DA MENTIRA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
O título vem numerado porque já abordei outras vezes este tema; perdoem-me o teologismo sectário e a fé inocente dos justos, lendo-me a confissão de que não creio nas religiões, considerando-as as mães da Mentira.
Respeito os que adoram, cantam e louvam o deus barbudo de olhos languidos (geralmente azuis) uma imagem de homem em sacrifício…. Mas vejo nos primitivos mais verdade, adorando o sol na claridade do dia e louvando as estrelas no negro espaço da noite. É a energia universal a minha concepção de Deus, como viram Spinoza e Einstein.
Não posso crer que o deus egípcio Osíris, assassinado e esquartejado pelo irmão Set e teve o corpo recomposto pela esposa Ísis? É-me impossível acreditar que o Homem foi feito de barro e a mulher da sua costela! Não admito que uma loba alimentou Rômulo e Remo, fundadores de Roma e aceitar a infalibilidade dos papas….
Também não creio em pesquisas. Como profissional de imprensa, fui contratado e trabalhei em duas delas; aprendi então que basta que se queira e não é preciso falsificar números nem fraudar estatística; só estabeleça o universo da inquirição. Daí, a pesquisa limitada a um espaço e à frequência das pessoas, o resultado que se espera virá como se quer.
É assim que a Mentira, como as pesquisas e os livros “escritos por deus”, não precisa se fantasiar de verdade para frequentar os poderes republicanos, as igrejas e os partidos; e nesse avesso carnaval, saio no bloco de Afonso Romano de Sant´Anna, cantando como ele que: “De tanto mentir tão brava/mente constroem um país de mentira diaria/mente”.
Nesse cenário momesco recordo um texto de Anatole France transcrevendo uma milenar lenda chinesa para assistir ao desfile de “um gênio feioso, de cabeça grande e grandes olhos habita cavernas escuras, vagueia pelas noites em busca do prazer que consiste em divertir-se às custas dos mortais; a sua diversão é penetrar nas moradias e abrir cirurgicamente o crânio dos dorminhocos.
A operação se realiza com a extração do cérebro da pessoa, trocando-o pelo de outra; assim, percorre pelas cidades repetindo várias vezes a proeza. Ao amanhecer, volta para o subterrâneo e se alegra por saber que o militar acordará com o misticismo de um monge, a devassa terá o pudor de um virgem, os magistrados farão a justiça dos santos; o político despertará puro como um eremita e o moralista sofrerá a fissura de um drogado.
Reconto esta historieta lembrando que anteriormente gravei uma pergunta que me saiu da cabeça: – Já imaginaram se este gênio gozador se materializasse no Brasil e saísse fazendo o troca-troca de mentalidades?
Feito o transplante de cérebros, veríamos os picaretas do Congresso Nacional assumindo o papel de legisladores patriotas pensando na Nação; os togados do STF ministrando Justiça boa e perfeita condenando ladrões do dinheiro público, e os donos das legendas partidárias e pelegos sindicais dispensando dinheiro público, cobrando da militância das entidades o pagamento do seu trabalho.
Sem ser muito exigente, gostaria de ver o gênio cabeçudo fazendo o empresariado criar empregos com justa remuneração e intelectuais pensando um futuro promissor para as novas gerações….
O que faria o cirurgião fabuloso de cérebros visitando a fraudulenta polarização armada pela imprensa mercenária que cozinha a sopa de letrinhas dos partidos com o tempero da baba dos fanáticos cultuadores de personalidades Bolsonaro e Lula? São os dois, pra vergonha alheia, campeões da mentira, sempre prontos para se alternar no poder e servir ao sistema que reconheceram no Congresso, ao apoiar os picaretas do Centrão.
Eleger Alcolumbre e Motta foi uma manifestação explícita em favor do nojento orçamento secreto e ainda mais repugnantes as emendas parlamentares, ambos expostos no balcão de negócios sujos da politicagem.
