Arquivo do mês: abril 2018

(IN) CORRETO

MIRANDA SÁ (E-mail:  mirandasa@uol.com.br)

“Eu chamava o Mussum de negão. Chamavam-me de Paraíba. Hoje fico até constrangido em chamar alguém de velho ou baixinho”. (Renato Aragão)

É um mistério que dificulta a pesquisa dos cientistas o que vem ocorrendo com a química mental de certos indivíduos que se convencem, adotam, divulgam e exigem o cumprimento do famigerado “politicamente correto”.

No começo, as manifestações em prol do “politicamente correto” divertiam as pessoas que tinham a cabeça no lugar, mas o seu crescendo com a falta de escrúpulo que ultrapassa os limites para o fanatismo, irrita e revolta.

A campanha é desencadeada por agentes do mal. A ideologia distorcida e a filosofia esquizofrênica das viúvas do stalinismo sepultado nos escombros do muro de Berlim são inconformadas; se apegam a todos os males libertados pela caixa de Pandora para conquistarem o poder.

Ocorre como um fenômeno produzido nos estertores do antigo “way of life” da sociedade norte-americana que se espalhou pelos terceiro e quarto mundos como um vírus maligno.

No Brasil, os servidores do grupo que persegue a dominação política usam o “politicamente correto” tentando criar fatores históricos ao sabor dos seus interesses como originários da opinião pública, usando os movimentos sociais que controlam financeiramente.

Gosto de chamar essas frações extremistas de “minoria ruidosa”, por constituírem uma ínfima minoria na correlação das forças sociais, embora a sua influência fazendo-se ouvir pelos governantes fracos, impondo pelo grito o seu falso “revolucionarismo”.

Assim, os agitadores do chamado “socialismo do século 20, comprometem os destinos da nacionalidade pelo enfraquecimento do tecido social ao estabelecer o “politicamente correto” para retalhar a cidadania e imperar sobre ela.

O escritor pernambucano Luiz Felipe Pondé adverte que não é difícil eles imporem uma lei que proibindo as mulheres de serem bonitas em nome da autoestima das feias; e acrescenta, “basta que um cretino escreva que isso é necessário para um convívio democrático”.

Com o veneno do divisionismo, os agentes do mal estabelecem disputas religiosas e jogam negros contra brancos, ricos contra pobres, sem terras contra fazendeiros, indígenas contra arrozeiros, ecologistas contra agricultores, homossexuais contra heterossexuais.

Felizmente numa múltipla proporção os brasileiros reagem, impedindo que a Democracia seja usada para acabar com a própria democracia, como assistimos na Bolívia, Nicarágua e Venezuela.

Historiando o exagero dos politicamente corretos, muitos deles, assumidos marxistas, pregam a luta violenta de classes sob as asas da CNBB, mesmo adotando o princípio do seu guru de que “a religião é o ópio do povo”.

Os racistas da diferença de cor, nunca alcançaram a visão humanista do grande escritor gaúcho Érico Veríssimo que na primeira viagem aos Estados Unidos, onde se inspirou para escrever seu livro “Gato Preto em Campo de Neve”, ao preencher a ficha de identidade na Aduana, teve dúvida se era branco, preto, mexicano ou chinês e escreveu –“Ser humano”.

O exagero em dividir a Nação é tanto que capitalizam o noticiário policial dos assassinatos fazendo a estatística dos mortos pela cor, sexo e status social, omitindo a cor, o sexo e o status social dos assassinos…

Finalmente, assistimos o uso do “politicamente correto” como uma arma na guerra de guerrilha movida contra a sociedade brasileira, vendo a juventude universitária pisando inadvertidamente nas minas ideológicas plantadas pela verborragia dos professores gramscistas.

Pelos escândalos de corrupção praticados pela hierarquia lulopetista observamos a vitória do (in) correto: O chefe deles, Lula da Silva, foi condenado pelos crimes praticados e sob a carga de pesadas denúncias ainda não julgadas.

Desta forma a realidade mostra que os explosivos do “politicamente correto” vão, aos poucos, se voltando contra os bolivarianos, derrotados pelos princípios morais universais e a justiça boa e perfeita.

