Arquivo do mês: março 2025
DAS APALPADELAS
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Tirei da escritora chilena Izabel Allende o curioso termo “Apalpadela”, um substantivo feminino originário do verbo transitivo apalpar, significando tatear, tocar com a mão e figurativamente, sondar. O verbo é de etimologia latina palpare (palpo,as,āvi,ātum,āre), “acariciar.”
Algumas “apalpadelas” nadam nas raias da delinquência, abuso sexual, no mínimo assédio e muitos passam a mão na História estudando origens e encontrando o cheiro nauseabundo das capitanias hereditárias como herança dos conquistadores ambiciosos que criaram o Sistema que persiste até hoje.
É contra isto que fui à pesquisa do porquê o Consórcio STF-Lula deseja censurar as redes sociais apoiado nos picaretas do Congresso e nos títeres da magistratura. Curioso é que repetem as mesmas táticas, assumindo-se como democratas atentando contra o direito à livre expressão do pensamento.
Nada de Democracia; é puro fascismo. Muitos, por analfabetismo ou ignorância, não sabem o que é o fascismo, ideologia política criada na Itália pelo ex-anarquista Benito Mussolini, adotando a palavra da tradição romana do “fascio” – um feixe de varas de bétula branca amarradas por correias vermelhas – símbolo da união nacional.
Jornalista, Mussolini alertou num artigo que uma vara é quebrada facilmente; algumas dão dificuldade de parti-las e muitas juntas tornam-se impossível de quebrar. Assim pediu a união dos italianos contra o comunismo, prometendo-lhes um socialismo nacional.
Conquistando o poder (a História registra como) o fascismo estabeleceu com a máscara de “nacional socialismo” a repressão ditatorial do “Capitalismo de Estado” totalitário, perseguindo e prendendo opositores, principalmente sindicalistas, em sua maioria anarquistas, comunistas e socialistas.
Esta reação contra os sindicatos de trabalhadores eliminou os membros antifascistas e estendeu resta perseguição aos círculos acadêmicos e meios científicos, literários e artísticos, estabelecendo limites às suas atividades e correspondência.
Assim recriou os sindicatos, as academias e as associações de artistas e intelectuais, transformando-os em órgãos governamentais e partidários; entregou as direções aos colaboradores do regime. Influenciou e foi imitado por ditadores populistas latino-americanos, como Vargas, no Brasil, Perón, na Argentina, e Eleazar López Contreras na Venezuela.
Aqui, os agentes governistas foram chamados de “Pelegos”, alcunha criada para indicar os líderes sindicais atrelados a um Ministério (aqui, “do Trabalho); na Argentina com o modelo peronista, ficaram conhecidos (e ainda hoje o são) como “amarelos”.
Implantada a ditadura militar em 1964, o palco trabalhista brasileiro manteve uma estreita unidade sindical dos comunistas liderados por Luiz Carlos Prestes com os trabalhistas, sob a orientação de Leonel Brizola. Traçando a estratégia da abertura “ampla, geral e irrestrita” o general Golbery do Couto e Silva investiu contra isto.
Prevendo a redemocratização, Golbery traçou a estratégia de uma disputa sindical criando o PT contra a hegemonia da aliança de esquerda. A legenda PT (lembrando a sigla e a proposta do Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista Alemão) foi entregue ao pelego da VW, Lula da Silva, informante do Dops paulista, segundo denunciou Romeu Tuma Júnior. Sem desmentidos.
Com o apoio do irmão metalúrgico, dissidente do PCB, s trotskistas e católicos “de esquerda”, Lula, espertíssimo, havia se tornado o centro das atenções nos meios sindicais; este êxito subiu-lhe à cabeça e sucumbiu à vertigem politiqueira, virando o astro dos intelectuais obreiristas e descontentes com o comunismo pró soviético e o trabalhismo getulista.
O forte apoio da Igreja Católica que conquistou com a esperteza da pelegagem, Lula teve a capacidade de controlar o partido, eliminando a democracia interna e expurgando os livre pensadores de esquerda.
Sob forte influência trotskista expressada por José Dirceu mostrou os seus propósitos totalitários que só não levou adiante pela ambição de enriquecer, recolhendo o butim fornecido pelas empreiteiras corruptoras, principalmente a Odebrecht criada por Emílio com o seu sobrenome.
O filho de Emílio, Noberto Odebrecht, assumiu a empresa, e temendo a ascensão de Lula, ouviu do pai o que que lhe disse Golbery sobre o Pelego: – “Emílio, o Lula não tem nada de esquerda. Ele é um bon vivant“…. E, a partir daí o Pelego surfou no pântano da corrupção.