Assim se mantém o vício corruptor das mamatas e dos privilégios pagos pelos imorais fundos partidário e eleitoral; e assim sobem ao palanque levando a Mentira discursiva: Lula com a treta descarada da “democracia relativa” em defesa da ditadura Maduro; e o outro, Bolsonaro, ávido por dinheiro como assistimos no caso das joias entrando clandestinamente no país.
A verdade é que não existe nem democracia nem honestidade relativas; são, na verdade, meias-mentiras, o caminho certo para se chegar à Mentira.
DO ESPELHO
MIRANDASA (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Encadeando respostas coletivas (as individuais, respondo diretamente) trago aos que levantaram dúvidas sobre o pensamento de Baruch Spinoza citados no meio artigo “DA DEFINIÇÃO”. Em consideração aos que creem num Deus com imagem e semelhança do homem, reafirmo que embora divirja deles, os respeito…
Não poderia, entretanto, deixar de lado o que a História capitula sobre o cristianismo primitivo e o seu desvirtuamento pelo papado no Primeiro Concílio de Niceia, em 325 d.C., ao escolher quatro, entre dezenas de memórias sobre Jesus Cristo de diversas pessoas usando o nome de contemporâneos dele.
Além de dogmatizar os textos escolhidos dos pseudo João, Lucas, Marcos e Mateus, ao sabor de interesses da burocracia eclesial, desprezou-se diversos outros relatos que circulavam entre os crentes no Oriente Próximo e na África. Estes últimos foram considerados apócrifos, isto é, destituído de aprovação dogmática do Papado.
É interessante constatar que muitos dos textos exorcizados continuaram circulando nas igrejas Armênia, Copta, Etíope, Maronita, Siríaca, Siro-Malancar e na federação das igrejas ortodoxas Russa, Grega, Melquita, Rutena e Ucraniana. E, o que é importante para os cristãos, trazem informações que não constam dos Evangelhos Canônicos.
Algumas passagens literárias dos evangelhos apócrifos são tão importantes para o cristianismo que incentivaram a criação de festas adotadas pela Igreja Católica, em nome dos avós de Jesus, Joaquim e Ana. E detalhes como os nomes dos Reis Magos….
Muito piores foram as distorções surgidas na Idade Média sob o domínio imperial do papado. Ainda bem que os próprios jesuítas condenaram o revisionismo doutrinário e os abusos individuais dos papas; um deles, Gerard Manley Hopkins, conhecido e laureado como um dos maiores poetas da língua inglesa, escreveu: – “O mundo medieval foi aquele em que tudo teve sujeira e mal cheiro de gente”.
A nova realidade desfigurada de uma religião, felizmente, fica restrita aos teólogos que aceitam o dogmatismo sem discussão; curiosamente, somente encontramos a fraude vaticana em denominações evangélicas a gosto dos vendilhões do Templo…. A massa popular a ignora, mantendo a fé apenas nas crenças primitivas guardadas no inconsciente coletivo.
É por isto, que entre os missivistas aos quais respondo, veio a pergunta de como o Deus-Natureza disciplina a ética e a moral da humanidade; ora, até o budismo, uma religião sem deus, tem princípios que regem o comportamento humano. Lembro de fábula moderna condenando a usura que sequer consta nos mandamentos….
É de origem judaica. Conta que um milionário judeu acumulador de dinheiro foi à Sinagoga se queixar com o rabino das críticas ofensivas que sofre da comunidade; o sacerdote, de respeitada cultura humanista além da Torah, levou-o até a janela e perguntou-lhe o que via através da vidraça.
– “Vejo pessoas passando na calçada defronte”, disse o ricaço. O rabino pegou-o pelo braço e levou-o para frente de um espelho: – “O que vês agora?”, perguntou. E o reclamante respondeu que via a si mesmo.
O rabino, sentando-se e mandando-o sentar-se também, falou: – “Você comprovou, irmão, a diferença entre o vidro e o espelho, pelo vidro a gente vê os outros, mas quando este é revestido de prata só vemos a nós mesmos”.
A simplicidade humanista é como o cristal, através do qual se vê a solidariedade humana, razão da nossa existência social e política, enquanto a prata espelha o egoísmo egocêntrico dos corruptos, moucos aos gemidos lamentosos do povão.
