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DOS FANTASMAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Não acredito em fantasmas. Mas inúmeras testemunhas garantem que eles existem. Que me lembre, a genialidade de William Shakespeare pôs em cena dois. Um, na celebrada tragédia “Hamlet”, a lenda de um jovem príncipe dinamarquês que vê o fantasma do pai, denunciando ter sido assassinado pelo próprio irmão, que se casou com a sua viúva.

Outro, em “Macbeth”, quando num banquete com a nobreza, o personagem-título vê o fantasma de Banquo, capitão do exército do rei Duncan, sentado à mesa.  Alucina-se com isto pois assassinara o Rei da Escócia e ocupara seu lugar; como mandou matar Banquo, cujos desdentes se sentariam no trono, segundo uma profecia.

Das clássicas peças do dramaturgo e ator inglês, incomparável poeta e escritor, vamos como caça-fantasmas ao cinema. Lá encontramos vários filmes baseados nos livros do renomado romancista Charles Dickens, também inglês.

A obra mais vistosa de Dickens é “A Christmas Carol”, traduzida editorialmente para o português como “Um Conto de Natal”. Como filme, teve várias versões em Hollywood e em estúdios ingleses.

Conta a história de um velho avarento, Ebenezer Scrooge, uma criatura egoísta e pouco amistoso, insociável que abomina as festividades natalinas. Numa véspera do Natal, vê o espírito do seu ex-sócio, Jacob Marley, morto há sete anos e sofre o castigo pela sovinice arrastando pesadas correntes de ferro.

O Espectro adverte Scrooge de que ele ainda tem chance de escapar de pesadas penas pelo seu comportamento desumano e antissocial, mas para isto deverá receber a visita de três fantasmas.

E assim se dá: à meia-noite chega o Fantasma dos Natais Passados que leva Scrooge de volta à infância e juventude, quando amava a família e festejava o nascimento de Cristo; a seguir, vem o Fantasma do Natal Presente: este retrata com fortes cenas a sua frieza com relação às outras pessoas e o leva a assistir seu empregado, que explora e maltrata, reunir-se feliz com a família numa humilde mesa arrumada para a comemoração.

Viu que o seu escriturário é pai de quatro filhos, e com eles e a esposa mostram uma atenção carinhosa pelo mais moço, o frágil Pequeno Tim, que tem problemas na perna como sequela da poliomielite.

Por fim, aparece o Fantasma dos Natais Futuros que silencioso aponta a cena da sua morte solitária, sem amigos, e seu enterro tristemente indigente num cenário que emocionou Scrooge. Este, no dia seguinte, acordou completamente modificado, levantando-se sentimental e generoso.

Como um homem novo, o antigo avarento foi tomado pelo Espírito do Natal. Decidiu ajudar o seu empregado Bob Cratchit e torna-se um segundo pai para o Pequeno Tim. Escrito por Dickens entre outubro e novembro de 1843, “Um Conto de Natal” é visto como o criador das atuais celebrações natalinas.

Na literatura, teatro e cinema brasileiros, chega-nos uma versão ingênua da fantasmagoria com “Pluft – O Fantasminha” de Maria Clara Machado, revertendo toda expectativa amedrontadora dos Fantasmas, ao levar à cena um fantasminha tímido que tem medo das pessoas….

A intelectual e respeitada teatróloga patrícia, Maria Clara Machado, deu um mergulho na ficção totalmente distinta do que ocorre na política brasileira, onde dominam os fantasmas do horror, amedrontando o país ao promover a falta de educação, da saúde, da segurança e da corrupção.

Estas sombras espectrais rondaram o Estado de Direito em Brasília, arrastando as correntes antidemocráticas do finado fascismo. Demoníacas, exalaram a catinga de enxofre de um golpe contra as eleições presidenciais. Traziam até a revelação de uma minuta pronta para anunciar o estado de sítio!

Tais quimeras provocam temores entre os médiuns do Congresso Nacional, alguns mortos e insepultos; e traz também um alívio para os sensitivos do 5TF, como cortina de fumaça que esconde a cumplicidade da Corte com a corrupção lulopetista, através das decisões monocráticas de Dias Toffoli.

Contraditoriamente, a manifestação espectral política nos leva a acreditar que os mortos têm muito a nos dizer; e além disto nos diverte com o “Espírito do Carnaval”, fantasiado de Fantasminha Pluft, que canta em dueto com o espírito de Rita Lee: “A inocência não dura a vida inteira/ Brinque de ser sério/ E leve a sério a brincadeira”.

DO PASSADO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Tem uma jovem no “X” que traz no seu perfil a divisa “Ainda não entendi o que estou fazendo no mundo”; ela se iguala aos nossos antepassados do estágio preparatório da civilização e, se fazendo a mesma pergunta, criaram a Filosofia.

Passados cinco mil anos de evolução humana no nosso Planeta Azul, a dúvida sobre a existência persiste. Entretanto, se pusermos nos pratos da balança das probabilidades este entendimento de um lado e a certeza de nossa curta passagem pela vida do outro, teremos um equilíbrio perfeito.