O CENTRO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

                                 “Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas”                        (Voltaire)

Aceito quase como um provérbio secular, há um pensamento muito repetido mundo afora pregando a eliminação dos extremos para revelar o que é íntegro; é uma lição de Aristóteles, no seu texto “Ética a Nicomaco”. Vem do grego, “In Medio Est Virtus”, e com a tradução latina do conceito, “virtus in médium”, que significam “a virtude está no meio”.

Nesta época em que a política brasileira está conturbada por desprezo à cultura humanista e falsificação dos seus valores, a Nação sofre pela falta de lideranças com estofo de estadistas e substituídas por robôs contendo ideologias deturpadas e/ou superadas por partidos cartoriais ditos “de esquerda”.

Observadores da cena política veem apenas a movimentação da direita e da esquerda, linhas paralelas que se tocam no infinito do interesse dos seus protagonistas. Ambas rejeitam qualquer posição divergente, e negam juntas a existência de outras tendências. Afirmam-se como “ideologias próprias” sustentando não haver espaço para uma terceira via.

Diante das massas e para conquistar o eleitorado, mostram uma polarização de fachada, propagandística, garantindo para só elas o apoio para ocupar bancadas no Congresso e cargos executivos na União, estados e municípios.

Entretanto, a prática discursiva da direita e esquerda entram, porém, em contradição ao aceitar por vínculo causal, subdivisões e alianças de “centro-direita” e “centro-esquerda”.

Só dessa maneira admitem a existência do Centro. É um fato objetivo o reconhecer esta adoção filosófica presente na consciência humana que anseia por um governo baseado na razão e na justiça; e que o objetivo inarredável do desenvolvimento social é a liberdade.

Vê-se, então, que o espectro político esquerda-direita é a limitação das opções por imposição conceitos totalitários, enquanto a vocação do centro amplia a ideia de liberdade, reivindicando um Estado-Providência para atender as necessidades básicas do povo, e diminuto, restrito a coordenar a vida social, distribuindo a Justiça e regulando a segurança pública.

Assim, queiram ou não queiram os extremistas, o mapa das posições políticas se amplia com a extrema direita, direita, centro-direita, centro, centro-esquerda, esquerda e extrema esquerda. Isto é um fato concreto, inegável.

Fica desta maneira reconhecido o Centro Democrático ou Centro Liberal, como uma força ideológica no prisma político. Não é um rotulo e muito menos uma sigla partidária; é a expressão da aceitação de um ideário progressista adotando doutrinas filosóficas e éticas que levem ao desenvolvimento econômico.

O “centrismo” sincretiza igualmente, sem preconceito, princípios da direita e da esquerda, embora se assumindo sempre como uma “terceira via”. “Uma” porque admite a existência de outras, ao contrário das posições extremistas.

A transformação da sociedade, da economia e da política é a ideia sustentada pelo Centro para a conquista do progresso numa sociedade livre, justa, solitária e democrática. Advoga uma reforma que alcance os poderes executivo, judiciário e legislativo, livrando-os dos vícios ocasionais, mas mantendo-lhes a independência.

Estabelecida esta harmonia estatal, requer também um sistema fiscal com impostos diretos e progressivos, impedindo qualquer privilégio tributário e tendo a sua aplicação transparente para combater a corrupção.

Finalmente, para o Centro Liberal o Estado existe apenas para garantir o direito à vida, à liberdade e ao direito da propriedade. Com tais fundamentos – que alguns consideram utópicos –, não podemos nos envergonhar por defende-lo.

PENTE-FINO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Corrupção há em todo lado, na Europa, EUA, Ásia, etc.; mas no Brasil corrupção virou cultura política” (Luis A R Branco)

Espantado ao ler no Jornal Destak uma matéria sob o título “Pente-fino no INSS acha até grávida há dez anos”, resolvi dar uma pesquisada no subsolo para sociedade brasileira o reflexo da corrupção desenfreada dos andares de cima.