É por isso que se vê embaciada a realidade brasileira da politicagem reinante, aqui está presente um espelho feiticeiro como aquele dos irmãos Grimm aproveitado do conto de fadas folclórico escandinavo “Schneewittchen” – Branca de Neve.
Como a rainha bruxa monitorou o crescimento corporal e a beleza da sua enteada, a princesinha, os polarizadores da política brasileira Bolso e Lula se olham no reflexo e veem um ao outro, sem se envergonhar de fazer a pergunta clássica, nas vésperas da eleição do candidato dos dois à presidência do Senado: “Há alguém no mundo mais corrupto do que eu?”
DO WOKEÍSMO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
O globalismo rendeu na linguagem ocidental coisas boas e coisas ruins. Entre as que considero más são duas gírias que conquistaram principalmente a juventude desocupada (os nem-nem) e os filhinhos de papai. São “Vibe” e “Woke”.
Vibe é um substantivo feminino vindo da abreviação do inglês vibration, significando entusiasmo pessoal por alguma coisa ou sentimento abstrato; Woke, substantivo masculino, que abordei em textos anteriores, é mais do que um termo, mas uma cultura sinistra que evoca diversidades para valorizar minorias suspeitosamente perseguidas pelo “sistema”.
Considero que ambas expressões são facilmente acolhidas por pessoas obsessivas com tendência às interpretações distorcidas da realidade. No caso do wokeísmo – que restaurou o “Dabliú” para o Dicionário Brasilês do professor gaúcho José Carlos Bortoloti, e uso como título deste artigo e que considero sinistro, de mal agouro.
Peço perdão pela insistência do sinistro que os brasileiros usam como canhoto, assustador, trágico e, em termo jurídico, referindo-se a acidentes imprevistos cobertos por um seguro contratado e que a Seguradora obriga-se a pagar os danos.
O Woke, como sinistro não tem Companhia de Seguros que garanta os danos que causa. É uma falsa ideologia a serviço da propaganda hipócrita dos programas partidários e eclesiais; por isto, multiplicou ONGs interessadas em verbas governamentais ou servir como intermediárias das agências de propaganda para as empresas privadas.
Persisto no tema pelo conhecimento de um caso divulgado nas redes sociais e que não tive necessidade de checar porque está na cara, só não vê, não ouve, não sente quem não quer o que foi exposto.
Partiu de um ex-estagiário de apresentador da TV-Globo, com o perfil clássico do Cid Moreira, currículo acadêmico e, segundo o próprio, preparou-se para isto por vocação. Diz que foi despedido com a alegação de corte de despesas da empresa, e não se conformou; denuncia que os dirigentes da Globo adotaram a política identitária, escolhendo novas figuras para a telinha, representando minorias, gordos ou esquálidos, penteados afro ou descabelados, e preferencialmente pessoas engajadas em movimentos wokeístas.
Dá para constatar isto sem muito pesquisar; mas a Globo não ficou só. Band, CNN e como não poderia deixar de ser, a TV Brasil e o Canal Brasil aderiram e empresas como a Claro, a Natura, Tim e Shopee.
Nos Estados Unidos, empresas abandonaram essa paranoia; Boeing, Harley Davidson, Jack Daniel’s, John Deere. Target, Tractor Supply e Toyota fizeram questão de anunciar este desprezo. A Kimberly-Clark fabricante das fraldas Huggies e a Amazon abandonaram o besteirol nos EUA, mas o mantém aqui.
A economia capitalista que “capitalizou” quase revolucionariamente a moda wokeísta, aplicando-a na publicidade e usando agentes e funcionários de acentuado perfil minoritário tiveram no correr do tempo uma resposta negativa com suas marcas trazendo bandeiras arco-íris e logotipos censuráveis. Isto se esgotou pela população enfarada pelo estreitamento auditivo e visual.
No Brasil, porém, validou-se a ilação de Millôr dizendo que “quando uma ideologia fica bem velhinha lá fora, vem morar no Brasil”. Foi o que ocorreu com a cultura woke, hoje ignorada na Europa e banida nos Estados Unidos e vitoriosa aqui..
