Arquivo do mês: outubro 2015

STRIP-TEASE

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“A casa caiu/ Porque eu vacilei/ Como pude errar tanto assim, dancei” (Claudemir / Diney / M.indio)

Um dos mais encantadores contos de fada do genial dinamarquês Hans Christian Andersen, “A roupa nova do imperador” enfoca a vaidade palaciana no exercício do poder e a soberba intelectual do mandatário. Li quando era menino (o título era “O Rei está nu”) e, mais tarde, sem tirar o valor de Andersen, descobri que ele se inspirou no Livro dos Exemplos, coletânea espanhola de contos morais.

O “Livro dos Exemplos” foi publicado em 1348 e “A roupa nova do imperador” em 1837; ambos trazem a curiosa história do conluio de alfaiates e tecelões vigaristas para persuadir o rei a comprar-lhes uma roupa invisível.

Levado pela frivolidade o rei se iludiu com a idéia. Com mungangas e trejeitos os trapaceiros executaram a farsa de vesti-lo e ele saiu despido pelas ruas. Antes, os áulicos e cortesãos distribuíram mortadela e tubaína para a massa aceitá-lo e aplaudi-lo, e houve uma festa na exibição da roupa nova do rei, até que uma criança inocente e honesta como toda criança, gritou: “O rei está nu!” e a casa caiu…

Também festivamente assistimos na pantomima política brasileira o strip-tease de Lula da Silva, sobre a qual me atrevo a parodiar Carlos Drummond de Andrade: “Há uma distinção óbvia entre o nu da moda e o nu da corrupção”…

Despindo-se do fingimento após enganar por algum tempo vestido de salvador da Pátria, louvado pela propaganda massiva e os livros de doutrinação do PT-governo, Lula não mais cobre a nudez impudica da corrupção.

Strip-tease em inglês quer dizer literalmente “provocação ao se despir”. Indica uma dança sensual de origem discutida pelos historiadores. Uns dizem que tem mais de 200 anos, exibido no teatro burlesco europeu; outros dão até o nome da inventora, a comediante Mae Dix, que se exibindo no bar National Winter Garden de Nova Irque, tirou a gola da blusa que a incomodava e, recebendo estrondosos aplausos, desfei-se dos punhos e atreveu-se a desabotoar o vestido.

O strip-tease foi considerado imoral e proibido nos Estados Unidos em certo período de conservadorismo, coisa inconcebível numa democracia liberal… O strip-tease ‘à brasileira’ foi ao  palco das investigações do Fisco, da Polícia Federal e do Ministério Público.

As peças da armação para enriquecer os comparsas de Lula e a ele próprio, foram caindo uma a uma. A primeira, do Mensalão, desnudou um pouco, e ante a aclamação pública despojou-se outra parte, o Petrolão. A extraordinária ovação popular trouxe agora o despir da Operação Zelotes.

A Zelotes desvendou uma porção mais lúbrica do que as anteriores. Mostrou o CARF e o despojo de R$ 40 bilhões subtraídos dos cofres públicos. Os strippers receberam favorecimentos dos devedores do Fisco, grandes empresas como Ford e Mitsubishi; os bancos Bradesco, Santander, Safra e Bank Boston, a Gerdau e a Petrobras.

“Consultores” e lobistas chegados ao poder compravam sentenças, conseguindo com os conselheiros do CARF reduções imorais das multas. Entre os suspeitos investigados, gente ligada a Lula; os ex-ministros petistas Erenice Guerra e Gilberto Carvalho e o seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva.

É assim que Lula se despe do mito que os fraudulentos tecelões e alfaiates da USP criaram. Ele dança sacudindo-se com a percussão das denúncias, cujos tambores ecoam por todo País, deixando o povão, até então alheado, de olhos abertos: “O Pelegão está Nu!”

