Últimos Posts

Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem  alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo:  “Fui  eu ?”
Deus sabe, porque o escreveu. ”

Veja mais sobre “5 melhores poemas de Fernando Pessoa” em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/os-melhores-poemas-fernando-pessoa.htm

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

DO ARBÍTRIO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Líder da concentração de poder monárquico na Europa, o rei Luís XIV instalou o absolutismo na França e, como a vitaliciedade dos semideuses do STF, teve o mais longo reinado da História. De 1643 até à sua morte, m 1715.

Criou a própria alcunha de “Rei Sol”, impondo por maciça propaganda a aceitação popular desta personificação caracterizada pelo absolutismo manifestado numa frase sua que ficou famosa: “O Estado sou Eu”.

Lembremos que nos primórdios da civilização, as pessoas se sentiam na dependência dos deuses, e os sacerdotes eram intermediários entre o divino e o humano, hábito que deixou como herança para os antigos impérios reconhecer os reis como autoridade religiosa e, consequentemente a autoridade política.

Os historiadores concluem disto que a autoridade política dos reis, atribuindo-lhes, no dizer do historiador positivista Fustel de Coulanges no seu livro “A Cidade Antiga”, a condição de rei-sacerdote.

Assim foi estabelecido entre o poder e a sociedade. A civilidade e a filosofia da Grécia antiga assumiram a resistência que, mesmo com visão democrática no século 21, não encontramos no Brasil, sob o arbítrio monocrático da Suprema Corte numa postura que nos leva à Martin Luther King: “Nunca se esqueça que tudo o que Hitler fez na Alemanha era legal para os juízes daquele país”.

A História da Civilização registra que quando se estabeleceu a organização estatal sob a relação autoridade-obediência foi combatida pelo dialeta grego Anaxágoras, propondo que há uma inteligência universal que governa tudo e dá liberdade aos seres humanos para expressarem suas opiniões.

Isto não entra na cabeça de seguidores de uma ideologia distorcida, dos fanáticos cultuadores do culto às personalidades políticas, como assistimos semana passada na CNN, vendo o ministro Alexandre ser aplaudido após defender a censura.

Voltando à resistência contra o totalitarismo, tivemos também os antigos sofistas que travaram uma guerra contra os preconceitos e a obtusidade ultrapassada do poder constituído, pregando o princípio dos direitos cidadãos e de uma justiça mais racional do que submissa ao exclusivismo dos magistrados.

A arte de raciocinar e se manifestar combatendo velhos costume pelo exercício da cidadania atuando independente e livre, deve voltar a ser pensada, discutida e implantada, para garantir o autêntico exercício democrático.

No nosso caso, não devemos ser obrigados a nos submeter aos poderes instituídos se esses fugirem das prerrogativas constitucionais. Recentemente, assistimos a tentativa de nos levar à servidão das decisões particulares de alguns juízes auto-assumidos de uma autoridade que não lhes cabe.

Assim, o atentado praticado contra o “X”, penalizando 21,4 milhões de usuários da rede em consequência de um entrevero personalista e vaidoso do ministro Alexandre Moraes igualado nestes defeitos com o dono da empresa, Elon Musk, é condenável por todos defensores dos direitos humanos, da liberdade de expressão, do ir e vir, e do assumir pessoalmente a crítica e a denúncia sobre os ocupantes do poder.

É com tal opinião que vejo a semelhança do meritíssimo Alexandre – O Poderoso – e Luís XIV, e o contraste entre o rebanho defensor do arbítrio e o pensamento dos autênticos democratas.

A redemocratização saída de uma duradoura ditadura militar adotou princípios e regras essenciais para garantir a Democracia, não a democracia encarnada pela figura de um ou de uma dúzia de indivíduos, mas o regime que atenda ao impulso humano de sair da escravidão política e ideológica imposta pelas ditaduras.

Quebrando os grilhões do mando pessoal, Ulisses Guimarães expressou que a premissa de que “a Pátria não pode se tornar capanga de idiossincrasias pessoais” e um truísmo que deve vigorar: “A Nação quer mudar, a Nação deve mudar, a Nação vai mudar”.

A SAÍDA PARA O MAR DA INFORMAÇÃO E AS CONDAS DE CRÍTICAS E DENÚNCIAS –

 

Bom dia, gente! Temos o 31 de agosto com um sábado iluminado no Rio escancarando com sol e céu azul os portais do fim-de-semana de lazer e praia para quem toda durante toda semana e que gozar as delícias que a Cidade Maravilhosa oferece. “Viva a Vida!”

