UNIÃO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
“Se todos se mobilizam por um objetivo comum, o sucesso acontece por si só. ” (Henry Ford)
O nosso Olavo Bilac, que estreou na poesia inserindo no livro “Via Láctea” o belíssimo soneto “Ora direis ouvir estrelas”, interpretou o lirismo dos poetas fitando o infinito; e, por sua vez, os astrólogos veem o destino escrito nas estrelas.
A magia imaginativa dos poetas, as interpretações astrológicas e o sacerdócio religioso desmentem a ciência cosmológica e apontam os seus deuses como responsáveis pela criação do planeta e da vida.
Em contrapartida, os astrônomos, como cientistas, céticos, pensam quando o Universo e o nosso sistema planetário volverão ao caos primitivo. Há uma pá de teorias sobre a origem do Universo, além dos mitos, lendas e livros sagrados de todas as religiões mais ou menos semelhantes ao criacionismo judaico-cristão.
A mais badalada atualmente entre as suposições e hipóteses nos meios científicos é o Big Bang, a Grande Explosão que teria ocorrido entre 13,3 e 13,9 bilhões de anos atrás.
Após a explosão do Big Bang ocorreu no cosmos um resfriamento drástico e com a queda da temperatura deu-se o início da formação da matéria, por meio dos prótons, elétrons e outros elementos, tendo os primeiros átomos como unidade básica.
Assim se deu forma às galáxias, aos sóis e planetas. De uma poeira de gases e detritos teria surgido a Terra.
Afora os dogmas, todos querem explicações para o surgimento da vida. São esforços paralelos e simultâneos, embora diferenciados nas pesquisas para explicar nossas origens, duvidando, estudando, inquirindo e pesquisando.
Se os cientistas julgam importante pensar assim, porque não devemos pedir a união de todo mundo, para encontrar uma solução para a grave epidemia que assola o planeta e realizarmos, sem divisionismos, a salvação contra a qual a politicagem resiste e impede?
Não é pedir demais. É um apelo à consciência. Um pensador espírita, cujo nome me foge da memória, mas que a minha inesquecível mãe sempre citava, levantou a tese de que há doenças que veem para despertar o conhecimento da realidade.
Isto me leva a pensar que este horroroso vírus que atinge a todos, sem exceção, alastra-se e vem infectando muitas personalidades poderosas, e quem sabe, as estimule em pensar na sociedade ameaçada…
Os políticos, alguns deles atingidos pessoalmente pelo mal, ou entre os seus familiares, amigos e colegas, ainda não sentiram a necessidade de abandonar as picuinhas rasteiras e buscarem conjuntamente meios para combater o covid-19.
Em verdade, mesmo os mais despreparados para exercer mandatos, têm o discernimento de que estão expostos à “morte, surda, que caminha ao seu lado e não sabe em que esquina ela vai lhe beijar” como cantou Raul Seixas…
Talvez uma provocação mais contundente leve os que administram a coisa pública, no Executivo, Judiciário e Legislativo a considerar suas responsabilidades na situação que atravessamos.
Da minha parte, inserido no epicentro do risco, sinto-me frágil para reagir à abominável politicagem que assistimos, igualmente contagiosa como o vírus. Creio que é preciso uma forte pressão da coletividade para mostrar que o poder não é uma vacina e que a morte é tão democrática como o “Estado de Direito”.
Por isso, lembrei-me de uma passagem proverbial ocorrida com Canuto, o rei da Dinamarca, Inglaterra e Noruega.
Certo dia, caminhando à beira mar, achegou-se ao Rei o embaixador da Alemanha que iniciou uma conversação louvando-o: – “Vós, que sois o rei mais poderoso”… Canuto interrompeu-o, e afastando-se voltou-se para as ondas, gritando:
– “Proíbo-lhes que me molhem! ”. Neste momento uma grande vaga quase lhe derrubou; Canuto, homem de espírito, reagiu ao embaixador: – “Vedes? Se eu tivesse o poder que dizes, o mar me obedeceria…”
Esta lição, também herdamos do padre Antônio Vieira nos seus sermões: “O querer e o poder, se divididos são nada, juntos e unidos são tudo”.
Querer o poder, e tem mais o apêndice, a qualquer custo; o motor que impulsiona nossos congresssitas e jornalistas atuais. O motivo maior é abstinência do derrame de verba pública nos cofres.
Enquanto nossa oposição for raivosa e inimiga, adeus espírito público e sentimento humano ! Democracia supõe alternância de poder e respeito pelo candidato vencedor, adversários concorrem mas não precisam ser inimigos. As divisões só atrapalham ! Padre Vieira viveu no século XVII e não perde a atualidade, mesmo falando das coisas celestes tinha os olhos voltados para a terra !
O Ambiente!
Homens e mulheres desejam fazer um bom trabalho. Se lhes for dado o ambiente adequado eles o farão.
Como sempre excelente e elucidativa explanação sobre o que está ocorrendo no Planeta Terra e em especial o que essa corja nogenta e insaciável pelo poder continua arquitetando.