 

ENTREVISTA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“É melhor não ser educado do que ser educado pelos seus governantes'” Thomas Hodgskin

O ENEM passou como um tsunâmi na vida brasileira. Mesmo quem nada tinha a ver com o provão que dá acesso à universidade se envolveu discutindo as questões apresentadas.

Não fui exceção à regra. Ainda tinha em mente a ansiedade que nós, mais velhos, tivemos quando nossos filhos se submetiam aos vestibulares, naquela tentativa de abrir as portas do futuro. E também a angústia dos pais acompanhando o anúncio dos aprovados…

Passei a noite recordando minha própria vida de estudante e pensando na Educação como uma necessidade básica para o desenvolvimento de um País; observei os erros e acertos que distingui durante a minha vida, e também as consequências estúpidas dos regimes totalitários tentando “estatizar” crianças e adolescentes.

Antes de me recolher para dormir, este último item permaneceu em minha cabeça e me fez exaltar o epigrafado, Thomas Hodgskin, o libertário inglês que nos legou a aversão pelas ditaduras.

Já estava no segundo sono, como se diz, quando a campainha soou. O porteiro sempre avisa quando temos visitas, mas desta vez a chamada pela cigarra foi direta. Pelo olho mágico vi um senhor elegantemente vestido, de boa aparência, cuja fisionomia não me pareceu estranha.

Abri a porta e o visitante inesperado perguntou se poderia entrar, apresentando-se: -“Sou Ângelo Luzidio, um revolucionário, e gostaria que me entrevistasse…” Fiquei curioso: – “Revolucionário? Em plena democracia?” Ângelo pigarreou e disse: – “Fui eu quem liderou a revolta contra Deus; naquele tempo me chamavam Lúcifer…”

Espantado, perguntei-lhe o que fazia no Brasil. – “Ora, você não lembra que a presidente Dilma invocou o diabo, pedindo ajuda para ganhar as eleições?”

Embora um jornalista experiente, fiquei meio sem jeito, mas Ângelo me encorajou descrevendo os pensamentos que eu desenvolvera sobre a Educação. E insistiu que eu lhe perguntasse qualquer coisa a respeito.

Fui direto ao assunto: – “Porque o senhor se interessa pela Educação?” Ele atendeu prontamente: – “Quem me chamou atenção foi o monge agostiniano Martinho Lutero opondo-se ao monopólio do Vaticano na condução do ensino…

– “Foi então Lutero o responsável pela educação sem coerção?” perguntei. -“Não! Ele começou, mas se limitou à Alemanha; foi a Renascença que derrotou o obscurantismo teocrático da Idade Média…”

Como respeito a História, indaguei: – “Sei o que foi a Renascença, mas quem atuou nesse sentido?” Ângelo não se fez de rogado: – “Citarei três, Erasmo, Montaigne e Rabelais foram os baluartes da crítica à escolástica e defenderam a instrução universalizada…”

Inquiri: – “Escola para todos?” – “Sim!”, respondeu, “e foi um avanço em direção à escola pública, mais tarde instituída pós-revolução industrial!” Fez um curto silêncio e perguntou se eu tinha alguma bebida em casa. Disse que tinha uma cachaça paraibana, excelente, vinda de Guarabira. Assentiu com a cabeça e servi doses para os dois.

Depois de tomar um trago, o entrevistado – quase me ignorando – divagou: “Após a revolução industrial ocorreu a democratização do ensino, até por necessidade do desenvolvimento econômico”. Tomou outra lapada e me mostrou o copo pedindo mais e continuou: – “Interrompendo o processo, apareceram os regimes totalitários do século passado… O stalinismo e os fascismos italiano e alemão concentraram o poder nas mãos de um “chefe” que subtraiu a liberdade da instrução para doutrinar as crianças e os adolescentes”.

Prosseguiu: – “O interessante é o que os aprendizes de ditador de hoje, pelo mundo afora, tentam imitá-los. Surdos aos protestos das pessoas esclarecidas querem subjugar aos seus governos a orientação pedagógica e didática das escolas”.

