Arquivo do mês: dezembro 2022
ESPERANÇA
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
A esperança é uma arma poderosa e nenhum poder no mundo pode privar-te dela” (Nelson Mandela)
Chega o Ano Novo, o 2023 do calendário adotado no Ocidente por iniciativa do papa Gregório XIII. Traz consigo a Esperança de dias melhores atendendo os sonhos de cada um de nós, e, coletivamente, por um mundo mais humano, de Paz e Justiça Social.
No Catolicismo Romano é uma das três virtudes teologais, Fé, Esperança e Caridade; e para o laicismo, a Esperança é o sentimento pessoal que exprime a ansiedade de se obter algo, ou um resultado positivo para solucionar problemas individuais.
A esperança é um ato de fé, dispensa raciocínio. Infelizmente, nas religiões onde o machismo pondera temos Eva, na judaico-cristã, que segundo a Bíblia apossou-se do fruto proibido e convenceu Adão a comê-lo, cometendo o pecado original e trazendo a desgraça da humanidade.
Do mesmíssimo jeito, a Mitologia Grega nos traz Pandora, a primeira mulher, criada por Hefesto e por Atena às ordens de Zeus, e a descreve também como origem e causa dos males do mundo.
É por demais conhecida o mito hesiódico da Caixa de Pandora; mas não custa relembrar: “Convencido por Epimeteu para castigar Prometeu, que roubou o fogo do céu e deu-o aos homens, Zeus ordenou aos deuses que levantassem todos os males do mundo.
“Assim foi feito, e foram colocados dentro de uma caixa a astúcia, a discórdia, as doenças, contendas, guerras, inveja, miséria, morte, ódio, orgulho, pobreza e vícios, entre outras coisas; entretanto, por acaso, como sem querer, caiu no estojo uma coisa positiva, a Esperança.
“Zeus incumbiu Pandora a levar consigo a encomenda, recomendando-a para não abrir a caixa em qualquer circunstância; mas a curiosidade da mensageira falou mais alto e ela abre-a, libertando assim os males até então desconhecidos pelos homens. Arrependida, apressa-se a fechar a caixa e dessa maneira deixa no fundo dela a Esperança.”
É por isto, contra a vontade do deus vingativo, que apesar das desgraças caídas na terra, foi dada à humanidade uma maravilha no presente de Prometeu: a Esperança.
Como verbete dicionarizado, “Esperança” é um substantivo feminino, e flexões do verbo esperançar no presente do indicativo, e na 2ª pessoa do singular do imperativo afirmativo. A origem da palavra é grega “Elpis”, significando a confiança de que coisas boas virão; e do latim temos o verbo ‘Sperare”, crença de que um desejo se torne realidade.
Com a frieza característica, Victor Hugo escreveu que “a esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero”. Esta triste realidade nos acompanha numa sala de espelhos de parque de diversões pensando em ilusão de ótica….
Entretanto, nem mesmo as pessoas descrentes de tudo, na sua incredibilidade, não conseguem remover de sua mente uma expectativa, e do seu coração um sonho. Isto faz parte da natureza humana.
Entre nós, o rei do futebol, Pelé, na esperança de ser julgado no futuro, nunca se desmentiu quando disse que “o brasileiro não sabe votar”. Eis que agora ficou mais claro do que água de esgoto com os eleitores se vendo diante da polarização dos populismos da direita e da esquerda, aceitando-os….
Para nosso consolo, o Bhagavad Gita, livro sagrado do hinduísmo, nos dá uma lição para manter a esperança, aconselhando que “volta teu rosto sempre na direção do sol, e então, as sombras ficarão para trás”.
É o que penso seguir, olhando o sol e carregando comigo a esperança como bagagem, junto com dois companheiros e companheiras de viagem no caminho da vida, o otimismo e a confiança.
Que 2023 venha pintado com o verde da esperança e não o verde-grama para o gado pastar, nem o verde oliva de alguns militares politiqueiros que renunciam ao juramento de que a verdade é um símbolo da honra militar e acoitam o terrorismo…
PRESENTES
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Se lhe derem como presente um “cavalo de Tróia” desmanche-o e torne a fazer dele um navio”
(Janes Fidélis Tomelin)
Nos solstícios festejados milenarmente, o de Inverno no hemisfério norte e o do Verão no hemisfério sul, adotados pelo cristianismo como a festa da natividade de Jesus Cristo, a finalidade ritual e religiosa se faz presente com bebedeiras, comilança e troca de presentes.