ASSASSINATO DA DEMOCRACIA – ONTEM, principais operadoras do país, Vivo, TIM e Claro, informaram à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que irão bloquear o acesso ao X no Brasil informaram a Anatel que o bloqueariam a partir da meia-noite, e assim se deu, or isto estamos aqui….

INCONSISTÊNCIA JURÍDICA – A empresa X já sondou executivos para assumirem representação no Brasil afim de responder inquirição de Luís XIV (“A LEI SOU EU), vulgo Alexandre de Morais; porém nenhum dos nomes consultados concordou em assumir a representação, temendo ser preso condenado pelo Tribunal de Exceção que se instalou na Democracia relativa do Brasil.

DE ERRO EM ERRO – Após constatar a ignorância sobre a Web, o ministro Alexandre Moraes (Luis XIV – “A lei sou eu”) voltou atrás e suspendeu sua ordem anterior de Apple e Google de banirem o VNP das lojas… Rsrsrsrsrs

O MUNDO VÊ O DITADOR DE TOGA – ‘Juiz poderoso’: embate entre Moraes e X repercute na mídia internacional com crítica por levar o Brasil para o execrável campo das ditaduras que matam a Liberdade de Expressão

CONSTATAÇÃO – Carlos Andreazza: “Censura prévia ordenada por Moraes é o STF contra a liberdade de imprensa”

CALAR O POVO PARA NÃO SE FALAR MAIS NISTO – Governo Lula propõe alta de tributos sobre empresas e acionistas e prevê arrecadar R$ 21 bi em 2025 para gastos com a demagogia populista e “sobrar algum” para matar a sede de propinas dos lulopetistas

DA VIDA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Por mais forte que seja a crença numa divindade, creio ser impossível as pessoas normais acreditarem na fábula de Adão e Eva do Velho Testamento, as Mil e Uma Noites do judaísmo. É adotada pela ortodoxia judaica e seguida cegamente pelo cristianismo católico e protestante.

Essa historieta atrapalha qualquer compreensão lúcida, a não ser pregada pelos fariseus hipócritas citando o Gêneses, em que Deus aparece ordenando que se faça o homem à sua imagem e semelhança para que frutifique e multiplique-se, e encha terra, e sujeitando-a.

Também no Gêneses 2,19 encontramos que Adão foi formado por a partir do pó da terra recebendo de Deus o sopro da vida e ganhando também a mulher, Eva, feita da própria costela dele, para ser sua companheira.

O fato de Adão ter sido formado a partir do pó explica o seu nome, que em hebraico ( אָדָ, Āḏām) significa “homem” ou “terra vermelha” e Eva, também em hebraico, (HaVVah), significa “mãe dos sobreviventes”. A gente aprende em criança a história deste curioso casal até a sua expulsão do Jardim do Éden….

A minha louvação à vida vem por outro lado. Tenho informações sobre a sua origem, a partir da poeira e do gás que orbitavam o Sol há 4,5 bilhões de anos, e cm ela se iniciou a Pré-História do planeta Terra, coberta de um oceano de rochas em ebulição e enxofre líquido na chamada Era Hadeana (de hades, inferno).

Desde então, pelos registros fósseis os estudos científicos apontam a existência de organismos vivos a 3,5 bilhões de anos; e, ao consolidar-se a superfície do planeta na Pangeia, viu-se a presença molecular dos termófilos modernos, cuja ramificação na árvore filogenética evidencia o surgimento da vida primitiva na Terra.

Assim, desde a formação do Planeta e a sua evolução, sabe-se que as eras geológicas trouxeram mudanças e eventos desde o surgimento dos processos químicos chamados de “sopa primordial”, composta de átomos de carbono, nitrogênio e oxigênio na forma de metano, amônia e água.

Ao atingir a segunda metade do Período Terciário que se estendeu por 66,4 e -1,6 milhões de anos tivemos, pelas condições naturais, o surgimento dos primeiros pitecantropos, a transição entre o macaco e o homem; e nos finais da Era Cenozoica o período mais recente, o quaternário, que dura até hoje, apareceram os neandertais – o homo habilis, que viveu há 2,4 a 1,5 milhões de anos.

