DA TRANSCENDÊNCIA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Foi-se embora, esvaecendo desde os finais do século passado, a adesão popular aos grandes valores, aos princípios ideais que deveriam reger a sociedade humana; ocorrência que me parece afetar os países subdesenvolvidos como o Brasil.
Nos estertores do pensamento livre, da adesão a uma causa e a um ideal, passamos à estúpida devoção de artistas, a times de futebol e ao “terrivelmente político” – este sempre enganador com protagonistas que lembram Nelson Rodrigues: – “Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral”.
É-me impossível negar, entretanto, que as devoções humanas fazem parte do comportamento habitual das pessoas. A ciência aponta isto na vida anímica de cada um como transcendência, manifestação e modo de proceder nas experiências afetivas acima da razão.
A Transcendência requer um amplo estudo da realidade imaterial, metafísica e irracional; a Psicologia classifica-a como atitudes assumidas perante diferentes situações, na Filosofia, é o conceito de um pensamento inspirador; e, na Religião, refere-se ao divino ou a princípios metafísicos, como a fé.
Como verbete dicionarizado, a palavra Transcendência é substantivo feminino que vem do latim transcēndo, is, di, sum, ĕre, significando “passar subindo, atravessar, ultrapassar, transpor”. É como vê o conhecimento civilizado, uma conduta que vai de encontro à normalidade ou visto como inexplicável.
Assim, o comportamento humano nos leva a experiências sentimentais como nos apaixonar individualmente ou assumir uma atitude coletiva de admiração ou deslumbramento por algum fato ou personalidade. Encontramos exemplos no fanatismo político ou religioso, um estado de espírito que provoca reações que fogem às situações habituais.
Em contradita à religião estabelecida de um Deus com imagem humana, o filósofo Baruch Spinoza nos traz a compreensão de que Deus e a Natureza são dois nomes para a mesma realidade. Para ele, a Natureza é a manifestação de Deus, e tudo o que existe é causa divina.
Também dialeticamente contraditória, encontramos na política a questão da verdade ser ou não necessária, aceitando-se a mentira como princípio comportamental dos que a exercitam. Desconhece a exigência que se faz ao homem público de falar a verdade, um valor superior e respeitável, e não a degenerescência que assistimos e muitos de nós participamos no cenário político.
Com isto, mergulhamos na História da Civilização e recordamos os capítulos relativos à cultura ocidental que registram o fato de que os antigos gregos mediam o tempo pelas olimpíadas e, na velha Roma, pelos consulados; e constatamos no Brasil polarizado dos populistas Bolsonaro e Lula, a fita métrica da civilização passa pela transcendência das paixões dos seus cultuadores.
Apesar do que está estabelecido, há entre nós a convicção de que ocorre algo errado, fora dos trilhos, na conjuntura brasileira; malfeitos que se refletem nas três dimensões do poliedro político dos poderes republicanos.
Fica longe da concepção que a mídia cínica e mercenária nos dá nos programas políticos da televisão, com as teses defendidas pelos festejados “analistas”, “especialistas”, “intérpretes” e “pesquisadores” em apoio aos governantes, revoltando profissionais da imprensa como Dora Kramer, dando um recado; – “Alguém precisa dizer prá Globo que quando a militância entra na redação, o jornalismo sai por outra porta” ….
Algo que a experiência pessoal mostra, rompendo os limites da Transcendência. Nada tem de onírico, fantasioso, ou de hologramas criados pela Inteligência Artificial…. Os erros, insanidades e corrupção num governo, seja de que lado for, devem ser investigados, denunciados e combatidos.
E, como a transfiguração dos políticos da verdade para a mentira vem do palanque eleitoral ao Palácio de Governo, o crime se estabelece entre os corruptores e os corruptos, com a sombra da desonra para os corrompidos….
DO FASCISMO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
É fascista o grupo político que adota o slogan “Deus, Pátria, Família” da Ação Integralista Brasileira, partido criado por Plínio Salgado como uma cópia tupiniquim do Partido Nacional Fascista (Partito Nazionale Fascista), de Benito Mussolini. É também verdade que no Brasil as esquerdas lulopetistas se fascistizaram namorando com o totalitarismo.
Pela adoção de camisas pretas o mussolinismo, e depois seus imitadores nazistas ficaram conhecidos como “fascistas negros” e, pela adoção das tradicionais bandeiras vermelhas da esquerda, o lulopetismo pode ser batizado de “fascismo vermelho”.
O que vem a ser “Fascismo”? Pela História, é a representação de uma ditadura totalitária, de grupos políticos, econômicos e financeiros. Nasceu na Itália (1922) e teve a sua maior expressão na Alemanha com o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP). Daí teve seguidores em vários países, notadamente na Bulgária, Espanha, Hungria, Polônia, Portugal e Romênia.
