Arquivo do mês: abril 2015

Hilda Hilst – Poemas

Lobos? São muitos.

Mas tu podes ainda

A palavra na língua

Aquietá-los.

Mortos? O mundo.

Mas podes acordá-lo

Sortilégio de vida

Na palavra escrita.

Lúcidos? São poucos.

Mas se farão milhares

Se à lucidez dos poucos

Te juntares.

Raros? Teus preclaros amigos.

E tu mesmo, raro.

Se nas coisas que digo

Acreditares.

Saiba mais sobre Hilda Hilst aqui

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Tim Maia – Eu amo você

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Chamadas de capa das revistas semanais

Veja

Capa –  Espécie em extinção?: Dois tesoureiros presos, um ex-presidente acuado, uma presidente que terceirizou o poder, bancadas parlamentares envergonhadas e um escândalo atrás do outro. Nem o PT resiste.

Época

Capa – Os papéis secretos de Palocci: Sem comprovar qualquer serviço e até sem contrato, a consultoria do petista recebeu milhões quando ele coordenava a campanha de Dilma Rousseff em 2010.

ISTOÉ

Capa – Vaccari, o tesoureiro – 10 anos de corrupção: Por uma década ele desviou dinheiro para os cofres do PT, segundo investigações da Lava Jato. Agora sua prisão compromete o partido e aproxima o escândalo do Petrolão da presidente Dilma.

Carta Capital

Capa –  O efeito Vaccari: A prisão do tesoureiro do PT reacende a campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff.

ISTOÉ Dinheiro

Capa – As marcas mais valiosas do Brasil: Skol é tricampeã e Facebook chega ao topo do ranking Dinheiro/Millward Brown Vermeer das marcas mais poderosas do país.

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Lenta e Gradualmente

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

De vez em quando é preciso teorizar, e o momento nos obriga a refletir sobre a marcha lenta e gradual e invisível do lulo-petismo para a implantação de uma ditadura narco-populista no Brasil. É mais um improviso intelectual arremedando a triste experiência do chavismo.

O projeto de 20 anos de poder do corrupto José Dirceu é a base da linha totalitária detectada pelos que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. Foi elaborado sob a teoria do professor Michael Ross exposta no seu livro The Oil Curse, de que o dinheiro do petróleo tende a formar ou ajudar regimes autoritários; e assim nasceu o Petrolão.

Assim perpetrou-se o assalto à estatal do petróleo – o um orgulho nacional –, com este fim. Foi a “expropriação” do Estado pelo Governo; e tudo ia dando certo, não fosse a ganância dos pelegos usurpando os bilhões de dólares desviados na compra de refinarias, investimentos nos exterior e das triviais propinas revelada pela Operação Lava-Jato.

Não foi, porém, apenas a ação do MPF e da PF que abortou o golpe lulo-petista, contribuiu para isto a ruína do PT-governo pela incompetência administrativa e a inaptidão política de Dilma. E Lula sabia disso esperando o fracasso dela no primeiro mandato, quando voltaria nos braços do povo como “salvador da pátria”. Um milagre do além impediu seu diabólico plano, pois a queda só ocorreu após a reeleição.

A pilantragem dos pelegos, mesmo sem os petrodólares, manteve o projeto, agitando os despreparados subchefes do PT (com poucas exceções). Assim, as bases assumiram a barulheira; a turma do “queima” do MST e derivados, UNE, CUT e partidos satélites é usada pela hierarquia para cumprir o programa.

Os dois primeiros passos já foram dados: A ideologização do Itamaraty, desmoralizando o Brasil no concerto das nações; e o sucateamento das forças armadas. A redução e cortes de verbas no Orçamento para os dois importantes órgãos espelham isto.

Já desarmaram os cidadãos de bem, mas ainda faltam o controle da Polícia Federal e a desmilitarização das polícias militares, que são atacadas ferozmente como violentas, racistas e elitistas e usadas contra a juventude, os negros e a pobreza periférica. A propaganda contra as PMs é maciça e felizmente inócua até agora. Mas se conseguirem fazê-lo, o resto fica fácil.

Tentaram impor as idéias nefastas do plebiscito e da Constituinte exclusiva que fracassaram, e agora trabalham por uma reforma política para reduzir o Poder Legislativo pela predominância dos conselhos políticos, baseados nos sovietes da triste experiência russa.