As investigações feitas na Previdência desde 2016 sobre concessões irregulares e mesmo criminosas, vem apresentando resultados incríveis. Desde então foram convocados 1,5 milhão de pessoas esquecidas pela perícia médica que avalia os auxílios Doença, Invalidez e Prestação Continuada.

É de pasmar os casos que são encontrados. Além de gestantes que receberam o benefício por hipertensão estendido por anos, cegos renovando carteira de habilitação, beneficiário de auxílio-doença desde 2008 que diz ter neoplasia maligna dos brônquios e pulmões e que trabalha como personal trainer e participa de maratonas…

Defrontou-se com a situação de um homem de 49 anos, que se aposentou por invalidez aos 40 anos por causa de dermatite, e casos de materialização de espíritos, segundo o ministro Alberto Beltrame, com 17 mil mortos recebendo o BPC.

Desde o início da Operação Pente Fino, realizou-se 481.283 perícias. Foram mais de 213.873 auxílios-doença que somadas a outras fraudes, foram cancelados 310.515 benefícios gerando uma economia de R$ 7,6 bilhões aos cofres públicos.

Pequenos corruptos e grandes prejuízos ao País nos levam aos grandes corruptos e gigantescos assaltos aos cofres públicos com perdas de valores astronômicos para o contribuinte. Este filme começa com a delação do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, iniciando a nacionalmente aplaudida Operação Lava Jato.

A empresa-ícone do povo brasileiro quase foi à falência pela desmedida corrupção que o complexo PT-governo-Empreiteiras implantou. O sistema de propinas foi oficializado, como se viu na contabilidade de várias empresas, e no recebimento de doações a partidos através de “caixa dois”.

Isto, porém, não é nada comparado ao escândalo dos empréstimos do BNDES para financiar obras no exterior com juros inferiores ao mercado de crédito. De acordo com delatores estes financiamentos renderam 3% de propinas, e calcula-se que somaram R$ 50 bilhões. Façam as contas para ver a gatunagem praticada.

Não custa lembrar que o BNDES financiou US$ 682 milhões para o Porto de Mariel, em Cuba; na Venezuela, US$ 637,89 milhões para a implantação de um estaleiro de construção e manutenção de reparos de embarcações e US$ 527,84 milhões para a construção da linha II do metro de Los Teques.

Ainda para a ditadura de Chávez e Maduro, usando o FAT, consumiu-se US$ 865,42 milhões para a Usina Siderúrgica Nacional. Na República Dominicana foram contratados US$ 656 milhões para a construção de uma central termelétrica.

Destinados ao governo narcopopulista de Cristina K, na Argentina, o banco de fomento destinou US$ 636,88 milhões para expansão da capacidade de transporte de gás natural, além de US$ 293,86 milhões para o sistema de distribuição de água de Paraná de Las palmas.

Além do perdão de dívidas dado a “ditadores amigos” na África, aponta-se Angola recebendo uma formidável quantia (que não consegui apurar) e Moçambique, que obteve US$ 320 milhões para construção de uma barragem.

Para isto, estimulamos o pente-fino que o MP está fazendo pedindo a cooperação internacional de 36 países, alguns deles conhecidos paraísos fiscais. Isto já rendeu R$ 5 bilhões e com a perspectiva de muito mais.

Vê-se que Lula sendo preso por causa de um tríplex está saindo barato para ele…

 

 

Augusto dos Anjos

A Esperança

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro – avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!

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MAR DE LAMA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A água que não corre forma um pântano; a mente que não trabalha forma um tolo”. (Victor Hugo)

Quando do meu ingresso na faculdade, em 1954, a oposição a Getúlio Vargas atingia o auge com o seu líder, Carlos Lacerda, usando pela primeira vez e com muita habilidade a televisão, repetia o slogan “Vamos acabar com o Mar de Lama”, referindo-se às denúncias de corrupção no governo.

Paradoxalmente a expressão “Mar de Lama” foi do próprio Vargas, que o exclamou ao saber das transações ilícitas na administração pública e das maracutaias praticadas pelo seu guarda-costas Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial.

Estes fatos me chegam à lembrança por ter os olhos e a mente voltados para a sordidez implantada no País nos 14 anos de governo de Lula, preso em Curitiba graças à independência do Ministério Público Federal, à ação eficaz da Polícia Federal e ao juiz Sergio Moro.