Observando a realidade da sua época, o genial cineasta e pensador Orson Welles disse que “é preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos”. Assim, analisando a questão do tempo e do espaço que nos cercam e aprisionam, é possível encontrarmos muitas justificativas para o limitado estágio da vida.

Há quem as encontre respostas na metafísica, abstraindo religiosamente a historicidade da nossa existência. Estes mandam o passado às favas; e encontram no fundo do quintal do fanatismo a opinião que Einstein expôs em carta para um amigo, dizendo que “A diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão”.

Extraímos desta crença uma verdade. Relativa. É quê, de acordo com os dados obtidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo alcançou em 2021 7 bilhões de habitantes e, em cada cabeça, um sem número de ilusões.

Na sua grande maioria, as pessoas que habitam a Terra deitam-se em berço esplêndido cobertos pelo lençol da fantasia e a colcha da ficção; não cogitam se o passado foi melhor do que o presente.

Escrevi outro dia sobre o maravilhoso filme de Woody Allen, “Meia Noite em Paris”, de roteiro sobre o filosófico (e científico) tema do espaço-tempo. Narra uma aventura em Paris da transposição do tempo protagonizada por um jovem escritor americano, Gil Pender, e uma figurinista francesa, Adriana.

Nostálgicos, ambos sonham com o passado. Ele vive a década de vinte acompanhado de seus ídolos, escritores e pintores americanos que acorriam à época para França em busca de inspiração; ela sonhava com a “Belle Époque” e surgiu a oportunidade de irem da década de 1920 para o ano de 1890.

Não era a praia de Gil, mas encantou Adriana, a ponto dela ficar lá no “Moulin Rouge” em companhia de Lautrec, Gauguin e Degas…. E daí, Gil volta à Paris e ao presente.

Na minha longa vida no Brasil brasileiro e andanças mundo afora, procuro lembrar-me qual o período de minha vida que mais me encantou. Adolescente quando a guerra acabou, assisti o desfile dos pracinhas da FEB de volta à Pátria; ouvi discursos de Getúlio Vargas falando da sacada do Palácio do Catete com o famoso preâmbulo: “Trabalhadores do Brasil!”.

Votei pela primeira vez da chapa “JJ”, Juscelino e Jango, influenciado por meu pai; não me arrependi; JK e o seu governo implantaram a paz social, trouxeram alegria e esperança; então passei a gostar de política. Estudei teorias e biografias, participei de eventos ainda bem moço como cidadão e já atuando na Imprensa.

Não estou fazendo uma autobiografia e mantenho minha privacidade na convivência familiar; mas uma coisa assumo abertamente: o passado da minha participação política, independente e baseada em princípios.

É por isto que abomino a volta ao passado da roubalheira lulopetista dos governos Lula e Dilma, o tobogã onde escorregou a corrupção e seus participantes corruptores e corrompidos. Assim, aderi à campanha que corre no “X” pela “Convocação imediata do colegiado pleno do STF para derrubar a decisão monocrática que determina a suspenção de multas da corrupção”.

Convido os compatriotas honestos a participar desta luta contra a mais-do-que-perfeita expressão de cumplicidade com o crime do ministro Dias Toffoli, delatado por Marcelo Odebrecht de ter recebido propinas sob codinome de “Amigo do Amigo do meu Pai”.

 

 

DAS SUPERSTIÇÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

A superstição é uma criação humana que atribui influências ocultas ou sobrenaturais a fatos inexplicáveis ou possíveis de serem explicados naturalmente. Esta definição traz a sabedoria dos antigos; eles a usaram como salvaguarda de riscos iminentes.

Quando menino, aprendi com a minha avó Quininha que deixar os chinelos e sapatos revirados chama desgraças e até a morte na família; pois bem, isto serviu para que eu nunca tenha sido mordido por escorpiões, que se escondem nos calçados… Mais tarde, ouvi dizer que “dá azar” passar debaixo de uma escada; claro, ela pode cair e nos ferir, até matar; e por cuidado, evito fazê-lo.

Dizem que quebrar um espelho gera desgraças; claro, os cacos de vidro e sua camada metálica ferem e infeccionam; mas em todas superstições têm o propósito de ensinar ou prevenir. O folclore mundial, e o nosso em particular, injetam uma overdose de exagero e termina caindo no descrédito e na hilaridade.

Crendices em demasia já não assustam. Quem teme ver um gato preto passar à sua frente?… Qual adolescente crê que um trevo de quatro folhas rende sorte no amor e que um galhinho de arruda na orelha afaste o mau olhado?

A influência africana trouxe-nos os “banhos” sendo o de sal grosso que atrai pessoas; vaqueiros garantem que uma ferradura na porta evita acidentes, portugueses creem que uma figa afasta o diabo e nossos índios usavam colares e pulseiras para exorcizar o espírito dos inimigos mortos….