Na Itália, atuou como imperialista levado pelo ímpeto personalista de Mussolini, querendo reviver o Império romano; e na Alemanha, pelo racismo e o conceito da “raça superior”, na Bulgária, Espanha e Finlândia com caráter militar; na Hungria e em Portugal, com base na mística do catolicismo ultramontano.
Aonde se estabeleceu no poder, o fascismo usou a máscara de “nacional socialismo” para disputar com a influência comunista, socialista e social-democrata entre os trabalhadores; e estes opositores ideológicos foram presos, torturados e assassinados.
Sob o manto nacional-socialista houve uma disposição comum, nacionalismo extremado, racismo e anticomunismo. Criou-se uma cultura própria que influenciou os círculos científicos, culturais e estudantis.
Seria exaustivo enumerar os malefícios trazidos pelo nazismo, estendendo-se do antissemitismo ao ódio letal aos ciganos, chegando ao horror dos campos de concentração, das câmaras de gás e a escravização de prisioneiros russos e de outros povos eslavos.
Hitler e Mussolini, divinizados e cultuados pelos seus seguidores discursavam para as massas verbalizando um “revolucionarismo verbal”, mas, na verdade, praticavam internamente, a corrupção e uma vida íntima próxima à oligofrenia mantida por drogas.
Encontramos nos discursos dos mandatários fascista e nazista, Mussolini e Hitler, coisas curiosíssimas. Em discurso o Duce vociferou: – “Muitos italianos ainda conservam o pensamento podre de uma Democracia; nego a estes senhores o direito de falar em liberdade”. Quanto ao Führer, temos no seu livro Minha Luta (Mein Kampf) a loucura:
“As causas exclusivas da decadência de antigas civilizações são a mistura de sangue e o rebaixamento do nível da raça” e chega a uma conclusão criminosa por quem tem cabeça de pensar: – “Só depois da escravização de raças inferiores será para eles ter a mesma sorte dos animais domesticados”.
A predisposição autoritária dos líderes do “Fascismo Negro” veio acompanhada de promessas de uma “ruptura radical com o passado”, e copiou a “Ditadura do Proletariado” da URSS stalinista.
Esta legenda de fachada foi, na verdade, uma ditadura unipessoal com juntou, assemelhou e misturou Hitler, Mussolini e Stálin. As atrocidades dos dois primeiros estão descritas acima e, do “Pai dos Povos”, é mostrada no livro “A Revolução Traída”, de Trotsky, publicado m 1937, e posteriormente, em 21 de junho de l955, no “Relatório Kruschev”, a personificação do Fascismo Vermelho…
Há cópias histriônicas e façanhudas dos dois tipos de fascismo pelo mundo afora, sempre danosas pelas práticas de mentiras e ameaças. A experiência histórica registra no Brasil a triste caricatura populista dos dois fascismos polarizando eleitoralmente com Bolsonaro e Lula. Só eleitoral, pois são iguais no avesso das cores….
DO SOCIALISMO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
A minha visão do Socialismo é científica; vou ao laboratório e levo o prisma político e ideológico à mesa, com a luz da liberdade explodindo em cores…. Aí lembro 1864 e a fundação da AIT – Associação Internacional dos Trabalhadores, também conhecida como Internacional Socialista ou Primeira Internacional.
Abrindo as janelas, após uma tarde chuvosa, vejo uma cortina de poeira líquida também refletindo o arco-íris multicolorido do socialismo original pela convergência dos fundadores da AIT, representando diversas correntes ideológicas da Esquerda: anarquistas, blanquistas, comunistas, cooperativistas, democratas radicais, lassalianos, owenistas, sindicalistas revolucionários, socialistas agrários e reformistas.
Nada mais atraente para os jovens. Seis anos depois, em 1870, a organização possuía mais de 200 mil membros na Europa, verificando-se entre 1871 e 1872, 50 mil na Inglaterra, 35 mil na França e na Bélgica, 6 mil na Suíça, 30 mil na Espanha, 25 mil na Itália e 17 mil na Alemanha; atravessando o Atlântico, 4 mil nos Estados Unidos.
No interior da organização, com a crescente influência de Bakunin, ficaram explícitas as divergências entre seus partidários e os de Karl Marx. O anarquista foi veemente na defesa do individualismo contra o coletivismo proposto por Marx. O confronto atingiu o seu auge em 1872, após a realização do congresso de Haia, ocasionando a ruptura entre as duas correntes; os anarquistas continuaram na AIT e os marxistas, liderados pelo alter ego de Marx, Friedrich Engels, criaram a Segunda Internacional.
No correr dos anos, tanto a “Primeira” e a “Segunda” decaíram pela brutal reação dos governos e, internamente, pelas crises ideológicas e cisões organizativas. A decadência das duas entidades acabou o que havia de mais importante na época, a convivência para o debate entre as inúmeras tendências de esquerda.