Quem primeiro reconheceu isto foi um dos iludidos fundadores do PT, Hélio Bicudo, jurista e ativo militante dos direitos civis, declarando que: – “O Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira como ela é hoje através da sua atuação como presidente da República”.
É esta figura sinistra que protagoniza um dos elementos da polarização eleitoral que atenta contra a Democracia; do outro lado está Bolsonaro, capitão afastado do exército por subversão, que, cercado por um grupo fascista, adota o slogan “Deus, Pátria, Família”, da Ação Integralista Brasileira, partido criado por Plínio Salgado como versão tupiniquim do Partito Nazionale Fascista, de Mussolini.
Os autênticos patriotas e defensores intransigentes das liberdades democráticas, ficamos contra estes antagonistas corruptos que desmascaramos e enfrentamos nas redes sociais às apalpadelas para despertar o povo com o combate à imunda polarização tentacular, estendida criminosamente aos três poderes republicanos.
DO ARBÍTRIO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Líder da concentração de poder monárquico na Europa, o rei Luís XIV instalou o absolutismo na França e, como a vitaliciedade dos semideuses do STF, teve o mais longo reinado da História. De 1643 até à morte, em 1715.
Criou a própria alcunha de “Rei Sol”, impondo por maciça propaganda a aceitação popular da personificação caracterizada pelo absolutismo que manifestou com uma frase famosa: “O Estado sou Eu”.
Lembremos que nos primórdios da civilização, com as pessoas na dependência dos deuses, os sacerdotes foram intermediários entre o divino e o humano nos antigos impérios reconhecendo que os reis, como suprema autoridade religiosa, (ainda são na Inglaterra) foram outorgados de autoridade política.
Os historiadores concluem nos seus estudos sobre a autoridade política dos reis, pela atribuição de rei-sacerdote, como escreveu Fustel de Coulanges no seu livro “A Cidade Antiga”.
Dessa maneira, nos primórdios da civilização, ficou estabelecida a relação entre o poder, a religião e a sociedade. Contra este princípio, a História da Civilização registra que somente no século 5ª a/C a autoridade impondo obediência foi combatida pelo dialeta grego Anaxágoras, um filósofo defensor de que há uma inteligência universal que governa tudo e dá liberdade aos seres humanos para expressarem suas opiniões.
Este postulado reviveu na modernidade com o pensador francês Denis Diderot dizendo que “Nenhum homem recebeu da natureza, o direito de mandar nos outros”. Vemos então que a filosofia da Grécia antiga assumiu uma resistência que foi reconstruída no século 18, uma atitude democrática que nós, brasileiros, ainda não assumimos, mesmo com visão libertária atual.
Por ignorância ou covardia, muitos deixam de combater o arbítrio quase religioso das sentenças monocráticas do STF sob o manto fraudulento da “defesa da Democracia”, que evoca a lembrança do alerta que Martin Luther King nos legou: “Nunca se esqueça que tudo o que Hitler fez na Alemanha era legal para os juízes daquele país”.
Infelizmente isto não entra na cabeça de seguidores da ideologia distorcida do culto às personalidades políticas, cujos antolhos do fanatismo não lhes permite ver a reimplantação da censura ditatorial proposta pela Suprema Corte, como vemos nas entrevistas de alguns togados.
Voltando à resistência dos gregos antigos contra o totalitarismo, tivemos também os antigos sofistas que travaram uma guerra contra os preconceitos e a obtusidade ultrapassada do poder constituído, pregando os direitos da cidadania assegurados por uma justiça racional e não na política dos togados do STF.
A arte de raciocinar e se manifestar combatendo velhos costume pelo exercício da cidadania independente e livre, deve voltar a ser pensada, discutida e implantada, para garantir a autêntica Democracia não adjetivada como fazem os amigos de ditadores.
No nosso caso, não somos obrigados a nos submeter ao poder instituído se seus gestores não cumprem as prerrogativas constitucionais. Recentemente, assistimos a tentativa de nos levar à servidão das decisões particulares de alguns juízes auto assumidos de uma autoridade que não lhes cabe.
Lembro o atentado perpetrado contra o “X”, penalizando 21,4 milhões de usuários da rede em consequência de um choque de personalidades vaidosas do ministro Alexandre Moraes e seu presumido símile, dono da empresa, Elon Musck.
Com esta infâmia, encontramos a semelhança com Luiz XIV do meritíssimo Alexandre – de alcunha “Guardião da Democracia” – e o “Rei Sol”, na prática do arbítrio e a ascendência do poder sobre a cidadania. E o pior é que Ele não está só, tem o apoio dos demais ministros, deixando o Brasil inflacionado de luíses catorze….