Tais heranças trazem à memória das moças no após guerra que usavam pulseiras de balangandãs com penduricalhos de estrelas, meias luas, tartarugas, olhos, cobras, caveiras, plantas e animais cercados de sortilégios; a famosa cantora Carmem Miranda levou-os para os Estados Unidos, onde se tornaram moda. Lá, os rapazes usavam chaveiros com pé-de-coelho para ter sorte. Ouvi falar agora de uma nova simpatia  para não adoecer: soprar canela em pó….

A palavra Superstição dicionarizada é um substantivo feminino de etimologia latina, (superstitio, -onis) significando medo excessivo dos deuses ou do sobrenatural; e no brasilês, é uma crença religiosa fundada em preconceitos.

O Museu Nacional Romano exibe uma esfera zodiacal de ouro e mosaico, que foi encontrada nas ruínas de Pompeia, cidade sepultada pelo Vesúvio. Foi um símbolo de universalidade que incutia fé e esperança na alta sociedade romana; governantes, intelectuais, militares e recatadas ‘mater familiae’ alisavam o globo por um futuro auspicioso.

Vê-se que a crendice vem de longe; e muito antes do Império Romano, herdeiro da cultura grega. Terá sido da mítica Atlântida? Ou da Arcádia, Egito e China? É muito difícil saber; entretanto, podemos afirmar que apareceu a mais de cinco mil anos.

Evoluiu transmudando-se com o avanço civilizatório. Surgiram os jogos divinatórios e a astrologia, avoenga da moderna astronomia…. E foi perseguida; o Talmude  judaico – a mais antiga versão da Bíblia -, condena a superstição e proíbe a jogos adivinhatórios mesmo praticados por curiosidade ou diversão.

É interessante observar que geralmente as crenças metafísicas, devoções e práticas mágicas, são objetos de rituais secretos, obrigando uma adesão absoluta do seguidor, com deveres e o temor do castigo.

Para compensar, porém, algumas crendices trazem alegria para as famílias e amigos, como assisti em Brasília no Chá de Revelação, jogos para adivinhar o sexo do bebê; e deu feminino, minha futura neta Luísa.

Por outro lado, no cotidiano, a superstição leva ao fanatismo, impregnada na política brasileira e adotada por milhares de psicopatas, seguidores da famigerada polarização entre as falsas direita e esquerda.

No Deuteronômio (18:9-14) está escrito que Deus fez um apelo para que Israel fugisse das superstições como uma abominação ao Senhor. Coisa que muitos “crentes” não cumprem ao mergulhar na politicagem reinante.

Da minha parte, tornei-me supersticioso com polarização perversa:  a falsidade de Bolsonaro e o “13 de Lula” dão azar… rsrsrs.

FITA MÉTRICA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Tenho vários amigos médicos no twitter, também os meus médicos são meus amigos, alguns há dezenas de anos. No “X” são vários que sigo e sou seguido por eles; então não os quero ofender como fez outro dia um tuiteiro dizendo que não confia em médicos.

Aquela crítica me levou a matutar qual será a medida da Medicina, e lembrei que Hipócrates disse que a arte médica é como a arte de adivinhar. Nascido na Grécia (460 a.C. – 370 a.C.) Hipócrates é respeitado até os dias de hoje como o pai da Medicina. Este sábio ensinou que o corpo não é apenas um conjunto de órgãos, mas uma unidade viva e complexa que a “natureza” de cada um regula e harmoniza.

Além de pesquisador científico à época, excursionava pela Filosofia e destinou vários ensinamentos sobre a ética médica. Pela sua honestidade e o humanismo, nasceu o famoso Juramento de Hipócrates, expresso por todos que se formam em medicina no Ocidente.

O Juramento é digno de menção: “Prometo solenemente consagrar a minha vida a serviço da Humanidade. Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos. Exercerei a minha arte com consciência e dignidade. A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação”.

Brinco muito com os “noves fora”, e desta vez os usarei para conjecturar que apesar dos “noves fora dos extraordinários avanços da tecnologia e da cibernética”, vê-se os atuais diagnósticos médicos pouco diferindo de Hipócrates para cá….

A Ciência Médica enriqueceu com as pesquisas que formatam as imagens anatômicas e os processos fisiológicos através da ressonância magnética. Por ela, descobriu-se a subdivisão de várias enfermidades e também foram observadas patologias até então escondidas no subsolo da ignorância.

Voltadas para a cura das alterações no estado de saúde, dos pequenos distúrbios e mal-estares até a neoplasia maligna, as indústrias farmacêuticas lucram muito. Originárias da Europa e dos Estado Unidos mantêm praticamente o oligopólio das vitaminas e antibióticos.

Se alguém ver nisto um mal, é preciso entender que a recuperação da saúde é louvável, livrando-nos das pedras mágicas e da água benta, deixando fora do consultório as benzeduras dos xamãs, pajés e bruxas…. O feitiço só se faz presente na Medicina Moderna com a Psicanálise, criada pelo bruxo Sigmund Freud.