É extenso o uso da palavra Lama, dicionarizada como substantivo feminino, que significa mistura heterogênea de terra e água; e no sentido figurado representando tudo que é vil e causa asco, sarjeta, degradação, indignidade.

Lembro-me de uma alocução do visionário Enéas Carneiro referindo-se ao Poder Legislativo, já na sua época dominado por quadrilhas de picaretas. Disse Enéas: “Miasmas pútridos emanam no Congresso em Brasília, contaminando o ar da metrópole. Mas o meu nome não exala odor mefítico, porque não chafurda no pântano da ignomínia”.

Batizada de Operação Mar de Lama, a PF nas Minas Gerais realizou uma ação de combate ao crime organizado. E, no mesmo Estado (onde evocamos Tiradentes e repudiamos o atual governador, corrupto e corruptor), fez-se uma campanha “Mar de Lama Nunca Mais” para criminalizar barragens como a da empresa Samarco que infelicitou Mariana e região, com danos ambientais, sociais e econômicos.

Com a mesma referência tivemos recentemente as palavras do general Rocha Paiva ao dizer que “O lodaçal da vergonha onde lançaram o país vem sendo dragado pela Lava-Jato. A nação passou a ver com clareza a degradação moral e ética das lideranças no Executivo e no Legislativo e, hoje, também a percebe na mais alta Corte de Justiça”.

Esta comunicação do militar brasileiro fotografa a realidade. Herdado da Era Lulista a lamacenta ignomínia veio para afogar as instituições republicanas, acovardadas, no pântano dos costumes apodrecidos.

Não dá para esquecer que o PT e seus puxadinhos no poder nadaram na lama da inconsequência, da irresponsabilidade e das propinas que enriqueceu os dirigentes partidários e elegeu pelegos analfabetos nos estados e por duas vezes na presidência a trapalhona Dilma Rousseff.

A miniatura do mapa oceanográfico da lama está desenhada no entorno da PF em Curitiba, no acampamento lulopetista, uma espécie de cracolândia ideológica, Ali se cultua Lula, chefe da organização criminosa. Mergulhados na latrina bolivariana e sem papel higiênico, os atoleimados acham natural insultar e agredir os que não pensam como eles.

… E o Pelego adorado nessa poça de lama que envergonha e revolta a capital paranaense, responde ainda por mais seis processos que vão da obstrução da Justiça até a práticas nada republicanas no exercício da presidência.

Este lamaçal de baixeza, desonra e infâmia tem, felizmente, os seus dias contados, pela reação de uma corrente de ministros togados que não se vendem nem se trocam, levantando-se contra as tentativas de distorcer e usar a Constituição para implantar o Reino da Impunidade.

O grupo que entra de sapatos enlameados pela politicagem no recinto solene do STF embora ruidoso, é medíocre e pequeno; transcende a “caranguejos” pelo cheiro característico da lama e, como os crustáceos do manguezal, só andam para trás…

 

 

 

DISCURSO DO ÓDIO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O ódio é um veneno que bebemos esperando que os outros morram” (Shakespeare)

Na missa-show de aniversário de pessoa já falecida sob as bênçãos de padres narcopopulistas, o corrupto Lula da Silva condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, subiu bêbado a um palanque e fez um discurso de ódio.

Lembrou-me um dos clássicos da MPB, “O Bêbado e o Equilibrista” da dupla João Bosco & Aldir Blanc, que vale uma paródia “… E um bêbado trajando luto provocou risadas como uma tragicomédia de Carlitos”. O cheiro de cachaça transcendeu no narizinho da senadora Gleise.

A arenga típica dos pelegos espertos durou 55 minutos em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, que fugiu da sua função, transformando-se em partido político e seria fechado se a lei fosse respeitada no Brasil.

Lula falou para a plateia amestrada cujo fanatismo primário é pouco exigente quanto à seriedade da sua fala. Debulhando uma espiga de milho que não medrou, os grãos pecos pipocaram com o ruído da montanha que pariu um rato.

