Arquivo do mês: fevereiro 2008
POESIA
Envelhecer
Entra pela velhice com cuidado,
Pé ante pé, sem provocar rumores
Que despertem lembranças do passado,
Sonhos de glória, ilusões de amores.
Do que tiveres no pomar plantado,
Apanha os frutos e recolhe as flores
Mas lavra ainda e planta o teu eirado
Que outros virão colher quando te fores.
Não te seja a velhice enfermidade!
Alimenta no espírito a saúde!
Luta contra as tibiezas da vontade!
Que a neve caia! o teu ardor não mude!
Mantém-te jovem, pouco importa a idade!
Tem cada idade a sua juventude.
Bastos Tigre
Nasceu no Recife (PE), em 1882 e faleceu no Rio de Janeiro em 1957. Estudou no Colégio Diocesano de Olinda (PE), onde compôs os primeiros versos e criou o jornalzinho humorístico O Vigia. Diplomou-se pela Escola Politécnica, em 1906. Trabalhou como engenheiro da General Electric e depois foi ajudante de geólogo nas Obras Contra as Secas, no Ceará.
Foi homem de múltiplos talentos, pois foi jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista, publicitário, além de engenheiro e bibliotecário. E em todas as áreas obteve sucesso, especialmente como publicitário. “É dele, por exemplo, o slogan da Bayer que correu o mundo, garantindo a qualidade dos produtos daquela empresa: “Se é Bayer é bom”.
Foi ele ainda quem fez a letra para Ary Barroso musicar e Orlando Silva cantar, em 1934, o “Chopp em Garrafa”, inspirado no produto que a Brahma passou a engarrafar naquele ano, e veio a constituir-se no primeiro jingle publicitário, entre nós.” Prestou concurso para Bibliotecário do Museu Nacional (1915) com tese sobre a Classificação Decimal.
Mais tarde, transferiu-se para a Biblioteca Central da Universidade do Brasil, onde serviu por mais de 20 anos. Exerceu a profissão de bibliotecário por 40 anos, é considerado o primeiro bibliotecário por concurso, no Brasil.
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FÉLIX TRUTAT
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Lula tacha de ‘sandices’ as críticas ao governo
Democracia? Ora, é o poder concedido aos mosquitos de devorar o leão. Nos seus dias de mosca, Lula comeu o pão que o Tinhoso amassou. À sua maneira, ajudou a mastigar a ditadura. Em seguida, pôs-se a rondar a presidência. Tentou uma, duas, três vezes. Na quarta, innnhhhac… Na quinta, innnhhhac, de novo.
Convertido em leão, Lula não convive bem com os zumbidos próprios da democracia. Nos últimos dias, abespinhou-se com as moscas que rondam a última sopa que o governo serviu à bugrada: o programa “Territórios da Cidadania.”
A oposição tachou a iniciativa de “eleitoreira.” Recorreu à Justiça Eleitoral contra o projeto, que prevê investimentos de R$ 11,3 milhões em 958 cidades de baixo desenvolvimento. Presidente do TSE e ministro do STF, Marco Aurélio Mello também levara o pé atrás ao saber do lançamento do novo programa.
Na noite passada, depois de alvejar as legendas oposicionistas, em viagem ao Ceará, Lula mordeu também o Judiciário depois de desembarcar em Aracaju: “Seria tão bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele o Legislativo apenas nas coisas dele, e o Executivo nas coisas dele.”
O presidente convocou deputados e senadores nordestinos a erguer, nas tribunas do Congresso, barricadas contra “as sandices” que estão sendo ditas contra o programa Territórios da Cidadania. Em seguida, sem mencionar-lhe o nome, fincou os dentes em Marco Aurélio.
“Ele quer ser um ministro da Suprema Corte ou político? Não tem um palpite meu no Legislativo e o governo não se mete no Judiciário. Se cada um ficar no seu galho o Brasil tem chance de ir em frente. Mas se cada um der palpite na vida do outro, a gente pode conturbar a tranqüilidade da sociedade brasileira”.
