Arquivo do mês: fevereiro 2019

O TEMPO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“O tempo é relativo e não pode ser medido exatamente do mesmo modo e por toda parte” (Einstein)

Muitos anos atrás fiz uma reportagem sobre a previsão de chuvas no Nordeste com os chamados “profetas” dos sertões. Encontrei um deles que revelava a chegada da temporada de chuvas pelo rastro de caracóis na pedra. Muito tempo depois descobri que em certa região dos EUA um mamífero roedor que existe por lá, a marmota, prevê o fim do Inverno.

Foi no filme “Feitiço do Tempo”, que traz a narrativa da cobertura jornalística do Dia da Marmota, evento em que o animal meteorológico faz seu prognóstico. A cobertura de um arrogante repórter, que vive uma trama inusitada: acorda toda manhã sempre no mesmo dia, que recomeça levando-o a viver episódios que lhes servem de lição e que terminam humanizando-o.

A fita é uma comédia chapliniana que nos faz rir pela crítica às crendices, irreverência, malícia e humor negro. Mais do que entretenimento, “Feitiço do Tempo” leva à reflexão sobre o correr das horas, dos dias, dos meses, e dos anos…

Guilherme Coral faz uma excelente crítica do filme comparando-o com a passagem do tempo na vida real, encontrando as mesmas características de aventura, agressividade, conquista, desânimo, desfrute, drama, entrega, experiência acumulada, otimismo e romantismo.

Aí descobrimos uma verdade que não pode ser escondida: o tempo escancara as portas do conhecimento e fortalece a liberdade individual de pensar. E sem uma escala fixa para o sentimento, como o nosso Machado de Assis evoca: “Que importa o tempo? Há amigos de oito dias e indiferentes de oito anos.”

Machado desmistifica também a tradição mitológica que apresenta o Tempo como um velho de barbas brancas. Para ele é justamente o contrário, o Tempo é um “rapagão ágil, esperto, que sabe das coisas e o que fazer sobre elas…’

É esse jovem personagem que nos mostra a desarrumação do País que herdamos dos governos lulopetistas. Nos revolta com a notícia de que agentes graduados dos poderes públicos, com direito de legislar, judiciar e administrar, criticam e querem sustar as investigações da Receita Federal de seus dados fiscais, tributários e bancários, como ocorre com todos os demais cidadãos.

Os revoltados não se dão conta de que devem respeitar a Lei, para serem respeitados pelo povo, porque, ou atendem e respeitam o princípio constitucional de que “todos são iguais perante a Lei” ou assistirão à decomposição do que faz a essência da vida nacional.

Se o “andar de cima” pretende manter, além do famigerado foro privilegiado a blindagem para as suas relações éticas com o Fisco, dão um péssimo exemplo para a Nação, sem moral para condenar as corporações que se emparceiram para sabotar as mudanças da Previdência Social, caminho único para garantir os benefícios futuros.

O problema previdenciário não ocorre somente no Brasil, mas aqui, sem dúvida, foi agravado pela irresponsabilidade da politicagem eleitoralista dos governos que cederam e cedem aos grupos de pressão organizados, benesses com a contribuição previdenciária.

A História registra que os malefícios da Previdência não são de origem. Pelo contrário, os institutos de previdência foram criados com o maior cuidado e boa intenção, e funcionavam bem atendendo seus propósitos. Desgraçadamente foram contaminados pela infiltração da pelegagem sindical que os aparelharam e corromperam.

Para romper o vicioso comprometimento dos pelegos, o regime militar sem um estudo aprofundado e de forma apressada, criou o sistema único (INSS) impossibilitando a vigilância dos contribuintes, como ocorria nos tempos em que cada categoria tinha o seu próprio instituto.

Espero que o Tempo, personificado por Machado de Assis como um jovem, seja um esportista. Que se mova com rapidez e pratique artes marciais, capoeira, jiu-jitsu, karatê, vale-tudo, todas, para pôr em nocaute as marmotas inúteis que querem manter a Previdência no tempo em que está, sem se preocupar com o futuro do Brasil.

