O TEMPO

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Se tu olhares durante muito tempo para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti” (Nietzsche)

Na Ciência se define o tempo como uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como também em todas as áreas e cadeiras científicas, sendo, portanto, um requisito civilizatório indispensável.

A grandeza tempo é relacionada à grandeza energia e aos conceitos de coincidência (espacial e/ou temporal), de simultaneidade e de referencial. Em consequência, a noção de tempo é inerente ao ser humano, sendo naturalmente perceptivo através dos nossos sentidos.

Como a percepção de tempo é determinada por processos psicossomáticos, algumas revistas científicas debatem sobre a possível existência de um “órgão do tempo” no cérebro, tanto do ser humano, como dos animais irracionais.

O verbete “Tempo”, dicionarizado, é um substantivo masculino de origem latina, tempus,ŏris, definido como a duração relativa das coisas criando a ideia de presente, passado e futuro; período de acontecimentos nele ocorrido.

Nas suas várias referências, a palavra tempo entra na Agronomia, no Desporto, na Física, na Geografia, na Gramática, na História, na Meteorologia e na Música. Tem tanta importância no dia-a-dia das pessoas que se prescreve: “Tempo é dinheiro”.

A Lua sempre foi uma referência para a medição do tempo; nossos índios, antes de “aculturados” pelos jesuítas, se reuniam festivamente no luar – a Lua Cheia – cantando um período vencido; e os babilônios, os grandes astrônomos da antiguidade, observaram e adotaram os ciclos lunares no seu calendário.

Em todas culturas antigas encontramos o conceito de roda do tempo, movimentando uma grandeza cíclica e mensurável, com eras que se sucedem entre o nascimento e a morte dos indivíduos. Os gregos antigos nos legaram dois vocábulos diferentes referindo ao tempo: Chronos e Kairos. O primeiro quantitativo e o segundo qualitativo.

O Ocidente, influenciado pelo cristianismo, adota uma contagem do tempo a partir do provável nascimento de Jesus Cristo, dividindo o tempo histórico entre “antes de Cristo” (a.C.) e “depois de Cristo” (d.C.).

No Oriente, a divisão do tempo é variável. Judeus e japoneses, por exemplo, obedecem a um referencial próprio. No calendário judaico, 2018 corresponde ao ano de 5778, contado “a partir do momento da criação da Terra por Deus”.

O tempo tem uma magia sobre todos nós. Temos o fascínio pelas fantasiosas viagens no tempo que a literatura e o cinema apresentam; lembrei outro dia num dos meus artigos o filme “De volta para o Futuro” de Robert Zemeckis, estrelado por Michael J. Fox, como Marty McFly, e Christopher Lloyd, no papel doutor Emmett Brown.

Voltando ao passado com uma lanterna nas costas para iluminar a experiência, vemos no Brasil uma falta de distinção na política entre o novo e o velho. O tempo de atuação dos políticos é pouco levado a sério e por isto o “novo” não é sinal de juventude e o “velho” confunde a cabeça dos jovens.

O presidente Michel Temer, precisando trocar o superintendente da Polícia Federal correu a ouvir Sarney; como a carreira política de ambos é de 100 anos, fosse qual fosse a idade do indicado, ele representaria politicamente o “velho” no cargo ocupado.

Na incipiente corrida eleitoral para a presidência da República, os pré-candidatos que se travestem de “novo” são velhos protagonistas políticos: Alckmin atua a 47 anos; Álvaro Dias a 51, Bolsonaro a 31; Caiado a 29; Ciro Gomes a 37, Cristovam Buarque a 24; e, Marina Silva, a 33.

Que juventude, que renovação, pode se esperar desses atores? Não dá para esquecer que “o tempo e a paciência são dois eternos beligerantes”, como escreveu Leon Tolstoi. A beligerância na política nos leva a comparar os períodos historicamente vividos…

 

Uma resposta para O TEMPO

  1. Adalberto Day disse:

    Grande Mestre Miranda!
    Como sempre trazendo para nós textos, crônicas que cabe em “Nosso tempo” , esse tempo dos políticos que nos fazem refletir até que ponto somos culpados por eles lá estarem levando o Brasil ao “Caos”. É só voltarmos ao tempo, ano 1500, quem veio nos roubar, assaltar, acabar com nossa cultura em parte? foram pessoas que vieram colonizar e nos eram oferecidos cidadãos a margem da sociedade, presidiários, e mulheres de conduta duvidosa … e outros e assim foi sempre, mesmo quando dom João VI medroso correu de Napoleão em 1808 e fugiu para o Brasil, trazendo consigo mais de 12 mil pessoas que se estabeleceram em casas e locais públicos sem necessidade e o inchaço continua até hoje. E quando foi embora em 1821, deixou muita gente por aqui e saqueou bancos, tesouros e levou tudo para Portugal. Então esperar coisa boa de nosso cidadão? Complicado o reflexo é esse deixado por tanta gente ruim que nos colonizaram. Mas em seu belo texto sobre o tempo, na realidade na filosofia o tempo não existe, foi criado pelo homem para poder se orientar e assim tornar a vida mais regulada, tudo normal. Tempo e idade para quem acredita possuem a mesma idade ou seja a idade do Universo, partimos todos do mesmo local o Big Ben.
    Adalberto Day – Cientista Social e pesquisador da história em Blumenau.