Sem uma explicação na Sociologia nem na Teologia, as divindades ficaram num segundo plano. Bebidas e comidas são como coceira, para muitos basta começar para se coçarem…. a troca de presentes é coisa que ocorre em círculo restrito.
Não sei se é uma jaboticaba brasileira, mas aqui se institucionalizou a troca de presentes em grupos sociais, escolares, empregatícios e familiares numa brincadeira conhecida como “Amigo Secreto”.
O verbete “Presente”, dicionarizado, é substantivo e adjetivo de dois gêneros, uma palavra de etimologia latina “praesentia”, que expressa algo que está ao alcance de alguém.
No nosso idioma, os adjetivos significam o que existe ou acontece no passado, presente ou futuro; e, como substantivo, é uma doação, a dádiva de um objeto como prova de afeto ou respeito. Figuradamente, é qualquer coisa que se concede.
Ao contrário do Presente que comprova afeto, altruísmo, beneficência e lembrança, a História registra-o como exemplo de traição, com Homero descrevendo a guerra de Tróia nos livros “Ilíada” e “Odisseia”.
Homero foi, todavia, muito sucinto; depois dele, outros escritores detalharam a tática traiçoeira dos gregos; desmanchando um navio, fizeram com as tábuas um enorme cavalo e simulando uma rendição e recuo no cerco à Tróia, ofereceram o artefato como presente ao rei Príamo, postando-o na porta da fortaleza.
A estatuária era oca, escondendo no seu interior um comando militar preparado que, uma vez dentro das muralhas, abriria os portões da fortaleza permitindo a invasão inesperada que facilitou a conquista e a destruição da cidade.
Embora admitindo que a guerra tenha realmente ocorrido como foi descrito pelos antigos, alguns registros sobre Troia consideram que o famoso cavalo é uma lenda, alegando que “cavalo” era uma máquina de guerra, o aríete, construído na forma do animal.
A história, fantasiosa ou não, deu ao mundo a expressão “cavalo de Tróia” aplicada na Internet, usada na computação como “Trojan horse”, ou, simplesmente “trojan”, um malware que engana os usuários sobre sua verdadeira intenção. Há inúmeros tipos de trojan; e malware classifica todo tipo de software malicioso que causa prejuízo.
Assim, “Cavalo de Troia” sempre significa alguma coisa que parece bom a princípio, mas depois se revela ruim. Esbarramos com ele muitas vezes ao longo da vida, seja iludindo nossos sentimentos seja traindo a nossa confiança em pessoas em que acreditamos.
Ocorre comumente com personalidades políticas a quem delegamos nossa representação nos círculos decisórios, tanto executivos como magistrados e parlamentares.
Não há um presente de grego mais exemplar do que após votar em Jair Bolsonaro confiando no seu discurso contra a corrupção e vê-lo depois combater a Operação Lava Jato para blindar os filhos das “rachadinhas”.
A corrupção bolsonarista, infelizmente, deu-nos outro trojam, ao ver Sérgio Moro, eleito senador, trair seus eleitores escolhendo um entre dois corruptos, apenas por questão pessoal.
A aparência enganosa do discurso populista não nos ilude mais. Não são socialistas, nem conservadores, são apenas disfarces. A nossa independência exige permanente vigilância para impedir qualquer simulacro de Cavalo de Tróia como o presente que Bolsonaro nos deixou, o terrorismo praticado por milícias fanatizadas, simulacro da farsa do Rio Centro….
Por isto acompanhamos a observação de Janes Fidélis Tomelin, dizendo que: “se lhe derem como presente um Cavalo de Tróia, torne a fazer dele outro navio. E navegue com altivez.
FUTEBOL
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Não podemos esquecer de agradecer aos companheiros. Eles são sempre o mais importante.…” (Lionel Messi)
Nos primeiros anos de minha formação intelectual ensinaram-me em casa e me admoestaram na escola, que futebol, religião e a “vox populi” não se discutem; agora, após contornar o Cabo da Boa Esperança nos meus 89 anos bem vividos, resolvi quebrar esta regra.