Por fim, com a extinção dos neandertais surgiu na África há cerca de 200 mil anos o Homo Sapiens dando origem da humanidade tal como conhecemos hoje.

Assim caminha historicamente a espécie humana desde o Mundo Antigo, registrando a sua evolução cultural com a escrita dos sumérios, a arquitetura dos egípcios, os números fenícios, a filosofia e a geometria dos gregos antigos, a organização estatal dos romanos, a astronomia dos maias e a medicina dos árabes.

Evoluindo, tivemos o registro das guerras de conquista, a escravidão, a cooptação imperial do cristianismo primitivo, o feudalismo medieval, a Inquisição, a transição das monarquias para as oligarquias, a Revolução Francesa e a Guerra de Independência dos EUA.

Contemporaneamente, entrando no século 21 com todo avanço científico e tecnológico, com a conquista do espaço sideral e com a visão filosófica despida de preconceitos, há quem combata o evolucionismo humano proibindo o ensino do darwinismo em vários países, e diversos estados norte-americanos….

Este obscurantismo religioso sectário vive também no Brasil movido por negacionistas da Ciência; os mesmos que combatem a livre expressão do pensamento e transformam sectários religiosos do atraso, numa força política.

Agora mesmo vemos os populistas corruptos do lulopetismo, que se assumem como “esquerda”, rastejando em templos evangélicos à cata de votos, igualando-se aos corruptos da “direita bolsonarista”, que farejam vantagens com a idiotia ultrapassada das seitas fundamentalistas.

Como fruto da sua genialidade, Einstein disse que “a ciência sem a religião é manca, e a religião sem a ciência é cega”; o Cientista acompanha a clarividência de Spinoza mostrando que “não podemos imaginar Deus; apenas admiti-lo como a ‘Alma do Universo’”.

Na sublime visão do Deus-Natureza de Spinoza encontra-se, com razão, a origem da Vida e de nós humanos.

 

 

DAS PROFISSÕES

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Quando as hordas primitivas de caçadores e coletores se fixaram à terra plantando e domesticando animais, criaram a necessidade de estabelecerem profissões para servir à coletividade.

Apareceram algumas especializadas, como carregadores, carniceiros, tecelões(lãs), cozinheiros(as), pastores, pedreiros e semeadoras. Quando a evolução dos clãs e tribos atingiram o status de sociedade estruturada sob uma ou mais chefias, surgiram novas atividades definindo outras ocupações; assessores, costureiras, construtores, barbeiros, marceneiros, metalúrgicos, policiais e soldados….

A religião, esteve sempre presente pelo medo à escuridão noturna, dos pesadelos que geravam superstições, a curiosidade e o temor pelos fenômenos climáticos e a observação dos astros.

Com isto, tiveram o seu lugar entre as profissões, intérpretes da fenomenologia, conselheiros, curandeiros, pajés, sacerdotes e xamãs, profissionais da fé impondo-se como intermediadores das divindades reverenciadas com seus fiéis….

Por fim, a Nação e o Estado burocratizados, mantiveram imperadores, reis, ministros, hierarquia judiciária, hierarquia militar e um funcionalismo cortezão estruturado.  No centro de todas movimentações administrativas vieram advogados, escrivães, contadores e os aproveitadores e oportunistas malandros: os políticos.

Hoje, entre todas as atividades estatais e governamentais, temos o político, atuando como um gigolô para seduzir as massas pela oratória, ou apoiando-se no manobrismo partidário para defender interesses grupistas.

Isto a História Mundial registra. O “Político”, como verbete dicionarizado, enquadra-se em duas classes: pode ser substantivo, indiferente de gênero, significando a pessoa pretensamente responsável pela ordem social, representando o povo; e/ou é um adjetivo, indicando ou se referindo ao que diz respeito à política.

Tido e havido como um inócuo alheado da realidade em que viveu, Ronald Reagan desmentindo esta versão, foi genial na sua definição da política: – “É supostamente a segunda profissão mais antiga. Vim a perceber que tem uma semelhança muito grande com a primeira”. (Esta última, como todos sabem, é a prostituição).

No Brasil pode até se obedecer à classificação gramatical, mas quando se trata da cidadania, define-se o político como um indivíduo que goza privilégios incríveis; tornou-se profissional, aposentando-se com regalias; gozando vantagens corporativas, viagens, tudo mantendo um foro privilegiado e estendendo as benesses à família.