Entre eles, a presença de um camaleão, Flávio Dino, que muda de cor e posição; já que se declarou branco, pardo e preto e se dizendo democrata ressuscita Stálin, ao censurar velhos livros de Direito com o argumento de trazerem homofobia; felizmente, por ignorância, ainda não investiu contra as descrições sexuais que a Bíblia traz…
Diante do arbítrio da ditadura jurisdicional que Rui Barbosa criticou, é chegada a hora de quebrar os grilhões do mando arbitrário, admitindo a premissa de Ulisses Guimarães de que “a Pátria não pode se tornar capanga de idiossincrasias pessoais” e repisando com um truísmo que merece eco: “A Nação quer mudar, a Nação deve mudar, a Nação vai mudar”.
DAS MÁGICAS
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Aprendi que para falar de mágica deve-se distingui-la da alquimia, a parteira da química moderna, embora ambas contrariem as leis da Natureza. Uma é exercida pelo ritual do ilusionismo e truques obtidos na prestidigitação, e a outra é relacionada na busca de valores reais e vitais.
Magia é a arte de criar a ilusão por meio de agilidade motora das mãos ou pela desatenção dos espectadores. Confundir a aplicação da magia com o empreendimento alquímico foi coisa criada por Louis Pauwels e Jacques Bergier no realismo fantástico do livro “O Despertar dos Mágicos”, de 1960.
A leitura deste livro leva-nos a um caminho sem volta, porque fascina e faz pensar. Traz nas suas reflexões a presença de Isaac Newton e a sua famosa frase em resposta a um elogio: – “Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Segundo biógrafos do físico inglês referiu-se aos sábios da Grécia antiga, principalmente Aristóteles, de quem guardava profunda admiração.
Temos também a curiosa diretriz de Bergier com vista aos alquimistas, suas pesquisas ocultas e o silêncio em torno das descobertas; ele se refere a uma carta de Eugène Canseliet dizendo que – “Se existe um processo que permite fabricar bombas de hidrogênio num fogão de cozinha, é francamente preferível que esse processo não seja revelado”.
O escritor e alquimista francês citado, afirmou que isto não se trata de fantasia: – “Estou em boa posição de ver que é possível chegar à desintegração atômica partindo de um mineral relativamente comum e barato”.
Antecedeu à ficção cinematográfica dos transportes no tempo inventados e usados por Emmett Brown (Christopher Lloyd) no filme “De Volta para o Futuro”, protagonizado ao lado de Marty McFly (Michael J. Fox). A primeira máquina do tempo do doutor Brown foi acionada com plutônio roubado de terroristas líbios e mais tarde foi abastecida com o lixo doméstico….
Isto, evidentemente, tanto no cinema como nos laboratórios, mostra que a alquimia não é o encanto mágico e dele só tem em comum com o ocultismo, praticado às escondidas e com seus métodos mantidos sob sigilo.
É o sigilo respeitoso das pesquisas científicas sobre os fenômenos produzidos pela Natureza, muito diferente dos sigilos decretados pelos políticos corruptos quando ocupam o poder como se viu no Governo Bolsonaro e depois no Governo Lula que o havia condenado… Estes dois hipócritas polarizam eleitoralmente na ilusória mágica do populismo.
Temos assistido revoltados no desenrolar da política brasileira o que parece ter como combustível a lama pútrida dos esgotos, a manipulação da propaganda e das fake news, cujos objetivos visam levar os polarizadores a se alternar no poder.
Estas práticas ilusórias deslumbram os fanáticos cultuadores de personalidades; vêm dos tempos sombrios de Mussolini, Hitler e Stálin, e renascem hoje na adoração dos populistas corruptos, cujas ações indecorosas e alcances criminosos dos bens públicos são conhecidos.
Quem se relaciona com a verdade e a honestidade, deseja uma justiça perfeita e respeita o autêntico patriotismo, repudia essas figuras imundas. Quem defende o humanismo, a paz e a solidariedade humana, adota o princípio básico de que não se deve repetir a ilusão desfeita.
Assim, os defensores da Democracia e da Liberdade não apoiam o populismo, nem as ditaduras baseada em fraudes e violência como vigora na Venezuela de Maduro, opressor do povo venezuelano.
Da minha parte, junto-me aos que somente reverenciam as palavras mágicas, que são: “Bom dia; Boa tarde; Boa noite; Com licença; Desculpe; Obrigado; Perdão; e Por favor”.
