Arquivo do mês: setembro 2023

Ferreira Gullar

Cantiga para não morrer

 

Quando você for se embora,

moça branca como a neve,

me leve.

Se acaso você não possa

me carregar pela mão,

menina branca de neve,

me leve no coração.

Se no coração não possa

por acaso me levar,

moça de sonho e de neve,

me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa

por tanta coisa que leve

já viva em seu pensamento,

menina branca de neve,

me leve no esquecimento.

(Dentro da noite veloz, 1975)

 

DA MILITÂNCIA IGNORANTE

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Não custo de louvar um tuiteiro que me segue e mesmo adotando uma posição ideológica extremista que combato, faz críticas respeitosas aos meus textos, elogiando até as citações de filósofos antigos e modernos de tendência social-democrata. Escrevi outro dia sobre as contradições dialéticas citando Hegel e Marx, e este colega das redes sociais retuitou.

Este tratamento democrático não ocorreu com um tio bolsonarista da mulher do meu filho mais velho que se fez presente casa dele para o almoço que preparou para assistir a final do Flamengo e São Paulo, rubro-negros que somos.

O auto convidado é militar da reserva remunerada, e vinha sendo aproveitado em cargo civil pelo capitão Bolsonaro, acumulando salários. Para defender a “boquinha” exagera com um comportamento fascistóide que o colocaria entre os que queimaram livros na Alemanha Nazista, marchando com tochas diante de Hitler.

Falo de livros, porque vi-o passando a vista na estante da casa e examinando os dorsos, encontrou entre eles Darwin, Spencer, Voltaire (e até Platão, imaginem!); e disse em voz alta:  – “Pare que ler estes comunistas, meu sobrinho!”.

Imagino-lhe vendo a literatura que tenho como referência!…. Tenho Marx, Engel, Lenin e Trotsky e Rosa de Luxemburgo numa estante e, n’outra, “Escriti i dicorsi” de Mussolini, o Mein Kampf de Hitler e obras completas de Plínio Salgado. Sobre religião vou do Bhagavad Gita ao Talmud, dos evangelhos cristãos ao Alcorão.

Numa das visitas em minha casa – eu morava em Campina Grande na época -, agentes da ditadura de 1964 me surrupiaram 294 livros, entre os quais, mostrando a ignorância cívico-militar, levaram o “Nosso Homem em Havana” de Graham Greene, a história engraçada de um vendedor de aspiradores de pó….

Aprendi desde a infância a respeitar os conservadores, cuja seriedade no trato da coisa pública compensava uma ideologia parada no tempo. Foi o que ensinava o meu pai que adotava a doutrina positivista, defensora do progresso para alcançar a evolução da sociedade humana.

O Bolsonarismo, porém, nada tem de Conservador. Seu líder finge sê-lo e também fingidamente diz-se “de Direita”. Para se afirmar como condutor de massas, defende um ridículo anticomunismo herdeiro da “guerra fria”, mais de trinta anos após a queda do muro de Berlim; e ter agora o putinismo mandando na antiga URSS!

Para não faltar na contradição dialética dos extremismos, temos do outro lado os adoradores de Stálin lulopetistas, analfabetos que não leram o Relatório Kruschev mostrando-o como ditador sanguinário; e seus revolucionários “de botequim” na Câmara Federal põem o boné do MST, apoiando a invasão da Embrapa e o quebra-quebra de laboratórios de pesquisa.

Neste cenário da política brasileira, infelizmente, estas duas tendências se polarizam eleitoralmente; vemos de um lado as tropas de assalto fascistas servindo a Bolsonaro e, do outro, os seguidores da pelegagem populista de Lula….

Não sei se estes figurantes do enredo ideológico da falsa direita e falsa esquerda, que veem a cultura apenas politicamente, fazem jus à Lei Rouanet; mas são atores protagonizando um duelo no palco da política sob as lâmpadas do neon colorido da polarização.

No final, porém, igualam-se na corrupção e contra as liberdades democráticas. Pensam assim, pela exposição na mídia mercenária, impedir a formação de uma consciência livre, disposta a lutar contra esta odiosa alternativa entre Bolsonaro e Lula!