Para exercer essa “profissão” não precisa de estudo nem qualquer qualificação; mas não se pode negar que existem políticos por vocação e, quando não se degeneram, distinguem-se da imensa maioria que somente busca obter privilégios.

Aquela definição clássica da “arte de governar” – passa longe dos políticos brasileiros -; não vemos princípios nem ideologia entre eles. São governistas com o objetivo de se locupletar ou são oposicionistas por terem sido derrotados em eleições, perdendo prerrogativas e serventias que os prejudicam nas suas bases eleitorais.

Olhando pelo ângulo da Filosofia Política, vemos a desfiguração da política por culpa dos próprios políticos, e, levando em conta a Ciência Política, assistimos à formação de bolhas desvinculadas da realidade.

Não me lembro que já contei em artigo a curiosa alegoria que cai como uma carapuça na cabeça dos nossos parlamentares, vereadores, deputados e senadores, e agora dos ministros togados do STF que se assumiram como políticos. É a definição de Arthur Balfour, conservador britânico que foi Primeiro-Ministro do Reino Unido de 1902 a 1905; ele era um crítico acerbo dos círculos do poder nos Estados Unidos e fantasiou a formação dos políticos de lá.

Pelo comportamento individualista dos parlamentares ianques, satirizou-os com uma anedota sobre a formação deles no “way of life” vigente em Washington. Criou a ficção de um rico pai americano que preocupado com o futuro do seu primogênito ofereceu-lhe sugestões através de um teste para ajudá-lo a se definir.

Trancou-o no quarto, deixando lá uma Bíblia, uma maçã e um cheque, pensando: ‘se o encontrar lendo a Bíblia, o estimularei a tornar-se pastor; se ele admirar a maçã, lhe darei uma fazenda para que se torne um agricultor; se estiver examinando o cheque farei dele sócio de um banco’.

Ao fim do tempo suficiente para ver o resultado da experiência, o ricaço adentrou no quarto e viu que o rapaz embolsara o cheque e comia a maçã sentado na Bíblia. Então, o fez político.

DOS SERMÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br),

“Dicit ei iesus ego sum Via, Veritas et Vita” (Disse Jesus: ‘eu sou o caminho, a verdade e a vida’). “Assistindo o desenrolar de uma aplicação capenga da Suprema Corte, vejo que o TSE tem realmente o poder de polícia; que as investigações sobre ações criminosas devem encontrar um meio de comprová-las; só não concordo como encobrir o crime de usar a “criatividade” para justificar condenações”. Assim pregaria o padre António Vieira, se vivo fosse.

Sou assíduo leitor dos sermões de Vieira. As suas prédicas enriquecem o nosso conhecimento do idioma castiço e possuem uma impressionante descrição da realidade vivida e projetada por ele para o futuro, como encontramos na sua “História do Futuro”.

Entre as corajosas homilias contra a injustiça, vemo-lo caminhar com o bastão da verdade, defendendo a vida dos indígenas brasileiros escravizados por conquistadores, dos judeus perseguidos pela Inquisição e dos injustiçados em geral por manterem costumes, ideias e anseios de liberdade.

Na Missa, Vieira executava com habilidade e beleza a Liturgia da Palavra, discursando para os crentes, tanto no Brasil como em Portugal, com temas sobre a meditação herdados do Velho Testamento judaico e das passagens evangélicas.

O grande Pregador faz falta nos dias tempestuosos de hoje que ameaçam o caminho, a verdade e a vida. A sua doutrina, sacramentada do púlpito, nos ajudaria a combater os horrores da malversação do dinheiro público, da ânsia populista por um regime totalitário, e da irrefutável injustiça praticada pela magistratura.

E a pior expressão do mal está na compra de consciências pelo poder constituído, corrompendo a vocação política de muitos e avalizando a impunidade de criminosos em troca de “favores”. Isto nos leva a refletir com o Marquês de Lavradio: “Aqui, não há nada que não se venda, de cousas a almas, de gente a favores”.

É por este prisma que contemplamos a realidade nacional, que entreabre uma terrível e abjeta conjuntura que associa os três poderes da República. Uma desventura que se abate sobre os autênticos patriotas, defensores da Democracia e da Liberdade.

