DA NATUREZA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Numa conferência proferida na Universidade da Califórnia em 1959, Aldous Huxley, o extraordinário intelectual inglês, autor do “Admirável Mundo Novo”, me impressionou fortemente referindo-se à Natureza com três perguntas:
– “Qual a nossa relação com o Planeta? O que estamos fazendo com o mundo no qual vivemos e como estamos tratando esse mundo? Como ele provavelmente nos tratará se continuarmos tratando dessa maneira?”.
São passados 65 anos que esta preocupação foi levada aos pensadores norte-americanos e, como coletânea, editada no livro “A Situação Humana”, alcançou, se não me engano, 54 países de todos continentes.
A inquietação de Huxley com o manto da ansiedade tinha razão de ser pois já causava consideração e dedicação de estudiosos – ambientalistas do século 19 – fazendo pesquisas sobre a relação dos seres humanos com a Natureza.
Reconheceram que a vivência humana na Terra no curso da História, possivelmente há um milhão de anos, a presença do homem sempre foi força da mudança, para melhor e para pior. Registrou-se, então, que a ação humana condicionou o ambiente natural e este, por sua vez, transformou-se, adaptando-se às novas realidades.
O que a humanidade fez de melhor foi o intercâmbio campestre, faunístico e florestal de continente para continente, espalhando árvores frutíferas, gramíneas e tubérculos de uma região para outra, como, por exemplo, o trigo indiano chegou às Américas e a batata andina foi pra Europa…
Esta vivência alcançou os animais domésticos, o carneiro, o cavalo, cabras, galinhas e o gato que saíram do seu habitat original ocupando outros lugares como meio de locomoção e transporte de cargas, como alimento e de estimação.
O lado bom das atividades do homem foi este; o seu reverso está na ação destrutiva do meio ambiente como evidência “civilizatória”, derrubando árvores para fazer carvão e extinguindo várias espécies de animais, como o “pombo viajor” e o bisonte americano; crimes que alcançaram a predação oceânica e fluvial.
Estes episódios depredadores foram lamentáveis na conquista colonial europeia da África, Ásia e América, quando se viu a própria maldade do homem submetendo outro homem com a escravidão indígena e africana.
A barbárie “civilizada” contrastou com a cultura dos povos originários, aros, hauçás, iorubas, uangaras e zulus na África, e nas Américas, maias, astecas, incas, e os mais primitivos, tupis-guaranis brasileiros e peles vermelhas norte-americanos.
Entretanto estes povos mostravam – e os que sobrevivem mostram – a compreensão da defesa do meio ambiente, conservando as terras e os rios, e preservando os reinos animal e vegetal. O seu conhecimento da flora e da fauna era (e é) notável.
Digna de estudo científico é, também, a devastação do meio ambiente pela chamada revolução industrial que se estendeu e generalizou-se mundo afora. A humanidade, por ignorância ou ambição ou cobiça, não se sentiu ameaçada com a expansão acelerada das cidades; e aceitou acomodada os benefícios trazidos pelas descobertas tecnológicas.
A explosão demográfica exigiu mais concentrações urbanas e, consequentemente, mais produções industriais. Assim, o crescimento populacional acelerado na Ásia, África, América Latina e Caribe, exigiu dos governos mais assistência à Saúde e à Educação, coisa que é considerada secundária na política populista, surfando no clientelismo político e na propaganda dos mercenários meios de comunicação de massa.
O quadro que divisamos no Brasil apresenta uma cena de horror. Calou-se a maioria dos ambientalistas pelo abandono governamental da Amazônia, submetidos à distorcida ideologia lulopetista; como também se omitiram os “patriotas” de Bolsonaro. É inegável o desprezo dos dois governos populistas “de Direita” e “de Esquerda”.
Salvo umas e outras exceções, também silenciaram os defensores da Educação Pública não mais agitadores, mais militantes políticos alojados em cargos públicos ou mamando verbas de ONGs fajutas.
Enfim, depois do que se viu na pandemia da Covid, a Saúde Púbica dos populistas que ocuparam e ocupam o poder é um verdadeiro fracasso para o povão; assim como a odiosa exploração dos “planos de saúde” que atendem às classes médias.
Diante desta desgraceira eminente e próxima, a Natureza nos compensa com utilidades, mas nos castiga pelo desprezo dado pela falta de educação ambiental. É com a ajuda dela que denunciamos os mal feitos governamentais, até quando a ditadura judiciária nos permita.
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