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A DIALÉTICA DA CONFUSÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Segundo Goethe, os homens de idade avançada possuem uma alma forte com poder de compensar o enfraquecimento físico, dotando-lhe uma mente juvenil. Certamente é uma visão poética, mas vou aproveitar-me dela.

Sinto uma necessidade imensa de combater a ignorância política que grassa no Brasil e nos leva a admitir que vivemos no cenário revoltante da “Dialética da Confusão”. Certo: entreabrindo uma polêmica, acuso o extremismo de responsável por esta mistificação ideológica.

A Dialética, como se sabe. tem uma definição antiga; os filósofos gregos consideravam-na a “arte” de alcançar a verdade pela discussão, destacando as contradições do tema, para derrubar os argumentos irreais.

Ficou por conta do filósofo materialista Heráclito sua principal referência, no princípio que elaborou: – “Ninguém entra duas vezes num rio; acontece na segunda vez que a pessoa já não é a mesma, as águas passaram, e o rio não é o mesmo também”.

Este conceito vem sendo desenvolvidos pelas cabeças pensantes como Descartes, Diderot e Spinoza, cada qual aplicando a dialética às suas especialidades. Entretanto foi Hegel que a definiu como método de análise aplicando-o à lógica diante de dois pontos de vista diferentes, determinando neste embate de ideias uma terceira e nova ideia.

O sistema hegeliano foi absorvido e desenvolvido por Marx, passando a ser visto como uma ciência. Para o filósofo alemão, os exemplos mutáveis da Natureza e o pensamento humano escapam à visão idealista de Hegel exigindo uma comparação materialista.

A dialética como método científico nos ajuda a analisar a realidade. Assim, sua aplicação é simplificada pela equação: “Tese x Antítese = Síntese”, sendo que a Tese é uma proposta; a Antítese, o pensamento discordante; e a Síntese é a resultante da justaposição das expressões divergentes. É curioso ver que na Era Tecnológica que atravessamos, a dialética tornou-se uma ferramenta da Inteligência Artificial.

Para descomplicar ainda mais a Dialética, os orientalistas a resumem como a oscilação dos contrários, o Yin e o Yang, princípios antagônicos que interagem ao mesmo tempo e estão presentes na Natureza como a energia universal.

O uso do método dialético de análise deveria ser fundamental no exercício da política, mas é uma coisa estranha para os capiaus que a exercem aspirando apenas conquistas pessoais; e, pior ainda, pelos autos assumidos “quadros ideológicos” de direita ou de esquerda. E entre estes últimos, os ditos lulo-esquerdistas são incultos e os bolso-direitistas ignorantes.

Daí surge a dialética da confusão. No principal entre os partidos comunistas, o PCB, o populismo demagógico de Lula se confunde no seu discurso socialista; e a insciência da direita bolsonarista chega ao obscurantismo religioso….

Estes dois opostos têm, porém, interesses semelhantes, e vão do culto à personalidade dos líderes à fartura das benesses ofertadas pelos governos. Enfrentam-se numa polarização alimentada pela mídia mercenária para se manter no poder, mas se juntam quando se trata de avançar nos cofres públicos.

Não há exemplo melhor do que a tal anistia das multas por crimes eleitorais cometidos pelos partidos que tramita no Congresso com e a defesa enfática de Gleise Hoffman, presidente do PT sócio do Partido Comunista Chinês e deveria ler os clássicos marxistas para não fazer asneiras….

Assim, se o exercício da política é uma Tese, e o desprezo pela conveniência nacional é uma antítese, e o resultado sintético não poderia ser outro: a Dialética da Confusão.

 

 

 

 

João Cabral de Melo Neto

O Engenheiro

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro e o papel:
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

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O NEGATIVISMO DA CIÊNCIA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Neste tempo em que a Índia envia uma sonda ao lado escuro da Lula e revela a importante presença de oxigênio lá, há cretinos no Brasil que creem ser a Terra plana e outros estúpidos combatem as vacinas por convicções religiosas.

Desta maneira, vemos que enquanto a humanidade caminha científica e tecnologicamente para o futuro, a inconveniente e nociva burrice de falsos conservadores brasileiros se mantém; e, pior, fazem a cabeça das pessoas ignorantes, aptas a aceitar absurdos.