Culpam a mídia por isso, insistindo em controlar a imprensa em nome de uma “democratização” baseada nos exemplo do jornal único, oficial, de Cuba, o Granma, e repugnados. Como não mais conseguem mobilizar as massas denunciam as manifestações da resistência popular como dirigidas pela CIA…

Por fim investirão para submeter a economia ocupando o Banco Central e a Bolsa de Valores para usá-los como já fazem no BNDES, transformado em lavanderia a céu aberto para lavar nosso dinheiro ao sabor de interesses externos.

Interrompidas as propinas da Petrobras, dos fundos de pensão e outros órgãos de governo sob vigilância da mídia e do Ministério Público, investem no aparelhamento do governo, a cooptação dos movimentos sociais e armar “o exército de Stédile”.

No plano cultural, distribui-se a teoria gramscista embrulhada no papel celofane do besteirol de frei Boff e Marilena Chauí, os “clássicos” do narco-populismo petista, ditos “de esquerda”. A mal amada Chauí revela histericamente de cátedra o seu ódio à classe média; Boff aplica sua esquisita dialética na tese de que as massas que ocupam as ruas contra Dilma são movidas pelo ódio contra o PT pela perda das últimas eleições.

O demais intelectuais chapas-branca, que cultuam o analfabetismo e a esperteza de Lula, com habilidade para se apropriar dos bens públicos, acompanham por tarefa esses espectros da vanguarda da retaguarda. Os marxistas dos Irmãos Marx.

Embora ridículos não devem ser subestimados; são desprezíveis, no entanto muito perigosos. Estão armados do amoralismo, do desprezo pela ética e da viseira cavalar que só lhes permite enxergar o partido em prejuízo do Brasil.

Os golpistas avançam lenta e gradualmente, mas enfrentam a poderosa reação dos patriotas brasileiros, acima dos partidos, religiões ou adesões filosóficas; e o povo unido jamais será vencido!

 

Manuel Bandeira

VULGÍVAGA

Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!

Não sei entre que astutos dedos
Deixei a rosa da inocência.
Antes da minha pubescência
Sabia todos os segredos…

Fui de um… Fui de outro… Este era médico…
Um, poeta… Outro, nem sei mais!
Tive em meu leito enciclopédico
Todas as artes liberais.

Aos velhos dou o meu engulho.
Aos férvidos, o que os esfrie.
A artistas, a coquetterie
Que inspira… E aos tímidos  o orgulho.

Estes, caço-os e depeno-os:
A canga fez-se para o boi…
Meu claro ventre nunca foi
De sonhadores e de ingênuos!

E todavia se o primeiro
Que encontro, fere toda a lira,
Amanso. Tudo se me tira.
Dou tudo. E mesmo… dou dinheiro…

Se bate, então como estremeço!
Oh, a volúpia da pancada!
Dar-me entre lágrimas, quebrada
Do seu colérico arremesso…

E o cio atroz se me não leva
A valhacoutos de canalhas,
É porque temo pela treva
O fio fino das navalhas…

Não posso crer que se conceba
Do amor senão o gozo físico!
O meu amante morreu bêbado,
E meu marido morreu tísico!

Biografia de Manuel Bandeira aqui

Carlos Drummond de Andrade

Combate

Nem eu posso com Deus nem pode ele comigo.
Essa peleja é vã, essa luta no escuro
entre mim e seu nome. 
Não me persegue Deus no dia claro.
Arma, à noite, emboscadas.
Enredo-me, debato-me, invectivo
e me liberto, escalavrado.
De manhã, à  hora do café, sou eu quem desafia.
Volta-me as costas, sequer me escuta,
e o dia não é creditado a nenhum dos contendores.
Deus golpeia à traição. 
Também uso para com ele táticas covardes.
E o vencedor (se vencedor houver) não sentirá prazer
pela vitória equívoca.

Biografia de Drummond aqui

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À mão armada

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Os brasileiros estão sendo assaltados à mão armada. Apoiados no “Exército de Stédile” os lulo-petistas, com a pressa de quem rouba, esvaziam os cofres do Erário e, não satisfeitos em criminalizar o governo e a política, montam um esquema de impunidade aparelhando o Supremo Tribunal Federal.