POÉTICA ESCLARECIDA
CANCIONEIRO DA 3ª VIA
Olavo Bilac: “Hino à Bandeira” –
“Contemplando o teu vulto sagrado,/ Compreendemos o nosso dever;/ E o Brasil, por seus filhos amado,/ Poderoso e feliz há de ser.”
Castro Alves: “Navio Negreiro” –
“Existe um povo que a bandeira empresta/ P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!…/ E deixa-a transformar-se nessa festa/ Em manto impuro de bacante fria!…/ Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,/ Que impudente na gávea tripudia?”
Ataulfo Alves: Isto é o que nós queremos –
“Nós queremos nossa liberdade/ Liberdade de pensar e falar/ Nós queremos escolas pros filhos/ …E mais casas pro povo morar/ Nós queremos leite, carne e pão”/ Nós queremos açúcar sem cartão/ Nós queremos viver sem opressão/ Nós queremos progresso da Nação
Juca Chaves: “Contrabando de Café” –
“Contrabando, nesta terra, é negócio de colher/ A Polícia eu sei que erra, isto é, quando ela quer/ Brasileiro de malícia pode ser contrabandista”
Bezerra da Silva: “Pega Ladrão” –
“Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão/ Se gritar peva ladrão, não fica um…”
Ary Barroso: A Cigana lhe enganou –
“Quanta gente que pensa que é, e não é!/ Quanta gente banca importância, e não tem!/ Quanta gente que faz trapalhada,/ Pensando que a cigana/ Lhe dá sorte também!”
Wilson Batista: Pedreiro Valdemar –
“Você conhece o pedreiro Waldemar?/ Não conhece? Mas eu vou lhe apresentar/ De madrugada toma o trem da Circular/ Faz tanta casa e não tem casa pra morar”
Luiz Gonzaga: “Vozes da Seca” – “… Mas doutô uma esmola a um homem qui é são/ Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”
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MANUEL BANDEIRA
EPÍLOGO
Eu quis um dia, como Schumann, compor
Um Carnaval todo subjetivo:
Um Carnaval em que o só motivo
Fosse o meu próprio ser interior…
Quando o acabei, – a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade…
E o meu tinha a morta morta-cor
Da senilidade e da amargura…
– O meu Carnaval sem nenhuma alegria!…
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CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
UM HOMEM E SEU CARNAVAL
Deus me abandonou
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido.
Sem olhos, sem boca
sem dimensões.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate
é dentro do peito
mas ninguém percebe.
Estou lívido, gago.
Eternas namoradas
riem para mim
demonstrando os corpos,
os dentes.
Impossível perdoá-las,
sequer esquecê-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando
peixes sulfúreos
ondas de éter
curvas curvas curvas
bandeiras de préstitos
pneus silenciosos
grandes abraços largos espaços
eternamente.
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CECÍLIA MEIRELES
CARNAVAL
Com os teus dedos feitos de tempo silencioso,
Modela a minha máscara, modela-a…
E veste-me essas roupas encantadas
Com que tu mesmo te escondes, ó oculto!
Põe nos meus lábios essa voz
Que só constrói perguntas,
E, à aparência com que me encobrires,
Dá um nome rápido, que se possa logo esquecer…
Eu irei pelas tuas ruas,
Cantando e dançando…
E lá, onde ninguém se reconhece,
Ninguém saberá quem sou,
À luz do teu Carnaval…
Modela a minha mascara!
Veste-me essas roupas!
Mas deixa na minha voz a eternidade
Dos teus dedos de silencioso tempo…
Mas deixa nas minhas roupas a saudade da tua forma…
E põe na minha dança o teu ritmo,
Para me conduzir…
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MANUEL BANDEIRA
BACANAL
Quero beber! cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco…
Evoé Baco!
Lá se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em doudo assomo…
Evoé Momo!
Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos…
Evoé Vênus!
Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?…
— Vinhos… o vinho que é o meu fraco!…
Evoé Baco!
O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!…
Evoé Momo!
A Lira etérea, a grande Lira!…
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Vênus!
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Carlos Drummond de Andrade
UM HOMEM E SEU CARNAVAL
Deus me abandonou
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido
Sem olhos, sem boca
sem dimensões.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate
é dentro do peito
mas ninguém percebe.
Estou lívido, gago.
Eternas namoradas
riem para mim
demonstrando os corpos,
os dentes.
Impossível perdoá-las,
sequer esquecê-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando
peixes sulfúreos
ondas de éter
curvas curvas curvas
bandeiras de préstitos
pneus silenciosos
grandes abraços largos espaços
eternamente.
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