Soube, enquanto estive em Buenos Aires, e não testei, que  falta  professor de Astronomia na USP a muito tempo. Isto mostra um cenário dúplice:  sendo verdade, revela a idiotice dos pelegos que pululam politicamente nas entidades acadêmicas; registra o desprezo pela Ciência daqueles que não são cientistas, mas trapaceiros que persistem em ocupar o poder.

História registra, por exemplo, que no Instituto de Ciência francês – fundado em 1816 – ocorreu um fato que hoje lhe envergonha por ocorrência antiga: para comemorar os 50 anos da sua fundação, o Instituto recebeu dos Estados Unidos um fonógrafo, réplica da invenção de Thomas Edson. Na apresentação pública, o acadêmico Bouillard agarrou o operador pela gola gritando: – “Esse fraudulento ventríloquo quer no impingir as mentiras de um tal de senhor Edson!”

Vê-se com isto como as Academias enxameiam de fingidores oportunistas. Contra eles, porém, a Ciência se impõe silenciosamente. Assim, ao contrário do negativismo exposto no Instituto Francês, também na França tivemos o caso da invenção do vidro inquebrável, que tem salvo milhares de vidas. Ocorreu por coincidência no início do século passado: O cientista Edouard Benedictus inventou-o por acaso: tomado pelo sono, interrompeu uma pesquisa e apressado, deixou cair uma garrafa no laboratório.

No dia seguinte encontrou o vidro quebrado, mas o seu conteúdo manteve a sua forma; então reconheceu que o solvente se evaporara deixando uma película de nitrato de celulose unida à parede interna do vaso.

Semanas depois, Benedictus leu no jornal a notícia de um grave ferimento por cacos de vidro, sofrido por um motorista após um desastre. O Cientista lembrou-se da garrafa com solução de colódio; e inventou o vidro inquebrável….

Assim caminha a Humanidade. Na Idade Média o intelectual o médico suíço Philippus Aureolus Theophrastus, conhecido como Paracelso, notabilizou-se pela defesa do uso de plantas medicinais para a cura de doenças e foi acusado de ser defensor do xamanismo.

Vê-se hoje que – a despeito do que impõe a poderosa indústria farmacêutica –, que Paracelso como pesquisador, tinha razão; e legou para o futuro a polêmica teoria de que as doenças mentais se agravam no período escuro da Lua.

Estou doido para ver os indianos descreverem o hemisfério da Lua que a gente não vê daqui da Terra. Será que é ali que se produz ou se acumula a energia negativa que influi nos cérebros humanos?

Tomara que a Ciência triunfe na pesquisa da psicopatia que grassa epidemicamente na política brasileira. Podíamos até levar para a política internacional, porque nunca, em tempo algum, viu-se uma baixaria tão grande entre os líderes mundiais. Aqui, porém, os estoques da estupidez humana batem recordes entre nós.

Como exemplo, o presidente Lula não governa, só atua polarizando -se eleitoralmente com Bolsonaro, que, por sua vez, mesmo inelegível, está em plena campanha eleitoral. Por falta de um ensino científico e o negativismo das vacinas, vivemos uma situação psicótica tão grave que não tem fase da Lua que dê jeito no Brasil dividido entre estes dois….

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A CAMADA DE PRATA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Para se fazer um espelho, o fabricante usa duas camadas sob o vidro: uma de metal, que para valorizar a qualidade e melhor refletir a imagem, é preferencialmente de prata; e, para finalizar, entra uma camada fosca chamada de base.

Toda vez que assisto a dupla e frontal acusação feita sobre a ganância de Bolsonaro e de Lula, eu me lembro do espelho. Primeiro, porque não acredito que em frente a ele não sintam remorsos por serem corruptos; e segundo, porque me vem a memória uma fábula judaica, que os pastores evangélicos deveriam aprender.

Conta que um acumulador de dinheiro, mesmo depois de ser bilionário, foi se queixar com o rabino porque a comunidade o estava criticando como avarento psicótico; então o sacerdote respeitadíssimo pela cultura geral além da Torah levou-o até a janela da Sinagoga e perguntou-lhe o via através da vidraça.