A cura das enfermidades mentais usa uma fita métrica analítica, instrumento de trabalho indispensável para a Psicanálise e a Psicologia como é usada por alfaiates e costureiras; e, nos tempos antigos, pelas mães de família, guardada na gaveta da máquina de costura….

Com a mesma função da mensuração computadorizada do corpo, a fita métrica analítica dos psicólogos e psicanalistas avaliam a mente. Funciona com o Teste de Rorschach, mundialmente conhecido e aplicado profissionalmente; usado até como brincadeira nos círculos estudantis.

Curiosamente, ouvi falar outro dia de um outro teste, aplicado para sondar a disposição da pessoa nas relações humanas, do respeito e salvaguarda a outro indivíduo, mesmo desconhecido. Até este mês eu nunca ouvira falar dele: É o Teste de Jean Jacques Rousseau exposto numa das suas obras de ficção.

“Um personagem indaga ao outro:  – ‘Se para se tornar herdeiro bilionário de um mandarim chinês de quem nunca ouviu falar, bastasse apertar um botão provocando a morte dele, você apertaria?’”.

Vamos então nos autoanalisar através do Teste Rousseau? Assim cumpriremos a lição que o grande Sócrates nos deixou:  “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus”.

Se o altruísmo estiver presente pelo desprendimento dos valores materiais e a defesa da vida por amor ao próximo, daquele desconhecido de quem nunca se ouviu falar, estaremos prontos para defender uma sociedade futura, livres do egoísmo e da ganância.

Livres de corpo e mente para enfrentar a corrupção política e o egocentrismo maligno dos extremistas e suas ideologias fraudulentas; livres para denunciar os assaltantes do poder político e a gazua da desgraçada polarização, infecção inoculada pelo vírus do fanatismo.

PASSADO & PRESENTE

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

É muito difícil não encucar com o pensamento que Einstein expôs em carta para um amigo, dizendo que “A diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão”; refletindo, penso que o melhor é ficar entre uma proposição temática e a ficção.

Sabemos que os pesquisadores vestem a fantasia com as lantejoulas coloridas da imaginação, jogando-as uma a uma nos tubos de ensaio das hipóteses variáveis procurando o diferencial que o criador da Teoria da Relatividade expôs.

Em paralelo às pesquisas científicas, a arte cinematográfica patina nas pistas do ficcionismo e nos traz um filme dirigido por Robert Zemeckis com Michael J. Fox, Christopher Lloyd; Michael fazendo o papel de um adolescente, Marty McFly, admirador e auxiliar de um excêntrico cientista, Dr. Emmett Brown, interpretado por Christopher Lloyd.

A película foi desdobrada em três roteiros, dando seguimento a uma experiência de viagem no tempo. Salvaram-se os dois primeiros, o terceiro não vale a pena ver. No “De Volta para o Futuro” encontramos a invenção de Emmett, – um carro adaptado à radioatividade – , que por um inusitado acidente leva Marty a 50 anos antes, encontrando os seus pais ainda jovens; e se obriga a interferir na vida deles para poder existir. Indica, assim, que uma decisão no passado pode mudar o futuro.

Também no Cinema, fruto da genialidade de Woody Allen, autor e diretor de “Meia Noite em Paris”, premiado com um Oscar. Já o assisti seis vezes, admirando a aventura de um roteirista de Hollywood, Gil Pender (Owen Wilson), obcecado em tornar-se escritor.

De férias em Paris com a noiva, que se reencontra entusiasmada com um ex-professor, se desgruda dela e resolve percorrer a cidade após uma degustação de vinhos. Só, relembra a vida na década de vinte nos lugares frequentados pelos personagens da sua predileção, escritores, músicos, poetas e pintores.

Eis que à meia-noite, sob badalos e repiques de sinos, um carro para à sua frente e o casal Fitzgerald, F. Scott e Zelda, lhe convidam a excursão boêmia. Muita bebida e conversas interessantes reúnem em torno dele, Buñuel, Cole Porter, Dalí, Degas, Gauguin, Matisse, Picasso e T. S. Eliot. Por orientação de Hemingway, entrega o livro que está escrevendo para análise e revisão de Gertrude Stein.

Neste cenário do passado (que os norte-americanos rememoram talentosos representantes da sua cultura), o aspirante a escritor nas andanças pelo sonho, vive um romance com a ex-modelo e ex-amante dos pintores Braque, Modigliani e Picasso, Adriana (Marion Cotillard).

Adriana, como Gil, é apaixonada pelo passado, e então vivem juntos a fantasia de um retorno ao tempo, indo da década de 1920 para 1890 –, a “Belle Époque” –, uma utopia dela, que termina ficando no “Moulin Rouge” na companhia de Lautrec, Gauguin e Degas…

Este reencontro com a teoria de Einstein é curioso…. A ilusão persistente da diferença entre passado, presente e futuro se materializa não apenas socialmente, mas também politicamente.