E pior. Mais tarde, assistiu-se o fim do prisma ideológico sob as botas stalinistas contra a livre expressão do pensamento, fundou-se a Terceira Internacional. A partir de então imperou o chamado “centralismo democrático”, a voz de comando do PCUS para seus membros cativos, os partidos comunistas estipendiados por Stálin.
Aí, as correntes de opinião discordantes passaram a ser criticadas, os críticos foram chamados de “colaboradores do capitalismo” e execrados politicamente como “reformistas”. O mais destacado opositor do “pensamento único” foi Eduard Bernstein (1859/1932), um dos principais teóricos alemães. Revisionista do marxismo, foi o idealizador da social-democracia, e merece ter a suas teorias estudadas….
Os aprendizes das lições bernsteinianas adotaram a convergência do socialismo para o Centro Democrático, apoiando-se nos princípios pela paz entre os povos, a defesa do meio ambiente e por uma economia proporcionadora do bem-estar; com isto, traços tecnocoloridos e vigorosos pintaram o quadro da social-democracia no Norte Europeu.
Em contraposição, tristemente, ressuscitaram da putrefata ideologia stalinista, múmias vagueando mundo afora fazendo a cabeça dos Meninos Perdidos que não conseguiram sair da Terra do Nunca; metáfora para os que passaram dos 35 anos com o stalinismo na cabeça, em vez de assumir a vida adulta, pensante e realizadora.
O comportamento infantil dos herdeiros da “ditadura do proletariado” fechou-os numa bolha que descambou para a chula teoria “Woke”, nascida nos guetos afro-americanos de Nova Iorque significando “acordar, despertar”, usado contra o racismo sofrido dos encapuçados da progênie Ku-Klux-Klan….
A adoção de significados mais amplos do Woke pela boemia intelectual dos EUA, inspirou palavras-de-ordem de protesto contra “todas as injustiças”; e terminou se enredando nas causas das minorias, principalmente dos imigrantes ilegais, desempregados pontuais, LGBT+, descontentes em geral e peripatéticas sombras da contracultura. Deixaram para os pastores evangélicos a luta contra o racismo….
Assim, luta de classes e os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade do ideal socialista mergulharam sob o tsunami wokeísta e a esquerda de fancaria dividiu-se como “direita” e “esquerda” por discordâncias eleitorais, mas semelhantes pela intolerância acreditando serem intelectualmente superiores aos demais.
Infelizmente é este restolho politiqueiro do populismo ianque que desembarcou no Brasil trazendo na bagagem toda sorte dos malefícios em que a esquerda se envolveu e, por cretinice da militância lulopetista, acrescentou-lhes a linguagem neutra e o politicamente correto….
Desta maneira, temos triste fim dos policarpos quaresmas socialistas, convivendo e contribuindo com a grotesca polarização dos populistas corruptos Bolsonaro e Lula; e os Meninos Perdidos das tornozeleiras eletrônicas do baixo QI, fanáticos seguidores da dupla, alimentam com a ração Woke a fraudulenta disputa dos dois.
Cecília Meireles
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
mais nada.
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DAS LIÇÕES
MIRANDA SÁ (mirandasa@uol.com.br)
Como não podia deixar de ser, foi nos Estados Unidos, que nesses inícios do século 21 os ideais sociais democráticos de justiça trabalhista, liberdades cidadãs e progresso econômico se desviaram pelos atalhos áridos, empedrados e espinhosos como mostravam as antigas estampas do caminho do céu….
Desta vez levou para o inferno com a submissão do pensamento social-democrático tornando-se servil de minorias políticas agressivas. Esta situação retratou, em 2024, o termo “Woke”.
Quem sabe tenha sido abertura dos armazéns do subconsciente de um país onde a escravidão negra foi mais explorada, castigada e com revoltante consequência na História Contemporânea pela formação de uma cultura racista marcada nas pegadas das sinistras cavalgadas da Ku-Klux-Klan.
O uso do termo “Woke”, passado do verbo Wake, surgiu de uma gíria usada pelas comunidades afro-americana com o significado literal de “acordar, despertar”. Depois queria dizer “estar alerta para a injustiça racial” e processualmente se ampliou para “todas as injustiças”….
Sofreu, em empo e espaço, mudanças multifacetadas, referindo-se às diferenças raciais e sociais mais agressivas naquela época. É fácil encontrar-se isto no filme “Faça a Coisa Certa”, de 1989 – uma tragicomédia escrita e dirigida por Spike Lee, que veio a ser um clássico que mostra as tensões num bairro negro de Nova Iorque. Profetizou o caso ocorrido com a morte de Rodney King, três anos depois, 1992.