– “Vejo o pessoal passando pela calçada defronte”, disse o ricaço. O rabino pegou-o pelo braço e levou-o para frente de um espelho: – “O que vês agora?”, perguntou. E o reclamante respondeu que via a si mesmo.

Sentando-se e mandando o crente também se sentar, e falou: Você comprovou, meu irmão, a diferença entre o vidro e o espelho, pelo vidro a gente vê os outros, mas quando este é revestido de prata só vemos a nós mesmos.

Eis uma lição sobre o egocentrismo dos dois líderes que se polarizam eleitoralmente graças à alienação, ao desleixo ou à ignorância da massa, submetida a uma pesadíssima carga de propaganda.

O “deixa passar” por preguiça mental e à ignorância por falta de estudo e informação correta, pesam muito numa eleição. O analfabeto político, condenado por Brecht por não ouvir, não falar e não participar dos eventos políticos, é execrável: Não sabe para onde vão os impostos que paga, nem se informa sobre o custo de vida.

Este alienado é o responsável pela desgraça que se abateu sobre o Brasil, com a disputa permanente e ininterrupta dos extremistas auto assumidos “de Direita” e “de Esquerda”, seguindo líderes que sequer sabem o que significa historicamente os dois termos.

Bolsonaro e Lula são dois oportunistas, isto sim. Ávidos pelo poder, não para trazer a justiça social à Nação, nem para desenvolver econômica do País; pensam apenas em tirar proveito do cargo, acumulando propinas como se fossem “presentes”, e confundindo presentes de outros chefes de Estado ao cargo como se fossem seus; não os entregam ao patrimônio público.

A polarização que vemos está colocada entre os onze contêineres que Lula levou do Palácio e as joias que Bolsonaro se apossou indevida e criminosamente. Envolvidos por uma camada de prata só enxergam a si mesmos e nos induzem a lutar contra eles defendendo o Centro Democrático contra os extremismos.

 

 

“OITENTÕES”, PASSADO E PRESENTE

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Foi postado do Twitter: “…E os oitentões como eu são mais felizes, lembram o Governo JK, quando o negócio mais próspero era uma oficina de fazer placas de “PROCURA-SE”, não bandidos, mas trabalhadores nos quatro cantos do Brasil. Um quinquênio de prosperidade, desenvolvimento e justiça social”.

Eu, noventão, vivi esta época, e votei na chapa JJ, de JK e Jango. Vinha de uma infância e pré-adolescência sob Getúlio Vargas e gostava da aliança que a inteligência dele criou: O Partido Social Democrático – PSD _, e o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB -, cada qual assumindo uma fração política da nacionalidade.

Centro Direita e Centro Esquerda formando um todo ideológico pelo desenvolvimento econômico do País sofrendo apenas a resistência de meia dúzia de três ou quatro oficiais lacerdistas da Aeronáutica que se rebelaram, e foram anistiados benignamente por JK.

Naquele período histórico, como eram respeitados pela cultura jurídica, os magistrados brasileiros! Como eram estudiosos os oficiais de Estado Maior das Forças Armadas! Como eram independentes as organizações de trabalhadores e estudantis, ativas e patrióticas.

O somatório de tudo isto produziu uma intelectualidade brilhante na arquitetura, no cinema, na literatura, na música, no paisagismo e na pintura; e, como não poderia deixar de ser, um empresariado consciente defendendo o desenvolvimento econômico paralelo da Agricultura e da Indústria e a necessidade de se expandir para o Exterior

É triste constatar o lixo cultural, econômico, social e político que temos hoje no Brasil! Um esgoto de mediocridade, desembocando no lamaçal de personalidades inúteis e políticos corruptos, corrompíveis e corruptores.

Oitenta anos atrás, alisando os bancos ginasianos ouvi do meu professor de História, Wilson Pinto, uma aula sobre o filósofo e diplomata inglês Francis Bacon, criador e defensor do método indutivo na pesquisa científica.