Como escrevi anteriormente um artigo sobre Religião, venho agora discutir Futebol, como mais adiante escreverei sobre a opinião pública, que, a princípio, considero uma farsa midiática. Aquilo que modernamente chamamos de fake news….
Mal saídos do torneio mundial de futebol da FIFA e do emocionante encerramento com o jogo final entre a Argentina e a França, conclui que vale a pena falar sobre o fracasso da seleção brasileira no Qatar na Copa que consagrou Messi como o melhor jogador da atualidade.
Da minha parte, aliás, não vi uma Seleção Brasileira e sim a seleção europeia de Tite, que desprezou os craques revelados no Brasileirão e na Copa do Brasil, principalmente atletas do Flamengo e do Palmeiras. A seleção de Tite só enxergou valor nos passes dos que jogam no Exterior, garantindo-lhes uma cotação maior.
Não sei porquê. Seria uma demão aos donos de passes ao mercado da cartolagem? Ou, simplesmente, o “técnico” se iludiu com a performance individual dos convocados nas equipes dos clubes da Alemanha, Espanha, França e Inglaterra?
Analisando a atuação em campo, não considerei que a desqualificação foi surpresa. Ao contrário, critiquei desde o início as convocações para a Copa2022, e pouco ouvi opiniões iguais à minha nas redes sociais e muito menos entre os comentaristas da mídia especializada.
Na verdade, apenas assisti e ouvi badalações para Tite e a sua seleção; umas levadas por empatia e outras mantidas pelos mercenários pagos pelos cartolas da CBF. O que é inegável e irrefutável, é reconhecer que para um jogador rico, pouco importa ganhar ou perder um jogo.
Por pura idiotia política e partidária discutiu-se apenas a participação de Neymar – um dos poucos merecedores da vaga, privilégio que divide somente com mais dois ou três colegas. Coisa de fanáticos imbecilizados que dividem o Brasil em duas bandas (ou seriam dois bandos?) de analfabetos políticos assumindo-se como “de direita” e “de esquerda”.
Daí se tira o exemplo trágico da atuação de grupos extremistas que atuam sob a orientação de dirigentes partidários, líderes de fancaria e dos imutáveis parlamentares do Centrão, sempre reeleitos pela compra de votos com o dinheiro dos fedorentos fundos partidário e eleitoral.
Assim, noves fora os cartolas do futebol e da política, o que temos é um rebanho de ovelhas tosquiadas mugindo favoravelmente às figuras midiáticas criadas para influenciar e formar a “opinião púbica”.
O exemplo do Qatar nos estimula a invejar os representantes de Camarões, da Croácia, da França e do Marrocos, que jogaram com entusiasmo patriótico e amor à camisa, itens que pesaram fortemente na vitória dos argentinos.
Anteriormente (nos bons tempos de Pelé, Romário e Zico!), assistimos às exibições das antigas seleções brasileiras com uma disposição como aquelas, mostrando-se diferentes da que nos representou na Copa2022. Será fastigioso enumerar os demais jogadores da Canarinho que jogaram com garra para conquistar a glória. E muitos deles ascenderam ao Olimpo dos craques mundiais.
Jamais veremos a mesma coisa entre os milionários que jogam lá fora – com as raras exceções que a regra nos obriga -; em sua maioria, porém, quando acendem uma vela consagrada à Pátria, fazem-no porque algum fabricante do círio financiou….
Este desabafo tenta mostrar que o futebol dos cartolas é diferente do futebol do povão. Eles, os “donos da bola” fingem praticar um regime vegano, mas, às escondidas, degustam bifes folheados a ouro…. Nós, torcedores da Geral, ao rés do campo, continuamos famélicos por um time nascido nas bases como a fumaça sai do braseiro.
“RELIGIÃO”
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“A escuridão não pode combater a escuridão; só a luz pode fazer isso. O ódio não pode combater o ódio, só o amor pode fazer isso” (Martin Luther King)
Defendo que cada pessoa pode adotar a religião que quiser. Pode adorar o sol, reverenciar o trovão, curvar-se diante da Shiva linga, dos deuses mitológicos, de Buda, imagens de gesso ou o deus único da bíblia judaico-cristã. Para mim. pouco importa. Desde que tenha fé. Isto é o que vale.