A prosa sermonista é diferente do discurso político. O sermão tem um objetivo moral e a manifestação política pode ser, dependendo do seu autor, somente promessas de honradez e de justiça na demagogia fabulosa que oculta inclinações corruptas e corruptoras.

Tais contradições e dubiedades não são difíceis de encontrar. Enquanto falta um religioso como foi dom Hélder Câmara, arcebispo de Recife e Olinda durante a ditadura militar, multiplicam-se os picaretas da política que legislam em causa própria como fizeram com a anistia aos partidos políticos contraventores.

Falta-nos um Sermão da Sexagésima, que esclareceria os analfabetos políticos e, quem sabe, despertaria o que pode haver de bom nos fanáticos cultuadores de personalidades políticas…

O padre António Vieira, ressurreto, utilizaria a prosa sacra para enfrentar o dragão da maldade que se instalou no poder da nossa República. Das rasteiras ameaças ao Estado Democrático de Direito ao garantismo jurídico hipócrita que favorece a corrupção.

Nesta circunstância, apelamos para o Evangellii Gaudium, livro do papa Francisco acerca do sermão. Diz ele que a homilia não deve ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos midiáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração.

Assim, mais do que lições de exaltação do Bem e da Verdade, os sermões devem voltar ao caminho da vida, combatendo a transformação do Governo numa escola do crime e negando à Justiça a abjetas injustiças das sentenças monocráticas trazendo, por baixo da toga, uma camiseta partidária.

DOS FASCISMOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Antes de mais nada é preciso esclarecer que o fascismo não tem nada a ver com as “direita” e a “esquerda” definidas e consagradas historicamente pela Revolução Francesa. O fascismo, como sistema de governo, teve no século passado com uma diferença entre o stalinismo soviético e o mussolinismo italiano; na URSS pelo internacionalismo marxista e, na Itália de Mussolini, pela proposta de Mussolini de um socialismo nacional.

Na Rússia czarista os bolcheviques empreenderam uma “revolução progressista” e na Itália o “Risorgimento” propôs uma “revolução conservadora”; ambos, porém, foram críticos do capital que explorava a industrialização atrasada dos seus países, e atuando numa espécie de relação com os proprietários rurais.

Ao alcançar o poder, as duas “revoluções” sofreram inicialmente a incapacidade de encontrar uma identidade da proposta teórica com a realidade. Na URSS, decretou-se a extinção da propriedade privada e os proprietários (kulacs) foram obrigados a deixarem suas terras que passaram a pertencer ao Estado.

Na Itália formou-se uma aliança entre os grandes proprietários feudais do Sul o que proporcionou a realização da venda pública dos bens da Igreja Católica, o quê, na prática política, tornou transparente a semelhança programática do Partido Fascista e dos Socialistas Revolucionários na Rússia.

Finda a Primeira Grande Guerra (1914-1918) a Revolução Bolchevique despertou esperanças para os trabalhadores do mundo inteiro; estas, porém, foram desfeitas com a morte de Lênin decepcionando os intelectuais revolucionários e repercutindo entre os socialistas italianos que racharam, levando à formação do Partido Comunista.

Assim, enquanto socialistas e comunistas digladiavam, os italianos foram atraídos pela proposta da “Unione Socialista Italiana”, de um “socialismo nacional”, substituindo o conceito da luta de classes pelo conceito de pátria-nação. Criou-se desta maneira uma aproximação com a dissidência socialista “Unione Italiana del Lavoro”.

Este revisionismo foi divulgado no jornal do Partido Socialista Italiano, o “Avanti”, pelo jornalista e agitador Benito Mussolini, defendendo a formação de uma “santa vingança popular”, como escreveu Robert Paris no seu livro “As origens do Fascismo”.

O PSI então expulsou Mussolini do jornal e ele fundou o “Popolo d’Itália”, que chamou de “o diário dos combatentes e dos produtores”; dali passou a patrocinar uma posição “antipartido”, com o quê recebeu milhares de adesões.

Contando com o apoio de antigos sindicalistas revolucionários, Mussolini propôs uma medida extrema, reconhecendo a “capacidade do proletariado em dirigir diretamente a fábrica”; e, após a formação de conselhos de trabalhadores, iniciou hipocritamente uma campanha entre amigos e simpatizantes para formar os “fasci di combattimento”, semente do Partido Nacional Fascista.

