Arquivo do mês: agosto 2022
ESTUDO
MIRANDA SÁ (mirandasa@uol.com.br)
“Para nos fazer entender por um tolo são necessárias dez pauladas na cabeça; ao inteligente, basta uma palavra. ” (Provérbio persa)
Uma pessoa amiga que me segue no Twitter estranhou a minha orientação de assistir o debate presidencial da TV-Bandeirantes sem prestar atenção às mensagens, mas somente aos gestos.
É um pouco “acadêmico” explicar o aconselhamento, mas vá lá: É que gosto de seguir a psicologia dos gestos, olhares e trejeitos corporais, começando pela teoria do teólogo suíço Johann Kaspar Lavater que foi para o estudo da fisionomia o que Freud foi para psicanálise.
Um seguidor de Lavater, o médico alemão Franz Anton Mesmer, criou o conceito do magnetismo pessoal, uma força natural invisível possuída por todos os seres vivos, dando vida à proposição conhecida como mesmerismo.
Depois, sob a influência de Lavater e Mesmer, Cesare Lombroso defendeu a tese de que pelas características corporais distinguia-se o criminoso e que o “verdadeiro” delinquente, era nato.
Mais tarde, a análise bioenergética de William Reich vê o indivíduo em sua integralidade e a análise psiquiátrica pode fazê-lo encontrar-se com seu corpo, que respondendo às repressões geram tensão muscular, podendo controla-la para se adaptar às relações sociais.
… E o nosso contemporâneo Joseph Messenger, psicólogo, autor de vários best-sellers, afirma que 93% da nossa comunicação é não-verbal, e sim feita por meio de gestos, postura, expressões faciais e movimentos dos olhos.
Debulhando este rosário de laureados estudiosos e levando-os em consideração, encontro muito significado no conhecimento psicológico e biológico do caráter humano. (A veterinária que cuida dos meus gatos garante que isto se estende também aos animais).
Foi assim que observei o debate entre os seis presidenciáveis convidados pela Band, lamentando que ficassem de fora os outros seis que disputam o Planalto…. E tem mais: apesar das teorias enunciadas, acrescento que a inspeção gestual dos que foram ao show, obedece, não somente à cena estática, também ao ponto de vista do observador.
Da minha parte – admito discordâncias, pois não sou dono da verdade -, do meu modo de ver, dei atenção a esta diligência: senti, por exemplo, que o candidato Jair Bolsonaro (PL) estava mais tenso do que costuma estar e que o candidato Lula da Silva (PT) antes tão seguro de si mostrou-se com os nervos à flor da pele.
Ainda na minha opinião, achei o candidato Luiz Felipe d’Avila (Novo), se apresentando ludicamente, não por brincadeiras, mas chamando à uma recreação educativa; e que o candidato Ciro Gomes (PDT) pareceu estar na base de tranquilizantes, impondo-se cuidados e preocupado com a sua atuação.
As duas representantes do belo (respeitado e aguerrido) sexo feminino, Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil), revelaram otimismo, na firmeza de suas convicções; Soraya, garantida pelo mandato senatorial até 2027, e Simone transparecendo satisfação em expor as suas ideias como candidata â Presidência.
É assim que vi com estes olhos que a terra há de comer e exponho à maneira de me fazer entender, certo de que para os que cultivam respeito pela opinião alheia bastam umas palavras; e, dessa maneira poupo as dez pauladas para os estúpidos, por que não os tenho entre os meus leitores….
Ferreira Gullar
Homem comum
Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.
Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o guarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons,
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei
Mário Quintana
Seiscentos e Sessenta e Seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
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VACILO
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Você vacilou/ Você vacilou/ Você me perdeu” (Forró Sacode)
Impressiona-me ver que pessoas inteligentes e relativamente bem informadas acreditem em benzeduras, fórmulas mágicas sensitivas e simpatias para curar doenças e resolver problemas financeiros.
Embora, por minha formação positivista jamais tenha defendido exploradores do misticismo, condeno que sofram atrocidades como fez a Inquisição torturando e mandando para a fogueira pessoas que enfrentavam dogmas e fugiam da confissão; isto seria, para mim, vacilar diante da escravização das mentes.
Sabemos que além das “parteiras” tidas como bruxas, e os violadores dos dogmáticos pecados capitais, também eram perseguidos aqueles que mantinham laboratórios e faziam pesquisas científicas para a cura de doenças, diferente das mandingas e dos exorcismos que enriqueciam clérigos e igrejas.
Imagino como seria errado combater pandemias como a que o mundo atravessa; plágio do que ocorreu na peste negra, aconselhando-se orações e vendendo santinhos e escapulários, mais ou menos como fizeram agora certos pastores evangélicos negociando feijões curativos.