Confesso que estava gostando daquela alocução satânica quando ele, olhando para o relógio, disse que o dia estava raiando e tinha que ir, dirigindo-se à porta..

Com a mão na maçaneta, arrisquei uma última pergunta: – “E aqui no Brasil?”. Ângelo deu uma gargalhada diabólica: – “Você acha que atendi ao apelo de Dilma a troco de quê?” E se foi…

Chamadas de capa das revistas semanais

Veja

Capa –  Os diários de FHC. Em entrevista ele diz que: “O governo perdeu o rumo” e que “Lula está enterrando a própria história”

Época

Capa – O ministro rebaixado: Desgastado no Congresso, sabotado pelo PT e ignorado por Dilma, Joaquim Levy perde o grau de confiança

ISTOÉ

Capa – A volta da miséria: Crise econômica, recessão, desemprego e desaceleração das políticas sociais fazem crescer no país o número de pessoas que vivem em condições de extrema pobreza.

ISTOÉ Dinheiro

Capa – A estratégia anticrise da Loja Renner: Rede de varejo cresce a taxas chinesas em plena recessão e surpreende o mercado com abertura de novas lojas

Carta Capital

Capa –  Desigualdade sem limites: 1% da população mundial detém 50% da riqueza. O Brasil não escapa à regra.

A ANTA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Um deputado idiota propôs a criação do “Dia do Saci” e outro, tanto ou mais, apresentou o projeto para comemorar a data com caráter xenófobo, querendo confrontá-la com a festa do Halloween importada dos EUA.

Dá para imaginar a origem deste besteirol: A proposta foi de Aldo Rebelo (PCdoB) e o projeto elaborado por Chico Alencar (PSOL) e Ângela Guadagnin (PT), uma trinca extraterrestre que acredita enfrentar dessa maneira o “imperialismo”. Desconhecem que o Halloween tem uma origem muitas vezes secular, de origem celta.

A mania dessas efemérides também ocorre nas ONGs World Land Trust e Rainforest Trust, que criaram o Dia da Anta, comemorado no próximo dia 31 de outubro. Com a defesa das baleias desgastada, os “ambientalistas” gringos prometem preservar as antas ameaçadas de extinção.

Yes, nós temos anta!  O mamífero brasileiro da família Tapiridae, Tapirus terrestris. O engraçado é que os tupis chamavam-na de “tapir”, derivado do original tapi’ira, e assim entrou na classificação zoológica. Entretanto,  adotamos o termo “anta” que vem do árabe “lamta”. E assim o “imperialismo lingüístico” se firmou…

O corpo da anta brasileira tem o formato parecido com os porcos, o que nos leva à “Revolução dos Bichos”, de George Orwell, de onde parece que derivou o apelido de “Anta” conferido à presidente Dilma.

Alcunhas são tradicionalmente atribuídas a presidentes brasileiros. Lembro que Getúlio Vargas era chamado de “Gêgê”; Eurico Dutra, “Caneco”; Juscelino Kubistchek, “Pé de Valsa”; Itamar Franco, Topetão”; e, José Sarney, “Madre Superiora”… Dos militares, desconheço, por que ficaram restritos à caserna.

No caso de Dilma, parece que veio do seu modo de andar desajeitado, mesmo agora que emagreceu; dizem, porém que nasceu do alheamento igual ao do animal homônimo, conforme registram os caçadores.

Os gozadores intelectualizados das redes sociais garantem que é mesmo uma alusão aos porcos humanizados de Orwell que traíram a revolução, como fez o Partido dos Trabalhadores cujo programa original se degenerou ao chegar ao poder.

Prefiro a primeira versão, o tédio de Dilma pela coisa pública. É notável a sua alienação nos problemas políticos e econômicos, uma indiferença por tudo que lhe cerca como as tenebrosas transações urdidas na Casa Civil, ao lado de seu gabinete.