A falsa esquerda, populista, apadrinhou essa odienta “cultura”, na contramão de intelectuais marxistas norte-americanos que apoiaram as ideias da filósofa Susan Neiman no seu livro “A Esquerda Não É Woke” (publicado em 2023), dizendo que o woke mistura ‘sentimentos tradicionais de esquerda’ com ‘suposições filosóficas muito à direita’
Neiman sofreu de militantes agressivos a condenação acusada de reverter reivindicações populares”, invertendo a dialética do antirracismo e mesmo – sem qualquer referência-, condenando o movimento LGBTQIAPN+… Esta agressão contou com o apoio de políticos hipócritas e religiosos fraudulentamente progressistas. A Filósofa vive hoje na Alemanha como diretora do Fórum Einstein.
Na cena política brasileira, a falsa polarização faz uma trégua unindo-se para apoiar um perfil woke, Davi Alcolumbre, com as características exatas das “minorias”; tem nome bíblico, é corporalmente avantajado e, sobretudo, igualitário na corrupção praticada por Bolsonaro e Lula.
Esta convergência dos polarizadores comprova a aprovação ao Wokeísmo e o abandono dos princípios de justiça, patriotismo e principalmente, da moralidade.
DO DESPERTAR
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Das lições que os democratas progressistas adotaram após a desestalinização na antiga URSS e a consequente queda do muro de Berlim, foi a convergência para o Centro Democrático, apoiando-se politicamente na defesa da paz entre os povos, do meio ambiente e de uma economia que proporcionasse ao mundo do trabalho o bem-estar.
Este quadro tecnocolorido foi pintado com traços vigorosos nas experiências vividas pela social-democracia do Norte Europeu. Isto nos faz lembrar dos esquerdistas atuais que se dizem marxistas, mas nunca estudaram Marx nem mesmo os trabalhos publicados pelos que cantam loas ao autor d’ “O Capital”.
O escritor e filósofo francês Jean Paul Sartre, pai do Existencialismo e dissidente do stalinismo, pensou dialeticamente e definiu com perfeição as duas principais correntes econômicas, dizendo que: – “Se o capitalismo é a realidade o marxismo é a melhor teoria”.
Esta dicotomia cabe perfeitamente no campo da Economia; quando envereda nas trilhas da filosofia e da sociologia, nada se vê de “melhor teoria” nas propostas coletivistas e no materialismo histórico. O coletivismo mata a individualidade e o “materialismo histórico” não passa de uma ilação ficcionista tendo como móvel a luta de classes.
À época em que foram levantadas, tais teorias convenceram de imediato um grupo de intelectuais preguiçosos no pensar, mas excelentes propagandistas de uma obra discutível e criando o culto ao seu ídolo.
No dizer de Bakunin “os propósitos ditirâmbicos desses personagens” impediram-nos compreender a evolução que o capitalismo delineava com o avanço da revolução industrial. Isto deu ao mundo trabalho novas perspectivas que não a ideia esdrúxula de uma sociedade identitária, sem classes, com um governo complexo para administrar a economia e a distribuição dos valores produzidos.
Viu-se, então, que para executar o projeto “comunista”, tivemos a primeira experiência na URSS, onde criou-se um “Estado Banqueiro” e o surgimento de uma nova classe para sustentar um governo hierarquicamente totalitário. O que se viu, e o Relatório Kruschev atestou, que o reino stalinista foi na verdade um regime ditatorial, abusivo, arbitrário e despótico.
A propaganda internacional alardeava outra coisa. Um paraíso artificial vivendo as benesses do “Pai do Povos Amantes da Paz”, para qualificar o Ditador como um dos mais simples designativos. Isto deixou seguidores enviuvados do “comunismo” soterrado nos escombros do Muro de Berlim”.
O marxismo-stalinista escondeu a realidade que se estabelecia na Europa, profetizada pelo notável pensador alemão Edouard Bernstein que desafiou os principais aspectos do pensamento de Karl Marx e é considerado o profeta da social-democracia.
