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Artigo sobre a reação dos condenados no Mensalão
Minha carta aberta ao Povo Brasileiro
MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)
Meus compatriotas: Virou moda escrever ‘cartas abertas’ ao povo brasileiro, e como toda moda, tem caráter efêmero. Por isso apresso-me a escrever a minha. Pensei começar com o tema bíblico da Mulher de Loth, que, na desesperada fuga de Sodoma, que seria destruída pela ira de Deus, olhou para trás e virou uma estátua de sal.
É mais ou menos o que está ocorrendo com a hierarquia petista, condenada por corrupção ativa e outras corrupções. Viviam olhando para a própria barriga na sua arrogância e agora procuram encontrar no passado o retrato esmaecido dos tempos de idealismo juvenil, se é que isso existiu de verdade.
Está certo que eles se revoltem contra as sentenças. Nos primeiros anos do curso de Direito, os acadêmicos decoram uma expressão latina, pretensamente originária do Direito Romano, o ‘jus sperneandi’, que é o direito de espernear.
O esperneio permite o protesto, mas jamais ser uma insubordinação contra a Justiça. É natural que o condenado fique inconformado, porque a ninguém cabe enaltecer a própria desgraça, entretanto não é permitido a ninguém ofender os juízes e incitar manifestações contra a autoridade judicial.
Mesmo aos ocupantes do poder é proibido exprimir opiniões que induzem ou instiguem a subversão do Estado Democrático de Direito, se assim fizerem tornam-se inimigos da República e da Democracia. E é assim que se comporta o ex-ministro José Dirceu, denunciado pelo Procurador Geral da República como “chefe de uma sofisticada organização criminosa”.
Movendo uma ação para desacreditar e deslegitimar o Supremo Tribunal Federal, acusando-o de estar a serviço da mídia conservadora e promovendo um “golpe de direita” é, sem dúvida, um atestado de criminalidade, que alcança o seu partido, o PT, e os movimentos sociais cooptados pelo governo federal.
Como ideólogo da facção lulo-petista e indesmentível autor do esquema da compra de apoio parlamentar ao Planalto, Dirceu acusa a Alta Corte de Justiça de produzir um juízo político de exceção, comparando-o com a ditadura militar.
O triste é que a sua posição não é acompanhada apenas pelo bando fanático da sua tendência ideológica, mas também pelo ex-presidente Lula da Silva, que reconheceu o Mensalão e o demitiu da Casa Civil da Presidência da República. Em verdade, Lula não tem autoridade intelectual, nem moral, para ser levado a sério, em opiniões publicadas com destaque pela imprensa.
Lula correu em socorro dos mensaleiros. Mentiroso contumaz, já pediu desculpas pela ação criminosa dos seus companheiros, depois negou a existência do Mensalão, fantasiou o alheamento popular pelo julgamento e, finalmente – em triunfo diante dos cegos seguidores – definiu a condenação dos mensaleiros como “hipocrisia”.
O Aurélio registra ‘Hipocrisia”, do grego hypokrisia, como falsidade, fingimento, impostura e simulação… Impossível de ser aplicado aos ministros do STF.
Lula, porém, doutor ‘honoris causa’ em hipocrisia, que imperou nos seus oito anos de governo, imprimiu a maior falsidade já vista na história desse país, a criação de um Brasil Virtual por meio de uma bilionária propaganda. País virtual onde escorreram para a corrupção as verbas para a Educação, Esportes, Saúde e de infraestrutura de transportes, em estradas, portos e aeroportos.
Hipocrisia é o programa do PAC e a eleição de uma ‘mãe’ para cuidar dele. Aonde está o PAC na imaginária transposição do Rio São Francisco, paralisada sem explicação plausível? Aonde está o PAC do SUS, das creches, do combate às drogas, do amparo à infância e aos idosos?
Hipocrisia é o simulacro de economia petista, que tratou a crise financeira internacional como uma “marolinha” e mostra-se incapaz de conservar e manter os princípios que regeram o Plano Real.
Hipocrisia, finalmente, brasileiros, é transformar a Presidência da República em comitê eleitoral e a Chefia da Nação em Chefia de Facção.
Felizmente, ao lado da hipocrisia lulo-petista, emerge um Brasil do Bem, de pessoas decentes e patrióticas, como o chefe do Ministério Público, Roberto Gurgel, autor da acusação contra os mensaleiros e o seu condutor do STF, o ministro relator Joaquim Barbosa.
O caso serviu para restaurar a confiança dos brasileiros no Poder Judiciário e desassombrou as patéticas e injuriosas ameaças dos condenados e seus cúmplices.
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