Pior do que os charlatães, são os que creem neles. Uma amiga da minha mulher garantiu que se livrou de uma feiosa verruga no nariz graças a um simples toque de mão de uma benzedeira; e, no Twitter, tivemos alguém (não importa revelar a identidade) que se curou da covid-19 com drogas ineficazes aconselhadas pelos negativistas….
Coincidências ou não, é certo que acontecem curas e soluções de casos independentes da ação médica ou métodos científicos; mas não podemos acreditar que um boneco furado com alfinete agrida e mate uma pessoa distante, e muito menos que ganhar na loteria depende de ajuda de almas do outro mundo.
Será uma justaposição aceitar que a maldição escrita na tumba do faraó Tutancâmon tenha levado à morte os violadores do seu túmulo, e que a maldição do líder da Ordem dos Templários, Jacques De Molay, que envolto em chamas da fogueira inquisitória bradou que morreriam em breve os responsáveis pelas perseguições sofridas e a proibição da simbólica cruz da Ordem.
Entretanto, a História registra que a morte do rei Felipe de França e o papa Clemente V, perseguidores dos templários para readquirir o poder político do Papado, ocorreram em um mês depois da execução de De Molay.
Repito, coincidência, ou não, acontecem coisas entre o céu e a terra que a nossa imaginação não alcança.
Caindo na real, vemos que no cenário político do Brasil coisas que nos fazem vacilar diante de coincidências. Pode-se acreditar que a caçada movida aos condutores da Operação Lava Jato no MP e na PF contra a corrupção, seja um acaso? Prefiro, da minha parte, abraçar a tese de que foi uma contingência “movida” pelos políticos corruptos e seus cúmplices.
Não são apenas “suspeitos”, como quer a legislação leniente, os que avançam no dinheiro público, seja no “roubozinho” das rachadinhas, como se referiu Olavo de Carvalho sobre a ação criminosa dos Bolsonaro, ou o assalto de bilhões de reais movido pelos governos lulopetistas e empresários corruptores na Petrobras.
Na minha opinião, é mais do que um simples “Vacilo”, primeira pessoa do presente do indicativo do verbo Vacilar; do latim (vacillo, -are), significando hesitar, tergiversar, titubear.
Condeno os vacilantes que se curvam para a exigência imposta nas circunstâncias da polarização eleitoral entre o ruim e o pior. Ninguém, nestas alturas, pode estar ou ficar indeciso obrigando-se a votar nos populistas corruptos que concorrem fraudulentamente nome da “direita” e da “esquerda”, quando a ideologia de ambos se limita a exercer o poder pelo poder.
Cecília Meireles
Timidez
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…
– mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…
– palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
– que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…
– e um dia me acabarei.
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Manoel de Barros
Tratado geral das grandezas do ínfimo
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
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ENIGMAS
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são” (Shakespeare)
Quem gosta de Teatro se obriga a conhecer o dramaturgo grego, Sófocles, autor de várias peças do gênero tragédia, entre as quais Édipo Rei, que é encenada de vez em quando para gáudio dos amantes da arte.
Relata o dramaturgo a cena trágica da saga de um herói que mata o próprio pai e desposa, sem o saber, a própria mãe, situação que levou ao consultório médico o “Complexo de Édipo”, cria de Sigmund Freud, o Pai da Psicanálise.
Freud desenvolveu a teoria de uma atração das crianças pelos pais de sexo oposto, ressaltando o desejo incestuoso pela mãe no caso do filho na fase fálica do desenvolvimento mental.
A peça de Sófocles mostra também a ansiedade humana pela marcha do destino de cada um conforme seu comportamento ético e moral na vida social. Se desenvolve com a disposição de Édipo de enfrentar a Esfinge que ameaçava Tebas. Uma aventura que exalta o racionalismo – a base do pensamento filosófico ocidental.
A Esfinge impedia a passagem dos que entravam ou saiam de Tebas; desafiando-os a adivinhar uma charada que consistia em responder: – “Que criatura pela manhã tem quatro pés, a tarde tem dois, e à noite tem três? ”
Édipo foi ajudado pela deusa do destino, Moira, a responder o enigma, e teve uma pronta resposta: – “É o homem; quando criança engatinha com braços e pernas; quando adulto caminha ereto com duas pernas; e, na velhice, apoia-se numa bengala”.
Desmoralizado e envergonhado, o Monstro se atirou do alto de um rochedo, salvando a cidade-estado do seu boicote e constantes ameaças.
