Arquivo do mês: junho 2015
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Lonnie Johnson – Falling Rain Blues
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B.B.King – Stand by me
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konstantinos kavafis
À Espera dos Bárbaros
O que esperamos nós em multidão no Forum?
Os Bárbaros, que chegam hoje.
Dentro do Senado, porque tanta inacção?
Se não estão legislando, que fazem lá dentro os senadores?
É que os Bárbaros chegam hoje.
Que leis haveriam de fazer agora os senadores?
Os Bárbaros, quando vierem, ditarão as leis.
Porque é que o Imperador se levantou de manhã cedo?
E às portas da cidade está sentado,
no seu trono, com toda a pompa, de coroa na cabeça?
Porque os Bárbaros chegam hoje.
E o Imperador está à espera do seu Chefe
para recebê-lo. E até já preparou
um discurso de boas-vindas, em que pôs,
dirigidos a ele, toda a casta de títulos.
E porque saíram os dois Cônsules, e os Pretores,
hoje, de toga vermelha, as suas togas bordadas?
E porque levavam braceletes, e tantas ametistas,
e os dedos cheios de anéis de esmeraldas magníficas?
E porque levavam hoje os preciosos bastões,
com pegas de prata e as pontas de ouro em filigrana?
Porque os Bárbaros chegam hoje,
e coisas dessas maravilham os Bárbaros.
E porque não vieram hoje aqui, como é costume, os oradores
para discursar, para dizer o que eles sabem dizer?
Porque os Bárbaros é hoje que aparecem,
e aborrecem-se com eloquências e retóricas.
Porque, sùbitamente, começa um mal-estar,
e esta confusão? Como os rostos se tornaram sérios!
E porque se esvaziam tão depressa as ruas e as praças,
e todos voltam para casa tão apreensivos?
Porque a noite caiu e os Bárbaros não vieram.
E umas pessoas que chegaram da fronteira
dizem que não há lá sinal de Bárbaros.
E agora, que vai ser de nós sem os Bárbaros?
Essa gente era uma espécie de solução.
[Antes de 1911]
Biografia de Constantino Kavafys aqui
Martinho da Vila – Faixa Amarela
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Paulinho da Viola – Onde a dor não tem razão
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DOMINÓ
Miranda Sá (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
De origem antiqüíssima e por demais conhecido, o jogo de dominó foi um passatempo familiar durante muito tempo no Brasil. Pesquisadores dizem que surgiu por volta de 250 a.C. na China, e que seu inventor foi o soldado Hung Ming, que dedicou o jogo ao imperador Hui Tsung, adepto do ludismo.
É chamado no Oriente de “kwat p´ai”, extraído do ideograma “tabletes de osso”. Foi na Europa que recebeu o batismo de Dominó pelos padres que o jogavam, porque o vencedor expressava em latim “domino gratias!”, o que significa “graças a Deus”.
O jogo atravessou o Atlântico com os portugueses, vindo para o Brasil no século 16, e aqui adquiriu enorme popularidade em todos os meios, dos escravos à nobreza. Ainda se joga dominó no mundo inteiro, principalmente na América Latina.
O dominó tem 28 peças, divididas ao meio com pontos de zero a seis, indo do zero mais zero até o seis mais seis numa ordem que vai do zero e zero, zero e um, um e um, zero e dois, um e dois, dois e dois, e assim por diante até o seis e seis.
Além do jogo de estratégia, dito “profissional”, os americanos que adoram competições, inventaram uma disputa que consiste em derrubar as peças colocadas em pé, uma atrás das outras numa longa e diferenciada seqüência, sendo que ao se derrubar a primeira, esta derruba a seguinte e enfim prostrando todas de uma a uma.
Fazem-se arranjos geométricos com milhares de pedras, e, segundo o Guiness Book, o recorde de derrubada é de 30.000 pedras. A disputa para quebrar recordes é imensa, orgnizando-se festivais, campeonatos e até sites na Internet.
Pela semelhança, as situações como a do jogo são chamados de “efeito dominó” ao ocorrerem quedas em série, levando a uma derrubada final. Na guerra do Vietnã houve uma estratégia militar do estado maior dos EUA batizada de “efeito dominó”.
O Pentágono decidiu entrar no conflito contra o vietgong, temendo que a luta de independência dos vietnamitas se espalhasse pelos países vizinhos, acarretando um desequilíbrio geopolítico com a URSS proporcionando graves efeitos na “guerra fria”.
Assistimos no Brasil um “efeito dominó” que está levando o lulo-petismo em queda abaixo do volume morto da política nacional. As pedras erguidas com a ascenção do PT caem uma a uma, a partir da debandada dos intelectuais e políticos honestos que fundaram o partido, e se decepcionaram com o exercício do poder de Lula da Silva.
Lula, como presidente, banalizou a prática da pelegagem sindical no Pais. Institucionalizou-a, levou-a ao Congresso, aos partidos e aos movimentos e organizações populares; fez e estimulou jogadas de jogo duplo, dos dossiês, das mamatas e das cooptações pelo apelo “ideológico” ou pela compra deslavada de corruptíveis.
A corrupção disparou com os sanguessugas do Ministério da Saúde e chegou à ruina da Petrobras. E ainda falta abrir a caixa preta do BNDES. Assim, a divergência entre petistas se acentuou e cresceu, com os que abriram os olhos repugnando a bandalheira dos pelegos corruptos e a incompetência governamental para cumprir o programa partidário e as promessas eleitorais.
Sentindo-se traídos e iludidos, os militantes decentes se afastam, deixando o governo e o partido sob controle de hierarcas amorais; estes, para se manterem, cercam-se de carreiristas e oportunistas de todo tipo. O que escrevo é negado pelos fanáticos, mas é o próprio Lula, tirando dos ombros o fardo da responsabilidade, quem diz.
Discursando num seminário patrocinado pelo seu Instituto, que está debaixo de suspeição e com seu presidente convocado pela CPI da Petrobras, o Pelegão falou: “O PT perdeu parte do sonho, da utopia”.
E com o cinismo que lhe é peculiar acrescentou: “Hoje, a gente só pensa em cargo, só pensa em emprego, só pensa em ser eleito.”
Faltou dizer que os lulo-petistas só pensam em criar consultorias para assaltar os cofres públicos e receber propinas. Faltou-lhe autocrítica para assumir que o congresso do PT foi esvaziado e que o povo não mais tolera o seu governo, mentiroso, incapaz e corrupto.
Da nossa parte, vemos as peças da organização partidária sendo derrubadas e esperamos a queda do zero mais zero, ele, Lula, caindo na prisão pelo envolvimento no Petrolão e outros mais. É o efeito dominó da Justiça que estamos assistindo.
Adoniran Barbosa – Iracema
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Manuel Bandeira
O Anel de Vidro
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Assim também o eterno amor que prometeste,
— Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, —
Aquele pequenino anel que tu me deste,
— Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste
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