O exemplo mais-do-que-perfeito da configuração da passagem do tempo nos chega com o ditado popular “O criminoso volta sempre à cena do crime”; que o relacionamento entre a psicanálise e a criminologia invoca o “Princípio de Locard”, em que a cena onde o crime foi praticado incita o interveniente a revelar-se, deixando um rastro.

Tivemos agora no Brasil esta representação que poderia ter como trilha sonora o Concerto n º1 para Cello de Shostakovich: A volta de Lula à Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cenário da delinquência praticada no seu governo anterior em parceria com o ditador venezuelano Hugo Chávez.

Com isto, o passado se faz presente com a amostra do que foi mais desastroso para o País:  mandonismo, incompetência e desenfreada corrupção. Um projeto que teve o orçamento original de US$ 2 bilhões e consumiu dez vezes mais, US$18 bilhões, ficando inacabado; um fracasso que enriqueceu muitos “cumpanheros”.

Inconsequente, Lula anunciou de lá a retomada do projeto, pisando no rastro do crime. É revoltante esta volta ao escândalo que abalou a Petrobras e a Operação Lava Jato foi uma exigência histórica do povo brasileiro.

Três instâncias jurídicas condenaram Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. Foi descondenado pelo STF, o que infelizmente resultou numa ajuda, pelo voto, ao assalto ao poder pela familiocracia oportunista, golpista e também corrupta dos Bolsonaro; eleito depois, o Presidente protagoniza esta tragédia que  permite uma tentativa de volta ao passado….

POVO & PÚBLICO

MIRANDA SÁ 9Email: mirandasa@uol.com.br)

Das frases que seleciono para levar as cabeças pensantes à reflexão, publiquei uma de Lima Barreto, escritor da minha estima: “O Brasil não tem povo, tem público. Povo luta por seus direitos, público só assiste de camarote”. Esta original conclusão foi retuitada dezenas de vezes, obrigando-me a comentá-la.

Como entendo, a diferença é abismal. O que o público quer é festa, e não é por acaso que 50% das verbas municipais bancam para satisfazê-lo. A festança começa nas campanhas eleitorais nos comícios, banda de música ou trio elétrico, fogos de artifício e a colorida demagogia discursada nos palanques.

O povo, ao contrário, define-se como sistema de organização política da massa, e com ou sem folguedos carnavalescos, participa da política discutindo, reivindicando, enfim, lutando, enquanto o púbico se diverte….

O público, quando fatiado, repete individualmente “O que é que eu tenho com isto?”, e veste a camisa do analfabeto político tão bem descrito por Brecht; alheia-se à realidade, sem ouvir, sem falar, e vê divertidamente os acontecimentos políticos. É o indivíduo a quem pouco importa o custo de vida, o preço do feijão, da carne, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio, ignorando que tudo isto depende de decisões políticas.

“O que é que eu tenho com isto?”, dói nos ouvidos da cidadania e revolta os espíritos humanistas; aquele que assim se expressa é responsável pelo analfabetismo, a fome e a insegurança. Quem profere esta pergunta, além de néscio e antissocial, é cúmplice da corrupção política e do crime organizado.

Um psiquiatra meu amigo disse-me que é um reflexo automático e involuntário dos estúpidos; são pessoas que não entendem o simbolismo das atitudes, dos gestos e do comportamento; que não possuem defesas orgânicas e neuronais, são inoculadas facilmente pelo vírus do fanatismo e erguem altares para ídolos políticos.

São herdeiros daqueles que cultuaram Hitler, Mussolini e Stálin, aos quais dedicaram obediência ampla e irrestrita. Não enxergam que os políticos são seres humanos que ao assumirem o poder mostram-se egocêntricos e egoístas envoltos pelo desejo da vitaliciedade do domínio.

É isto o que vemos, infelizmente. A maioria dos políticos põe o interesse pessoal ou grupista acima dos princípios éticos e morais, incentivando a modelagem das suas próprias estátuas. A eles pouco importa a distinção de público e povo confundindo-os do alto dos palanques. (Alguns permanentes por todo um mandato).

O público emprenha pelos ouvidos da demagogia barata e se enche de convicção, servindo com servilismo ao chefe para o que der e vier. Foi o que assistimos na cena da depredação vandálica em Brasília a oito de janeiro do ano passado.

Bolsonaro, aquele que os incentivou durante largo tempo com recursos eficientes de propaganda, abandonou-os e se exime de culpabilidade. Terceirizou as responsabilidades como é norma dos “líderes populistas’.

Do outro lado, vê-se Lula voltar ao local da desenfreada corrupção, a Refinaria Abreu e Lima, caloteada pelo amigo ditador Chávez e posta à disposição de corruptos e corruptores como a Lava Jato mostrou.  O trem desenfreado da corrupção vai de volta ao passado criminoso e o seu ruído desperta as pessoas honestas deste País.

Lula, “populista de esquerda”, impune da roubalheira que praticou e foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro em três instâncias, foi descondenado sem-cerimônia pelos cúmplices togados do STF.

Bolsonaro, o “populista de direita”, prepara novo assalto ao poder, conspirando e induzindo os seus asseclas a atacar o Exército que repudiou sua tentativa de golpe.

