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Festa apimentada na noite africana

Depois de escrever para o blog a conquista do primeiro ponto da Nova Zelândia e também o primeiro gol e primeira vitória grega em Copas do Mundo, os mexicanos ficariam contentes em saber que eu escreveria o texto para o blog, já que o México nunca tinha vencido a França em Mundiais.

E a minha tradição de “quebrar tabus” ao escrever neste blog se manteve. Talvez por isso os mexicanos já gritaram “olé” com um minuto de jogo.

O primeiro tempo de México e França não foi dos mais emocionantes, mas não chegou a ser ruim.

Os mexicanos levavam muito mais perigo, mas os franceses mostravam pouca evolução quanto ao futebol sem vontade apresentado na estreia, contra o Uruguai.

A primeira chance do México foi com Vela, que chutou desengonçado sendo que podia ajeitar para dois de seus companheiros que entravam livres no meio da área.

Pouco depois, Franco recebeu sozinho, deixou Abidal no chão e chutou para fora.

Para os franceses, a melhor chance foi a jogada ensaiada que terminou num cruzamento perigoso de Ribery. Nada demais.

E podem culpar o técnico francês, Raymond Domenech, que insistia em deixar Anelka isolado na frente

O Lloris ainda teve que defender uma grande chance de Salcido e se assustou ao cortar um cruzamento e ver a bola rebater em Barreira, que substituiu Vela, e sair pela linha de fundo.

Também foi muito legal ouvir a torcida mexicana conseguindo superar as vuvuzelas.

O empate não era bom para nenhuma das duas seleções.

Malouda e Ribery tentaram dar trabalho ao goleiro Perez.

Porém, o gol foi sair do outro lado. Hernandez recebeu lançamento de Rafa Márquez em posição legal e, livre, fintou o goleiro Lloris antes de marcar 1 a 0 para o México.

Quando devia reagir, o time de Domenech parecia um catado. O toque de bola no ataque era sem objetividade e Ribery tentava resolver sozinho.

A eliminação francesa ficou mais próxima quando Barrera cortou Abidal e foi derrubado dentro da área. Pênalti bem cobrado por Blanco que fez 2 a 0 para o México.

Agora, para a última rodada, França e África do Sul se enfrentam com chances remotas de classificação já que o México enfrenta o Uruguai em um jogo que o empate classifica ambas as equipes.

Fonte: RAFAEL BELATTINI/Juca Kfouri

Calor, umidade e gols

A Seleção Brasileira não tinha nada o que fazer na Tanzânia.

Saiu de 1.700 metros de altitude para jogar ao nível do mar.

Trocou o clima da Copa, frio e seco, por um calor de 32 graus e muita umidade.

Como se saísse de Campos de Jordão e fosse para Manaus.

Isso tudo, a uma semana de estrear na Copa, convenhamos, é de uma imprudência sem par.

A possibilidade de alguém se gripar é enorme, para não falar da malária que assola a cidade Dar es Salaam, onde o jogo, a preços extorsivos, foi disputado num estádio meio vazio.

Sim, a CBF ficou R$ 4 milhões mais rica.

A Tanzânia era só entusiasmo e pintava e bordava nos erros de Felipe Melo, mas, como sempre tem um mas, na primeira bobeada, Robinho fez 1 a 0, com 10 minutos de jogo.

Verdade que o lance nasceu de uma matada de bola com o braço do santista e, no bate-rebate, Kaká deu na medida para o gol brasileiro.

A Seleção tentava treinar e a Tanzânia tentava jogar.

Na verdade verdadeira, nenhum dos dois atingia seu objetivo.

E a saída de bola do meio de campo brasileiro não saía.

E quem ligava?

Aos 33, Michel Bastos crzou na área, o zagueiro africano falhou feio e Robinho só cumprimentou para a rede: 2 a 0.

Trabalhar mesmo quem trabalhava era o goleiro Gomes, e bem.