Na URSS, Josef Stálin assumiu o comando geral do partido e do governo na URSS, eliminando seus adversários através de processos fraudulentos, levando o ex-ministro da defesa de Lênin, León Trotsky, a fugir para o exílio, denunciando-o como traidor e a instalação de um governo atrabiliário, policialesco, totalitário e violento.

O desvio da revolução leninista serviu de lição para Mussolini já ocupando o governo italiano, após a marcha dos “camisas negras” sobre Roma em 1922, para determinar o fim da democracia liberal.

Iguais ao stalinismo, os fascistas aparelharam o Congresso, a Justiça, o Exército e a Polícia, controlando todas as instituições o Estado, e se apoiaram numa burocracia partidária; sob o pretexto de acabar com os antagonismos sociais também eliminaram os seus oponentes.

Desta memória histórica vemos que as duas posições foram apenas ditatoriais e não “direitistas” ou “esquerdistas”; ambos são fascistas no mesmo alinhamento adotando a ideologia autocrática inseparável dos ditadores.

Encontramos similitudes no Brasil com os exemplos históricos que descrevemos, tendo de um lado, os fascistas de Bolsonaro, e do outro, o fascista Lula, ambos populistas corruptos alinhados com as teocracias do Oriente Médio, as ditaduras africanas e o ditador Maduro.

Assim, implantaram no país a imunda polarização dos fascismos vermelho e negro, um dependendo do outro na alternância do poder…

DA NEGAÇÃO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

É preciso não confundir negacionismo e negativa; o negacionismo investe contra algo que tem evidência, e a negativa é a recusa e rejeição ao que está errado. A família da negação tem um verbete forte, o Nego, que está na bandeira da Paraíba.

O “Nego” compôs um discurso do ex-governador da Paraíba, João Pessoa, recusando-se a aceitar a continuidade da aliança “Café com Leite” que alternava os estados de São Paulo e Minas Gerais no poder.

Uso o efeito do Nego explícito e conclusivo para Lula e os seus comparsas de falarem sobre Democracia e Liberdade, quando apoiam a ditadura sanguinária de Maduro, na Venezuela. Esta posição infame deles de nada vale para a cidadania brasileira e o coração nacional.

Só os idiotas se recusam a denunciar um regime baseado na fraude e na violência; só pessoas muito estúpidas acompanham o lulopetismo pelo fanatismo a algo que não mais existe, a promessa de igualdade e liberdade nos palanques eleitorais e foi traída após a assunção ao poder pelo lulopetismo.

“Nego” a quem se diz “de esquerda” – configurada na Revolução Francesa como libertária – o direito de se assumir como herdeiro de Danton, Herbert e Marat líderes da luta contra os monarcas, aristocratas e oligarcas levantando a flâmula da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

“Nego” a quem defende um regime totalitário que subjuga e infelicita um povo; executor de prisões injustas e os assassinatos de quem se manifesta pacificamente.

É preciso ficar clara a nossa defesa das correntes de opinião que se confrontam com a que pregamos; que sejam livres os que pensam diferente de nós; mas condenamos os que adotam mentiras para divulga-las.

Contra a mentira e a fraude a nossa decisão é freá-las com a necessária e urgente rapidez para que não semeiem o mal.

Não é coisa nova; fizemos isto condenando os anteriores governos lulopetistas que se encerraram com o impeachment de Dilma e repetimos nosso combate no governo Bolsonaro que findou melancolicamente pelo desprezo popular.

Está mais do que provado que Lula e Bolsonaro são iguais, mantendo a pobreza e o analfabetismo com uma política que só funciona em proveito próprio, ajudando corruptores para usufruir propinas nos paraísos fiscais.

Gozando devotadamente dos privilégios que a legislação leniente e os tribunais aparelhados, Lula e Bolsonaro praticaram e praticam no governo a corrupção, estendendo aos filhos o segredo dos truques para driblar críticas e denúncias.

A Nação assiste estupefata a duplicidade de Lula que assume através dos bonzos que dirigem o seu partido, o PT, a defesa da ditadura Maduro e, disfarçadamente, pondo em dúvida a fraude praticada pela ditadura venezuelana.

Esta imunda posição – que desconfiamos vai além da ideologia, mas pelas práticas corruptas conhecidas por Maduro – trouxe dialeticamente uma boa coisa: separou na esquerda brasileira o joio do trigo.

Partidos e políticos, mesmo alguns parlamentares “de esquerda”, discordam do posicionamento servil adotado por Lula e os bezerros de presépio que o apoiam.