Religião é um tema que não pode, nem deve ser abordado levianamente; e também não é fácil de argumentar corretamente. Enfrentando a complexidade e a contraversão, aqui estou porque fui provocado nas redes sociais por alguém que me encarou pelas críticas que faço sobre a mistura de religião e política.
O interlocutor perguntou-me porque entro no assunto se já me declarei agnóstico; diz que se não tenho religião deveria calar-me. Respondo-lhe então que mesmo sem compartilhar, sigo mais de uma dezena delas, entre as 10 mil religiões registradas mundo afora….
Religiões orientais à parte, vou observar o cenário passado do cristianismo, religião que cobre 73% dos habitantes do convencionado Mundo Ocidental.
Dicionarizado, o verbete “Religião” é um substantivo feminino significando a crença na existência de um deus ou deuses. A palavra vem do latim “religio”, traduzida como “respeito pelo sagrado”; derivou o verbo “religare”, aproveitado por Agostinho de Hipona, doutor da Igreja e depois santo, quando apelou para os católicos voltarem-se para os antigos princípios cristãos.
Santo Agostinho enfrentou uma época (século 14) em que ocorreram muitos desastres políticos e naturais e o papado sofria pontuais críticas pela degenerescência eclesiástica e a cobrança de indulgências, uma espécie de ingresso dos pecadores para as delícias celestes….
Para chegar ao catolicismo romano a História ensina que antes de conquistar o poder em Roma, Aulo Cornélio Celso, médico e enciclopedista, um dos principais críticos do Cristianismo (25 a.C.-50 d.C.), referiu-se aos cristãos como “(Eles) só sabem ganhar os ingênuos, as almas vis e imbecis, dos escravos, dos pobres, dos falidos, das mulheres e das crianças….”
Mais tarde, quando o cristianismo primitivo se tornou maioria entre os romanos, foi absorvido pelo imperador Constantino, transformando-se em religião imperial e passou de perseguido a perseguidor. Com o apoio do Estado, os bispos incentivaram o assalto aos templos dos antigos deuses, mas, contraditoriamente, adotaram os símbolos e as festividades dos cultos “pagãos”, num sincretismo político e não doutrinário.
Dominando por dogmas (infalíveis!), a Igreja Romana continuou declarando-se monoteísta, embora adorando uma tríade, um deus constituído pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo, além de um sem número de santos verdadeiros ou falsos….
“Esqueceu” que os antigos cristãos viam o Cristo como o anti-César; que eram idólatras, e reagiam contra o fausto das classes dominantes. A doutrina seguida pelas mulheres, escravos, servos e soldados, adotava a crença de que “é mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus” ….
Porém, ao conquistar o poder, tempos depois, a Igreja Romana abandonou esses princípios originais, igualando-se, ao meu ver, às outras religiões formadas de acordo como descreveu o filósofo e escritor francês, Ernest Renan, dizendo que “basta uma dúzia de frases eloquentes e fogos de artifícios para se fundar uma religião no Oriente”.
Nos Estados Unidos, se dispensam os fogos; bastam as palavras e o carisma do doutrinador, e elas se multiplicam; e, no Brasil, é preciso apenas o apoio de um parlamentar e verbas públicas para abrirem-se as portas de um templo evangélico, doublé de comitê eleitoral.
É muito triste constatarmos tal coisa. Mas é verdade: confira-se o número de pastores evangélicos politiqueiros, alguns deles com mandato parlamentar pregando uma política de ódio pelas redes sociais.
Graças a isto, os intérpretes dos jogos de búzios, baralho e tarô; os falsos médiuns das fórmulas mágicas para conquista do amor, os leitores das linhas da mão e redatores de horóscopos, têm entre o povão tanta confiabilidade quanto os que fazem política em nome da religião.