O PODER

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Um homem que quer reger a orquestra precisa dar as costas à plateia” (James Cook)

Desde a mais tenra infância, tornei-me um leitor irrecuperável. Mesmo tendo aderido à Internet e ter virtualmente obras à mancheia, gosto mesmo é de livro, livro de capa e papel, com ideias impressas da maneira gutemberguiana…

Quando publiquei o artigo “Fruto Proibido” citando a frase de Clarice Lispector “O pecado me atrai, o que é proibido me fascina”, recebi um simpático comentário sobre o que esta declaração expõe; respondendo, contei a malandragem do meu pai que me levou à frente da estante, incentivou-me a ler tudo, excetuando o que estava em certa prateleira.

Foi a melhor maneira de me fazer mergulhar nas águas da lagoa do proibido; onde nadei para encontrar o fruto proibido e saciar-me com a doce e suculenta verdade: a curiosidade e a dúvida acabam com qualquer convicção, livrando-me do fanatismo.

Morei em Natal, no Rio Grande do Norte, onde, como sempre fazia no Rio, era um assíduo frequentador de sebos. Num deles, encontrei um livro que vinha procurando havia tempos, “Poder”, do escritor norte-americano Howard Fast, um dos melhores romancistas da literatura mundial moderna.

O livro já estava manuseado e marcado com duas referências de posse, sendo eu, neste caso, o quarto presumível leitor, contando com o primeiro proprietário, que o comprou novo e não o ferrou com a sua marca…

No “Poder”, Fast descreve a saga de um pelego sindical que, como sabemos, todos adotam a ideologia do amoralismo pois jogam nos dois lados, defendendo os interesses do patrão, fingindo interceder pelos companheiros de sindicato.

Vê-se no livro a degenerescência do sindicalismo norte-americano sob domínio de pelegos. Isto foi avaliado também no magistral filme de Elia Kazan “Sindicato de Ladrões”, de 1954, ganhador de três Óscares, um para Marlon Brando como melhor ator. O filme sofreu censuras dos partidos de esquerda e sindicatos americanos, incentivando assim ser visto por quem não viu à época.

É difícil reconhecer e descrever o poder que um dirigente sindical detém. Isto, em qualquer lugar do mundo; imaginem o que vinha ocorrendo no Brasil desde Getúlio Vargas, com as facilidades criptofascistas da CLT e uma justiça trabalhista leniente…

Não é por acaso que temos mais de 17 mil entidades sindicais, além de um grande número de federações e dez ou doze “centrais”. Confiram:  são ocupadas por bem nutridos “representantes de trabalhadores” que vivem à tripa forra.

Os sindicatos, inegavelmente idealistas sob influência anarquista, foram se degenerando a partir da ditadura Vargas e da redemocratização de 1945, pela disputa de poder entre comunistas e petebistas. Com o fim da ditadura militar e a ascensão da pelegagem lulopetista, as representações trabalhistas apodreceram de vez.

Os sindicatos tornaram-se caça-níqueis de grupos, verdadeiras quadrilhas, e um trampolim para a entrada na política burguesa dos mais espertos como António Palocci, Jacques Wagner, Lula da Silva, Mantega, Paulo Paim e outros que ocuparam cadeiras no Congresso, ministérios, a magistratura e até a presidência da República.

Com este salto para a política convencional levaram todas as malandragens da pelegagem no sentido carreirista da conquista do poder, e é aí que mora o perigo para quem não tem essa origem tão ao gosto dos pervertidos obreiristas da USP e da CNBB.

O resumo vale um alerta para o presidente Jair Bolsonaro, para que dê as costas â mídia para reger o governo em conformidade com a partitura da campanha eleitoral sem concessões aos picaretas do Congresso; tapando os ouvidos para movimentos artificiais e as ONGs sanguessugas.  E que se desfaça de qualquer corrupto que comprometa o seu governo.

Lembramos que o poder foi conquistado pela reação do povo brasileiro contra o lixão do lulopetismo e que vivemos um momento de virada, da faxina, das reformas, da justiça para todos e do desenvolvimento econômico.

Na luta revolucionária dos que elegeram Bolsonaro pela recuperação dos valores éticos, temos pela frente o alvo mais icônico e simbólico do poder: O foro privilegiado de políticos e juízes, cujo fim será o começo de um novo Brasil. É chegada a hora de entrilhar o País na estrada de ferro que nos levará a um futuro promissor.