Para reforçar a distração dos tapires, atribuem a Dilma presunção de inocência nos escândalos criminosos da Petrobras, quando, presidente do Conselho, assinou a compra da Refinaria de Pasadena e, como ministra, fazendo nomeações nada ortodoxas.

Sinceramente, nesta selva em que o Brasil se transformou na Era Lulo-Petista, vemos muitas cobras e lagartos; e não é difícil descobrir também camaleões mudando de cor conforme as circunstâncias…

Vivendo infelizmente no matagal da pelegagem, ouvi o comentário de um vizinho referindo-se aos bons tempos do Rio, sem violência, sem sujeira nas ruas, com assistência de saúde e escolas públicas de qualidade. Ele disse que tinha saudade dos “tempos do onça”, expressão que há muito tempo não ouvia… Lembrei-me até de um frevo (acho que do Capiba) que cantava “Soltaram a Onça, corre todo mundo”…

Na verdade, o “Tempo do Onça” é mais antigo, do início do século 18. “Onça” era o apelido dado ao governador do Rio de Janeiro, Luiz Vahia Monteiro, que governou com probidade e rigoroso cumprimento das leis, sendo por isto respeitado pelo povo.

Os sucessores de Luiz Vahia não herdaram suas qualidades, e a população revoltou-se diante da falta de honradez, a insegurança e o abandono da capital, suspirando nos quatro cantos do Rio: “Ah, no tempo do Onça é que era bom!”.

No nosso caso não e lamentação, é revolta. Está insuportável ver-se o País no abandono, entregue a uma organização criminosa e uma governanta desacreditada, levando até nos discursos pronunciados na ONU suas mentiras compulsivas. Em vez de manifestar mágoa, temos ódio, queremos esquecer em breve “o tempo da Anta”!

 

Matérias de capa das revistas semanais

Veja

Capa – A Lava-Jato vai emergir: Os tenebrosos acordos pela impunidade feitos em Brasília não vão matar a esperança de termos um país em que a Justiça é para todos.

Época

Capa – O senhor impeachment: Eduardo Cunha toma um tiro de bazuca da Lava Jato e faz da presidência da Câmara sua trincheira para se salvar, mesmo que isso signifique derrubar Dilma

ISTOÉ

Capa – Dilma e Cunha – Um acordão indecente: Enfraquecidos, Dilma e Eduardo Cunha costuram uma aliança para tentar se salvar

ISTOÉ Dinheiro

Capa – Até onde vai Lemann? O bilionário brasileiro arquitetou um dos maiores negócios da história da indústria mundial, a compra da cervejaria Sabmiller

Carta Capital

Capa – Cunha encolhe: Engessado pelo STF em seu afã pró-impeachment e denunciado por quebra de decoro, o presidente da Câmara perde poder.

A ILHA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Aliança para o atraso: Aliança do petismo com o kirchnerismo produziu estagnação, inflação e paralisia do Mercosul” (Editorial do Estadão)

Quando ainda estava no curso primário (primeiro grau) meu professor de Geografia ensinava que a Austrália era uma ilha, e que havia uma polêmica se deveria ser considerada um continente. Os estudos atuais para acabar com as discussões consideram-na uma ‘Ilha-Continente’.

Assim, os alfarrábios modernos registram que a maior ilha do mundo é a Groenlândia, uma imensa massa de gelo perto do Pólo Norte. Isto, do ponto de vista geográfico, porque agora a maior ilha política e econômica é o Brasil, que ficou de fora do acordo estratégico do Transpacífico.

A assinatura do acordo estratégico do Transpacífico de Associação Econômica criou a maior zona de livre comércio do mundo, com a adesão de doze países: Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Cingapura, Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnã.

Este aglomerado representa 40% do PIB mundial, fazendo-nos lamentar que a diplomacia nanica do Itamaraty “do B”, chefiado por um comissário bolivariano prefira dar as mãos aos países narco-populistas da América Latina e as ditaduras africanas.