Foi um discurso de ódio: Ameaçou estabelecer a censura da imprensa nos moldes da ditadura venezuelana; ordenou atos terroristas com a queima de pneus para impedir o tráfego nas estradas; mandou os arruaceiros do MST E MTST invadirem propriedades no campo e na cidade, enfim, propôs a subversão da ordem pública.

Diante da leniência governamental sem tomar medidas contra isto, leva-nos historicamente à República de Weimar, na Alemanha pós-guerra com um governo fraco, um parlamento corrupto e juízes que fugiam do anseio popular, seguindo o pensamento hitlerista “A voz do povo nunca foi mais do que a expressão daquilo que do alto se lançou sobre a opinião pública” (Mein Kampf).

Constatamos aqui a caricatura daquela situação, assistindo a ousadia fascista de Lula e da hierarquia do PT instigando grupos arruaceiros, tipo “capacetes de aço” e “camisas pardas” para assustar ministros, militares, parlamentares e religiosos.

As pichações nos tribunais federais e no prédio onde a presidente do STF tem seu apartamento, foram feitas por quem obedece ao discurso do ódio. Como foi a agressão homicida do bandido Maninho do PT na porta do Instituto Lula.

Os estudiosos da História atestam que atravessamos o momento em que o fascismo tupiniquim impõe a sua revolução de fancaria que, se não for reprimida, levará a Nação ao suicídio político como ocorreu na Alemanha no século passado. Até agora, felizmente, a minoria ruidosa só tem eco nos meios políticos e no governo frágil de Temer; não assusta mais as classes médias.

Assim, é afortunado vermos que a classe média já não se identifica com os “revolucionários bolivarianos”. Para eles, restaram os dependentes crônicos de ideologias superadas e das ilusórias políticas sociais de bolsas-esmolas criadas pela demagogia politiqueira.

Neste cenário esfumaçado, os pelegos sindicais – assumindo o protagonismo teatral de “aristocracia operária” – sem o mínimo escrúpulo ético, seguem os corruptos do andar de cima, aproveitando-se dos restos do banquete das propinas que enriquecem os dirigentes partidários.

Então prevalece nesse bando organizado o discurso do ódio, temperado com promessas de tudo para toda gente. E cumprem tarefas para amedrontar os fracos de espírito infligindo a luta de classes e a divisão da sociedade pela raça, religião e opção sexual.

Com a Nação dividida e a formação de ideologias adaptadas aos interesses de grupos fáceis de conduzir, o lulopetismo sonhava em implantar a “ditadura nacional socialista” como a de Maduro, na Venezuela.

Tiveram 14 anos para fazer isto, mas fracassaram; enganaram muitos por algum tempo, mas nem todos por muito tempo; dessa maneira caíram em desgraça e o seu chefe foi desmascarado por conspurcar a presidência usufruindo propinas e foi preso.

Esta prisão de Lula da Silva barrou de vez a ameaça fascista ao nosso futuro. Nossos temores, o nervosismo e a irritabilidade, são transferidos para os cultuadores do corrupto. E só lhes resta o discurso do ódio.

 

 

MECANISMO

MIRANDA SÁ. jornalista

“Quando o único mecanismo que você possui é um martelo, todo problema que surge você trata como um prego” (Mark Twain)

O “Mecanismo” ou “Mecanicismo” é uma teoria científica que explica os fenômenos físicos pelo movimento da combinação de peças que o fazem funcionar. Como verbete dicionarizado, é um substantivo masculino, que significa disposição das partes constitutivas de uma máquina; maquinismo, engrenagem.

Por extensão, trata-se de um conjunto de elementos que concorrem para a atividade de uma estrutura orgânica; mecânica. Também o título de uma série televisiva brasileira inspirada nas investigações da Operação Lava Jato e lançada pela Netflix.

A série obedeceu à direção do cineasta José Padilha, escrita por Elena Soárez e tendo a participação de Felipe Prado e Marcos Prado. Comentando o enredo, Padilha disse que a corrupção é o mecanismo estruturante da política e da administração pública no Brasil, incluindo as cortes judiciais constituídas por indicações.

