Arquivo do mês: junho 2018

BANDALHA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Varre, varre, varre… / varre, varre, vassourinha/ varre, varre a bandalheira/que o povo está cansado/ de sofrer dessa maneira” (Jingle de Antônio Almeida para a campanha de Jânio Quadros)

O dia a dia do Supremo Tribunal Federal que examina infinitamente os recursos do apenado Lula da Silva, preso por corrupção e lavagem de dinheiro, é decepcionante e desacredita e revolta os que gostariam de ver a Corte ministrando Justiça boa e perfeita.

Esta encenação tem muito a ver com a atuação de uma trupe que deseja soltar o chefe da Orcrim que assaltou o Erário, um crime que só agrada os picaretas do Congresso, os Odebrechts, os Joesley, os Eikes, os empreiteiros corruptos e os ladrões dos fundos de pensão… Sem esquecer os cúmplices lulopetistas da roubalheira.

É tão chulo este cenário no STF, que vem acompanhado de infame bate-bocas dos ministros togados comportando-se como “mulherzinhas de ponta-de-rua”, conforme minha mãe dizia…

Não há exemplo mais do que perfeito do que o desafio do juiz Luís Roberto Barroso enfrentando o colega Gilmar Mendes: – “Me deixe fora desse seu mau sentimento, você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia…”

Numa Democracia, a última instância jurídica no Brasil, deveria impor respeito com decisões equilibradas e importantes para o País e o seu povo, mas se transformou por comportamentos desprezíveis numa bandalha.

Uso a palavra bandalha por ter estudado este substantivo feminino e adjetivo de dois gêneros, depois que li um texto do Jornalista Políbio Braga referindo-se aos “criminosos políticos da esquerda bandalha”; antes só conhecia o termo como uma gíria popular comentando manobras ilegais no trânsito.

Em Portugal, a palavra bandalha é utilizada quando alguém se comporta mal. Tem origem numa antiga expressão, o seu gênero masculino, “bandalho”, que significava molambo, retalho de pano velho, ou pedaço de pano que pende de veste rasgada ou descosida; trapo, farrapo; e, por metonímia, “o que anda esfarrapado”.

No uso popular é bandalheira, grupo de bandalhos; corja, cambada, gangue, quadrilha, súcia, e vai por aí, aceitável para perfilar o grupo que soltou com firulas processuais José Dirceu, um condenado a 30 anos por corrupção.

Foram obscenos os floreios registrados na 2ª Instância do STF para apunhalar a legislação que seus membros se obrigam a defender; e, muito pior, havia uma articulação para livrar Lula da prisão, o que ocorreria se o relator Edson Fachin não tivesse enviado ao plenário seu julgamento.

Seria um nojento casuísmo abrir uma brecha na própria jurisprudência da Alta Corte, atropelar a decisão de prisão após condenação na 2ª Instância tentando desconsiderar a maioria do plenário.

As trêfegas loucuras do lulopetismo no seu universo virtual, na sua realidade paralela que faz de bandidos heróis e de heróis bandidos, incluem a imaginação de que, por agradecimento às suas nomeações, os ministros do Supremo deveriam fraudar um processo, como faz o ex-advogado do PT, Toffoli, que se decente fosse, se declararia impedido nas votações que julgam o seu partido.

Impedido estou, de pensar como bandalha, a afirmação da ministra Cármem Lúcia de que as decisões do STF não são políticas. Ela o diz com boa-fé; da minha parte creio, parafraseando François Guizot, que isto já ocorreu: a política adentrou no recinto do Tribunal, e a Justiça saiu por outra porta.

 

RECURSO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Só não digo que o brasil é um cabaré, por que um cabaré é mais organizado” (Anônimo)

O processo jurídico no Brasil é um hímen complacente, elástico, permissível para uma penetração que mantem a virgindade da Justiça…. No processo, isto se chama recurso; ação de criminoso condenado e preso, que se repete indefinidamente conforme a natureza da demanda e do dinheiro disponível do réu para manter advogados caros.

O “Recurso” como verbete dicionarizado é um substantivo masculino definido como ação de recorrer, pedir ajuda; auxílio; e no sentido figurado, como o que abriga, refugia; consolo.