Nossa lamentação só é consolada pela lembrança de que, em boa hora – e a inteligência inegável do povo judeu – o chanceler do Estado de Israel deu esta classificação de “diplomacia nanica” à política externa do PT-governo.

Temos então um paradoxo: a grande ilha Brasil, cercada de incompetentes e/ou ideólogos desengonçados do lulo-petismo, é um anão. Como se sabe, o nanismo é conseqüência de um problema hormonal que não deixa o corpo crescer, é o hormônio da política nacional, a substância da incompetência, da mentira e da roubalheira implantadas pelo lulo-petismo no País.

É a visão estreita e xenofobia que impede o Brasil de se desenvolver como deveria. Vejam bem: Poderíamos compor como país líder da América Latina, o Transpacífico, como faz o Chile, o México e o Peru… Enquanto isso ficamos marcando passo no que o editorialista do jornal Estado de São Paulo classifica de “Aliança para o Atraso”.

Em vez de participar da maior zona de livre comércio do mundo, ficamos entocados como ratos magros no Mercado Comum do Sul (Mercosul), um bloco de mentirinha para dar emprego a diplomatas e viagens a ministros e parlamentares. Nada mais.

A insignificância do Mercosul a nível internacional é tanta que a União Européia já estuda criar tratado de livre comércio e estabelecer laços comerciais a mais de cinco anos. Na verdade, a mendicância ideológica dos países componentes, reflete-se no Brasil, a qualidade mesquinha dos ocupantes da presidência da República, Lula e seu “Poste Falante”, Dilma, falastrona indiscreta, ignorante e “idiomicida”.

O PT-governo nem está aí para cuidar do País e do Povo. Preocupa-se apenas em salvar da condenação pelo impeachment da Presidente que, além do estelionato eleitoral, da leniência com a corrupção, cometeu um grave crime contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e, em conseqüência, à Constituição.

E enquanto assistimos a esbórnia governamental lulo-petista, China, Índia, Rússia e a África do Sul acenam para uma aproximação com o Transpacífico, mesmo na condição de observadores, pleiteando associar-se ao mercado de 800 milhões de consumidores.

Encontrei a fotografia em grande angular da Ilha Brasil e seu governo ineficiente numa notinha saída da BBC/Brasil, descrevendo a euforia do PT-governo com a adesão da Bolívia ao Mercosul… 0 + 0 = 0!

GOLPES

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O mal que os homens fazem sobrevive depois deles,
o bem é quase sempre enterrado com seus ossos.(Marco Antonio, no funeral de César)

A memória gravou que houve um golpe quando Brutus e alguns conspiradores da nobreza romana apunhalaram César; e, como descreveu o grande Shakespeare, o contragolpe veio a seguir no célebre discurso proferido por Marco Antonio.

Modernamente, quando se fala em golpe, a História nos leva à marcha dos camisas negras sobre Roma, liderados por Benito Mussolini, e ao chamado “Putsch da Cervejaria” ou “Putsch de Munique”, a tentativa de Adolf Hitler e do Partido Nazista para tomar o governo na Baviera. As autoridades bávaras reagiram metralhando os nazistas e levando Hitler à prisão.

No Brasil, tivemos a cavalgada da República, o levante comunista de 1935 e a revolta armada dos integralistas contra o governo Vargas em 11 de maio de 1938, uma frustrada invasão ao Palácio Guanabara então residência oficial do presidente da República.

Os integralistas alegaram que realizavam um contragolpe, já que Getúlio Vargas atentou contra a Constituição de 1934 que ele inspirou e promulgou, impondo uma carta fascista que criou o Estado Novo.

Para um historiador não será muito difícil enquadrar a concepção de golpe de estado ao suicídio de Vargas a 24 de agosto de 1954; e capitular o impedimento da posse de Juscelino Kubitscheck por um grupo de militares.