Nos trilhos da História, Bolso e Lula veem reduzir o seu público de fanáticos e mercenários no entorno palaciano, o público dos cercadinhos. O povo fica à parte, mostrando-se consciente dos males do populismo demagógico e desperta para a terceira via que nos livrará da desgraçada polarização.

POPULISMO HIPÓCRITA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Não precisa ter o invejável QI dos gênios; basta ter a mente aberta, com boa informação e dispor de independência intelectual, para não suportar a infame polarização eleitoral dos extremismos auto assumidos “de direita” e “de esquerda”.

A ideologia distorcida dos dois segmentos políticos usada para cativar a simpatia das massas ignorantes, tem o nome de “Populismo”, termo dicionarizado como “o modo de governar em que certa pessoa procura conquistar a liderança de uma nação usando o mecanismo governamental” (e o dinheiro público) para isto.

Esta acepção é moderna; a palavra “populismo” vem do Império Czarista Russo, onde auto assumidos “populistas” pregavam a revolução camponesa, visando transferir o poder político às comunas por meio de uma reforma agrária radical.

Utilizado pela primeira vez no Império Russo, o populismo surgiu mais tarde nos Estados Unidos com um tal “Partido do Povo”, propondo o incentivo à pequena agricultura através de uma política monetária e de crédito expansionistas.

A definição atual veio após as experiências fascistas e stalinistas na Itália e na Rússia ocorridas no século passado. Estas trazem reflexões para a direita e para a esquerda. A primeira vem do sociólogo norte-americano Seymour Martin e a outra do pensador italiano Antônio Gramsci.

Seymour defende a tese de que o populismo seria uma característica de Direita baseada na hegemonia política das classes médias, apoiadas pelos estamentos mais pobres da periferia urbana e campesina, como fez Mussolini, imitado por Hitler na Alemanha nazista.

Do outro lado, a visão marxista de Gramsci aborda a historicidade das revoluções francesa e americana, refletindo que o populismo surge num estágio em que a burguesia perde a capacidade de liderança, mas os trabalhadores não a assumiram, transferindo-a então para uma personalidade da sua simpatia.

Nestes dois pontos de vista encontramos a convergência de atribuir o exercício do poder populista a um líder carismático. Caem assim na teoria simplificada no modelo de governo paternalista, onde o chefe da Nação usa o poder para mobilizar a massa e organiza-la em “movimentos” financiados por esmolas sociais, afim de se perpetuar no poder.

Cachoeiras de palavras não bastam para mostrar como o populismo é prejudicial a um povo e a um País. Não há justificativa imparcial nem explicação escapatória e não deve ser visto com indiferença.

Tomemos por exemplo a leniência jurídica com o crime e os criminosos. O atrevimento juvenil ainda me revolta assistindo os exemplos baixados pelo STF pelo vil “garantismo populista” que representa o fim da Justiça boa e perfeita que todos queremos.

Tampouco podemos admitir a hipocrisia dos pelegos sindicais no poder com Lula da Silva, servindo como exemplo da negociata política com os trezentos picaretas do Congresso. É assim que o Presidente-Turista e o seu ministério medíocre desenham a mais abjeta forma de populismo.

Por fim, os truques do populismo hipócrita não se limitam ao lulopetismo, revelam o que fez seu sinistro antecessor, Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições após criar um “populismo fardado”, sindicalizando militares pelegos malquistos nas FFAA que, em boa hora, abortaram uma tentativa de golpe de Estado.

Nos ninhos de serpente que acolhem os ovos do populismo e da corrupção, lembram a passagem bíblica de Adão e Eva, que pode ensinar a nos livrar do mal: Se o casal divino em vez de comer o fruto proibido tivesse matado a serpente, a humanidade estaria livre dos populistas demagogos.

 

 

DAS TRADUÇÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

A esquisitice das traduções que a gente encontra quando vai ao dicionário, nos obriga a pensar o que o estrangeiro alcança no português falado no Brasil, que o professor Borto neologiza como “brasilês” e Noel Rosa canta: “o samba não tem tradução no idioma francês.

Do inglês temos “Naked” que vai do nu ao desprotegido; o nosso calote, no francês, é “Pouf”; o que os espano-falantes tratam “broma” como gozação, gracejo, piada, o nosso coloquial vê como estúpido, grosseiro; e, vinda do quimbundo, “bunda”, nádegas, nos chega como “bumbum” e “bunda mole” se refere a um conversador…

Tivemos discutindo outro dia sobre o francesismo “débroullard”, que chegou ao dicionário da Academia Francesa após acaloradas discussões, designando alguém com a capacidade de escapar de complicações.

Lembrei-me de leitura antiga, uma crônica do escritor ítalo-argentino Pitigrilli que deu a “débroullard” o significado de “inteligência prática”; e, no seu texto, conta uma anedota clerical que vale a pena publicar:

“Reunidos à noite num convento, antes de se recolher, um beneditino, um capuchinho, um dominicano e um jesuíta conversavam e foram surpreendidos por um apagão elétrico; então o capuchinho falou que não precisavam de luz para manterem a conversação.