 

 

Epílogo

Eu quis, como Schumann, compor

Um Carnaval todo subjetivo:

Um Carnaval em que só o motivo

Fosse o meu próprio ser interior…

Quando o acabei – a diferença que havia!

O de Schumann é um poema cheio de amor,

E de frescura, e de mocidade…

E o meu tinha a morta morta-cor

Da senilidade e da amargura…

– O meu Carnaval sem nenhuma alegria!…

Manuel Bandeira (do livro “Antologia Poética”, Editora Nova Fronteira)

TRAIÇÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Assim como há uma Rua Voluntários da Pátria, podia haver uma outra que se chamasse, inversamente, Rua Traidores da Pátria. ” (Nelson Rodrigues)

Quando o machismo e o sexísmo se juntam, atrapalham qualquer pesquisa sobre “traição”, que é confundida com adultério… Para a palavra traição o doutor Google traz, entre dez referências, nove sobre deslealdade conjugal e/ou entre amantes.

Este verbete que dicionarizado é um substantivo feminino de etimologia latina “traditione (la) ” – entrega -, e tem uma vasta sinonímia a qual se acrescentam outras dezenas para o verbo “Trair”, e para “Traidor”, aquele (a) que trai.

A traição pelo adultério é por demais estudado na Psicologia e explorado na literatura. Psicólogos apontam uma imensa diversidade de fatores que levam à infidelidade, desde questões culturais até por vingança contra o parceiro (a) traidor (a).

Homero e Shakespeare trouxeram nas suas obras Ilíada e Otelo, referências ao adultério, e o nosso Machado de Assis deixou-nos o caso antológico de Bentinho e Capitu no romance “Dom Casmurro”. Jorge Amado politizou a traição levando-a para a quadrilha dos Capitães de Areia, que tinham por princípio a expulsão do bando de quem o traísse.

No cinema, foi alvo de muita polêmica em 1948, o filme “O Traidor”, baseado em livro homônimo de Humphrey Slater. A fita nada acrescentou à arte cinematográfica e a discussão prendeu-se à atuação do ator Robert Taylor, que fez o papel de um oficial britânico espionando para URSS. Diziam que atuou como espião para se livrar de perseguição do macarthismo.

A expressão mais odienta da traição é justamente a deslealdade para com a Pátria, como ocorreu com o traidor da Inconfidência Mineira, Joaquim Silvério dos Reis, que entregou os seus companheiros conjurados em troca do perdão de suas dívidas pela Coroa.

Na lei militar, traição é o crime de deslealdade de um cidadão à sua Pátria. Em tempo de guerra, se uma pessoa que coopera com o inimigo (colaboracionismo), é considerado um traidor e condenado à morte.

Durante as guerras, são sempre descobertos atos de espionagem típicos de traição, e ficou na Primeira Grande Guerra o exemplo bombástico da dançarina holandesa Mata Hari, celebre pela sua sensualidade e descoberta como agente dupla para alemães e franceses, sendo fuzilada por traição.

Também famosa é a expressão “quinta coluna”, referindo-se a traidor da Pátria: Surgiu na Guerra Civil Espanhola, no ataque de Franco à Madri com quatro colunas as quais o seu lugar tenente, general Queipo de Llano, acrescentou a quinta, pois encontraria na cidade apoio encoberto de um grupo de inimigos da República.

No Brasil dos nossos dias, a traição nacional é transparente. Partidos “de esquerda” apoiam abertamente, em notas oficiais, a ditadura sanguinária de Maduro, da Venezuela, ficando contra o governo brasileiro. E o chefe do PT, criminoso e preso Lula da Silva, recebeu dinheiro do ditador líbio Muamar Khadaffi para campanha eleitoral, segundo denúncia do ex-ministro António Palocci.

Este comportamento é crime previsto pela Constituição, que é rasgada por juízes nomeados para preserva-la, atentando contra a harmonia dos poderes republicanos. Agora mesmo usurpam a função de legislar do Congresso, cometendo uma traição à República.