Como ideólogo, Bernstein se diferenciou dos “apóstolos fiéis” da igreja stalinista, mas seus seminaristas atuais dessa igreja continuam rezando o credo stalinista.
Veem assim nas ditaturas populistas o extrato da utopia. Então, a teoria marxista cobriu-se de pó nas prateleiras nas prateleiras cedendo lugar à doutrina “woke”, não mais reconhecendo a “luta de classes”, mas a defesa de minorias injustiçadas supostamente pelo capitalismo.
O termo Woke, nascido na comunidade afro-americana significou inicialmente a ideia de “acordar, despertar” para “todas as injustiças”; ganhou mais tarde uma definição mais ampla ao ser adotado pela gíria novaiorquina com o atributo individual de “ser” ou “estar woke”, dependendo da condição social e política com as quais se identifica.
Surgiu então organizadamente uma expansão massiva com o propósito propagandista de atrair a massa das sociedades subdesenvolvidas como proposta socialista, submetendo as mentalidades colonizáveis.
Genialmente, Millôr disse que quando uma ideologia fica velhinha lá fora, vem morar no Brasil. E foi assim que a cultura Woke chegou aqui, após ser ignorada na Europa e repudiada nos EUA pelas grandes empresas e órgãos governamentais.
Entretanto encontrou aqui no campo fértil da polarização eleitoral do lulismo e o bolsonarismo, a sua existência, mostrada de um lado com a bandeira populista da pelegagem sindical e, do outro, no paternalismo surfando nas ondas do oportunismo da picaretagem parlamentar das rachadinhas.
É desta maneira que a massa ignara conduzida pela pelegagem lulopetista enxerga as maravilhas nas ditaduras populistas fantasiadas de marxismo. Os regimes bananeiros de Cuba, Nicarágua e Venezuela refletem apenas o fracasso da teoria marxista quando levada à prática.
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DA CENSURA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
No Brasil, com o fim da ditadura militar e chegada a sonhada redemocratização, os autênticos defensores da Democracia levantaram o slogan “Censura, Nunca Mais!”, amplamente divulgado e naturalmente seguido por diversos grupos ideológicos que estiveram entre os perseguidos pelo regime autoritário.
Hoje vemos que muitos seguimentos não eram tão democratas a ponto de defender a liberdade de opinião; namorados de ditaduras, auto-assumidos como “de direita” e “de esquerda” usaram a divisa nas suas propagandas, assumindo o poder abandonaram-na, aliás, deletaram-na dos seus programas.
Temos atualmente o mais-do-que-perfeito exemplo disto, vendo o Governo Lula, eleito com promessas de defesa da Democracia contra as ameaças fascistas do bolsonarismo, assumir a censura das redes sociais, onde participam pessoas livres da mídia corrompida pelo mercenarismo; são jornalistas ainda independentes, intelectuais progressistas, políticos(as) liberais e jovens defensores da Liberdade.
A resistência que assistimos de 76% da nacionalidade ao arbítrio totalitário dos hostis adjetivadores da Democracia, que qualificaram a ditadura chavista da Venezuela de “democracia relativa” é notável. O atentado à Democracia, movido pelo nefasto Consórcio Lula-STF-Picaretas tenta há dois anos implantar essa repressão fascistóide sem êxito.
Os brasileiros estão conseguindo barrar a marcha obscura da ditadura, coisa que os alemães não o fizeram na década de 1930, quando, ao conquistar o governo, os nazistas trouxeram um tsunâmi de decretos e regulamentos ameaçando graves punições para quem ousasse escrever críticas e denúncias ao novo regime.
A História nos leva a lembrar a sinistra figura de Joseph Goebbels que ocupou o Ministério da Propaganda e Informação do 3º Reich, usando a Câmara de Cultura para perseguir escritores, filósofos e poetas impedindo-os de exercer a livre manifestação do pensamento.
Foi do dr. Goebbels que nasceu e foi executada a ideia da queima de livros – a “Bücherverbrennung” – uma manifestação de nazistas que levou à fogueira obras de Brecht, Einstein, Erich Maria Remarque, Hemingway, Heine, Ibsen, Freud, Stefan Zweig e Thomas Man.