Ora, não cabe à oposição senão vigiar o governo, com os instrumentos de que dispõe. Um deles é o recurso ao Judiciário. Aos magistrados, por sua vez, cumpre fazer cumprir a lei. O que diz Marco Aurélio? “A lei veda, em bom português, o elastecimento de programas sociais no ano das eleições. Isso foi aprovado pelo Congresso Nacional e foi aprovado para valer.” Em tese, portanto, não é despropositada a suspeita dos críticos do novo programa.
Sobres as mordidas de Lula, Marco Aurélio contemporiza: “Eu sou um arauto da liberdade de expressão. Respeito o ponto de vista do presidente da República. Agora, os poderes são harmônicos e independentes. São os freios e contrapesos que levam a uma contenção na atividade administrativa. Eu só posso atribuir as palavras como um arroubo de retórica.”
Lula contra-argumenta que o governo não pode cruzar os braços só porque o ano é eleitoral. Ok, é do jogo. O que soa estranho, despropositado mesmo, é que Sua Excelência o leão queira esmagar os mosquitos. Nesta sexta-feira (29), ao se dar conta de que abusara da retórica, o rei das selvas rugiu como gato: “Não existe crise entre Poderes. Até porque cada poder tem autonomia suficiente e nós aprendemos que a sustentabilidade da democracia está em saber respeitar a autonomia de cada um.” Então, tá!
Fonte: Josias de Souza
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ABISMO DE ROSAS
Interpretada por Paulinho Nogueira
Abismo de Rosas
Composição: Canhoto/João do Sul
Considerada a obra prima para violão no Brasil, Canhoto (Américo Jacomino) a compôs quando tinha apenas 16 anos, num desabafo a uma decepção amorosa pois acabara de ser abandonado pela namorada, filha de um ex-escravo. Canhoto realizou três gravações desta valsa, a primeira como “Acordes do Violão” em 1916, a segunda já como “Abismo de Rosas” em 1925 e a terceira em 1927, sendo esta uma das primeiras da era de gravações elétricas no Brasil.
Canhoto nasceu em São Paulo em 1889, filho de imigrantes italianos, nunca frequentou escola, tendo aprendido música, bem como ler e escrever com seu irmão mais velho Ernesto, que tocava violão e bandolim. Desde garoto Canhoto interessou-se por violão, que ele tocava sem inverter as cordas, na posição de canhoto, o que deu origem a seu nome artístico.
“Abismo de Rosas” é peça obrigatória dos maiores violonistas brasileiros desde Dilermando Reis a Baden Pawell; é considerada como o “hino nacional do violão brasileiro” pelo professor Ronoel Simões, uma autoridade no assunto.
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FRASE_2/29
“O fígado faz muito mal à bebida.”
Barão de Itararé, o Apparício Torelly, jornalista
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Lucia Hippolito: Lula desconhece o que é o regime democrático
A cientista política Lucia Hippolito, comentarista de política do UOL, afirmou: “Acho que Sua Excelência não se deu conta do nível de desinformação, não sabe que numa democracia os poderes vigiam uns aos outros, é peso e contrapeso”, diz Lucia Hippolito. “Os três poderes são independentes, harmônicos, mas se vigiam exatamente para impedir a tirania de um sobre o outro.”
Para ler na íntegra clique aqui
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COMENTÁRIO (I)
O francês Pierre Beaumarchais (1732-1799) foi um ser humano notável. Viveu como poucos os dramas de seu século, o 18. Escreveu duas peças notáveis: “O Barbeiro de Sevilha” e “As Bodas de Fígaro”. Nesta última, esboçou uma definição precisa de política. Tão certeira que sobrevive aos tempos. Beaumarchais acomodou na voz do personagem Fígaro a fala que nos interessa realçar. Refere-se assim à arte da política:
“[…] Fingir ignorar o que se sabe e saber o que se ignora; entender o que não se compreende e não escutar o que se ouve; sobretudo, poder acima de suas forças; ter freqüentemente como grande segredo o esconder que não se têm segredos; fechar-se num quarto para talhar penas, e parecer profundo quando se é apenas, como se diz, oco e vazio; […] procurar enobrecer a pobreza dos meios pela importância dos objetivos: eis toda a política, ou então morra eu!”