Resumindo, foi uma revolta nascida pelos protestos de um ativista inconformado em ver a decoração de uma pizzaria apenas com artistas brancos, quando deveria exibir atores afrodescendentes, com o quê, o proprietário italiano “Sal” Fragione, não concordava; e, numa confusão nascida de protestos, chegam policiais e matam Buggin’ Out, um negro que arrancou algumas estampas na parede do estabelecimento.
Ainda no cinema, cinco anos depois, temos a espetacular película Forrest Gump – O Contador de Histórias, dirigido por Robert Zemeckis, com roteiro de Eric Roth, com Tom Hanks no papel-título, coadjuvado com Robin Wright e Gary Sinise, mostrando o lado da despreocupação popular quando se tem emprego e comida na mesa.
Exalta o pacifismo do povo norte-americano protestando contra a Guerra do Vietnã e a expulsão de Forrest, um herói, pelos panteras negras, por socar um agressor de sua namorada.
Causou espécie entre os “wokeístas” a imponente corrida de Gump de Oceano a Oceano, acompanhado ao meio por admiradores. Repórteres de tevê e rádio perguntam a ele se fazia um protesto e qual o motivo político e social para isto. A reposta foi curta e grossa: – “Corro porque tive vontade de correr…”.
Dividiu-se a opinião pública (e por incrível que pareça, acadêmica) sobre a adoção do Woke como sinônimo de políticas liberais relativas à justiça social e racial, sendo que o termo – já dicionarizado pelos dicionários Oxford – (“DESPERTO!”).
Então, caiu nas graças dos socialistas novaiorquinos (como seriam aqui, os do Leblon) levantando palavras-de-ordem pela igualdade racial e social, feminismo e o movimento LGBTQIA+.
O pior de tudo foi o ódio desta auto-assumida esquerda contra a indiferença pelas suas tentativas de impor uma agenda nacional exigindo normas culturais deles próprios. Quem não concorda com eles é fascista, preconceituoso, racista ou transfóbico…. Isto levou as pessoas simples, tratadas pelo identarismo como “minorias” e não como cidadãos ou trabalhadores, a votar nos republicanos. Alguém escreveu que “Trump faturou esse sentimento”.
No palco realístico da política brasileira, a cultura Woke foi uma sopa no mel no prato lulopetista. Não poderia deixar de ser; o partido não adota uma ideologia a não ser o oportunismo, pois nasceu da genialidade do general Golbery para evitar a expansão do PCB de Prestes e o PTB de Brizola.
É esta a lição: criou-se o PT com o pelego da Volkswagen Lula da Silva cultuado pelos obreiristas da esquerda católica, filha de um conúbio do Tomismo e a Rerum Novarum de Leão 13. Agora adota o wokeísmo que que o levou à acachapante derrota das últimas eleições, que nem ocorreu nos States…
DOS SONHOS
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Reconhecido como um dos pilares da cultura mundial, o filósofo grego Aristóteles desenvolveu várias teses no campo do conhecimento da sua época; com ele, a Filosofia foi definida como “amor à sabedoria”, a Ciência das ciências.
Aristóteles considerou que o aprendizado da infância e juventude deveria se basear na imitação tendo como exemplo os adultos, somando-se à observação das coisas ao seu redor. Para ele, “nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos”.
Uma passagem curiosa do ensino aristotélico foi sua reprimenda aos escolásticos, dizendo que eles eram como aranhas, tecendo teias com fios que saíam das próprias cabeças sem consideração com a realidade.
Hoje, passados dois mil e quinhentos anos, os “especialistas em tudo” da informação televisiva fazem a mesma coisa, expandindo pela telinha da tevê conceitos extraídos dos interesses das empresas em que trabalham pouco ligando para a conjuntura.
São analistas da bolha em que vivem sem ter a mostram de ser independentes e adotar a razão de ser e de haver. Fogem do “sono da Razão que produz monstros”, que o pintor, gravador e filósofo Francisco Goya citou, referindo-se aos quadros que pintava retratando os horrores da guerra.
Do sono que produz monstros, apelamos para a interpretação dos sonhos de Freud, que os considerou produtos de perturbações que levam à realização onírica de desejos inconscientes.
Em confronto com esta visão freudiana, o crítico do politicamente correto, o filósofo esloveno Slavoj Zizek, concebeu críticas, dizendo que sonhar significa fantasiar para evitar o enfrentamento com o real, mesmo aceitando o princípio de que “o sonho é um exemplo privilegiado de um processo primário produzido pela diminuição das necessidades físicas e o desligamento do exterior”.
Esta dedução é uma das armas que a psicanálise freudiana ensina que para entender o inconsciente, para analisar os sentimentos, as emoções e mesmo os pensamentos íntimos de cada um; e nada melhor do que os sonhos para desvendar os seus significados.