Assim se expõe uma triste realidade onde “o mecanismo está em tudo. No flanelinha que recicla talão, na carteira falsificada para pagar meia entrada, no suborno ao guarda para aliviar uma multa…”

Na ciência temos vários tipos de mecanismos, inclusive um que encontramos na Psicologia conhecido como “mecanismo de fuga”; o fato de alguém estar em situação de risco eminente ou se sinta psicologicamente ameaçado, aciona os mecanismos mentais de defesa.

Este mecanismo de fuga tem um exemplo atualíssimo: As pessoas bem informadas já notaram que os lulopetistas perderam o interesse pela investigação sobre o atentado ao ônibus da caravana. Uma fuga. A “eles” isto não interessa mais; ganharam o espaço que queriam na mídia, e pronto.

Sobre o atentado “fake” à Caravana de Lula, conta-se uma história que me parece ter se baseado na novelinha de Artur Azevedo “De Cima para Baixo”, em que o nosso escritor retratou a engrenagem da burocracia na administração pública.

É o mecanismo partidário dos socialistas bolivarianos que me pareceu interessante, e fizeram uma ficção que nos leva ao organismo de inteligência do PT, comparável à “troika” que dirigiu o PCUS, partido comunista da união soviética no stalinismo. O nome troika, em russo trojkʌ, se refere a um carro conduzido por três cavalos alinhados, e o partido adotou-o para mostrar o equilíbrio harmônico da sua direção.

No Brasil, a troika do lulopetismo, como os Três Mosqueteiros do romance histórico de Alexandre Dumas, são quatro dirigentes intelectuais. Dumas tem como personagens Aramis, Athos e Porthos, a quem veio se juntar o jovem D´Artagnan; no PT, são dois frades, Beto e Boff, a professora Marilene Chauí e o ideólogo Zé Dirceu.

Pois bem. Eles se reuniram para avaliar o desgaste que Lula, o partido e os puxadinhos veem sofrendo e traçaram a estratégia de fazer uma incursão à região Sul do País, que pela rejeição ao lulopetismo poderia concorrer com uma vítima redentora. E assim foi criada a Caravana de Lula.

Os organizadores da base montaram, como um engenho bem azeitado, todo o planejamento. Um grupo se encarregou da logística do transporte e dos suprimentos; cinco carros, três ônibus, bebidas e bons petiscos para o primeiro coletivo que levava a hierarquia partidária e pão e mortadela para a claque acompanhante no terceiro ônibus.

A excursão foi um fracasso. Vaias, ovadas e xingamentos no Rio Grande e em Santa Catarina, mas decepcionando os vitimologistas, nenhum ferido, exceto o provocador que levou o repressivo ponta pé na bunda de um gaúcho vestido de bombacha.

O desânimo atraiu uma reunião extraordinária que decidiu recorrer a uma velha tática, a farsa de que nos referimos no começo do texto, como exemplo do silêncio que paira sobre o tal atentado que ocorreu sem testemunhas, apesar de quase duzentas pessoas presentes. Seria uma ação cerebral e fisiológica.

Foram designados três voluntários para executar a peça. Um sarará do MST, magrelo e alto, um varapau que aparece sempre na foto das manifestações; um pelego gorducho da CUT, como todos pelegos cevados pelo imposto sindical, e uma magrela da UNE, com aquele biotipo adotado dos pequenos burgueses socialisteiros da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Fizeram o que lhes mandaram fazer, e para resumir, o plano foi malogrado pelas complicações do improviso. Os ônibus entraram numa estrada vicinal e os tiros foram dados num ônibus parado conforme deduziu a perícia da polícia técnica; também os miguelitos (aquele objeto de preg

os retorcidos usados para furar pneus) foram fotografados nas mãos dos companheiros para compor o registro da revolução.

Assim, embora o caso atravesse um silêncio quase absoluto por omissão da mídia, o mecanismo partidário interno pegou fogo. Lula, bufando de raiva, mandou chamar Dilma, que foi com tanta pressa que chegou esbaforida à presença do Chefe.

