RESISTÊNCIA

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“O mais forte nunca é suficientemente forte para ser sempre o senhor, senão transformando sua força em direito e a obediência em dever” (J.J. Rousseau)

Para enfrentar a injustiça, o jurisconsulto patriota e sobretudo corajoso, Rui Barbosa, escreveu que “Quem não luta pelos seus direitos, não é digno deles”. Seguindo este nobre ensinamento, não posso calar diante da injustificável (sem trocadilho) ação do STF, julgando notórios corruptos sem punição para eles…

Nesses tempos sombrios que atravessamos, há pessoas que creem e, com singeleza, apelam para as Forças Armadas esquecendo-se que os generais se calaram e se omitiram diante do descalabro criminoso nos governos lulopetistas.

Por diante, como sou convicto de que o povo brasileiro é pacífico, mas não é covarde, enxergo somente a desobediência civil como saída para a crise institucional que atinge e apodrece os três poderes da República.

A hora é agora. É inaceitável que o STF absolva a corrupta Gleise Hoffmann, mesmo com os ministros que a absolveram reconhecendo práticas corruptas dela e dos seus companheiros de processo, igualmente livres de punição.

Vamos à luta. A desobediência civil não é coisa nova. Platão, seguindo o pensamento do seu mestre Sócrates, já ensinava em 400 a/C, a desobediência às leis injustas; e, mais tarde, Jesus Cristo pregou a não violência, como resistência à dominação romana e aos fariseus colaboracionistas com seus impostos escorchantes.

Nos tempos modernos, esta resistência foi inspirada por grandes figuras históricas como Thrudeau, Ruskin, Tolstói e Gandhi; e o exemplo mais recente de Martin Luther King.

Gandhi nos deixou uma doutrina, a “Força da Verdade” – satyagraha – satya no sentido de “força”, e graha, no sentido de “verdade”. Luther King e seus seguidores da resistência não violenta, enfrentaram os poderosos racistas, em defesa dos oprimidos que inicialmente nem sequer se aperceberam disto. E é assim que vai se desenrolar a nossa luta, pacífica, não por covardia, mas pela disposição dos corajosos, defrontando-se com o poder político (e armado) e uma população indiferente.

No começo seremos poucos, como ocorreu na preparação das grandes manifestações de 2013. Lembro-me que tuiteiros ativistas nos historiaram os primeiros que se reuniam no saguão do Masp, em São Paulo. Então, foram poucos presentes, mas terminaram levando milhões às ruas.

Nossa coragem será demonstrada em organizações abertas, do tipo as “Brigadas de Paz” como Gandhi criou; nenhum resistente deve se acobertar em sociedades secretas ou atuar em grupos mascarados, mas participar abertamente dos protestos pacíficos.

A experiência mostra que as brigadas devem ser pequenas associações de pessoas afins e de mútuo conhecimento; devem também ser eficientes como um time de futebol, com os participantes jogando técnica e harmoniosamente.

Todos resistentes devem se unir com o único objetivo de conquistar a reforma ampla, geral e irrestrita dos poderes constituídos por não corresponderem aos sagrados deveres de respeitar as leis e servir aos interesses nacionais.

Por uma questão de princípio, a resistência é o amor à Justiça boa e perfeita; e seu objetivo é combater com manifestações pacíficas e críticas o descrédito dos ministros do Supremo Tribunal Federal que absolveram indiciados comprovadamente corruptos.

A guerra de guerrilha não armada contra a mídia comprada, partidos comprometidos com a corrupção e seus tentáculos dissimulados como “movimentos sociais” deve ter batalhas em todos os setores de convivência, nos supermercados, farmácias, bancos e transportes públicos.

Para isto, alertamos a todos, repetindo uma consideração importante de Sakharov, o grande resistente contra a tirania stalinista na finada União Soviética: “Não importa quão pequeno pareça o começo; o que é bem feito uma vez, será bem feito para sempre…

 

 

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