… E temos também uma quinta-coluna atuando contra a necessária, fundamental e urgente reforma da Previdência. Conspiradores contra o futuro do País juntam-se a corporativistas, pelegos sindicais e agitadores da extrema esquerda psolista, para sabotar as propostas que garantirão as futuras aposentadorias. É o “quanto pior melhor” atravessando a Rua dos Traidores da Pátria…

Um Homem e o seu Carnaval

“Deus me abandonou
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido.
Sem olhos, sem boca
sem dimensão.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate
É dentro do peito
mas ninguém percebe.
Estou lívido, gago.
Eternas namoradas
riem para mim
demonstrando os corpos,
os dentes.
Impossível perdoá-las,
sequer esquecê-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando
peixes sulfúreos
ondas de éter
curvas curvas curvas
bandeiras de préstitos
pneus silenciosos
grandes abraços largos espaços
eternamente.”

Carlos Drummond de Andrade (do livro Brejo das Almas, 1934)

  • Comentários desativados em Um Homem e o seu Carnaval

Carnaval

Carnaval

Tempo de folia?
E o que é a folia senão alegria?
Descanso, sol, mar, se revigorar
para quem gosta de pular…
Retiro espiritual para reflexão, oração…
E o mundo precisa de quê?
Folia?
Precisamos da verdadeira alegria
de justiça,
paz,
amor e fraternidade que
emana a mais pura felicidade!
Carnaval no Brasil,
fantasias lindas.
Escolas de samba com mulheres nuas,
carro alegórico quebrado na rua.
Um lado retrata gastos em futilidades
do outro a fome ataca sem piedade.
Brasil, dos sonhos de alguns
Da realidade dura de outros.
Brasil de muitos carnavais mais de
tão míseros reais…

Ramgad (poetisa portuguesa)

COVARDIA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Ver o bem e não o fazer é sinal de covardia” (Confúcio)

Como observador da política e até tendo participado pessoalmente dela candidatando-me a posto eletivo, creio que qualquer movimento de ideias como o que elegeu Jair Bolsonaro deve produzir resultados imediatos. Foi fruto da revolta do povo brasileiro contra o velho regime ideologizado, corrupto e incompetente.

Q autor do extraordinário “Os Miseráveis”, Victor Hugo, que foi um intelectual completo, dramaturgo, ensaísta, poeta e romancista, e na política foi ativista republicano, escreveu: “Existe uma coisa mais poderosa do que todos os exércitos do mundo, e esta coisa é uma ideia cuja hora chegou.”

Uma ideia fez uma revolução no Brasil pelos meios democráticos, elegendo Jair Bolsonaro. E, como toda revolução, exige uma raspagem geral da craca impregnada no casco do nosso navio, uma limpeza total dos tártaros fixados pela visão distorcida da questão social.

Essa porcaria assentou pela estreiteza intelectual: Políticos se deslumbraram com o socialismo teórico, e, inconsequentes, modelaram com a lama ressecada do pântano da corrupção a experiência que não deu certo aonde houve tentativas de implantar.

O PT e seus puxadinhos olhando pelo retrovisor da História, governaram o País com a ideologia obreirista dos intelectueiros da USP, a malandragem dos pelegos sindicais e o humanismo hipócrita da CNBB, batizando esta urdidura narcopopulista de “socialismo”.

Desprezando essa caricatura distorcida do stalinismo e do regime midiático de Cuba, o povo brasileiro se divorciou deles com uma reação que surpreendeu a chamada classe política, perturbou os jornalistas, desconcertou a mídia e desmentiu os institutos de pesquisa da opinião pública.

A sociedade mostrou a sua força. Ganhou as ruas e conquistou as redes sociais exigindo mudanças para purificar a decomposição econômica e os seus reflexos na política, na vida social e até na religião. Então, vale repetir, realizou-se uma ação revolucionária elegendo Jair Bolsonaro para a presidência da República.

Agora se espera a derrubada da estrutura enraizada no País, que os céticos e os pessimistas dizem que é imutável, e que os “reformadores de araque” querem apenas tirar a poeira com espanadores de penas… Mas vele a pena tentar.

Chega de pressões, discursos e entrevistas de políticos que se dizem “bolsonaristas”, mas que em vez de atacar o maquinismo antipovo e antinacional do lulopetismo para destruí-lo, querem somente emenda-lo e manter os privilégios que antes combatiam.

Não é isto o que o povo brasileiro quer. O resultado das eleições deve refletir uma reviravolta ampla, geral e irrestrita, sem concessões aos que se locupletaram e sem bandidos de estimação.