O contragolpe que garantiu a assunção de Kubitscheck também saiu da caserna, o movimento “Retorno aos Quadros Constitucionais Vigentes”, comandado pelo general Henrique Lott.

Após o cumprimento do mandato de JK, tivemos a renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961; deveria assumir o vice-presidente, João Goulart, que foi impedido por uma junta militar. A reação foi do inconformado governador Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul.

Jango tomou posse e posteriormente foi destituído da presidência da República em abril de 1964 por um golpe militar liderado pelo general Mourão Filho. A pretendida instalação de um regime militar democrático também sofreu um golpe interno, que instalou uma ditadura.

Assim, a história de golpes e contragolpes não é estranha no mundo e no Brasil, onde atualmente as palavras “golpe” e “golpismo” fazem parte da agenda do PT-governo, que denuncia as oposições, enquanto conspira para manter no poder uma Presidente que se elegeu suspeitosamente e sob suspeita governa.

Dilma Rousseff está desacreditada pela incompetência, leniência com a corrupção, e por ser uma mentirosa compulsiva. É denunciada como usufrutuária na sua campanha à reeleição pelas propinas do assalto à Petrobras.

Além disto, Dilma arremeteu contra a Lei de Responsabilidade Fiscal para maquiar as contas da sua administração, cometendo um crime previsto na Constituição. Em sua defesa, seu círculo íntimo no PT-governo e o PT-partido com seus tentáculos, tentaram dar um golpe.

Este plano insensato perpetrou-se numa tarde de domingo. Três ministros deram uma entrevista coletiva acusando de parcialidade o relator Augusto Nardes, do TCU, que apreciaria as pedaladas, pedindo o seu afastamento.

Foram rechaçados pela opinião pública e pela Justiça; e o contragolpe veio do STF com o ministro Fux condenando os intentos criminosos contra a legalidade constitucional.

Comprovando a intenção criminosa para evitar o julgamento das pedaladas, o TCU reprovou as contas de 2014 de Dilma recomendando a decisão ao Congresso.

Pede-se, então, o impeachment da Presidente para punir o crime cometido contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Então assistimos um novo golpe: O ministro Zavascki concedeu liminar que suspende o rito adotado por Eduardo Cunha.

O contragolpe é de Cunha, que assegura garantir o exercício do seu mandato como presidente da Câmara dos Deputados.

Nova decisão do STF concedeu uma 3ª liminar que impede a oposição de levar o impeachment ao plenário da Câmara, mas não tem base constitucional e não interrompe o processo sobre os pedidos de afastamento de Dilma.

Vê-se, que apesar de desacreditado pela corrupção e sem autoridade com menos de dois dígitos de aprovação pública, o (des) governo lulo-petista tentará outras vezes manter através de golpes o esquema caótico de poder; mas o contragolpe será do povo brasileiro, cujo apoio alicerça a exigência do impeachment.

Carlos Drummond de Andrade

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

 

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.

Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

 

Rainer Maria Rilke

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?
Eu sou o teu vaso – e se me quebro?
Eu sou tua água – e se apodreço?
Sou tua roupa e teu trabalho
Comigo perdes tu o teu sentido.

Depois de mim não terás um lugar
Onde as palavras ardentes te saúdem.
Dos teus pés cansados cairão
As sandálias que sou.
Perderás tua ampla túnica.
Teu olhar que em minhas pálpebras,
Como num travesseiro,
Ardentemente recebo,
Virá me procurar por largo tempo
E se deitará, na hora do crepúsculo,
No duro chão de pedra.

Que farás tu, meu Deus? O medo me domina.

(Tradução: Paulo Plínio Abreu)

A biografia de Rainer Maria Rilke aqui

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O PRÍNCIPE

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta“.(Maquiavel)

“O Príncipe” é uma obra escrita em 1513, por Nicolau Maquiavel, historiador, diplomata, filósofo, estadista e político italiano. É estudada até hoje nos círculos de estudos políticos, filosóficos e estratégicos.