No campo da Justiça, significa o meio usado para contestar uma sentença judicial; e são usados diversos tipos de recursos, embargos (com várias manifestações), agravo, apelação, recurso especial, recurso extraordinário, dentre outros…

Para o tuiteiro Samuel Peixoto, estudioso dessas sentenças, “a palavra é postergação”. Isto é, adiar ou deixar para trás os julgamentos.  Concordamos com ele ao apreciar o que vem ocorrendo com relação ao corrupto Lula da Silva na sua defesa masturbatória para escapar da condenação.

Esta ação protelatória que se aproveita de uma legislação leniente com os delitos e os delituosos nos leva a pensar a outros usos da palavra “recurso”, traduzida no português castiço como “casa de furnicação” e em linguagem popular como bordel, casa de prostituição, casa da luz vermelha, casa das primas, prostíbulo.

Antigamente havia mais requinte nesta referência com uma expressão francesa, rendez-vous, local para encontros, referindo-se à zona do meretrício e, quando oferecia entretenimentos, salão de dança com música ao vivo, era cabaré…

O escritor Jorge Amado tornou famoso um lupanar baiano da época dos coronéis do cacau, o “Bataclan”, e digno de registro pela divulgação internacional, o “Cabaré de Maria Boa”, em Natal, tornado célebre na 2ª Guerra Mundial.

No começo da década de 1940, foi instalada em Parnamirim, Rio Grande do Norte, uma base militar norte-americana e a capital do estado fervilhava de militares americanos e brasileiros e aviões, hidroaviões e jipes faziam parte do cotidiano, conforme descreve o historiador José Correia Torres Neto.

Então, os natalenses e seus visitantes conviviam com o Cabaré de Maria Boa onde além das prostitutas, os clientes podiam saborear cerveja gelada em mesas ao ar livre e ouvir e dançar ao som das “big-bands” norte-americanas.

Um fato curioso da época, que não é capitulado nos livros de História do Brasil, foi a homenagem que a cafetina paraibana Maria Boa recebeu dos aviadores brasileiros e americanos, com o batismo do seu nome numa “Fortaleza Voadora”, o B-25, com a versão de “Mary Good”.

Informada disto, Maria Boa não acreditou, sendo por isto levada por jovens militares à Base, onde lhe mostraram a aeronave em que foi nomeada ao lado do registro numeral do avião, 5079. Segundo comentários da época suas lágrimas rolaram de alegria.

Lula da Silva, o cafetão que montou um lupanar para as empreiteiras nas empresas estatais, encena um show de recursos – que chegam às dezenas, curiosa e apressadamente, ao STF –, com esta insistência ele ambiciona ter seu nome dado à sala de um tribunal, para agradar os exploradores das obras públicas, controladores dos fundos de pensão e marqueteiros ilusionistas. com Chico Buarque cantando “Cabaré”, na inauguração…

 

RESISTÊNCIA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O mais forte nunca é suficientemente forte para ser sempre o senhor, senão transformando sua força em direito e a obediência em dever” (J.J. Rousseau)

Para enfrentar a injustiça, o jurisconsulto patriota e sobretudo corajoso, Rui Barbosa, escreveu que “Quem não luta pelos seus direitos, não é digno deles”. Seguindo este nobre ensinamento, não posso calar diante da injustificável (sem trocadilho) ação do STF, julgando notórios corruptos sem punição para eles…

Nesses tempos sombrios que atravessamos, há pessoas que creem e, com singeleza, apelam para as Forças Armadas esquecendo-se que os generais se calaram e se omitiram diante do descalabro criminoso nos governos lulopetistas.

Por diante, como sou convicto de que o povo brasileiro é pacífico, mas não é covarde, enxergo somente a desobediência civil como saída para a crise institucional que atinge e apodrece os três poderes da República.

A hora é agora. É inaceitável que o STF absolva a corrupta Gleise Hoffmann, mesmo com os ministros que a absolveram reconhecendo práticas corruptas dela e dos seus companheiros de processo, igualmente livres de punição.

Vamos à luta. A desobediência civil não é coisa nova. Platão, seguindo o pensamento do seu mestre Sócrates, já ensinava em 400 a/C, a desobediência às leis injustas; e, mais tarde, Jesus Cristo pregou a não violência, como resistência à dominação romana e aos fariseus colaboracionistas com seus impostos escorchantes.

Nos tempos modernos, esta resistência foi inspirada por grandes figuras históricas como Thrudeau, Ruskin, Tolstói e Gandhi; e o exemplo mais recente de Martin Luther King.