Bacon defendeu a tese de que só pela experiência se adquire a cognição baseada no raciocínio; e, como intelectual honesto, embora sendo súdito de sua majestade britânica, se correspondia com Napoleão Bonaparte.  Numa de suas cartas definiu o conceito de egoísta, disse que “é a pessoa que incendiaria a casa do vizinho para lhes fritassem um ovo” ….

Certamente os empedernidos egoístas que ocupam dos andares de cima dos poderes republicanos no Brasil pensam desta maneira. Ao lado do egocentrismo que domina o STF, assistimos a covardia personalista de Bolsonaro terceirizando sua delinquência no caso das joias sauditas; e, do outro lado, a insanidade de Lula divertindo-se em viagem internacional com a companheira das visitas intimas, enquanto nossos irmãos do Sul sofriam castigados por uma catástrofe climatérica.

Assim vivemos a estúpida polarização eleitoral no Brasil graças ao “eusismo” deste dois, e o apoio fanatizado de cultuadores de suas personalidades, um quadro infeliz que nos traz Blaise Pascal, um racionalista que buscou compreender a razão humana, condenando o “moi”, eu, é le mot haïssable”, uma palavra odienta.

Quem estuda História sabe que é pelo doentio egoísmo dos polarizadores que lhes faz correr para o totalitarismo, invejando na democracia os ditadores, ou dos antigos imperadores tipo Xerxes – o persa -, que alertado sobre a ameaça que do seu navio afundar por excesso de peso, ordenou aos cortesãos que se atirassem n’água para salvá-lo; e eles o fizeram.

SONHOS, SONHOS, E MAIS SONHOS

MIRANDA SÁ (mirandasa@uol.com.br)

Por mais absurda que seja uma ideia, sempre tem um seguidor. Para ridicularizar os princípios conservadores da Direita, alguns trumpistas e sua versão nacional, bolsonaristas, defendem a louca teoria da Terra plana. E conquistam seguidores.

Na antiga Roma, Cícero escreveu que nada existe de tão extravagante que não tenha encontrado um filósofo para teorizá-la. Isto constamos, passados mais de 2.000 anos, ao ver intelectuais, curvando-se às mentiras de Lula da Silva, defendendo a tese de que o impeachment de Dilma “foi um golpe”. Bem concluiu Michel Temer: – “Se foi golpe, foi um golpe de sorte’.

Do outro lado da moeda falsa da polarização, a empresa Bolsonaro & Filhos, ofuscada pelo brilho diamantino das joias árabes, se aproveita para lançar no comércio das ilusões a marca Mijoia, uma experiência adquirida no mercado negro.

Esta encenação macabra dos dois extremistas nos leva a sonhar pelo fim deste cenário tenebroso da política nacional. E, em referência a sonhos, lembro que Freud, profundo conhecedor do onirismo, escreveu que quando as pessoas sonham, interiorizam na mente a realidade que vivem no cotidiano.

Curvando-me à sapiência do pioneiro da Psicanálise, reconheço que materializei minha vontade de libertar o Brasil do jogo maléfico dos extremismos, revoltado com a avalanche de mentiras que leva parar o Brasil ao acostamento na estrada do futuro.

Os autênticos patriotas desejam e sabem como é difícil enfrentar a carga propagandista midiática defendendo a polarização eleitoral entre “eles”, como uma coisa inevitável; e que é impossível varrer para debaixo do tapete da História os protagonistas trapaceiros.

Reconheço que é, sem dúvida, uma tarefa espinhosa livrarmo-nos dos ministros togados do STF com suas sentenças corporativas e, pior ainda, suspeitosamente monocráticas; será dureza higienizar e pulverizar com DDT o parlamento, livrando-o dos picaretas que o infestam; e, mais difícil ainda impichar o ex-presidiário corrupto que chefiando o Executivo, ignora a existência do Tribunal de Haia!

Assim, para ajudar o País a alcançar o sonho radioso da ordem, progresso e justiça social, raciocinamos diferente do príncipe demente Hamlet, que no dilema do ser ou não ser, exprimiu: – “Morrer — dormir; dormir, talvez sonhar — eis o problema: pois os sonhos que vierem nesse sono de morte, uma vez livres deste invólucro mortal, fazem cismar”.