Nossa modernidade encontrou no cinema diversas exposições sobre a perspectiva dos sonhos, como temos num dos filmes pioneiros do tema – “Spellbound” (Quando Fala o Coração) -, rodado sob a direção de Hitchcock em 1945. No seu roteiro, mostra a amnésia e o uso da psicanálise para estudar a guarda de um segredo. O famoso sonho no filme foi desenhado por Salvador Dalí, refletindo a influência do surrealismo.
O pastor da Igreja Batista no Alabama, imolado pela intolerância racista nos Estados Unidos, usou na sua retórica discursiva o sonho para defender a união e a coexistência harmoniosa entre negros e brancos no futuro do seu país.
Os brasileiros também sonham em ver a Pátria quebrar as algemas das desilusões, da demagogia, das mentiras e das promessas vãs que a politicagem reinante imprime. Nós sonhamos em ampliar o protesto efetivo dos mais de 30% do eleitorado que votou em branco, anulou o voto ou se absteve de votar.
Isto surpreendeu o TSE, que vive na escuridão das abstratas interpretações pessoais dos seus componentes, sem reconhecer o desejo de libertação dos brasileiros que assistem os direitos constitucionais cederem lugar à formação ideológica dos juízes togados; e assim, para eles assistirem, levamos ao palco do pensamento o clássico dos clássicos, Hamlet, de Shakespeare:
“Morrer — dormir; dormir, talvez sonhar — eis o problema: pois os sonhos que vierem nesse sono de morte, uma vez livres deste invólucro mortal, fazem cismar. Esse é o motivo que prolonga a desdita desta vida”.
O Dramaturgo insiste, com o seu Macbeth que o sonho é o principal alimento no banquete da vida; e, da minha parte – e muitos pensam como eu –, diante da infame formação jurídica e política que temos, achamos que o sonho é uma doce sobremesa na mesa frugal da Esperança.
DA LITERATURA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Teve e tem carradas de razão Émile Zola quando escreveu que “os governos suspeitam da literatura porque é uma força que lhes escapa”. Para quem interessa, Zola apresenta as credenciais de criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista, cuja expressão está em sua obra “Germinal”.
O livro traz a visão humanista do socialismo, cujas ideias estavam disseminadas na classe operária da época e o influenciaram a descrever uma greve de mineiros explorados trabalhando de sol a sol e sofrendo a brutalidade dos capatazes.
Foi criticado e perseguido pelos ocupantes do poder político e econômico. Mais tarde, convicto da inocência do capitão Dreyfys, oficial do Exército Francês acusado de traição, mas na verdade sofrendo a perseguição antissemita reinante entre oficiais militares de alta patente.
Em 1898, Zola escreveu uma carta aberta ao presidente da República, Félix Faure, publicada na capa do jornal literário L’Aurore, levando à reabertura do processo que decidiu pela reabilitação do oficial.
Além da participação política que o levou ao exílio, Zola escreveu vários textos da Inglaterra, aonde se exilou, publicados em jornais literários, na defesa da literatura e dos escritores. Diante desta valorização da literatura, já reconhecida pelas antigas sociedades grega e romana, leva-nos a perguntar: – “O que vem a ser literatura?
A palavra tem origem latina, literatura,ae, de littera, “letra, significando a ação de traçar as letras, ou “arte de escrever”; é gramaticalmente encontrada em brasilês como substantivo feminino, indicando uso estético da linguagem escrita.
Na prática, esta experiência visa a produção de obras de ficção, fatos e anedotário históricos e de experiências vividas ou conhecidas do autor, e esse campo de atividade exige não somente a correção do idioma e o estilo, mas notadamente informações humanísticas e independente coordenação com a ciência, a filosofia e a política.
É aí que mora o perigo. Os ocupantes do poder, em qualquer regime, prezam pela ignorância do povo, e para isto procuram calar qualquer referencial enciclopédico aos letrados, para impedir a sua divulgação.
Como manifestação crítica, utilizando uma linguagem accessível às classes populares, a literatura é perseguida pelos poderosos. Vale chover no molhado falar sobre a Idade Média Católica, quando o Concílio de Trento, em 1564, criou Index Librorum Prohibitorum (índice dos livros proibidos).
Imaginem que esta política anticristã da hierarquia eclesial proibiu livros de Alexandre Dumas, Charles Darwin, Gustave Flaubert, Montesquieu, Renê Descartes e Thomas Hobbes. Falar da “Origem das Espécies” ou do “Espírito das Leis” foi considerado um pecado mortal…
No século passado assistiu-se a repetição desta barbárie no esplendor do totalitarismo fascista, nazista e stalinista, com Hitler assistindo a “Bücherverbrennung” (Queima de Livros), que levou à fogueira obras de Brecht, Erich Maria Remarque, Hemingway, Heine, Ibsen, Freud, Stefan Zweig e Thomas Mann… E não esquecer Alexander Soljenítsin, escritor e dramaturgo russo, perseguido porque denunciou com seu livro Arquipélago Gulag, os campos de concentração mantidos por Stálin.