Gandhi nos deixou uma doutrina, a “Força da Verdade” – satyagraha – satya no sentido de “força”, e graha, no sentido de “verdade”. Luther King e seus seguidores da resistência não violenta, enfrentaram os poderosos racistas, em defesa dos oprimidos que inicialmente nem sequer se aperceberam disto. E é assim que vai se desenrolar a nossa luta, pacífica, não por covardia, mas pela disposição dos corajosos, defrontando-se com o poder político (e armado) e uma população indiferente.

No começo seremos poucos, como ocorreu na preparação das grandes manifestações de 2013. Lembro-me que tuiteiros ativistas nos historiaram os primeiros que se reuniam no saguão do Masp, em São Paulo. Então, foram poucos presentes, mas terminaram levando milhões às ruas.

Nossa coragem será demonstrada em organizações abertas, do tipo as “Brigadas de Paz” como Gandhi criou; nenhum resistente deve se acobertar em sociedades secretas ou atuar em grupos mascarados, mas participar abertamente dos protestos pacíficos.

A experiência mostra que as brigadas devem ser pequenas associações de pessoas afins e de mútuo conhecimento; devem também ser eficientes como um time de futebol, com os participantes jogando técnica e harmoniosamente.

Todos resistentes devem se unir com o único objetivo de conquistar a reforma ampla, geral e irrestrita dos poderes constituídos por não corresponderem aos sagrados deveres de respeitar as leis e servir aos interesses nacionais.

Por uma questão de princípio, a resistência é o amor à Justiça boa e perfeita; e seu objetivo é combater com manifestações pacíficas e críticas o descrédito dos ministros do Supremo Tribunal Federal que absolveram indiciados comprovadamente corruptos.

A guerra de guerrilha não armada contra a mídia comprada, partidos comprometidos com a corrupção e seus tentáculos dissimulados como “movimentos sociais” deve ter batalhas em todos os setores de convivência, nos supermercados, farmácias, bancos e transportes públicos.

Para isto, alertamos a todos, repetindo uma consideração importante de Sakharov, o grande resistente contra a tirania stalinista na finada União Soviética: “Não importa quão pequeno pareça o começo; o que é bem feito uma vez, será bem feito para sempre…

 

 

EXPRESSIONISMO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Chora-se no mundo/ Como se o bom Deus houvesse morrido, / E a plúmbea sombra que cai/ Pesa como um túmulo. ” (Else Lasker-Schüler)

Nos fins do século 19 e começo do século 20, surgiu um movimento artístico, primeiramente se manifestando na pintura que se impôs e atingiu todas as produções culturais de vanguarda, entre as grandes guerras de 18 e 45, chegando ao cinema, à fotografia e ao cartazismo.

Na sua origem seus defensores à definiram como a “arte do instinto”, que transmitia os sentimentos humanos. Dicionários definem o substantivo masculino “expressionismo” como uma figuração que procura retratar, não a realidade objetiva, mas as emoções que acontecimentos, objetos e seres viventes suscitam no artista.

A pintura foi a mãe de todas as demais manifestações. Hoje realçam nos museus os principais precursores do movimento, como o célebre “O Grito”, de Munch, “Mulher com uma Flor” e “Cristo Amarelo”, de Gauguin, e “Girassóis” e “Caveira com cigarro”, de Van Gogh.

Os pintores expressionistas abstraíram-se da realidade, com figuras destorcidas e cores incomuns, fortes e vibrantes, reproduzindo seus extremos emocionais como figuração. A representação expressionista também se fixou como uma referência à música atonal, com os compositores vazando na harmonia as suas emoções mais intensas e profundas, distorcendo, de certa maneira, o clássico romântico.

No Brasil, Anita Malfatti foi a pioneira e sua obra mais significativa é “A Mulher do Cabelo Verde”. Foi numa exposição de Anita que Mário de Andrade tomou conhecimento das correntes de vanguarda que ocorriam no Velho Mundo e inspirou- o a promover a Semana de Arte Moderna.

Posteriormente, uma mistura de “Anti-romantismo, “Realismo” e “expressionismo”, estabeleceu-se entre nós, na pintura, com Portinari, que se revelou ao mundo com o seu mural “Guerra e Paz”, na literatura, romance e poesia, notabilizando o realista Machado de Assis, os poetas da chamada “Geração 45”; Niemeyer na arquitetura, e também na música, com Vila Lobos.