O povo considera que o lugar dos corruptos é a cadeia, sem as benesses inventadas por quem imaginou usufruí-las no futuro…  Quer criminalização do Caixa “2”; exige punição sem agraciar criminosos de colarinho branco, organizações terroristas e grupos comprometidos com países estrangeiros.

O povo deseja as reformas econômicas e políticas, sem as evasivas nem os permeios que facilitam o retorno das concepções criminosas que levaram o País à caótica situação em que se encontra.

É por isto, que ultrapassando a marca de 50 dias de governo, torcemos para que o presidente Jair Bolsonaro nos livre dos entulhos que entravam o funcionamento da administração federal, e que se lembre que o “fogo amigo” nem sempre é casualidade; muitas vezes é traiçoeiro.

Sem “recuo” – eufemismo para disfarçar covardia -, devem ser mantidas as propostas de combater o crime organizado, a corrupção no meio político, o aparelhamento na administração federal e as ONGs vampirescas que sugam verbas públicas.

O povo quer uma atenção redobrada para a necessária e urgente reforma da Previdência Social, sem ceder terreno às corporações. A Nova Previdência deve atingir a todos, doa a quem doer.

O Presidente que já enfrentou a morte, pode entender o pensamento que o grande Shakespeare pôs na boca de um dos seus personagens: “Os covardes morrem várias vezes antes da própria morte, enquanto os corajosos experimentam a morte apenas uma vez”.

 

 

FRUTO PROIBIDO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Proibir algo é despertar o desejo” ( De Montaigne)

O meu pessoal do Twitter anda citando tanto a Bíblia que resolvi lembrar o livro do Gênesis, trazendo no início a criação da humanidade no Paraíso. No chamado de Jardim do Éden, antes de criar o homem e a mulher Deus plantou duas árvores, a “Árvore da vida” e a “Árvore da Ciência do Bem e do Mal”.

As religiões judaica e cristã creem que a árvore da Ciência teve os seus frutos proibidos ao casal por Deus e que haveria punição pela infringência da proibição; a expulsão do Paraíso.

A Bíblia conta que a mulher, Eva, tentada pela serpente, desobedece a ordem divina, come do fruto, gosta, e convenceu o seu companheiro, Adão, que também o comeu.

Então, o decreto de Deus foi para valer. Na época, não havia o Grande Sinédrio dos judeus, nem o Sínodo dos bispos católicos, nem o Supremo Tribunal Federal no Brasil, para absolver os transgressores. Eles foram expulsos.

A queda da dupla primordial nos deixou como herança o “pecado original”, que criminaliza a imperfeição humana, mas é perdoado pelo catolicismo através do batismo; e o castigo divino nos impôs o trabalho e a morte: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás”.

Este tema religioso é muito pesquisado culturalmente e explorado na literatura, poesia e romance, na pintura clássica, na música e nas artes cênicas, cinema e teatro. Lembro o antigo filme “Fruto Proibido” de Clark Gable e Spencer Tracy (1940) e do excelente álbum de Rita Lee (1975).

A atração humana pela proibição é um fato irretorquível. A Inquisição dançava e rolava com o librorum prohibitorum – bula papal que proibia livros e, com isso, fazia uma propaganda danada deles, passados secretamente de mão em mão.

Foram proibidas obras de cientistas, filósofos, enciclopedistas ou pensadores como Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Nicolau Maquiavel, Erasmo de Roterdão, Baruch de Espinosa, John Locke, Berkeley, Denis Diderot, Blaise Pascal, Thomas Hobbes, René Descartes, Rousseau, Montesquieu, David Hume e Immanuel Kant.

Romancistas e poetas foram interditados, entre eles, Heinrich Heine, John Milton, Alexandre Dumas (pai e filho), Voltaire, Jonathan Swift, Daniel Defoe, Vitor Hugo, Emile Zola, Stendhal, Gustave Flaubert, Anatole France, Honoré de Balzac.

A queima de livros promovida na Era Nazista promoveu Freud, Brecht, Jung, Reich e Chaplin; e a “caça às bruxas” de McCarthy nos EUA levantou a bola de escritores e roteiristas de filmes até então desconhecidos pelo grande público.

