sorrisos hipócritas, sobram promessas e falta vergonha na omissão da incompetência e das verbas públicas surrupiadas.
Desfigurando a República e a Democracia através da poluída pelegagem, o lulo-petismo assume um governo inepto e corrupto, importando de Cuba e da Venezuela a ideologia viciosa do narco-populismo.
O pior de tudo é que se constata no arremedo da leniente legislação eleitoral o estupro da Constituição, extraindo múltiplos carreiristas inspirados na conquista estelionatária do poder.
Com a trágica morte de Eduardo Campos e o constrangido lançamento da candidatura Marina Silva pelo PSB, testemunha-se o desabrochar desses cogumelos venenosos que brotam do putrefeito stalinismo e do socialismo real apodrecido.
Com Marina, são cinco ex-petistas candidatos à Presidência da República. Vieram do PT Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV), Zé Maria (PSTU), e Rui Costa Pimenta (PCO).
Todos eles, a metade entre 10 candidatos, defendem o execrável decreto golpista 8243, caminho inexorável para o totalitarismo. E é neste ponto que se estabelece a diferença entre os verdadeiros democratas e os que querem implantar uma ditadura totalitária. Precisamos combater isto com trincar de dentes!
METÁSTASE
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
A “democradura bolivariana” que o lulo-petismo quer implantar com o decreto 8243, privando o Congresso Nacional eleito pelo voto para representar o povo, precisa ser desmascarada. É intolerável a implantação de “conselhos populares” nomeados pelo Poder Executivo submetendo o Poder Legislativo.
Convenhamos que atualmente senadores e deputados, em sua maioria, não são flores que se cheire; entretanto, por bem ou por mal, foram sufragados por uma eleição democrática. Temos defeitos nesta delegação e urge evitar que seja deturpada. A Lei da Ficha Limpa já foi um passo neste sentido.
Mesmo reconhecendo seus defeitos, não queremos substituir parlamentares eleitos pelos pelegos que dominam os movimentos sindicais e populares, ONGs fajutas e órgãos estudantis cooptados pelo PT-governo.
Os “conselhos populares” são na verdade “comitês bolivarianos”, assemelhando-se ao sistema cancerígeno no corpo humano. São uma “metástase”, o terror dos portadores de câncer.
A palavra vem do grego, “metastatis”, significando mudanças de lugar; e, na medicina, refere-se a uma nova lesão tumoral a partir de outra, pelo desprendimento de células neoplásicas que se disseminam pelo corpo, até mesmo a locais distantes do local de origem.
É triste reconhecer que as metástases só se irradiam tendo por origem tumores malignos, e o novo tumor é chamado de metastático.
Essa observação se vê também no nosso sistema político. O que ocorre neste caso é explicado pela multiplicação de células artificiais no conjunto da sociedade civil. A organização corporativa sadia que existia antes da ascensão da pelegagem, já não existe.
No Brasil, os sindicatos não teem mais o significado original de defender categorias de trabalhadores. Foram substituídos por caça-níqueis de pelegos assalariados ou empresários; e, quando não estão movidos pela ganância e a corrupção, servem de trampolins eleitorais.
Igualmente os movimentos sociais, antes constituídos por pessoas bem intencionadas e realmente representativas, são indefinidos e desatentos quanto às reivindicações populares, mas ativos em ações diversionistas para proveito dos seus titulares; muitos desses órgãos foram substituídos por ONGs que, se dizendo “não governamentais”, lavam dinheiro da corrupção político-administrativa, e/ou sustentam-se com verbas públicas premiando seus titulares.
Como tumores metastáticos, os “conselhos” multiplicaram-se e se espalharam por inspiração do lulo-petismo. Suas atividades se regem por ordem “de cima”. Lutam mais para prejudicar os críticos do PT-governo do que nas demandas dos seus seguidores, inocentes úteis ou mercenários.
A fragmentação dos sindicatos e a inutilidade das associações ditas populares, não lhes dão o direito de representar a nacionalidade. Substituíram pelo partidarismo as patrióticas ações em defesa da democracia e da liberdade, das reformas estruturais e dos direitos das mulheres, idosos, crianças, indígenas, negros e homossexuais.
As reivindicações dessas células são hoje apenas badalações televisadas. Em lugar das aspirações por cidadania e justiça, as manifestações desses grupos se vinculam ao PT-governo, dependentes de “bolsas” disso e daquilo.
Foi por isso que os pelegos e políticos corruptos, seus aliados, se assustaram com as manifestações de rua de junho de 2013, nascidas dos sem-partido com a pureza de exigir mudanças nas instituições dominantes e combater os métodos vigentes de fazer política.
Os brasileiros assumindo os combates de Junho repudiam as promessas demagógicas de um governo incompetente, corrupto e corruptor. Exigem que Saúde funcione, escola pública de qualidade, transportes de massa eficientes, moradias accessíveis a todos, e contra a violência urbana.
Para evitar a metástase das células fascistas que o lulo-petismo e seus satélites querem usar como aparato de poder, é fundamental a derrubada do decreto totalitário 8243 na agenda da Câmara Federal.
É preciso ter em mente o perigo representado pela tumorização metastática dos conselhos oriundos do PT-governo, para extirpar o tumor do narco-populismo nas cirúrgicas eleições de outubro
Carlos Drummond de Andrade
As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Biografia de Drummond aqui
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