Fugindo das formas concretas como são expostas aos olhos, o expressionismo veio para ficar, sustentado pela grafitagem nos muros e paredes das ruas, no cartazismo político e na decoração de interiores.

Nos dias de hoje, a configuração expressionista, mais psicológica do que real, alcança todos os espectros da vida social, política e econômica.

Vai das relações humanas mostrando insegurança e na economia aplicada nas jogadas do câmbio e passa pela política com a demagogia e enganação reinantes. Constatamos tristemente que vai também à religião com a exploração dos medos, do sentimentalismo e da tendência primitiva ao fanatismo.

É marcante o caso recente da exploração emocional na propaganda lulopetista baseada na presença de um auto assumido “assessor do Papa”, que trouxe uma relíquia enviada pelo pontífice para o preso por corrupção Lula da Silva.

Os órgãos de agitação e propaganda do PT divulgaram a notícia pelas mídias ao seu alcance; o desmentido do Vaticano demorou quatro dias para chegar, dando vaza à crença popular na mentira; e chega virtualmente em padres que se manifestam como típicos cúmplices da corrupção institucionalizada nos governos petistas.

Não conferi; mas divulgou-se que a corte papal apagou na rede social o desmentido, mantendo implicitamente a condição do sindicalista argentino petista Juan Grabois como assessor de Francisco. Isto transfigura a respeitabilidade e a isenção da Igreja Católica para os brasileiros que lutam contra a corrupção.

SER OU NÃO SER

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Só temos certezas enquanto sabemos pouco; com o conhecimento as dúvidas aumentam” (Goethe)

Meu fascínio por William Shakespeare é conhecido daqueles que leem meus artigos. Desde muito cedo, na adolescência, descobri com ele que a poesia e o teatro são uma maravilhosa referência para o estudo da realidade, vendo-a de corpo inteiro.

Com suas mensagens diretas e linguagem clara e precisa, é surpreendente o caminho que Shakespeare abre para a nossa percepção do mundo em que vivemos, revelando cruamente a miséria, a infâmia, a traição e, principalmente, a corrupção e os crimes dos governantes.

Uma das melhores lições deste mentor encontrei transmitida pela boca de Heitor, personagem da peça “Tróilo e Créssida”. Na sua deixa, ao pedir ao Conselho de Tróia que entregue Helena para evitar a guerra, Heitor diz “A dúvida prudente chama-se o fanal dos sábios, a sonda que busca até o fundo o que se pode temer de pior”.

Nas suas posteriores comédias e tragédias, temos a repetição deste ensinamento, e por demais conhecida é a fala de Hamlet com o “Ser ou Não Ser”.

Já adulto, com alguma experiência na vida, encontrei a mesma colocação, rude, não-lapidada, de outra personalidade que admiro, Orson Welles, consagrado como cineasta completo, ator, diretor e produtor.  Disse Welles: “É preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos”.

A estupidez me deixa ver que muitos dos que se assumem como intelectuais, carregam um pesadíssimo fardo com toneladas de convicções, e sequer uma grama de dúvidas. Classifico-os como “intelectueiros”, menos pensadores do que profissionais, mais presentes nos manifestos do que nas estantes.

É nas atuações políticas onde se encontra esse pessoal que assinou uma declaração dizendo que Lula, sentenciado por corrupção e lavagem de dinheiro, é um preso político e ainda apela à comunidade internacional para trata-lo desta forma.

Nesta tragicomédia estão pessoas de vários países, o que suaviza a vergonha que temos dos falsos intelectueiros daqui…. Numa visível insanidade e desconhecimento da realidade brasileira, desacatam a Justiça e ofendem a dignidade dos nossos magistrados.

Os lulopetistas que arrecadaram as assinaturas desses incautos, certamente omitiram que Lula traiu não apenas os trabalhadores, que constam da sigla do seu partido, mas toda a Nação. Que ele se associou ao que há de mais podre na política nacional, roubando e deixando roubar o dinheiro público. E mais, que responde a vários outros processos por corrupção ativa e passiva.