A representação da adivinhação nos leva a observar – sem ajuda de nenhum deus mitológico -, que os mistérios ocorrem sempre. Lembro uma historinha que a minha mãe contava sobre Terezinha do Menino Jesus: – “A santa Terezinha diante de uma noviça que vivia chorando, sugeriu que guardasse as lágrimas num copo, e com o conselho fez com que a chorona perdesse a vontade de chorar preocupada com o copo”.
Respostas para os enigmas se resolvem desta maneira simples. Basta discernir com a experiência de vida como fazíamos naquele jogo infantil das adivinhas do nosso folclore, “o que é, que é”?
Difícil de resolver é o desafio da charada política, principalmente nas vésperas de uma eleição presidencial. Como interpretar o pensamento de um ocupante do poder que diz – “no meu governo não roubo nem deixo roubar”, mas apoia os vigaristas que vinham achacando prefeitos para liberar verbas públicas?
O escândalo foi escancarado e o capitão Bolsonaro se fingiu de doido não tomando conhecimento de que o seu ex-ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro (considerado um “santo” pela primeira-dama) confirmou o lobby dos pastores corruptos em depoimento à Polícia Federal.
Relatou também o pastor Ribeiro que a entrada dos lobistas no Ministério foi facilitada a pedido de Bolsonaro. Assim, só não vê quem não quer ou omite o fato por fanatismo o arranjo para a extorsão de propinas pelos pastores bolsonaristas tornando-se cúmplice da corrupção.
Curioso é que o Capitão mitômano, em campanha reeleitoral, assume nos discursos ser o líder na guerra do Bem contra o Mal. Pura declaração marqueteira que o faz aparecer o que na realidade não é; pelo contrário, não está do lado do Bem um praticante de Rachadinhas, patrono de funcionários fantasmas, calado no caso dos cheques de Queiroz….
Teatro por teatro, Shakespeare no “Romeu e Julieta” esculpiu a frase “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar”; esses enigmas nos divertem vendo pessoas de nível escolar superior dar crédito à honestidade do “Tchutchuca do Centrão”…
Sem argumento contra, o ministro Fábio Faria afirmou em comício no Rio Grande do Norte que é melhor “ser “tchutchuca do Centrão” do que ser chamado “luladrão”; levando-nos a raciocinar sobre o outro lado da moeda populista.
De fato, o ex-condenado Lula da Silva que teve o processo contra si revisto, e ficou livre para candidatar-se; mas não inocentado. Merece a alcunha de “Luladrão”, tendo em vista as investigações que sofreu na Operação Lava Jato e condenado em três (TRÊS!) Instâncias judiciais.
Para mim, não há enigmas na polarização eleitoral dos dois populistas. Só não a decifra quem não quer, ou é ruim da cabeça!
CONFISSÃO
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Psicanálise é confissão sem absolvição” (G. K. Chesterton)
Não estou procurando a absolvição de pecados à maneira obscurantista das igrejas Católica e Luterana, conservadoras, nem ao menos revelar culpas; quero manifestar para os colegas do Twitter o orgulho de considerar-me, como jornalista, herdeiro da escrita milenar dos cuneiformes, dos geoglifos, dos hieróglifos e dos ideogramas rupestres.
Trabalhei em jornal desde criança; primeiro incentivado por minha mãe em boletins caligráficos e depois com a máquina de escrever, uma série de mimeógrafos, xerox, e mais tarde, com impressoras tipográficas, rotativas offset e diagramação computadorizada.
Assim sinto-me com moral para comparar o jornalista vocacionado como um liquidificador liquefazendo a informação, o pensamento analítico dos fatos e a crítica construtiva a quem de direito…. Não se limita à perfeição do texto e a elaboração de frases.
Faço-o agora expondo meu comportamento como participante do Twitter e articulista nas redes sociais divulgando opinião política. É meu desejo não fazer segredo (eu, que combato os indesejáveis e suspeitos “sigilos” governamentais) na necessidade que sinto de revelar a minha posição nas próximas eleições.
A palavra “Confissão” é um substantivo feminino vinda curiosamente do latim eclesiástico “confissĭo,ōnis” significando reconhecimento de seus pecados’; no latim clássico significava ‘declaração, reconhecimento’.
Pergunto-me a quem interessará a minha confissão. Espero que sejam aqueles que me honram com a leitura dos meus textos, uma fração selecionada pela personalidade revelada nas mensagens virtuais, independente da opção filosófica, política ou religiosa. Um público que pensa, sabe pensar e quer pensar.
Como respeito a psicologia de agrupamentos sei de antemão que aqueles que me seguem conhecem a minha posição ante o Governo Bolsonaro, cujo titular recebeu meu voto e me traiu, mostrando-se tão ou quanto corrupto como o adversário que enfrentamos à época.