Não podemos esquecer que é através da Literatura que se desenvolve a linguagem, expandindo o vocabulário e firmando a língua pátria através da escrita. Some-se a isto o conhecimento transformador; é a leitura que leva à reflexão sobre a realidade.
A Literatura é uma das ferramentas intelectuais que mais incentiva a crítica e promove a reflexões sobre as mudanças pessoais, sociais e políticas; envolve todo sentimento de transformação das coisas erradas na Administração Pública, na Justiça e nos Meios de Comunicação e Informação.
Com a Literatura recebemos imaginação e criatividade que trazem novas ideias e enriquecem o nosso pensamento, mesmo assim assistimos no Brasil tentativas de censurar livros com argumentos que não calam Oscar Wilde que disse: – “Não existem livros morais ou imorais. Os livros são bem ou mal escritos”.
… E a iluminada herança de Rui Barbosa nos ensina: “A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade”.
DO JORNALISMO
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data” (Millôr)
Com uma breve História do Jornalismo, tento chegar ao que fazem hoje em dia os jornalistas mundo afora e particularmente no Brasil. Tenho credenciais para fazê-lo porque nos meus 91 anos exerço a feitura de jornais a mais de 70 anos….
Comecei criança com dez ou 11 anos, junto com a minha irmã Lúcia, já falecida, e com a ajuda da nossa mãe; fazíamos um jornalzinho manuscrito que circulava nos 48 apartamentos do edifício em que morávamos. Chamava-se “Folha da Glória”.
Depois editei periódico datilografado no colégio e, na escola técnica, por um mimeografo a álcool. Na faculdade, um avanço; usei o mimeógrafo elétrico…. Quando fui trabalhar em jornais, exerci a composição tipográfica e cheguei ao offset.
O jornal é um veículo de informação. Os manuscritos vêm de tempos muito antigos. Registra-se o primeiro no Ocidente criado por Júlio César (100 – 44 a.C), “Acta Diurna”, circulando 12 exemplares, distribuídos um a um para o Senado e para os governos provinciais.
Em 713 d.C., circulou em Pequim (China), um boletim intitulado Kayuan e mais tarde, também na China, circulava entre 713 e 734 já composto em tipos de madeira o Kaiyuan Za Bao (Boletim da Corte) da Dinastia Tang.
Os tipos chineses de madeira chegaram na Europa no século 15 do Calendário Gregoriano como uma “invenção” de Johann Gutenberg, moldados em chumbo e cobertos levemente de tinta, eram repassados numa prensa de madeira e impressos em papel.
Como anteriormente tudo era escrito à mão, exigia-se o trabalho de escribas caligráficos profissionais, levando uma enormidade de tempo. Na época, a maior biblioteca inglesa, da Universidade de Cambridge, possuía apenas 122 livros.
Pela técnica gutemberguiana de impressão foram editadas em menos de um mês cerca de cem bíblias com exemplares que ainda existem; um deles encontra-se na Biblioteca do Congresso em Washington.
Imagine-se a revolução abrangente que ocorreu. Iniciou-se uma nova realidade com os jornais de grande tiragem atendendo à economia, política e religião. Registra-se como primeiro jornal impresso o “Relation aller Fürnemmen und gedenckwürdigen Historien” editado por Johann Carolus, em 1605, circulando em Estrasburgo.
Daí em diante a imprensa escrita se firmou como um meio majestático da informação, mas entrou em decadência e a sua importância caiu devido às novas tecnologias, rádio, televisão e internet. Em virtude deste definhamento, o jornalismo ganhou novas formas de expressão.
Entre os atributos de atração da imprensa escrita pelo talento de jornalistas vocacionados, amadores e profissionais, tínhamos o jornalismo investigativo, que persiste em pequena escala nas ondas do rádio e praticamente inexistente na Televisão, salvo em alguns poucos programas.
A reportagem especializada não se limitava a desvendar crimes e fatos escabrosos, mas principalmente trazia à luz o que o poder político queria esconder. Os exemplos mais notáveis da investigação jornalística estão registrados com a publicação pelo jornal francês “L’Aurore” do “Acuso”, de Emile Zola, no século 19; e mais recentemente com o caso Watergate divulgado pelo Washington Post.
Hoje constatamos a derrocada dos jornais impressos que leva com isto a queda da qualidade do jornalismo tradicional, e perde a importância que possuía até o século passado.
… E quando o jornalismo foi levado para os veículos auditivos e visuais, perdeu a magia que atraía os antigos leitores. A leveza do texto e a confiança depositada no jornal foram trocadas pela linguagem direta do deboche, da galhofa e a conversão da veracidade do fato pelo sensacionalismo.