Igualmente, por esta mesma razão, vemos o aumento demográfico dos que se identificam sem nenhuma religião, os ateus e os agnósticos. Escrevendo sobre a ciência e a religião, Albert Einstein disse que “A ciência sem religião é aleijada e religião sem ciência é cega”. Sem dúvida, quando se vê religiosos serem contra as vacinas, assiste-se vê-los jogar no lixo a espiritualização básica do amor ao próximo.
FANATISMO(2)
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo” (Denis Diderot)
Poucos entre pensadores célebres (a quem tive acesso pela leitura) não imaginaram que o século 21 trouxesse sob suas asas temporais o ceticismo, a farsa religiosa e a picaretagem corrupta dos líderes políticos.
O que veio foi o contrário. Enquanto projetaram otimistas a chegada de novas gramas de humanismo, vieram toneladas de desamor ao próximo. É isto, infelizmente, o que constatamos: orbita em torno desta época tudo o que é condenado nos livros sagrados de todas as religiões.
Neste quadro funesto temos a volta macabra do neonazismo! Com esta perversidade vem o racismo, o ódio a quem pensa diferente e a xenofobia. Triste é que a obsessão pelo totalitarismo e o culto da personalidade não é um fenômeno limitado aos tolos, filhos da ignorância; abrange todos fracassados sociais levando-os à carona do extremismo para conquistas políticas.
Vemos, assim, principal diferença entre os homens de consciência social e os individualistas fanáticos: os primeiros têm receios, dúvidas e fazem reflexões; os outros agarram-se às convicções irrefletidas. Para os inteligentes, o questionamento; para os fanáticos, o estado de graça da estupidez….
O fanático não consegue elevar-se acima da mediocridade. Como racista, não enxerga o gênio de Charlie Chaplin, vendo-o apenas como um judeu; seu ódio não respeita o sucesso mundial de Oscar Niemeyer por ser comunista; e não guarda admiração pela cultura nordestina com aversão xenófoba.
Ocorre que Chaplin tornou-se eterno pela ternura humana dos seus filmes; que Niemeyer é um patrimônio internacional da arquitetura; e que os nordestinos mostram agora a solidariedade, ajudando os catarinenses assolados pelas chuvas.
Pelo fanatismo estúpido, o prurido da covardia cria uma falsa superioridade sobre os outros. Por isto, os fanáticos moldam esquizofrenicamente à sua maneira, o bem e o mal, o certo e o errado, o justo e o injusto. Convencionam serem os únicos filhos amados do deus que adotam com a sua imagem e semelhança.
Deste jeito, a História que reflete e enaltece os dominantes das épocas, obriga-nos a filosofar sobre o passado e revisando os capítulos fundamentais do tempo presente, para que no futuro seja diferente a História da Civilização que herdamos; porque esta é a história dos conquistadores e não a dos resistentes.
Nas Américas devemos por obrigação repassar a barbárie do massacre dos indígenas nos Estados Unidos e a rapina espanhola destruindo as antigas civilizações asteca e inca pela cobiça dos seus tesouros no México e na Mesoamerica.
No Brasil português não esconder a escravidão indígena e africana nem negar a herança maldita dos privilégios cortesãos e do “jeitinho” típico dos lusitanos, impostos pelas capitanias hereditárias distribuídas aos espertalhões favoritos da corte portuguesa.
O que ocorreu aqui, está resumido no romance Quincas Borba de Machado de Assis: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”; mas, revisando este conceito, os brasileiros devíamos mandar perdedores e vencedores ao lixo com as cascas de batatas.
Nós, que criticamos o artigo do mesmo título, o fanatismo da seita negacionista do bolsonarismo, devemos obrigatoriamente denunciar o fanatismo lulopetista, omitindo após as eleições as promessas de campanha do Pelegão. Agora, os cultuadores de Lula aceitam a aliança com os picaretas do Centrão; aplaudem a multiplicação dos ministérios para o repasse do butim; apoiam a imoralidade do “orçamento secreto” e a sua infecção gangrenosa, a PEC Fura Teto, o assalto ao bolso do trabalhador para pagar promessas concorrentes das esmolas sociais.
Vemos neste quadro a degenerescência política dos populistas de direita e de esquerda, que, sempre dispostos à corrupção, se defendem sob o guarda-sol de uma legislação de compadrio sobejamente usada pela magistratura ideologicamente comprometida pelo fanatismo partidário.