Heráclito, na antiga Grécia enunciou que “não se pode entrar duas vezes no mesmo rio, porque as águas se renovaram e a pessoa já não é a mesma”; e com esta contribuição dialética, filósofos modernos como Descartes, Diderot e Spinoza, encontraram os elementos da dialética pela negação da negação.

Seria injusto negar que a dialética como método de análise foi desenvolvida por Hegel, de quem Marx e Engels se aproveitaram para desenvolver o materialismo dialético, e, com a lógica e a teoria do conhecimento forneceram as ferramentas que nos permitem observar o comportamento dos governantes e julgá-los.

DAS MÁGICAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Aprendi que para falar de mágica deve-se distingui-la da alquimia, a parteira da química moderna; embora ambas contrariem as leis da Natureza. Uma é exercida pelo ritual do ilusionismo e dos truques obtidos na prestidigitação, e a outra é relacionada pela busca e descoberta de valores materiais e vitais

A magia é a arte de criar a ilusão por meio de agilidade motora das mãos ou da desatenção para iludir os espectadores. Confundir a aplicação da magia com o empreendimento alquímico foi coisa de Louis Pauwels e Jacques Bergier na sua introdução ao realismo fantástico com o livro “O Despertar dos Mágicos”, de 1960.

Uma leitura no livro leva-nos a um caminho sem volta, porque fascina e faz pensar. Entre suas afirmações traz Isaac Newton e a sua famosa frase em resposta a um elogio: – “Se vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”. Segundo biógrafos e estudiosos da vida do físico inglês a referência leva aos antigos sábios da Grécia e de Roma, principalmente Aristóteles, de quem Newton guardava profunda admiração.

Temos também a curiosa diretriz de Bergier com vista aos alquimistas, suas pesquisas ocultas e o silêncio em torno das descobertas; refere-se a uma carta de Eugène Canseliet dizendo que – “Se existe um processo que permite fabricar bombas de hidrogênio num fogão de cozinha, é francamente preferível que esse processo não seja revelado”.

Canseliet afirma que não é uma fantasia, nem gracejo, afirmando que “estou em boa posição para afirmar que é possível atingir a desintegração atômica partindo de um mineral relativamente comum e barato”.

Antecedeu à ficção cinematográfica dos transportes no tempo inventados e usados por Emmett Brown (Christopher Lloyd) no filme “De Volta para o Futuro”, protagonizado ao lado de Marty McFly (Michael J. Fox). A primeira máquina do tempo do doutor Brown foi acionada com o plutônio roubado de terroristas líbios e finalmente abastecida com o lixo das residências….

Isto, evidentemente, tanto no cinema como nos laboratórios, a alquimia não se trata do encanto da magia e dela só tem em comum ser praticada às escondidas e seus métodos mantidos sob sigilo.

É o sigilo respeitoso das pesquisas científicas sobre os fenômenos produzidos pela Natureza, ao contrário dos sigilos decretados pelos políticos corruptos quando ocupam o poder como se viu no Governo Bolsonaro e agora no Governo Lula, que polarizam na ilusória mágica eleitoral do populismo.

Isto temos assistido revoltados no desenrolar da política brasileira que parece ter como combustível a lama pútrida dos esgotos, a manipulação da propaganda e fake news, cujos objetivos levam Lula e Bolsonaro à ocupação do poder.

As práticas que deslumbram os fanáticos cultuadores de personalidades são inexplicáveis; viveram nos tempos sombrios de Mussolini, Hitler e Stálin, e renascem hoje adorando os populistas corruptos, apesar de conhecer as suas ações indecorosas e alcances criminosos aos bens públicos….

Quem se relaciona com a honestidade, com a justiça perfeita e o autêntico patriotismo foge dessas figuras imundas. Defendem o humanismo, a paz e a solidariedade seguindo o princípio básico da mágica que reza ser fundamental que não se deve repetir a ilusão criada.

Quem é verdadeiramente patriota, defensor da Democracia e da liberdade não apoia ditaduras, principalmente agora consciente das fraudes e da violência que caracterizam a ditadura Maduro, opressora do povo venezuelano.

Somos aqueles que reverenciam apenas as palavras mágicas, que são: “Bom dia; Boa tarde; Boa noite; com licença; Desculpe; Obrigado; Perdão e Por favor”.