Na telinha, desapareceu a reportagem que descobria fatos ocultos e os levava ao conhecimento público. A principal rede de televisão brasileira, o Sistema Globo, tem somente uma meia dúzia de três ou quatro repórteres “amestrados”, para dezenas de “comentaristas” e “especialistas” que repetem dia e noite mesmices.
Os canais de televisão recebem polpudas verbas para omitir as falcatruas anteriores do presidente Lula e dependeram das sentenças do STF para informar sobre o anunciado, ensaiado e transparente golpe tramado pelo capitão Bolsonaro, filhos e milicos saudosistas da ditadura….
Assim, os “watergates” tupiniquins passam ao largo dos “analistas globais” e é impensável encontra-los nas demais emissoras, aparecendo apenas de viés algumas observações “à moda americana”, pela CNN…
Diante disto, dá vontade de parodiar François Guizot dizendo que “quando o varejo da politicagem chega às redações, o jornalismo vai para a sala da publicidade e a seguir vai à contabilidade…
DO ESCAPISMO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
A genialidade do dramaturgo, poeta e filósofo alemão Bertolt Brecht, estrela ofuscante da arte teatral no século 20, condenou o “Escapismo”, lembrando “que continuando a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem “.
Brecht deu como exemplo o “analfabeto político”, a pessoa que não ouve, não fala, nem acompanha as ações de governo; – “Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas”, escreveu.
Como verbete dicionarizado, “Escapismo” é um substantivo masculino, significando a tendência de se afastar de situações ruins considerando-se incapaz de resolve-las; é a fuga da realidade ou do cotidiano por meio da abstração, da fantasia. Vem do inglês, “escapism” que no brasilês se formou com escapar + ismo.
Alguns estudiosos atribuem esta palavra ao célebre mágico Harry Houdini, famoso pelo ilusionismo como a arte de escapar de prisões consideradas intransponíveis. Por isto, chamavam-no “escapologista”.
Daí o termo entrou para a cultura contemporânea, expressando-se notadamente na literatura pelo romantismo baseado em situações imaginárias de fuga de problemas aparentemente reais.
No cinema, encontramos a chamada ficção especulativa que traz à telona fantasias, terror e a atraente ficção científica. Especialistas dizem que isto expressa a excelência do “escapismo”.
Aliás, a cultura norte-americana é riquíssima em escapismo, que notadamente se difundiu após a “grande depressão” – a quebra do mercado de ações em 1929. Alan Brinkley, autor do badalado livro sobre este fato que abalou o mundo, “Culture and Politics in the Great Depression”, considera que historicamente foi o escapismo que ajudou o povo norte-americano a atenuar o medo da retração econômica, e escapar mentalmente da pobreza em massa surgida no país.
Assim se viu no jornalismo, nos filmes e matérias radiofônicas. O melhor exemplo é a revista Life, que se tornou popular pelas entrevistas otimistas, reportagens romantizadas sobre os esportes e belas fotos de jovens mulheres na praia. Tudo, menos pobreza e desemprego.
Os EUA escaparam da miséria pelo New Deal de Roosevelt, mas a tendência ao escapismo se revigorou após a Segunda Guerra Mundial e recentemente após o 11 de Setembro. Freud considerou uma dose de fantasia escapista como um elemento necessário na vida dos humanos: “Eles não podem prescindir da satisfação de extorquir da realidade”.
Infelizmente isto é obtido muitas vezes pelo uso de drogas, perversões sexuais e tendência suicida. Constatamos tristemente que isto vem ocorrendo entre nós. Fugir à realidade é rotina e pensamento que grassa entre os mais jovens como motivo para se livrar das decepções e emoções desagradáveis.
A violência reinante social e politicamente, provoca a deserção para se salvar do caldeirão onde ferve a corrupção parlamentar, judicial e dos governos populistas demagógicos que se alternam pela satânica polarização eleitoral.
Não quero que se estabeleça a sociedade dos “Elói” formada por indivíduos indiferentes ao seu entorno, como nos mostrou o filme “A Máquina do Tempo”, baseada no livro de H.G. Wells do mesmo nome; condeno com ardor o escapismo dos que não lutam contra o sistema estabelecido.
Não combater a corrupção, o desleixo na administração pública e a injustiça do “garantismo” do STF na conjuntura que atravessamos, como muitos fazem por conveniência pessoal, covardia ou fanatismo partidário, torna-os cúmplices da maligna realidade criada pelos três poderes republicanos que se misturam diabolicamente.
Muitos desses evadidos da honestidade e do patriotismo estão anestesiados pela imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta, divulgadora do escapismo. A chamada “grande mídia” nos dá o exemplo mais do que perfeito disto, com a descarga de reportagens como vimos na copiosa cobertura televisiva do Rock in Rio….