Derrotada pela Ruanda no domingo, a segunda-feira da Tanzânia, com mais da metade do mesmo time em campo, punha a língua para fora ainda antes de terminar o primeiro tempo.

Mas Luís Fabiano e Felipe Melo acharam tempo de fazer duas faltas estúpidas, dessas que ninguém entende.

Kaká participou bastante da primeira metade do treinamento, mas ainda apenas com um dos Ka, faltando o outro.

Como falta o Luís no Fabiano.

Luizão, Gilberto, Josué  e Ramires  entraram depois do intervalo nos lugares de Lúcio, Michel Bastos, Felipe Melo e Gilberto Silva.

Era para melhorar o passe e o treino, porque gente disposta a mostrar serviço.

E com oito minutos, Ramires, que é melhor que os dois que saíram, fez 3 a 0, em bela arrancada.

Daniel Alves entrou no lugar de Elano.

O time ficava cada vez melhor, o que é animador para as opções que Dunga tem.

Aos 30, o goleirinho não cortou o cruzamento de Maicon e Kaká fez 4 a 0, no peito e na raça.

Nilmar entrou no lugar de Luís Fabiano.

E, aos 41, para desolamento de Gomes, a Tanzânia diminuiu: 4 a 1.

Daniel Alves não gostou e pôs a bola na cabeça de Ramires, que fez mais um: 5 a 1.

Que ninguém precise de antigripal, que custa barato,  ao chegar de volta à casa.

Porque pode ficar caro demais.

Juca Kfouri

Juca Kfouri – Por que acabaram os líderes?

São poucos os jogadores que tem voz ativa para comandar seus companheiros dentro de campo. O capitão, muitas vezes, nem líder de seu grupo é. Essa mudança pôde ser vista em maio de 2001, quando o meia Ricardinho e o goleiro Maurício, do Corinthians, utilizaram um ponto eletrônico para ouvir as instruções do técnico Vanderlei Luxemburgo.

É uma tese dessas boas para discutir nos botecos da vida: será que há alguma relação entre a criação da área para os técnicos se movimentarem durante os jogos fora do campo e o fim dos líderes dentro do campo?

Será que acabou o tempo dos líderes e vivemos a era dos treinadores no papel de comandantes até durante os jogos? Os xerifes acabaram?

Quem é o líder do Flamengo? E do Corinthians? E do São Paulo, Palmeiras, Vasco?

A seleção de 1958 nunca foi chamada de a seleção do Feola, como a de 1962 não foi apelidada de a seleção do Aimoré nem a de 1970 era a do Zagallo, embora os três sejam reconhecidos pelo papel que tiveram como treinadores.

É verdade que em 1994 ainda não havia a área dos técnicos e a seleção do tetra era também a seleção do Parreira.

Mas, lembramos, era ainda a seleção do Romário e do Dunga.

Já a de 1998 era só de Zagallo, como depois passou a ser do Luxemburgo, do Leão, do Felipão etc. E isso é bom?

Parece que não.

Ao saírem do banco para ficar ao lado do campo, os técnicos está inibindo que as lideranças se exerçam dentro, estão impedindo até que um jogador desobedeça uma ordem ou dê outra, contrária a do treinador.

Pode ser tudo mera imaginação, fruto de um momento específico em que não temos nenhum jogador com personalidade de líder e técnicos muito fortes, não necessariamente castradores.

Mas que a coincidência da falta de líderes com a criação da área dos técnicos existe, existe.

Juca Kfouri

(Publicado no “Lance!” de 07/08/2001)

Lula, o cartola

Trecho do livro “Por que não desisto”  de Juca Kfouri, lançado pela Editora Disal, em 2009, e organizado pelo jornalista Márcio Kroehn. 