Aos intelectueiros estrangeiros, lembramos a fábula brasileira da cotia e do macaco: “Sentados conversando à beira da estrada, diante das carroças que ali trafegavam, a cotia repetiu várias vezes para que o macaco tomasse cuidado com o rabo, e por se preocupar tanto com a cauda do símio, terminou deixando o próprio rabo debaixo das rodas. Por isso, é cotó…”

Isto ocorre com os que se intrometem no Brasil. Eles silenciam diante do que o mundo assiste:  a fronteira norte-americana ameaçada por latino-americanos famintos, a Europa invadida por bandos de fundamentalistas, países escravocratas no Oriente Médio, as cruéis ditaduras africanas e os infames regimes de Maduro, na Venezuela e de Ortega, na Nicarágua.

Estes problemas que existem nos seus rabos não os preocupam por que são aderentes e financiados pelas propinas que a Odebrecht espalhou pelo mundo… São pagos para se engajar nos movimentos do narcopopulismo.

FARSAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Você pode enganar algumas pessoas todo o tempo. Você pode também enganar todas as pessoas algum tempo. Mas você não pode enganar todas as pessoas todo o tempo. (Abraham Lincoln)

Tem um grupo de políticos profissionais de ouvidos ligados aos seus marqueteiros (que sabem enganar para conquistar votos), buscando mascarar na corrida presidencial um virtual candidato de “centro”. Esses farsantes que nem sequer escrevem os próprios discursos, não sabem o que é, na realidade, o Centro Liberal.

Entre os caroneiros do marketing está o sociólogo de fancaria, PHD em enganação, Fernando Henrique Cardoso.  Fez-se de arauto do “Centro” como já posou de “Direita” quando polarizava com a “Esquerda” do outro farsante, Lula da Silva, ambos buscando iludir o eleitorado.

Na verdade, me perdoem os seus seguidores fanáticos, nem um nem outro jamais assumiram uma posição ideológica, como oportunistas que são. O PT de Lula foi esquerda apenas para disputar com o PCB do Prestes e o PDT do Brizola; e quando o PSDB de FHC posava de direita, aplicava apenas uma tática para conquistar as correntes conservadoras.

Vamos à realidade: FHC sempre se apresentava como socialista “fabiano”, isto é, um comunista com medo de assumir a “revolução proletária”, como os agnósticos escondem uma definição sobre religião…

O “socialismo fabiano” surgido na Inglaterra um ano após a morte de Marx, cujo parceiro, Engels, não poupou críticas  à sua organização, a “Sociedade Fabiana”, defensora do “evolucionismo” em lugar do “revolucionarismo” do movimento comunista.

Para conquistar o poder, os fabianos têm como padroeiro o ditador romano Quintus Fabius Maximus, que na segunda Guerra Púnica derrotou Aníbal usando a estratégia de não enfrentar o inimigo com o exército regular de frente, mas executando pequenos e graduais combates.

A Sociedade Fabiana defende ações não revolucionárias, e sim infiltrando-se social e politicamente com a máscara de democrata e humanista, para obter apoio de tradicionalistas e atingir seu objetivo. Como fabiano brasileiro, FHC defende reformas socializantes e “anti-imperialistas”.

O outro, Lula da Silva, formado na escola dos pelegos sindicais e ajudado pela fração clerical esquerdista da “Teologia da Libertação”, não resistiu às benesses que o poder proporciona; juntou-se à banda podre da política, roubando e deixando roubar. Além de condenado por corrupção, desmoralizou-se agora como defensor do arqui-criminoso Sérgio Cabral, de quem foi parceiro e apoiava eleitoralmente.

A farsa se repete como caricatura. As manobras para chegar ao poder de FhC e Lula, são visivelmente seguidas por Ciro Gomes e Jair Bolsonaro na corrida presidencial. O cearense empunha a bandeira esquerdista e o ex-militar diz-se direitista.

De Ciro é enfadonho falar, por que é uma biruta de aeroporto, usando a velha e desgastada demagogia de defender ideias de acordo com o auditório, chegando a declarar irresponsavelmente que iria receber o juiz Sérgio Moro “na bala” e sequestrar Lula para que não fosse preso; o outro, me lembra Millôr Fernandes, ao escrever que “o Brasil é o inventor do socialismo de direita”.

Bolsonaro, como direitista é um estatista. Mostrou-se ao votar contra a quebra do monopólio estatal do petróleo e cala-se sobre privatizações de empresas estatais necessárias e urgentes; além disso, fez concessão aos picaretas do Congresso ao defender o imoral regime especial de aposentadoria para deputados e senadores. Agora, com o PT, apoiou a greve corporativa dos caminhoneiros.