Ao contrário do herói de Shakespeare, nós queremos viver e não cismar! E viver muito para realizar o nosso sonho. Esta luta exige uma vida perseverante, para ir às ruas com uma lanterna na mão à procura de um brasileiro que liberte o Brasil dos extremismos.

Citando a lanterna de Diógenes, vem à memória uma história da antiga Grécia que li muitos anos atrás, conta que  Sócrates descansando à beira de um lago, adormeceu, e sonhou que um cisne nadou ao seu encontro e se aninhou nos seus braços; repousou, e depois alçou voo para o céu.

Na manhã seguinte, o Filósofo se perguntava sobre qual seria o significado do seu sonho. Eis que bate à sua porta um jovem, pedindo-lhe que o aceite como seu discípulo. Era um rapaz bonito, alegre e desembaraçado que entusiasmou Sócrates. levando-o a refletir: – “Eis o cisne com quem sonhei! O futuro aluno era Platão.

Como vimos, ninguém deve desprezar os sonhos, porque o que sonhamos é o que desejamos, e o Brasil deseja ardentemente que apareça um político honesto para salvar a nossa Pátria.

 

 

 

FEMINISMO & ANTIFEMINISMO

MIRANDA SÁ (mirandasa@uol.com.br)

Independente de um lado ou do outro no confronto entre o feminismo e o antifeminismo, em homenagem à minha falecida mãe, que pranteio sempre, lembro uma poética expressão de Ruy Barbosa: “A mulher é a síntese de todas as perfeições”.

Dona Anília, minha mãe, teve uma personalidade combativa em defesa dos direitos humanos e o equilíbrio cristão do seu lado humanista; a solidariedade e a caridade alicerçavam a sua religião.

Eu morava em Natal e recebi a visita de um primo, Ivan, já falecido, que me alertou para que ela corria risco, pois saía para fazer compras na Rua do Catete levando o dinheiro na mão.

Na primeira oportunidade em que vim ao Rio procurei um contemporâneo de infância que havia se tornado um perigoso marginal no bairro. Falei com ele sobre o problema e recebi como resposta uma bomba: – “Se alguém, seja lá quem for, tocar em D. Anília, morre!”.

Graças a esta imagem deixada pela minha mãe, não ligo para as profissionais do feminismo, ocupando com poses teatrais a telinha da tevê por dois minutos de fama; também estou me lixando para a estupidez machista, estéril e injusta.

Proclamo os direitos femininos de participação social e, principalmente, como profissionais no mercado do trabalho. Não admito que a mulher se julgue inferior ao homem, e muito menos que seja tratada como tal.

Vejo na magistratura mostrarem-se mais honestas do que os homens, suscetíveis a ideologizar ou vender sentenças. Uma mulher jamais cometeria a absurdez monocrática e criminosa do “advotogado” Dias Toffoli, enlameando tribunais em defesa do corrupto Lula da Silva.

Admito que no Legislativo a participação feminina é medíocre; igualando-se à mediocridade reinante no parlamento; mas no Executivo, todas as ministras salvam-se do lamaçal fedorento que o Governo da Picaretagem exala. Não vimos, até agora, nada que as desabone.

E, por abordar o Executivo, lembro que Lula da Silva, levado à presidência da República pela insanidade mental dos Bolsonaro, entra no debate “feminismo e antifeminismo” como ele próprio é, um pelego sindical machista.

Foi com este perfil que fez a criminosa maracutaia de trocar  a festejada atleta Ana Moser no Ministério dos Esportes por um picareta do Centrão, cujo currículo se resume no próprio nome, “Fuvuca”.

Vindo do Pelego, não foi surpresa; o que nos deixa chocados é ver as mulheres petistas e afins calarem-se por fanatismo sectário. As feministas petistas, ao contrário do que a História nos mostra, dos impérios da Antiguidade até hoje, não se assumem altivas e lúcidas, mas odaliscas de serralho.

Recordo uma anedota de Cleópatra e António no Antigo Egito. Houve um momento de altercação entre os dois e ele temeu ser assassinado por ela. Sempre nas refeições juntos, António levava provadores temendo a pelas iguarias servidas. Cleópatra divertia-se com isto; e preparou uma farsa incrível: Homenageou o amante com um banquete e cingiu-lhe a testa com uma tiara de flores.