– “Estou indignado” – disse o Pelegão. – “Que planejamento foi aquele, sua guerrilheira de merda? Se as coisas ocorrem assim, jamais voltaremos ao poder…”

– Não sei como me desculpar, companheiro, humilhou-se a Búlgara; – “Mas a culpa não foi minha, afirmou com os olhos esbugalhados e lacrimejantes.

Daí, com a pressa que teve para vir, a Ilibada saiu dali desenfreada e não se conteve, convocou com urgência para um encontro a senadora Gleise, presidente do PT. E diante da Senadora foi arrogante como nunca: – “Como você me fez passar por uma vergonha perante o nosso líder Lula? ” – E continuou com sua vitimologia: – “Ele chegou a me dizer que pensou em mandar o Pimentel não apoiar minha candidatura a deputada em Minas…”

Ouvindo isso, Gleise, tão insolente e violenta nos seus discursos no Senado, murchou com a crítica acerba que recebeu. E voltou triste para Brasília, mas transpirando rancor; de lá convocou o presidente da CUT, e baixou-lhe o sarrafo com ele adentrando: – “Como é que você me manda um incompetente para cumprir uma tarefa do partido? ”. E diante do mi-mi-mi do pelego, cabisbaixo diante da dirigente, incitou-o: – “Expulse aquele cabra-safado da Central, que não merece nossa confiança! ”

O Companheiro da Central saiu do encontro desalentado; porém reagindo mandou chamar Stédile, do exército de camponeses de Lula. O General não pode comparecer e mandou à CUT seu segundo tenente.

Lá chegando, o Sem Terra foi recebido aos berros. – “Aonde anda o Stédile? Abandonou a luta? “ – bradou o Pelego, e atacou: – Vocês estão acomodados, nunca mais invadiram nada, e nós repassando verbas; vamos parar com isto, pois além de estarmos sem o imposto sindical, não podemos desse jeito confiar na sua fidelidade a Lula! ”

O Sem-Terra saiu abatido da reunião e convidou a direção da UNE para ir à sede do Movimento. Foi para lá a gasguita que estava na caravana e, logo ao chegar, enfrentou o esbravejar dele: – “Que revolucionários são os estudantes que ficam fumando maconha e relaxam com as atividades de agitação e propaganda, além de não estudar…”

A Estudante não retrucou. Calada, abandonou o prédio abatida, e foi para a UNE de onde telefonou para a “chefa” da União Bolivariana Comunitária (UNBOC), dona Marialva, uma típica representante das favelas, mulher, negra e pobre, mas não humilde. Ela não aceitou o carão que a garota da UNE ensaiou em dar. Deu uma rabissaca, saiu e foi para casa.

Chegando à habitação, deu um esbregue no marido: – “Eu me esforço, trago a feira para casa e você fica bebendo cachaça nas biroscas. Estou farta disso” – E chamando o filho de 16 anos, que ensaiava ser pelego, organizando a Frente Invasora de Prédios Abandonados”: – “… E o senhor está me saindo uma bisca, me deixa sozinha enfrentando a luta quando devia estar ao meu lado nas horas difíceis! ”

O garoto cheio de tatuagens, metido a homem, intimidou-se diante da mãe e se retirou devagarinho para a sacada do “Minha Casa, Minha Vida”.  Lá chegando, o cachorro da família, Fidel, correu ao seu encontro balançando o rabo; então, o representante da última geração do lulopetismo, sem ter a quem transferir a autoridade política, pegou o pobre animal pelo dorso e com frieza atirou-o do terceiro andar do condomínio lá embaixo…

CONTRADIÇÃO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Duplipensar significa o poder de manter duas crenças contraditórias na mente simultaneamente e aceitar ambas” (George Orwell)

Não causa surpresa para ninguém que estiver armado do conhecimento filosófico da contradição e do método dialético de análise, a decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal.

O verbete contradição, dicionarizado é um substantivo feminino de origem latina, contradictio,onis:  antinomia, discordância, contraposição.  Na linguagem coloquial toma o sentido de absurdo, contrassenso, discrepância, incoerência…

Quando aparece refutando a opinião de outrem, a palavra “contradição” é usada como contestação, desacordo, desmentido, negação, objeção, refutação e réplica. Não há exemplo melhor do que a lição de Rui Barbosa que conhecia os meandros da magistratura e da política.