O confronto secundário está no campo da Botânica, por isso não me meto. Deixo para quitandas e hortifrútis analisar as candidaturas de Marina Melancia e Alckmin Chuchu…  Como defensor do Centro Liberal, repudio o logro da inexorável disputa entre a “direita” e “esquerda” nas eleições; e não nego fogo contra as farsas e os farsantes da política.

 

O TEMPO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Se tu olhares durante muito tempo para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti” (Nietzsche)

Na Ciência se define o tempo como uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como também em todas as áreas e cadeiras científicas, sendo, portanto, um requisito civilizatório indispensável.

A grandeza tempo é relacionada à grandeza energia e aos conceitos de coincidência (espacial e/ou temporal), de simultaneidade e de referencial. Em consequência, a noção de tempo é inerente ao ser humano, sendo naturalmente perceptivo através dos nossos sentidos.

Como a percepção de tempo é determinada por processos psicossomáticos, algumas revistas científicas debatem sobre a possível existência de um “órgão do tempo” no cérebro, tanto do ser humano, como dos animais irracionais.

O verbete “Tempo”, dicionarizado, é um substantivo masculino de origem latina, tempus,ŏris, definido como a duração relativa das coisas criando a ideia de presente, passado e futuro; período de acontecimentos nele ocorrido.

Nas suas várias referências, a palavra tempo entra na Agronomia, no Desporto, na Física, na Geografia, na Gramática, na História, na Meteorologia e na Música. Tem tanta importância no dia-a-dia das pessoas que se prescreve: “Tempo é dinheiro”.

A Lua sempre foi uma referência para a medição do tempo; nossos índios, antes de “aculturados” pelos jesuítas, se reuniam festivamente no luar – a Lua Cheia – cantando um período vencido; e os babilônios, os grandes astrônomos da antiguidade, observaram e adotaram os ciclos lunares no seu calendário.

Em todas culturas antigas encontramos o conceito de roda do tempo, movimentando uma grandeza cíclica e mensurável, com eras que se sucedem entre o nascimento e a morte dos indivíduos. Os gregos antigos nos legaram dois vocábulos diferentes referindo ao tempo: Chronos e Kairos. O primeiro quantitativo e o segundo qualitativo.

O Ocidente, influenciado pelo cristianismo, adota uma contagem do tempo a partir do provável nascimento de Jesus Cristo, dividindo o tempo histórico entre “antes de Cristo” (a.C.) e “depois de Cristo” (d.C.).

No Oriente, a divisão do tempo é variável. Judeus e japoneses, por exemplo, obedecem a um referencial próprio. No calendário judaico, 2018 corresponde ao ano de 5778, contado “a partir do momento da criação da Terra por Deus”.

O tempo tem uma magia sobre todos nós. Temos o fascínio pelas fantasiosas viagens no tempo que a literatura e o cinema apresentam; lembrei outro dia num dos meus artigos o filme “De volta para o Futuro” de Robert Zemeckis, estrelado por Michael J. Fox, como Marty McFly, e Christopher Lloyd, no papel doutor Emmett Brown.

Voltando ao passado com uma lanterna nas costas para iluminar a experiência, vemos no Brasil uma falta de distinção na política entre o novo e o velho. O tempo de atuação dos políticos é pouco levado a sério e por isto o “novo” não é sinal de juventude e o “velho” confunde a cabeça dos jovens.

O presidente Michel Temer, precisando trocar o superintendente da Polícia Federal correu a ouvir Sarney; como a carreira política de ambos é de 100 anos, fosse qual fosse a idade do indicado, ele representaria politicamente o “velho” no cargo ocupado.

Na incipiente corrida eleitoral para a presidência da República, os pré-candidatos que se travestem de “novo” são velhos protagonistas políticos: Alckmin atua a 47 anos; Álvaro Dias a 51, Bolsonaro a 31; Caiado a 29; Ciro Gomes a 37, Cristovam Buarque a 24; e, Marina Silva, a 33.

Que juventude, que renovação, pode se esperar desses atores? Não dá para esquecer que “o tempo e a paciência são dois eternos beligerantes”, como escreveu Leon Tolstoi. A beligerância na política nos leva a comparar os períodos historicamente vividos…