As novas gerações não ouvem falar disto. E por ignorar a História (que parece ocultar propositalmente este fato) permitiram que os nazistas ressuscitassem intitulando-se antifascistas, do modo como Churchill profetizou.
E é preciso combate-los, custe o que custar, lembrando os discurso-denúncia que o bravo paraibano José Américo de Almeida proferiu em 1937 empenhado na sua candidatura presidencial. Ele alertou a Nação antevendo o golpe de Vargas que cancelou as eleições e instaurou o Estado Novo, dizendo: – “É preciso que alguém fale, e fale alto, e diga tudo, custe o que custar!”
Esta divisa deveria ser uma tarefa dos amantes da Liberdade. Ninguém deve calar-se nestas antevésperas do julgamento do STF com seus ministros associados ao projeto populista de continuidade do lulopetismo no governo central.
Esta trama levará à criação de uma “Brazuela”, um país infelicitado por copiar a ditadura Maduro que Lula e seus sequazes reverenciam antidemocraticamente, envergonhando a Nação Brasileira perante o mundo.
Venho repetindo à exaustão o alerta memorável do importante independentista e liberal norte-americano John Adams, eleito sucessor de George Washington: “Liberdade, uma vez perdida, estará perdida para sempre.”
Mesmo com limitações para influenciar pessoas, lembro que, com o suicídio, Goebbels escapou do Tribunal de Nuremberg, mas os inconfidentes defensores da censura magistrados e políticos, serão julgados e sentenciados como assassinos da Democracia no Tribunal da História.
DO DESTINO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Um dos meus queridos camaradas da Tribo do Bem – Comunidade virtual que vem dos tempos da primeira versão do Twitter – achou estranha a expressão “caçuá cheio de Esperança” que usei na primeira postagem de 2025.
Muito usado no Nordeste, o termo Caçuá se refere a um cesto de cipós que serve de cangalha dos jumentos para carregar mercadorias ou objetos de uso pessoal do dono do animal. Dicionarizado, o verbete é gramaticalmente um substantivo masculino de etimologia desconhecida.
Ainda hoje nos sertões, os caçuás além de servir de armação de transporte de cargas, é usado como berço, facilmente balançado para acalmar bebês chorões… E é como berço esplêndido que o Brasil vem deitado, o hino fala “eternamente”, sem reagir aos desmandos da política corrupta e corruptora.
Não creio que seja imorredoura a letargia nacional diante da criminosa polarização, que muda de contendores e agora confronta os políticos populistas e corruptos, Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Não é este o destino da nossa Pátria.
Embora o conceito de Destino seja antiquíssimo, sempre discutido, estudado e pensado pela civilização, na nossa cultura ocidental é herdeira da filosofia grega, a sua concepção tem a mesma visão filosófica dos antigos estoicos, Crispo, Posidônio e Zenão; “é uma ‘causa necessária’ de tudo”, ou, “a razão pela qual o mundo é dirigido”.
No panteão da Mitologia Grega havia três deusas primordiais, as Moiras, cujas decisões não podiam ser contestadas nem mesmo por Zeus, senhor de todas as forças da natureza e todos seres viventes. Eram irmãs, e traçavam o destino dos deuses e dos seres humanos.
A irmã mais velha, Cloto, se responsabilizava por tecer o fio da vida de cada pessoa a partir do nascimento; a do meio, Láquesis, media rigorosamente o fio da vida e determinava o tempo que a pessoa passaria na Terra; a mais nova, Átropos, se encarregava de cortar o fio da vida no momento da morte.
Como verbete dicionarizado, a palavra Destino é um substantivo masculino com vários significados, como fatalidade, determinando os acontecimentos superiores acima dos propósitos humanos; seus sinônimos são: Sina, Sorte, Futuro, Fatalidade, Fortuna; e “moira”, no singular, também significa destino.
Conforme observou Homero, o destino é um fio que se enrola em cada pessoa. E esse fio é tão inamovível quanto fiel ao comprimento que Láquesis mediu. A inevitabilidade de tudo que acontecia, acontece e vai acontecer.