Com a recente prisão de João Vaccari Neto, determinada pela Justiça e executada pela Polícia Federal, emerge do mar de lama que inunda o País a atuação criminosa de um dos mais importantes hierarcas do PT, secretário de finanças do partido. Marx mostra a importância de Vacari, quando escreveu: “Quem controla a economia, controla o político e o social”

Assentado nos mais puros princípios do Direito Positivo, a decisão do juiz Sérgio Moro atendeu à denúncia do Ministério Público Federal que revela o tesoureiro do PT como o ativo operador da sigla nos desvios de verba apurados na Operação Lava Jato na Petrobras. É apontado em cinco depoimentos de delação, e um deles, ligado à empresa Toyo Setal, diz que recebeu orientação de Vaccari a repassar propina para uma gráfica ligada a sindicatos da CUT.

Levar Vacari à cadeia transpõe o imaginário popular e adentra de chofre na realidade nacional. Surpreendeu o PT-governo, o partido e seus satélites, estarrecendo a sociedade; ouvi relatos do entregador de compras de supermercado, de um motorista, do porteiro do edifício e de um conselheiro da OAB.

A bomba explodiu na cena televisiva, registrando o semblante entristecido da comentarista Cristiana Lobo, e também na opinião de colunistas da chamada “grande imprensa”. Enlutou os petistas que emudeceram nas redes sociais.

Uma nota cuidadosa da direção do PT, reunida às pressas, criticou a decisão judicial, considerando a ação policial “desnecessária”. Não faz a autocrítica por ter subestimado o envolvimento de Vacari na movimentação de recursos investigada pela Operação Lava Jato.

Por outro lado, o juiz Sergio Moro justificou a prisão ao dizer que, se ficasse solto, Vaccari teria influência para continuar praticando crimes ou atrapalhar investigações que envolvem até parentes do petista, refletindo sua clareza. A medida é aplaudida pela opinião pública e até aceita pelos militontos fanáticos, que assumindo a ilegalidade, consideram uma “prisão política”.

Esta cena policial se encerra. A seguir abre-se o ensaio da nova encenação: a dramática busca da impunidade para os personagens criminosos que arrombaram os cofres e destruíram a Petrobras. Este capítulo se desenvolve com o lulo-petismo – protagonista dos escândalos – acreditando que está no aparelhamento do Supremo Tribunal Federal a livrança dos companheiros e a própria sobrevivência do PT.

Cumpre-se este sinistro desígnio com Dilma indicando o “companheiro” Luiz Edson Fachin para ocupar a vaga de Joaquim Barbosa no STF. Fachin não é um novo personagem na estratégia totalitária para o aparelhamento. Segundo relata o professor Leonardo Sarmento em seu brilhante artigo “Por que o ‘companheiro de PT’ Luiz Edson Fachin para o STF?”.

Escreveu o Constitucionalista: “Em 2010 já houvera sido cogitado na “era Lula” para ocupar uma das cadeiras, mas fez um tão entusiasmado pronunciamento em exaltação ao MST, que Lula declinou de sua indicação, estereotipando-o de “basista” demais.”

Imaginem! O Pelegão queimou Fachin como extremista e o professor Sarmento explica: “Fachin de fato é um daqueles adoradores dos ideias petistas, um verdadeiro petista de carteirinha amigo pessoal e de convicções.

Vejam; além do assalto à mão armada na administração pública, acometendo contra a Petrobras, Eletrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil e BNDES e outros órgãos menos importantes, de máscara e bazuca, Dilma e seus palacianos atacam o Poder Judiciário.

Nada mais seria preciso acrescentar nesta investida diabólica, criticada por juristas, advogados e aliados políticos, a não ser apresentando o padrinho de Fachin, o ministro Ricardo Lewandowski que dispensa comentários. Sinto uma grande pena de ver o senador Álvaro Dias arrastado no rabo desse cometa ameaçador. Acredito que seja apenas por ufanismo bairrista paranaense…

 

Louis Armstrong – When The Saints Go Marching In

Jorge Luis Borges

ARTE POÉTICA

                    Tradução de Rolando Roque da Silva

Mirar o rio, que é de tempo e água,
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que passam os rostos como a água.

E sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar, sentir que a morte,
Que a nossa carne teme, é essa morte
De cada noite, que se chama sonho.

E ver no dia ou ver no ano um símbolo
Desses dias do homem, de seus anos,
E converter o ultraje desses anos
Em uma música, um rumor e um símbolo.