“O beneditino concordou, e propôs que lembrassem Deus na Criação, quando falou: ‘Faça-se a luz”; a proposta levou o dominicano a declinar sobre a origem divina das causas e a materialidade das consequências.

O jesuíta estava ausente; e, de repente, antes de concluído o assunto, a luz se acendeu e o discípulo de Santo Inácio de Loyola voltou: fora à caixa de luz mudar os fusíveis. Era um ‘débroullard’”.

Embora eu tenha colocado aspas na historieta, não a reproduzi ipsis litteris; escrevi-a de memória, e de memória lembrei-me que temos ocupando o trono de São Pedro no Vaticano um jesuíta, o papa Francisco.

Considero-o corajoso nas suas iniciativas com a ousadia de enfrentar as dificuldades burocráticas da Igreja Católica Apostólica Romana e abrindo a janela para arejá-la para fortalece-la, arrebanhando os cristãos arredios.

Ele não vê mudanças apenas pela modernização administrativa dos conventos e das irmandades; faz uma reciclagem teológica do cristianismo, contra o machismo dominante, o moralismo hipócrita, a imposição da castidade, a renúncia ao casamento peço sacerdócio e a negação das mulheres em exercer o sacerdócio.

Suas orientações voltadas para atender os crentes que estão deixando as igrejas vazias são lições práticas para um clero conservador que olha pelo retrovisor conceitos ultrapassados.

Embora agnóstico e a-religioso, considero que o papa Francisco traz um sentido humano para a controversa e questionável ordem mística mantida num tempo em que o homem pisa em solo lunar, a astronomia busca vida no cosmos e as pessoas necessitam livrar-se de preconceitos para readquirir a fé em Deus.

Que seja um deus diferente da imagem e semelhança do homem, tipo greco-romano, de barbas e olhos tristes e precisando ser adorado continuamente.

O sábio Einstein, após afirmar que “a ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega”, considera deus como a “Alma do Universo” como Spinoza defendia, “uma energia imaterial que subtrai ilusões e superstições”.

Seria ateísmo pensar assim? ou, ao contrário, será encontrar as partículas divinas universais em tudo, nos seres viventes e na matéria inanimada?

Aldous Huxley disse que “o medo da morte, e do que vem depois da morte, que leva os homens a voltar-se para a religião, à medida que os anos se acumulam”. Conheço muitos casos assim.

Então, estejam à vontade; mas que reflitam com o ecumenismo defendido pelo papa Francisco, aproximando-se ao que Buda ensinou: “As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”

SOBRE PORNOPOLÍTICA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Muitos acharam graça, mas deixaram por isto mesmo; os estudiosos de linguística, entretanto, já propuseram a dicionarização do neologismo “Pornomímica” por mim usado ao observar gestos como aquele que Cristina Kirchner fez mostrando o dedo para eleitores de Javier Milei.

Há pessoas que não gostam de neologismos; são céticas quanto ao reconhecimento de valores literários. Felizmente se curam quando encontram razão nas gírias que o povo cria e que se desenvolvem e se multiplicam como cogumelos após as chuvas.

Não sei se é o caso de encontrarmos na zona sombria da política entre a luminosidade do bem e a escuridão do mal outro neologismo, “pornopolítica”, dedicando-o ao lado obsceno das fake news na invasão de privacidade, na indiscrição e no mexerico, publicadas nas redes sociais e reproduzidas em massa.

Este é o lado negativo das redes sociais. Não é apenas a desinformação, mas a interferência na vida das pessoas que pensam diferente da corrente divulgadora de infâmias.

O seu exemplo mais atual e palpável é o revoltante caso da jovem Jéssica Vitória Canedo, levada ao suicídio em virtude de uma notícia falsa publicada pelo perfil “Choquei”, um dos tentáculos de uma organização mafiosa de nome “Mynd”, que prestidigita tecnicamente uma rede de intrigas.

É amplíssimo o domínio da Mynd. Mantém diversos polos informáticos voltados para o entretenimento e o ativismo político, como o Garoto do Blog e Alfinetadas dos Famosos, citados em reportagens que denunciam, também, as ligações desta agência com órgãos governamentais.

Também é inegável o controle desta teia poeirenta de comunicação que serve a interesses escusos. Os mistificadores da Internet são de uma variedade incrível; reconhecemos os que agem individualmente e em grupo, incitados quando seguidores partidários ou conduzidos quando vendem a sua participação.

Todos estão enquadrados no Código Penal pelo crime de falsidade ideológica; e não vale a pena estender muito sobre as punições previstas para crimes e delitos num sistema em que muito poucos magistrados aplicam a Justiça julgando conforme a Lei, e não procurando brechas para atender a defesa de parentes advogados.