No contraditório, para o budismo – uma religião sem deuses – não há destino, tudo é causa e consequência; o que vivemos numa vida se manifesta em outra vida, com outra identidade, com repercussões e efeitos. Na visão de Buda, o importante é que a pessoa pode mudar seu karma, pode modifica-lo pelo comportamento.
Tenho certeza que as Moiras respeitam o Destino da nossa Pátria, dedicando-lhe bons augúrios ao seu povo miscigenado pelo sangue de origem diversa, amarelo, branco, preto e vermelho, a brava gente que constrói o futuro do país a despeito da degenerescência política dominante.
Sob o pendão verde amarelo a maravilhosa Nação Brasileira, nos leva ao poeta Olavo Bilac, que com o seu ufanismo de patriotismo sincero e ingênuo, lembra que mesmo nos momentos de dor, tremula uma mensagem positiva de esperança, paz e grandeza.
Comungo com a declaração de amorosa esperança do poeta e como ele poetou, alguém via me inquirir: – “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!”, ao que respondo que as ouço de olho nos espíritos dos nossos heróis vagando no espaço.
E, parodiando Charles Bukowski – o velho safado da poesia norte-americana, um pássaro azul que do meu peito quer sair cantará o destino radioso do Brasil.
Konstantínos Kaváfis
À espera dos Bárbaros
O que esperamos nós em multidão no Forum?
Os Bárbaros, que chegam hoje.
Dentro do Senado, porque tanta inacção?
Se não estão legislando, que fazem lá dentro os senadores?
É que os Bárbaros chegam hoje.
Que leis haveriam de fazer agora os senadores?
Os Bárbaros, quando vierem, ditarão as leis.
Porque é que o Imperador se levantou de manhã cedo?
E às portas da cidade está sentado,
no seu trono, com toda a pompa, de coroa na cabeça?
Porque os Bárbaros chegam hoje.
E o Imperador está à espera do seu Chefe
para recebê-lo. E até já preparou
um discurso de boas-vindas, em que pôs,
dirigidos a ele, toda a casta de títulos.
E porque saíram os dois Cônsules, e os Pretores,
hoje, de toga vermelha, as suas togas bordadas?
E porque levavam braceletes, e tantas ametistas,
e os dedos cheios de anéis de esmeraldas magníficas?
E porque levavam hoje os preciosos bastões,
com pegas de prata e as pontas de ouro em filigrana?
Porque os Bárbaros chegam hoje,
e coisas dessas maravilham os Bárbaros.
E porque não vieram hoje aqui, como é costume, os oradores
para discursar, para dizer o que eles sabem dizer?
Porque os Bárbaros é hoje que aparecem,
e aborrecem-se com eloquências e retóricas.
Porque, sùbitamente, começa um mal-estar,
e esta confusão? Como os rostos se tornaram sérios!
E porque se esvaziam tão depressa as ruas e as praças,
e todos voltam para casa tão apreensivos?
Porque a noite caiu e os Bárbaros não vieram.
E umas pessoas que chegaram da fronteira
dizem que não há lá sinal de Bárbaros.
E agora, que vai ser de nós sem os Bárbaros?
Essa gente era uma espécie de solução.
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Carlos Drummond de Andrade
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
(…)
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
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Cecília Meirelles
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? – me perguntarão.
– Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação…
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra…)
Quero solidão.
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DA DEFINIÇÃO
MIRANDA Sá (E-mail mirandasa@uol.com.br)
Quatro leitores do meu artigo “DA TRANSCENDÊNCIA” cobraram-me uma definição sobre a minha crença religiosa; três deles são novos no meu mailing list e assim é evidente não têm de acompanhado meus textos sobre a religião, assunto que abordei muitas vezes
Então vai: sou um a-religioso assumido. Depois de muitos, diversos e longos estudos; dei uma atenção preferencial às religiões monoteístas ocidentais, originárias do culto primitivo do sol e adotado com a burocracia e a hierarquia sacerdotais pelo faraó Akenaton, disciplinando o que já era reconhecido pelo seu bisavô, Amenófis II.