Na nossa época, também o autor Dan Brown, que por criticar a Opus Dei, teve o seu romance “O Código Da Vinci” igualmente impedido; e o besteirol de J. K. Rowling, “Harry Potter”, foi censurado sob acusação de “promover a bruxaria entre as crianças”…

Não dá para esquecer que os governos lulo-petistas influenciados pelo movimento afro-midiático proibiu nas escolas o grande autor de livros infantis Monteiro Lobato, medida que foi criticada pela grande maioria dos brasileiros.

Por isso, aflige-me o surgimento da idiotia “proibitória” numa campanha anticomunista, ao meu modo de ver, extemporânea: Outro dia, citei um belíssimo pensamento do grande poeta brasileiro Carlos Drumond de Andrade, e um tuiteiro enviou-me uma mensagem para me alertar, taxando CDA de comunista…

Vemos agora centenas de tuítes, combatendo um filme besta, financiado via Lei Rouanet por ideologia pelo governo lulopetista. Essa fita, sem propaganda, passaria despercebida sem interessar a ninguém.

Lembro Clarice Lispector dizendo que “O pecado me atrai, o que é proibido me fascina”, e assim, repetindo continuadamente a condenação, a proibição e as propostas de boicote, cria-se a atração de um tema e um personagem para os quais o povo está se lixando.

 

 

 

 

AMIGO DA ONÇA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“O falso amigo e a sombra só nos acompanham quando o sol brilha” (Benjamin Franklin)

Uma das inesquecíveis lembranças da infância (que já vai muito longe) é a leitura da revista “O Cruzeiro”, que meu pai comprava toda semana e minha mãe paraibana, pão dura, fez uma assinatura semestral porque dava um desconto de 30% no preço.

A revista era de Assis Chateaubriand que, digam o que disserem dele, foi o jornalista mais inteligente do Brasil; e se acrescente a esta qualidade de nascença, tinha agilidade mental, oportunismo no empreendorismo, perspicácia na escolha dos auxiliares e, sobretudo – o que está faltando atualmente – vocação para o jornalismo.

“O Cruzeiro” reunia o suprassumo do profissionalismo da sua época, destacando-se na década de 1950 a dupla formada com o repórter David Nasser e o Jean Manzon. Nesse tempo impressionou-me a reportagem “Cem dias na fronteira da loucura” do paraibano José Leal, que me levou à imprensa e com quem mais tarde trabalhei orgulhosamente na Editora Abril.

A revista cobria todo território nacional e edições em espanhol para a América Latina trazendo com perfeição editorias de cinema, culinária, esportes, humor, medicina, moda e política, como, inevitavelmente uma coluna social e crônicas nota “dez”.

As seções de humor eram impagáveis: Pif-Paf, de Millôr Fernandes, que assinava como Vão Gôgo, e Amigo da Onça, criada pelo cartunista Péricles de Andrade Maranhão, que simplificou o nome para Péricles.

É enfadonho repetir que Millôr era um gênio; e Péricles – menos filósofo e sempre andando com os pés no chão – aproveitou o dito popular “Amigo da Onça” e produzia charges impactantes. Ainda hoje se usa essa expressão para designar pessoa não confiável e que geralmente quer passar a perna noutro.

Mais direto, o amigo da onça é alguém que finge ser amigo apenas para satisfazer os seus interesses pessoais. É uma figura que convive com a gente, em todo tempo e em todos os lugares, e é bom estar sempre de olho nela.

Como a política é um ambiente que junta gente de todo tipo, de formação diversa e comportamento de toda espécie, reúne bons e maus. E para os que não prestam, é um lixão de muitos amigos da onça que lembram uma antiga marcha-frevo que cantava “Soltaram a onça, corre todo mundo…”

Tenho muita tristeza em reconhecer na cena política e escrever que na intimidade do presidente Jair Bolsonaro vê-se muitos desses tipos, por carreirismo e inconsequência; e o pior que alguns se julgam indispensáveis.

Para me referir aos jornalistas sensacionalistas, gosto da metáfora dos lobos famintos que ficam observando e aguardando as rações fornecidas pelo círculo presidencial.  Em sua maioria antipáticos às propostas de Bolsonaro, são ávidos por deixas que lhes permitam negativar fatos e pronunciamentos que o prejudicam.