 

Lula, o cartola

 

Três importantes medidas sancionadas no governo Lula envolvem diretamente o futebol. O Estatuto do Torcedor e a Lei de Moralização do Futebol fizeram parte dos primeiros meses de mandato do presidente. A última, a nova loteria esportiva, aconteceu meses antes da reeleição de Lula para um segundo tempo à frente da Presidência da República.

Às vésperas da assinatura das duas primeiras leis do governo Lula (o Estatuto do Torcedor e a chamada Lei da Moralização do Futebol) recebi um telefonema do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

Ele queria saber se eu iria à cerimônia, no Palácio do Planalto. Respondi que não. E ouvi dele que o presidente ficaria feliz se eu fosse. Fui.

Surpreso, ouvi o presidente, na abertura de seu discurso, dizer textualmente: “Nunca mais quero ouvir o Juca Kfouri dizer que no Brasil o torcedor é tratado como gado.” E, no fecho, o ouvi dizer, não me recordo exatamente das palavras, que a minha presença ali significava um desagravo a todos os jornalistas que foram “perseguidos e processados” por lutar por um esporte limpo no Brasil.

Era um Lula alegre, leve e solto. Estávamos em maio de 2003 e, admito, ingenuamente, voltei para São Paulo feliz da vida.

Poucos anos depois, pouca coisa mudou. Os torcedores continuam a ser tratados como gado e o nosso esporte é tão sujo como então. Mas, sem dúvida, uma mudança houve e foi radical, estridente, calamitosa, escandalosa, brutal: Lula virou cartola de futebol.

Um Lula rancoroso e com a má consciência de quem, enfim, mergulhou seu governo na vala comum dos que o antecederam.

A ponto de inocentar os cartolas da CBF e dos clubes e afirmar que a culpa do estado de coisas em nosso futebol é nossa, de todos.

Que ele não queira assumir responsabilidades que são dele é compreensível porque, afinal, nunca soube de nada, nunca viu nada, nunca fez nada. Mas dividir culpas que têm endereço certo com quem nada tem a ver com isso é demais.

Na cerimônia de assinatura da Timemania, entre outras pérolas, Lula perguntou e respondeu: “Como é que a Espanha chegou ao que chegou? Como é que a Itália chegou aonde chegou? Dizer: “Mas, no Brasil, é porque os dirigentes não são honestos”, é a coisa mais simples, é você jogar a pecha de desonesto em cima de alguém. A Itália, que é esse monstro sagrado do futebol, que já está quase perto do Brasil na conquista de Copas do Mundo, todo dia a gente tem uma denúncia no jornal, entretanto, o futebol não perde o profissionalismo.” Pois é, presidente.

Na Itália, time cai por causa da desonestidade. Na Espanha, cartola é preso pelo mesmo motivo.

Aqui, seu discurso está sendo aplaudido de pé por Edmundo Santos Silva, ex-cartola impune do Flamengo, aquele que reconheceu na CPI do Futebol que não era um “criminoso comum”.

E Alberto Dualib, o presidente do seu Corinthians, só não esteve de corpo presente para também aplaudi-lo porque negocia em Londres com a máfia russa para trazer mais dinheiro e cobrir os rombos de sua danosa gestão.

Foi para essa gente que está criada a Timemania, sem nenhuma contrapartida que exija mudança estrutural no modelo de gestão ou na responsabilização individual dos cartolas.

“Eu sei que tem muita gente que faz crítica, tem muita gente que fala em clube-empresa com uma facilidade, é tudo muito fácil na teoria”, discursou Lula, diante da concordância agora entusiasmada de Mustafá Contursi, eminência parda do Clube dos 13 e responsável pelo rebaixamento do gigante Palmeiras tempos atrás.

Mas, mais do que isso: cartola que só não criou uma empresa sua para ficar com o Palmeiras porque a “Folha” descobriu e denunciou. Meu raro leitor: fique você sem pagar seus impostos.

Quem sabe o governo não lhe dê uma loteria para pagá-los?

 

(Publicado na “Folha de S.Paulo” de 17/09/2006)

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