Maquiavel morreu em 1527 e “O Príncipe” só foi publicado “post-mortem”, em 1532, trazendo conselhos aos governantes sobre a arte de administrar um país, sugerindo o princípio de que os “fins justificam os meios”, que modernamente os pensadores católicos atribuem aos marxistas e os teóricos marxistas aos jesuítas…

As táticas e estratégias contidas no livro levam ao amoralismo político. Transmitem modos de manter o poder absoluto, não interessando como o governante aja para atingir o objetivo. O importante é manter a autoridade a qualquer custo.

Aproveitada até hoje por encerrar engenhosos esquemas da politicagem, a visão de Maquiavel é do século 16, limitada aos ocupantes devassos do poder e, por isso, encaixa-se como uma luva na ideologia da pelegagem.

Lá pela década de 1940, meu pai, republicano convicto, tinha uma piada projetando o século 21; dizia que ao chegarmos lá (e já chegamos) só haveria reis nos naipes do baralho. Enganou-se, mas os reis são poucos e os príncipes autênticos são raros. Os mais conhecidos são os do Reino Unido.

Na Inglaterra, uma das grandes potências mundiais, os príncipes trabalham, sentam praça nas forças armadas, fazem assistência social, andam em aviões de carreira e dão satisfações à opinião pública. Seus gastos são comedidos e controlados.

Temos experiência em comprovar que nas repúblicas populistas, se considerarmos “príncipes” os filhos dos presidentes, sua existência é deplorável. Na Venezuela a filha órfã de Hugo Chávez é inexplicavelmente bilionária, e no Chile, filho e nora de Michele Bachelet protagonizaram um escândalo invulgar naquele país.

No Brasil, a julgar pelos filhos de Lula da Silva, o comportamento desses “príncipes” também é indecoroso. Um deles, que até a eleição do pai era servidor do Jardim Zoológico de São Paulo, é hoje muitas vezes milionário; e Lula orgulha-se dos dribles que deu, comparando-o a Ronaldinho…

O outro filho do ex-presidente em exercício aparece agora como “lobista” ou “consultor” ganhando milhões por ter conseguido a Medida Provisória 471 que carreou lucros extraordinários para o setor automotivo. Pode ser comparado a Neymar, goleador exímio no futebol e também na sonegação fiscal.

Entre nós temos um príncipe, Marcelo Odebrecht – está na cadeia, por avanço nas pedaladas corruptas que arruinaram a Petrobras. Marcelo é um empreiteiro seguidor dos ensinamentos de Maquiavel. Entre os colegas era conhecido como “Príncipe”.

Ele mandou e desmandou no PT-governo durante os três mandatos de Lula (um deles através do fantoche Dilma). Há documentos que indicam isto. Num e-mail por ele escrito fala em “queimar” o nome indicado para ocupar um cargo e, com todas as letras, diz que é preciso “barrá-lo”.

Nos arquivos dos donos e executivos das empreiteiras apreendidos pela Polícia Federal, o nome do “Príncipe” aparece no topo do esquema de corrupção. Tais registros comprovam a parceria com Lula da Silva, apontado pelo codinome “Brahma”.

Com a propina institucionalizada pelo PT-governo, a empresa Odebrecht pagava subornos a diretores da Petrobras através de uma conta bancária da Constructor Del Sur. Só em depósitos feitos em conjunto com a Andrade Gutierrez, passaram aos lobistas e doleiros a serviço do PT-partido perto de R$ 700 milhões!

O príncipe Marcelo não mexia apenas com a contabilidade da quadrilha que assaltou a Petrobras, como relatamos. Sua atuação na política foi maquiavélica: No ano passado, juntou a sua corte de empreiteiros e juntos financiaram a campanha “Volta Lula!” o “Reabre-te Sésamo” da putrefação ética que o PT trouxe ao Brasil.