Vemos assim que a mídia faz oposição alimentada pela situação…  Publica as palavras mal-empregadas, entrevistas impensadas e as tricas e futricas de bastidores, dando à minoria organizada e ruidosa da pelegagem argumentos para objetar o governo que a derrotou nas eleições.

Dessa maneira, além do besteirol que germina no canteiro presidencial, surgem crises artificiais que constrangem os apoiadores do governo. E isto se deve, vale repetir, ao despreparo e ao deslumbramento de quem alcançou, de carona, o poder.

Inegavelmente, o Presidente vem sendo salpicado pela tinta dos pichadores de um lado e do outro, embora sem carregar máculas que o comprometam. Ainda bem que temos um Ministério que não nasceu do troca-troca obsceno dos picaretas do Congresso Nacional.

Por isto e para reforçar a nossa esperança, temos no Governo, entre civis e militares, personalidades que merecem o respeito da sociedade e que desenham o futuro do Brasil com amor à Pátria.

 

LIBERALISMO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“As mudanças sociais são devidas tanto ao pensamento, como o fluxo de um rio às borbulhas que revelam a sua direção a um observador” (Bertrand Russel)

Ainda esperamos que se liberte o Brasil das políticas errôneas e antinacionais baseadas na ideologia superada dos governos lulopetistas. É por isso que vale a pena discutir-se a proposta do liberalismo econômico.

São as relações de produção e consumo que determinam o desempenho econômico e consequentemente as atividades política e social. É esta a visão liberal, como uma regra que associa os elementos de causa e efeito na vida de um País.

Não é uma ideologia utópica nem uma teoria complicada, limita-se ao direito de minimizar o poder do Estado para que este atenda apenas as necessidades básicas, educação, saúde, segurança e previdência.

É simples. Pode-se conferir na experiência de muitos países de economia aberta, com o liberalismo impulsionando o comércio, a indústria e os serviços nascidos com as novas tecnologias, registrando fortalecimento de uma classe média produtiva e independente de favores governamentais.

Esta ideia progressista vem das revoluções francesa e americana, que consagraram a Declaração dos Direitos Humanos e a Constituição dos EUA, adotando o princípio de que todos os homens nascem iguais, embora, como escreveu o nosso epigrafado Bertrand Russel, “as desigualdades surgidas posteriormente são um produto das circunstâncias, como a Educação”.

Russel recebeu de Locke, a quem chamou de “o mais afortunado dos filósofos”, a compreensão do liberalismo, imposto pela divulgação de Voltaire que influenciou os enciclopedistas, cujas lições são uma presença viva nos dias de hoje.

É o senso comum, em tese, que deve ser adotado por um governo que tenha uma participação popular ouvindo a voz do povo e não de minorias ruidosas; que garanta a liberdade de expressão do pensamento, a tolerância religiosa e que respeite o individualismo.

Nas veredas que percorremos no Brasil vemos o otimismo que andava em baixa nos meios populares. O presidente Jair Bolsonaro, eleito pela onda popular de repúdio ao narcopopulismo corrupto e corruptor, recebeu aplausos na montagem do seu governo sem o troca-trocas com os picaretas do Congresso Nacional.

Convenhamos, porém, que este otimismo não é só “da direita”. Desde a campanha eleitoral e no apoio atual, o centro liberal teve e tem uma presença ativa, defendendo o desenvolvimento econômico e que a Justiça combata o crime organizado, a sonegação fiscal, o terrorismo e as organizações antissociais.

Para isto, é preciso evitar a erosão nas margens do rio em que navegamos, provocados na vazão governamental. É necessário impedir o assoreamento político que traz riscos e provoca desgastes. É urgente mitigar a generalização de pronunciamentos inúteis e prejudiciais ao fluxo do governo.

Está para a oposição tresloucada, derrotada nas urnas, o momento de sabotar o funcionamento da máquina pública, mas não para quem votou e aposta em Bolsonaro; os entulhos vindos do lulopetismo prejudicam menos do que os atritos internos exibidos gratuitamente.

Felizmente, temos nas duas superpastas específicas de Estado, a Economia com Paulo Guedes, e a Justiça e Segurança Pública com Sérgio Moro, a moderação fundamental que impõe respeito.

Ambos reforçam a nossa crença de que a corrente liberal e democrática serão as borbulhas que revelarão o rumo da corrente que libertará o Brasil.