Também ao se posicionar como inimigo da Lava Jato Bolsonaro aliou-se aos picaretas do Congresso em nome de uma tal governabilidade, o mesmo argumento dos governos lulopetistas corruptos.
Por isto, a partir da saída de Sérgio Moro do Ministério, assumi o combate, o bom combate ao presidente Jair Bolsonaro e sua execrável patota familiar intolerante e agressiva contra os não seguidores.
Intolerável também a milícia política fanática do cercadinho que os aplaude. Os estúpidos, fazendo-o de graça, e os malandros mercenariamente; os civis como bois de piranha e os militares mamando silenciosamente o duplo salário que recebem.
Do outro lado, lembro a desvairada corrupção dos governos Lula e Dilma, que só o fanatismo cego e uma ideologia distorcida negam, mas os brasileiros honestos não esquecem e não se dispõem a votar pelo retorno dos gafanhotos que o candidato do Partido dos Trabalhadores traria, se eleito.
Analisando desta maneira, venho defendendo uma Terceira Via, que ocorreria com Sérgio Moro, se ele não tivesse sido infantil duas vezes, assumindo um Ministério e depois caído na esparrela de um partido controlado por picaretas.
Pelo exposto, confesso que votarei na chapa das senadoras Simone Tebet e Mara Gabrilli, levado nas asas da esperança que elas trazem como mulheres e pelo comportamento parlamentar delas. Esta é a confis são que faço cordialmente aos leitores dos meus artigos.
VIVÊNCIA
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Eu vou no passo do compasso desta vida/ A hora que se passa nunca mais é revivida” (Jorge de Altino)
Entre as coisas boas que idade avançada traz é a acumulação de conhecimentos que nenhum aprendizado familiar, escolar ou mesmo a impregnação da cultura popular é capaz de cobrir. É a chamada “Vivência”, um substantivo feminino que significa a manifestação da vida inteligente do ser humano.
A etimologia da palavra é latina, viventĭa, um acusativo neutro plural de vivens,ēntis, particípio presente do verbo vivĕre: ‘viver, estar em vida’.
Na rica sinonímia de “Vivência” temos “experiência” na linguagem coloquial referida também nos métodos científicos de pesquisa; e, na Filosofia, considera-se todos conhecimentos obtidos por meio dos sentidos.
O poeta e pensador agora pouco divulgado, Fernando Pessoa, exprimiu que “pensar é viver, e sentir não é mais que o alimento de pensar”. Eis a definição do processo de agregar e armazenar na memória o que os sentidos percebem, distinguem e consideram valioso.
Alcançando cerca de 90 anos sempre atento à habitual rotina de observar a natureza, o comportamento das pessoas e as informações trazidas pelos meios de comunicação, penso, procedo e me expresso conforme regras estabelecidas pelo método dialético de avaliar o que vejo e escuto.
Por isto escrevi outro dia, numa referência aos magníficos contos da “Mil e Uma Noites”, ( هزار و یک شب; em persa), citando que foi a esperta Sherazade a criadora das novelas televisivas e séries cinematográficas; e mais, foi imitada pelo famoso cineasta Alfred Hitchcock com a criação do “suspense”.
A História das Mil e Uma Noites, traduzida em todas as línguas vivas e mortas, começa com o enredo sobre Shahriar, rei da Pérsia da dinastia dos Sassânidas, que traído pela esposa, após matá-la, passou a considerar que nenhuma mulher do mundo é digna de confiança.
Adquiriu assim o hábito de matar todas as cônjuges no dia seguinte à primeira noite do casório; e o fez com várias mulheres que desposou. Quando voltasse da guerra que movia contra um país vizinho, a próxima seria Sherazade.
Inteligente e estudiosa, a futura rainha por 24 horas combinou com a irmã Dinazade um plano para escapar da morte. Pediu ao esposo que deixasse a sua irmã dormir num quarto ao lado deles; Dinazade teve a tarefa de acordá-la antes do amanhecer e pedir-lhe para contar a última história que vinha narrando para ela.
Curioso, o rei Shahriar resolveu ouvir também a narrativa que a esposa desenvolveu; um capítulo cheio de excitações e incertezas de um romance entre jovens apaixonados perseguidos por inimigos. Sherazade, porém, deixou a trama interminável. Assim, para conhecer o final da história, o Rei poupou-lhe a vida. Vieram a seguir novas aventuras, como o “Ladrão de Bagdad”, “Ali Babá e os 40 Ladrões”, a “Lamparina Mágica”, o “O Gênio da Garrafa”, enfim, mil e um contos que pagaram a sobrevivência de Sherazade e um reinado longo e feliz.