Após muito vinho consumido, a Rainha propôs ao dignitário romano beberem as flores. António tirou as rosas da grinalda  e mergulhou as pétalas na taça, preparando-se para bebe-las; quando a levava aos lábios, Cleópatra deteve-o e chamou um escravo, mandando-lhe tomar o vinho e o infeliz morreu caído no chão.

Cleópatra disse então: – “Ao contrário de nós, mulheres, os homens não sabem aonde o perigo realmente está.

 

 

DE NOMES E APELIDOS

No ano passado escrevi um artigo referindo-me ao jogo divinatório conhecido como “Onomatomancia”. Onze meses se passaram e um colega das redes sociais apareceu-me perguntando o que era isto.

Bem. A palavra dicionarizada é um substantivo feminino de etimologia grega, “onoma + manteia; onoma = nome; manteia = oráculo, adivinhação. É usada com a mesma grafia nas línguas latinas, no alemão e russo, diferente somente no inglês, Onomatomancy.

Trata-se de um estudo sobre o nome dado a alguém, seu significado e suas mudanças estruturais. E assim interpretar o destino que o nominado terá. Os praticantes da Onomatomancia consideram-na uma arte; e o Ocultismo vê como uma ciência que revela as influências etéreas nos nomes das pessoas.

No judaísmo, os antigos rabinos faziam remontar a Onomatomancia a Enoch, dizendo que não havia acaso na imposição do nome de um recém-nascido; esta ideia foi mais tarde desenvolvida na Grécia por Pitágoras.

Dessa maneira, os povos originários destas duas vertentes nacionais, judaica e greco-romana, acreditavam que se estabelecia o pressagio do futuro pelo batismo, e estavam convencidos que certos nomes deviam ser rejeitados, por funestos; assim como outros eram favoráveis ao roteiro de uma vida.

No “Martirológio Romano” encontramos um exemplo de nome ligado aos desígnios com o Santo Hipólito, preso e torturado durante a perseguição aos cristãos; foi espancado com açoites providos de bolas de chumbo e, condenado à morte, morreu despedaçado pelas patas dos cavalos.

Gramaticalmente, o substantivo hipólito é conhecido na zoologia como um substantivo masculino designando uma pedra amarela que se encontra na bexiga e nos intestinos do cavalo. O que vem relacionar o nome próprio do mártir aos cavalos que o mataram.

Será que dá para adivinhar o futuro dos políticos brasileiros pelos seus nomes e apelidos? Uma amiga minha, especialista na leitura do Tarô, garante que sim. No caso de Bolsonaro, por exemplo, seu sobrenome é precedido por Jair, que em hebraico

(“Yaiyr”), significa «Javé iluminará» e vê-se no fim de carreira ele quedar iluminado pelo brilho das joias que ele se apropriou do Estado Brasileiro.

A falsa direita de Jair enfrenta a falsa esquerda Lula na estúpida polarização eleitoral. “Lula” é o apelido dado a Luiz Inácio; e o nome “Inácio” vem da Etrúria, Egnatius, que vem a ser incendiário; pior é o apelido Lula, molusco do grupo gastrópodes, conhecido pelas toxinas que exala….

A História da Arte registra uma curiosa referência ao festejado pintor francês pós-impressionista Cézanne, cuja mãe o aninhava nos braços e dizia que ele seria um grande pintor, por se chama Paul (Paulo) como Paulo Veronese e Paulo Rubens.

E na poesia, também a França, temos Charles Pierre Baudelaire, poeta boêmio, literata e principalmente um rebelde que combateu a censura no seu tempo. Foi precursor do movimento simbolista e teve a sua principal obra “Flores do Mal”, condenada como imoral. O Poeta orgulhava-se do seu sobrenome, Baudelaire, “cimitarra” em árabe, uma arma letal que os cruzados trouxeram da Palestina.

Recolhendo a Onomatomancia como uma flor do jardim da inspiração, encontrei vários nomes de políticos corruptos e um deles vem de Canale d’Agordo, da província italiana de Beluno, referindo-se a esgoto: toffoli.