Nesta conjuntura, temos o dever patriótico de apontar como desastroso, à beira do crime, o culto à personalidade dos políticos, sem considerar suas ambições pessoais. Assim, devemos repetir a pergunta feita pelo escritor e pensador gaúcho Érico Veríssimo: “Porque essa corrida desenfreada atrás do dinheiro, sem consideração pelas pessoas humanas? ”
MODELOS
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Construa um modelo de vida onde consigamos ser muito melhores do que somos hoje” (Rita Padoin)
A modelo Juliana Nehme foi impedida de viajar pela Qatar Airways por, segundo a companhia, “é gorda demais”. Juliana, em protesto, relata o caso nas redes sociais, contando que esteve em conexão de voo no Líbano de onde embarcaria para Doha, no Catar e, depois, como brasileira, retornaria ao Brasil.
Modelos gordas e magras, como as brasileiras Juliana ou Gisele Bündchen, estão sempre expostas na mídia; mas, infelizmente deu-se um tratamento diferenciado no caso da obesidade. Gisele, supermodelo, ativista ambiental e empresária, receberia um tratamento “vip”, sem dúvida, ao contrário da outra.
No episódio envolvendo a Qatar Airlines, é preciso refletir, em nome da razão, se houve discriminação; na verdade houve um pedido para compra de duas poltronas. Na minha opinião, a discriminação é apenas aparente, porque tive experiências em viagens, de como se sofre sentado ao lado de um corpo que nos Sertões se chama “guarda-roupas de casal”….
Hoje, pela minha idade, com economias guardadas ao longo dos anos, reservo-me o direito de sentar-me em cadeiras confortáveis, mesmo pagando mais. Não dá para primeira classe, mas para a “premium”…. Rsrsrsrs.
A palavra Modelo não se resume a indicar profissionais da moda que desfilam em lançamentos de estação para um público consumidor; como verbete dicionarizado, “Modelo” é um substantivo masculino e feminino que significa “padrão para construção de coisas idênticas”. Usa-se, como exemplo, “fizeram o móvel conforme o modelo apresentado”.
Coloquialmente, usamos a palavra Modelo para designar uma coisa ou pessoa que sirva de maneira atender nosso desejo ou um comportamento regrado. Próprios para serem admirados e imitados.
Assim, a identidade modelar apresenta características próprias que reconhece um objeto ou uma pessoa. No caso da matemática, queimei muito o raciocínio para entender a igualdade na identidade algébrica sem levar em conta o valor das variáveis…. Fui buscar (e achei) o exemplo exposto no dr. Google, xM + xN = x(M + N) para uma igualdade na identidade algébrica.
É permanente (e utópica) a busca de um modelo exemplar na vida comum do dia-a-dia e, principalmente, no campo político, onde somos obrigados a observar desvios aos direitos da cidadania sempre violentados pelos seus agentes.
Os modelos vivos são comuns entre os pintores e inspiram os poetas…. Quando se trata de protagonistas sociais e políticos, estão mais para exemplos negativos do que aqueles ídolos da infância, avós, pais e tios; ou, na pré-adolescência, personagens de romances, do cinema e da televisão.
As diversas mitologias espalhadas pelo mundo afora trazem exemplos para o bem ou o mal com seus deuses, assim como as religiões modernas fazem com deuses criados à imagem dos homens. Não enganam, porém, as cabeças pensantes cheias de dúvidas e reflexões.
Antes de adotar modelos é preciso medir, pesar e raciocinar. Deveria ser uma convenção civilizatória. Lembrar que uma sociedade evoluída mantém culturalmente um sistema moral acima das legislações.
Será nosso caso ou paira insegurança para afirmar? A avaliação está nos formadores de opinião, intelectuais e professores quando se trata de costumes; e, para computar as leis em matéria de Justiça, os tribunais.
Conciliador, George Box prega que “todo modelo está errado, mas alguns são muito úteis”. Da minha parte, procuro o modelo de felicidade que traga alegria para nossas vidas, contribuindo para o equilíbrio sócio-ambiental e a paz mundial. Viver significa gozar habitualmente o amor ao próximo.
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