Mesmo para quem é alheado ao que ocorre à sua volta e não raciocina desta maneira, desconsiderando a fake news como criminosa, deveria vê-la prejudicial por falsear a verdade, e contribuir para a desinformação moldando o comportamento das pessoas. Muito pior, interferindo no voto do eleitorado.

Infelizmente temos lista com centenas de nomes que praticam esta delinquência e deveriam sofrer um castigo exemplar sem o chorôrô dos coleguinhas nas redes sociais e o apoio midiático dos comparsas mercenários ou ideológicos.

Talvez impulsionado pelo saudosismo, sinto que antigamente não era assim. Autores de perjúrio, fofoqueiros sobre a vida alheira, imprudentes difamadores e caluniosos eram punidos; não havia a Justiça leniente do “garantismo” salvando-os.

Tampouco tínhamos governos que os amparasse e financiasse, como se faz hoje aglomerando-os com miolos de pão das verbas públicas e atraindo-os como peixes nos aquários das bancas digitais como a Mynd.

A isto, chamo de Pornopolítica; e só vejo uma maneira de imprimir a ordem das coisas no Brasil do presente: a revisão geral da legislação por uma Constituinte, sem permitir a reeleição de políticos que ocupam atualmente cargos eletivos.

 

 

GUERRA E PAZ

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Não trato do esplêndido livro de Liev Tolstói – de quem guardo profunda admiração – dos amores romanceados por ele, de aventuras, de Napoleão na Rússia enfrentando o general Inverno; mas as consequências de uma guerra.

Como inimigo de qualquer conflito armado, faço a leitura do besteirol (outros acham caduquice) de Joe Biden, numa entrevista à CNN, afirmando que o seu governo, mesmo enfrentando o Congresso, continuará enviando armamentos, inclusive bombas de fragmentação, para a Ucrânia.

Revelou ainda que esta “ajuda” visa acabar a guerra sem contar com a unanimidade dos aliados da Otan. Disse ainda que gostaria que o apoio ocorresse para justificar uma intervenção direta contra a Rússia ao lado do governo de Zelensky.

– “Se a guerra estivesse acontecendo com um membro da Otan, estaríamos todos em guerra com a Rússia”, enfatizou Biden. O porquê destas declarações coincidem com o anúncio de que é a produção e a comercialização de equipamentos bélicos que estão salvando os EUA da recessão.

Do outro lado, esse retorno idiota à “Guerra Fria”, vimos Putin se garantir com o apoio político, diplomático, econômico e militar dos países de economia emergente e da China; e que está à espera de que cresça a insatisfação dos europeus contra o manobrismo norte-americano na Otan.

Pela fala tresloucada destes protagonistas no palco ucraniano, com o envelhecido script que revive o temor de uma guerra atômica mundial. Por eles exala o fedor nauseabundo de ameaças de uma catástrofe contra a civilização .

Esta asquerosa contaminação se espalha pelos ares do Oriente Médio quando inadvertidamente (ou criminosamente) os “duros” do Exército Israelense enviam drones sobre o Líbano ferindo a soberania do país com a justificativa de matar líderes do Hamas ali domiciliados.

Alguém já disse que este ataque  um país neutro se trata de mais um desequilíbrio fomentador de conflitos na região aonde se sedia o Hisbolá; obteve grande repercussão na Europa, e, no Líbano, Antony Samrani, editor-chefe do jornal L’Orient-Le Jour, deixou claro num editorial: “Se o Hisbolá não fizer nada, abre o caminho para mais ataques desse tipo em sua fortaleza. Mas se a reação for forte demais, abre o caminho para a guerra total.”

É preciso advertir o mundo para este perigo. Internamente no Estado de Israel já se multiplicam as manifestações pacifistas contra a fúria extremista de Netanyahu. Estes protestos deveriam ser copiados pelos amantes da Paz contra a insanidade armamentista fomentada pelo complexo Industrial-Militar dos EUA.

Igualmente provocadores de guerra, temos também no Extremo Oriente, a China e sua consideração de que Taiwan é uma “província rebelde” que poderá sofrer uma intervenção militar; e, como no caso da Ucrânia, os EUA intervêm lá, apoiando Taiwan.

Como testemunho de ações e pretensões bélicas, tivemos agora na Península Coreana, o chefe de governo da Coreia do Norte, Kim Jon-um, pedir uma prontidão militar para enfrentar uma guerra; e exigiu maior eficácia na produção de armas ofensivas. Ao seu redor, encontra-se também os EUA dando cobertura à Coreia do Sul e ao Japão.

Vemos que esta polarização planetária aumenta o perigo de uma guerra atômica mundial, que se trata Trata de uma oposição ao humanismo, à alegria, à concepção e à felicidade, tanto individuais como nacionais, em todos os povos do mundo.

Enfrentando o galope do Apocalipse, coloco-me contra a mortandade de civis e a destruição de cidades. Este cuidado leva-me a Einstein, genial físico e ainda melhor pensador lúcido e independente, que preveniu: – “A próxima guerra mundial trará uma nova arma secreta, depois da qual a arma secreta da outra guerra será uma atiradeira de arremessar pedras…”