Influenciam pessoas que, com apenas um ovo da geladeira, se deslocam para as portas dos hotéis e ver os astros impostos pela publicidade. Muito pior! Assim, sofrendo a lavagem cerebral do escapismo, a massa come nas mãos dos populistas polarizadores, esquecendo a carestia de vida, os altos preços dos remédios, sem Educação, sem Segurança e sem uma Justiça confiável.
Atentem: Não é por acaso que combatem as redes sociais e os seus usuários independentes, que mostram a realidade, que criticam, denunciam e reivindicam.
DA NATUREZA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Numa conferência proferida na Universidade da Califórnia em 1959, Aldous Huxley, o extraordinário intelectual inglês, autor do “Admirável Mundo Novo”, me impressionou fortemente referindo-se à Natureza com três perguntas:
– “Qual a nossa relação com o Planeta? O que estamos fazendo com o mundo no qual vivemos e como estamos tratando esse mundo? Como ele provavelmente nos tratará se continuarmos tratando dessa maneira?”.
São passados 65 anos que esta preocupação foi levada aos pensadores norte-americanos e, como coletânea, editada no livro “A Situação Humana”, alcançou, se não me engano, 54 países de todos continentes.
A inquietação de Huxley com o manto da ansiedade tinha razão de ser pois já causava consideração e dedicação de estudiosos – ambientalistas do século 19 – fazendo pesquisas sobre a relação dos seres humanos com a Natureza.
Reconheceram que a vivência humana na Terra no curso da História, possivelmente há um milhão de anos, a presença do homem sempre foi força da mudança, para melhor e para pior. Registrou-se, então, que a ação humana condicionou o ambiente natural e este, por sua vez, transformou-se, adaptando-se às novas realidades.
O que a humanidade fez de melhor foi o intercâmbio campestre, faunístico e florestal de continente para continente, espalhando árvores frutíferas, gramíneas e tubérculos de uma região para outra, como, por exemplo, o trigo indiano chegou às Américas e a batata andina foi pra Europa…
Esta vivência alcançou os animais domésticos, o carneiro, o cavalo, cabras, galinhas e o gato que saíram do seu habitat original ocupando outros lugares como meio de locomoção e transporte de cargas, como alimento e de estimação.
O lado bom das atividades do homem foi este; o seu reverso está na ação destrutiva do meio ambiente como evidência “civilizatória”, derrubando árvores para fazer carvão e extinguindo várias espécies de animais, como o “pombo viajor” e o bisonte americano; crimes que alcançaram a predação oceânica e fluvial.
Estes episódios depredadores foram lamentáveis na conquista colonial europeia da África, Ásia e América, quando se viu a própria maldade do homem submetendo outro homem com a escravidão indígena e africana.
A barbárie “civilizada” contrastou com a cultura dos povos originários, aros, hauçás, iorubas, uangaras e zulus na África, e nas Américas, maias, astecas, incas, e os mais primitivos, tupis-guaranis brasileiros e peles vermelhas norte-americanos.
Entretanto estes povos mostravam – e os que sobrevivem mostram – a compreensão da defesa do meio ambiente, conservando as terras e os rios, e preservando os reinos animal e vegetal. O seu conhecimento da flora e da fauna era (e é) notável.
Digna de estudo científico é, também, a devastação do meio ambiente pela chamada revolução industrial que se estendeu e generalizou-se mundo afora. A humanidade, por ignorância ou ambição ou cobiça, não se sentiu ameaçada com a expansão acelerada das cidades; e aceitou acomodada os benefícios trazidos pelas descobertas tecnológicas.
A explosão demográfica exigiu mais concentrações urbanas e, consequentemente, mais produções industriais. Assim, o crescimento populacional acelerado na Ásia, África, América Latina e Caribe, exigiu dos governos mais assistência à Saúde e à Educação, coisa que é considerada secundária na política populista, surfando no clientelismo político e na propaganda dos mercenários meios de comunicação de massa.
O quadro que divisamos no Brasil apresenta uma cena de horror. Calou-se a maioria dos ambientalistas pelo abandono governamental da Amazônia, submetidos à distorcida ideologia lulopetista; como também se omitiram os “patriotas” de Bolsonaro. É inegável o desprezo dos dois governos populistas “de Direita” e “de Esquerda”.
Salvo umas e outras exceções, também silenciaram os defensores da Educação Pública não mais agitadores, mais militantes políticos alojados em cargos públicos ou mamando verbas de ONGs fajutas.
Enfim, depois do que se viu na pandemia da Covid, a Saúde Púbica dos populistas que ocuparam e ocupam o poder é um verdadeiro fracasso para o povão; assim como a odiosa exploração dos “planos de saúde” que atendem às classes médias.
Diante desta desgraceira eminente e próxima, a Natureza nos compensa com utilidades, mas nos castiga pelo desprezo dado pela falta de educação ambiental. É com a ajuda dela que denunciamos os mal feitos governamentais, até quando a ditadura judiciária nos permita.
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