E ver na morte o sonho, e ver no ocaso
Um triste ouro, e assim é a poesia,
Que é imortal e pobre. A poesia
Retorna como a aurora e o ocaso.

Às vezes, pelas tardes, uma face
Nos observa do fundo de um espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela nossa própria face.

Contam que Ulisses, farto de prodígios,
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Humilde e verde. A arte é essa Ítaca
De um eterno verdor, não de prodígios.

Também é como o rio interminável
Que passa e fica e que é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável.

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Strip-tease do Cinismo

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Desde a Idade da Pedra foi fácil distinguir quem diz uma mentira. Darcy Ribeiro constatou isto entre etnias indígenas e, entre os ditos civilizados, a convivência com parentes e amigos próximos percebe o mentiroso por tiques pessoais. Arregalar dos olhos, entortar da boca ou dilatar das narinas são reveladores.

As exceções ou são quadros psiquiátricos ou dependem de muito treino pessoal, comum entre artistas e políticos. Quando Fernando Pessoa disse que “o poeta é um fingidor”, induzia a acepção aos artistas em geral; mas, quanto a políticos, a coisa vai mal.

 

Maus políticos são doentes e treinados… Temos muitos os exemplos à mão com 25 governadores, 75 senadores, 513 deputados federais e um número incalculável de deputados estaduais, prefeitos e vereadores, quase à unanimidade, ardilosos e habituados a mentir. Assim, maior do que o custo Brasil, é o peso astronômico da mentiraria.

Um bom exemplo é Lula da Silva, que mente compulsivamente, com prazer e alegria, criador da enorme fraude que é Dilma… Um guiando o outro, fazem o strip-tease do cinismo. A diferença é que Lula requenta as mentiras e Dilma mente com a frieza de um iceberg, com gélidos ²/³ submersos no oceano da falsidade.

Se houvesse um campeonato mundial entre mandatários mentirosos, a taça certamente seria nossa. Vejamos a última de Dilma: Renunciou sob pressão popular entregando o poder na cara e na coroa; de cara ao neoliberalismo, entregando a economia a Joaquim Levy; de coroa ao mais cruel fisiologismo, passando a Michel Temer as rédeas do poder.

Dilma mentiu, ou não mentiu para os seus partidários e eleitores? Quando se candidatou à reeleição garantiu, entre outras imposturas, que iria assumir a direção do governo e muitos acreditaram nela; entretanto, passou a direção a outrem incapacitada de administrar a economia do País e inabilitada para conduzir a política nacional.

Para esconder este desastre do PT-governo, os azes do lulo-petismo fluem as mentiras que já não convencem ninguém, e levam aos andares de baixo a tarefa de repeti-las: Aspones e depones aparelhados movem a cabeça como bezerros de presépio, concordando e repetindo o mi-mi-mi da defesa indefensável.

No anexo da cobertura palaciana, em salas luxuosas, a elite cor-de-rosa dos zés eduardo cardozo e dos mercadantes fazem vozes de falsete no cantochão da hipocrisia. E essa lamentável tragicomédia repercute no Congresso, na enganosa gagueira de Vicentinho disputando a raquetadas com seu rival de carreirismo, o hilário Sibá Machado, no campo da pobreza intelectual…

Não se faz por acaso a distribuição das verbas publicitárias do PT-governo. É o abono da mentira para a mídia. Jornais grandes e pequenos, blogs, sites, MAVs e free-lancers recebem seu quinhão para tentar manipular, através de mentiras, a opinião pública.

Não há um exemplo mais do que perfeito a repercussão jornalística das manifestações do dia 12 de abril. Viu-se um clichê dos press-releases do Palácio do Planalto. Exemplos que peguei: Folha de S. Paulo: “Manifestantes voltam às ruas com menos força”; O Globo: “Novos protestos contra governo têm adesão menor”; Zero Hora: “Segunda onda de atos contra Dilma foi menor”. Papel carbono.

Este strip-tease do cinismo se expõe à vista de quem tem olhos de ver. Com isto, “o gigante da calçada, de pé sobre a barricada” se move, se levanta, tira a venda, se multiplica e protesta contra este estado de coisas. A Nação somos nós. Milhões de brasileiros conscientes e decididos exigindo o fim desse espetáculo de variedades quase pornográficas.