O número “Mil” inspirou uma sábia advertência de Confúcio, exprimindo que “Mil dias não bastam para aprender o bem; mas para aprender o mal, uma hora é demais”. É uma verdade incontestável, ocorrendo diariamente no noticiário político mundial e, especialmente, na revoltante corrupção institucionalizada no Brasil na Era Lula que volta mais forte do que nunca no governo do capitão Bolsonaro.
Ambos corruptos infelizmente polarizam as atenções eleitorais da população ignorante e supersticiosa, sem saber que está crucificada metaforicamente como Cristo, entre dois ladrões. Bolsonaro e Lula exploram o fraudulento discurso ideológico de representantes “da direita” e “da esquerda”, quando na realidade não passam de populistas ambiciosos e desonestos.
Craque da MPB, Renato Russo filosofou que “O céu já foi azul, mas agora é cinza/ E o que era verde aqui já não existe mais…” Na minha vivência, creio mais do que nunca na volta das cores que alegravam o País, aparecendo alguém que, numa 3ª Via eleitoral, derrote o esquema criminoso da polarização!
DEFINIÇÃO
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“És a areia que o vento não leva, o indefinível que teimamos em definir” (Anônimo)
A História do Brasil registra (pena que muitos não estudem esta matéria) que o oficialato militar responsável pela Proclamação da República, definiu o futuro do país sob inspiração positivista com a doutrina: “O Amor por Base, a Ordem por princípio e o Progresso por fim”.
Esta definição vem gravada na Bandeira Nacional, mas é desdenhada pelos arrivistas que assumiram o poder republicano, em vez do amor, pregam o ódio; subvertem a ordem pelo caos; e, trocam o progresso pelo obscurantismo de grupos religiosos politiqueiros.
A palavra “Definição” vem dicionarizada como substantivo feminino de etimologia latina “definitione”, que significa expor com clareza e precisão. Trata-se de um conceito para representar algo concreto na expressão do pensamento; e o interessante é que aparece muitas vezes com uma simplicidade chocante.
Lembro que ouvi em Campina Grande, muitos anos atrás, o grande poeta Raimundo Asfora contar a definição de um menino sobre a água mineral com gás dizendo: – “É uma água cheia de furinhos com gosto de pé dormente”.
Assim constatamos que as crianças dominam com graça e precisão as definições. O raciocínio infantil é impecável, a ver como conseguem antropomorfizar objetos, animais ou até plantas, conversando com eles. Ao tropeçar numa pedra, protestam – “Oh, pedra filha da puta! ”….
Lembro de um sobrinho criado na casa dos avós, que falou para minha mãe na hora da ceia: – “Você diz que esta sopa de legumes é boa só porque vovô gosta dela”; e temos o registro que os norte-americanos fascinados por pesquisas e estatísticas tiveram a informação de que 93% dos filhos garantem que sua mãe é mais bonita do que as outras mães….
Um dos meus filhos escreveu numa redação que a palavra Segredo, “é uma coisa que se diz em voz baixa perto no ouvido de alguém recomendando para que não conte para ninguém”.
Como agora vivemos a Era dos Segredos instituída pelo capitão Bolsonaro, os órgãos governamentais decretam sigilo de 100 anos para casos bestas como um diagnóstico médico do Presidente, e para a “punição” de um general da ativa que quebrou a hierarquia do Exército subindo num palanque político.
Embora sem qualquer explicação, a cidadania fica privada de informações necessárias à sua definição política, principalmente nas vésperas de pisarmos na passarela eleitoral; é um absurdo que nos leva a crer que o silêncio chapa branca é para esconder a verdade.
Com sua reconhecida lucidez, o chanceler Otto von Bismarck – o estadista mais importante da Alemanha do século XIX -, nos legou um pensamento que nos leva a refletir: “As pessoas nunca mentem tanto quanto depois de uma caçada, durante uma guerra e antes de uma eleição”.
Então temos que exigir dos candidatos (todos e principalmente os que representam a farsa da polarização) uma verdade bem-conceituada, em vez das mentiras como as de Lula vociferando contra a corrupção e de Bolsonaro defendendo risonho as liberdades democráticas….
Os tolos e fanáticos aceitam as mentiras dos políticos cultuados por eles; mas a nacionalidade não deve antropomorfizar a pedra posta no caminho do nosso futuro! Não vai xingá-la como a criança, mas removê-la através de uma 3ª Via, por que os velhos políticos devem ser trocados como as fraldas, pelo mesmo motivo. Eis uma definição de Eça de Queiroz….
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