Até parece que Fígaro referia-se à Brasília dos dias atuais. Ali, mesmo os desentendidos em política conseguem alcançar as politicagens. Ali, o excesso de cabeças é confrontado com a escassez de miolos. Ali, enfim, armam-se os melhores estratagemas para alcançar os piores subterfúgios.
Fonte: Josias de Souza
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Lula tenta amenizar polêmica, mas diz que também pode “julgar palpites dos outros”
Para tentar amenizar a polêmica com o Judiciário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, em Aracaju, que não há crise entre os poderes e que não se referiu ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio Mello, quando atacou na quinta à noite os críticos do programa Territórios da Cidadania.
“Primeiro, eu não citei o nome do ministro. Segundo, eu disse que se a lógica prevalecer e o governo federal não puder fazer parceria com municípios em ano de eleições municipais, em que o governo federal não disputa a eleição, ou no ano em que o presidente da República disputa a eleição, que não é o mais meu caso, significa que no mandato de quatro anos você vai governar dois anos. É impossível imaginar governar o Brasil de forma diferenciada, fazendo justiça neste país, se você não envolver um pacto federativo entre Estado e os municípios”, disse o presidente.
Desde que lançou o programa, no início desta semana, Lula tem reclamado da oposição. DEM e PSDB ingressaram com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a suspensão e a inconstitucionalidade do decreto que cria o programa. Os partidos alegam que a legislação eleitoral veta a criação de novos programas via decreto presidencial, assim como o aumento de despesas só pode ocorrer por meio de projeto de lei.
O ministro Marco Aurélio Melo tem feito alertas sobre a ampliação de programas sociais em ano eleitoral. “Eu jamais fiz qualquer juízo de valor sobre qualquer coisa transitada em julgado [sem possibilidades de recurso] neste país, ou seja, sentença da Justiça a gente cumpre”, disse Lula.
“Agora, da mesma forma, como ser humano e brasileiro, as pessoas dão palpite sobre as coisas, o presidente da República pode dar palpite e julgar o palpite dos outros. Nós estamos em um debate político”, afirmou Lula.”Não existe crise entre poderes neste país, até porque cada poder tem autonomia suficiente e nós aprendemos que a sustentabilidade da democracia está no fato de você respeitar a autonomia de cada um”, completou Lula. Na quinta-feira, sem citar o nome do ministro, Lula criticou os alertas. “Tem que perguntar se ele quer ser ministro da suprema corte ou quer ser político. Se quer ser político, que renuncie e se candidate a um cargo para falar as bobagens que quiser, a hora que quiser, e não ficar se metendo na política do Poder Executivo”, disse Lula.
“Seria bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas deles, o Legislativo apenas nas coisas deles e o Executivo apenas nas coisas deles. Nós iríamos criar a harmonia estabelecida na Constituição”, afirmou Lula em discurso.Em entrevista ao UOL, o ministro do STF e presidente do TSE, Marco Aurélio Mello, considerou a declaração um “arroubo de retórica”.
“Eu sou um arauto da liberdade de expressão.
Respeito o ponto de vista do presidente da República. Agora, os poderes são harmônicos e independentes. São os freios e contrapesos que levam a uma contenção na atividade administrativa. Eu só posso atribuir as palavras como um arroubo de retórica”, disse.
Fonte: Uol Notícias
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FRASE_1/29
“Seria tão bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele.”
Presidente Lula, em declaração na noite de quinta (28), em Aracaju
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