Rui escreveu que “Nada mais honroso do que mudar a justiça de sentença, quando lhe mudou a convicção. Aí temos a contradição, o procedimento ou atitude oposta ao que se dissera ou adotara anteriormente; colada nela, a dialética apresentando a solução dos desacordos.

Se estiverem armados da dialética hegeliana, professores ensinarão que a contradição é o confronto entre a afirmação e a negação; isto é, estas posições opostas não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Platão já mostrara esta relação dos opostos em suas obras escritas.

Pelo método dialético de análise, a Lógica estabelece o princípio de que algo não pode ser ou não ser ao mesmo tempo; e, sob este princípio, a regra para se alcançar a verdade é a exclusão de toda contradição.

A coexistência de conceitos contrários vigora apenas em regimes totalitários ou na ideologia canhota do narcopopulismo, com os autointitulados “marxistas” usam na propaganda dos seus desígnios, ensinando ao mesmo tempo que a “religião é o ópio do povo” e que Jesus Cristo foi socialista…

Um estudo aprofundado da Filosofia mostra que é através da Lógica se resolvem as contraposições das sentenças jurídicas. “Tudo o que é natural, é lógico, e tudo que é lógico é realizado ou deve se realizar no mundo real, e foi o que ocorreu no julgamento do habeas corpus do condenado de Justiça, Lula da Silva, a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

Ficou transparente a tentativa do condenado em politizar a sentença judicial que lhe foi aplicada por sua prática corrupta, recebeu, como sempre, o apoio apoiado da bancada partidária da Corte, levantando a “presunção de inocência” já desnuda nas sentenças de dois tribunais e tendo, aliás, mais três ou quatro processos por atividades criminosas idênticas.

Por ser chefe de uma facção político-ideológica, e ter ocupado a presidência da República, Lula levar para o seu campo a resolução do STF na provocação feita pela sua defesa. Seria triste contatar que vigoraria a advertência de François Guizot “Quando a Política adentra no recinto dos tribunais, a Justiça sai por outra porta”

Tivemos grandes manifestações de rua exigindo o fim da impunidade, por que a tal “presunção de inocência” não é uma carapuça que cai no cabeção de Lula… As demonstrações populares tiveram uma ampla repercussão e alcançaram sem dúvida o STF a quem coube decidir sobre a prisão de Lula já condenado em 2ª instância.

Os ministros procederam adotando o método dialético na busca de aplicar uma justiça boa e perfeita. Excluindo as nítidas intervenções políticas, prevaleceu a interpretação correta para a aplicação da justiça.

Tranquilizando a Nação Brasileira em manter confiança na Justiça, a dialética do STF me levou a uma surpreendente frase do escritor e pensador Roberto Campos, pela sua personalidade circunspecta. “A contradição é privilégio das mulheres bonitas, dos homens inteligentes e dos governos realistas. ”

E, aliviado, e alegremente relaxado, “sereno”, faço rir com o humorista Falcão que rebateu: “É melhor cair em contradição do que do oitavo andar. ”

 

Victor Heringer

Oração

Olhai por nós, pecadores; estamos cansados.
As flanelinhas, os endomingados nos museus,
os cirurgiões oftalmologistas, os estrábicos,
os daltônicos, os heterocrômicos, os cineastas,
os olheiros do futebol, os espiões como as mulheres
em trocadores de lojas, os que são
deleitam em testemunhar o coito alheio,
os glaucomatosos, os que não choram embaçado,

[…]

Os que estão de olhos abertos, os que morrem
de olhos abertos, os que matam de olhos abertos,
os que são vistos, os voadores e os que têm o diabo,
os que andam em montanhas-russas sem fechar os olhos ao medo,
os espiões, os cobiçadores da mulher do próximo
e os esguelhas, os desvendados.
Nós estamos cansados. Aqui tudo se vê,
mas todos os gostos meteorologias;
para cima, toda conversa é de elevador.

 

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