O historiador Will Durant escreveu que as reformas de Akenaton apareceram como “a primeira expressão clara do monoteísmo – setecentos anos antes do profeta Isaías –, um avanço intelectual gigantesco na Idade Antiga, por suplantar as velhas divindades tribais e o politeísmo controlado pelo poder estatal.
Esta “transformação religiosa dramática e revolucionária”, como aprendemos em salas-de-aula, não foi bem assim. Estudioso do tema, Freud reconheceu a existência anterior do culto de Aton; a novidade foi que Akenaton oficializou-o como organização monacal com o preceito até então desconhecido, o monoteísmo universal.
Compreendemos então que o que Akenaton fez foi levar adiante o projeto da 18ª Dinastia do Novo Império que teve com Amenófis II o início dos confrontos entre o faraonato e os sacerdotes de Amon que realmente governavam; ele recusou-se a à situação do “reina, mas não governa”.
Assim, conseguindo vencer a demanda, Amenófis II reduziu o poder dos patrocinadores de Amon e passou a cultuar nos círculo íntimos palacianos o culto deAton – o Disco Solar -; esses ritos influenciaram seu bisneto, Amenófis IV (1353-1336 a.C.) que assumiu o trono e, no quinto ano de reinado pôs o culto a Amon e divindades secundárias fora da lei e aboliu todos os privilégios dos seus sacerdócios.
Assim, condenando a devoção a Amon, Amenófis IV proclamou Aton como uma única divindade, fazendo-se seu intérprete como a encarnação viva dele. Trocou o próprio nome de Amenófis IV, assumindo-se como Aquenaton, faraó e sumo-sacerdote.
Então a religião estatal estabeleceu princípios éticos e rituais criando uma espécie de mandamentos, onde encontramos na primeira categoria – “Não reconhecerás nenhum deus além de mim, e outra, como – “Não cultuar objetos, animais ou estátuas”, e mais – “Não rezar à noite, nem usar o nome do deus nas horas de descanso”. Além do mais, condenou a mentira e o roubo com castigos físicos na terra e eternos após a morte.
Este cenário de um deus único e verdadeiro que iluminava os dias, abrangia toda a Natureza, animais, homens e plantas; o que levou estudiosos e pesquisadores fazerem uma comparação entre Aquenaton e Moisés, pelo abandono de deuses e mera ficção, adotando o monoteísmo.
Temos, por exemplo, uma curiosa teoria levantada pelo pesquisador e autor de obras históricas, Ahmed Osman, no seu livro “A História Secreta” levantando a hipótese de que Moisés e Akenaton foram a mesma pessoa. Diz que se baseou em descobertas arqueológicas, documentos históricos e estudos de Freud.
Osman relata que ambos personagens nasceram no Gósen, e lá foram iniciados nos mistérios de ATUM, a divindade primordial venerada no Templo de Om, em Heliópolis; e este aprendizado participativo incutiu-lhes a crença de um Deus Único.
Ocorre que Moisés foi reconhecido como patriarca na Torá – O Velho Testamento -, enquanto Akenaton sofreu uma queda misteriosa do trono e o seu nome foi apagado dos registros e proibido de ser pronunciado. As referências a ele eram: Grande Herege, Faraó Herético e Faraó Rebelde.
Foi tão forte, entretanto, a adoção do Disco Solar como divindade única e universal que a condenação sofrida por Akenaton persistiu, e há quem o encontre algo dela nos ensinamentos de Baruch Spinoza, *1632 – + 1677), filósofo de origem judaico-lusitana, filho de uma família perseguida pela Inquisição.
Spinoza nos legou a ideia de identificar Deus como Natureza como um ser cósmico de infinitos atributos; contradiz a visão católica (e tendências protestantes) de um deus sendo adorado com a imagem e semelhança do homem.
A concepção divina da Natureza spinoziana foi aceita por Einstein e Freud, aos quais me junto humildemente; e, assim, deixo respondido o quesito religião….
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