MORTE
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
“Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida” (Raul Seixas)
O epigrafado, Raul Seixas, na sua belíssima composição “Canto para minha Morte” fantasiou que a Ela caminhava ao seu lado e acreditava que a encontraria brilhante, vestida de cetim…
Esta visão poética de Raulzito nos mostra que a espera da Morte nada tem de idealista; é inevitável, e por isto não se deve teme-la; fazendo-o, esbarra na incrível clarividência de Shakespeare que vaticinou que “os covardes morrem várias vezes antes da sua morte, mas o homem corajoso experimenta a morte apenas uma vez”.
Não me lembro se já contei num dos meus artigos saídos na imprensa escrita e, de um tempo para cá, virtualmente. Vai lá: quando jovem tive a oportunidade de ir a Paris, e do aeroporto fui direto ao Cemitério Père-Lachaise para visitar o túmulo de Voltaire; quis confirmar a lápide com o epitáfio escrito por ele mesmo: “O homem é o único animal que sabe que vai morrer um dia, triste destino! ”
Foi uma lúcida compreensão da natureza humana do filósofo, embora haja pessoas que se julgam imortais…. Respeito os espíritas que falam por Chico Xavier, crendo “que ninguém morre”, apenas atravessa uma fase carnal para o aperfeiçoamento. E então se encontram com o católico Rui Barbosa que escreveu: “A morte não extingue, transforma; não aniquila, renova; não divorcia, aproxima”.
O verbete Morte dicionarizado é um substantivo feminino de etimologia latina “mors.mortis” originário do Indo-Europeu com a raiz “mor”, “morrer”, de onde chegou ao idioma português com o verbo morrer, mortandade e morticínio.
A morte é o fim da vida, da existência; figuradamente é a ausência definitiva de uma espécie, animal, planta, da criação material e mental. Metaforicamente, o físico Oppenheimer, que dirigiu o centro de pesquisas atômicas de Los Alamos, ao saber dos bombardeios atômicos em Nagazaki e Hiroschima, exclamou diante da sua equipe: – “Agora eu me torno a morte, o destruidor de mundos. ”
Mostrando sapiência e futurologismo 300 anos a.C., Epicuro, filósofo grego do período helenístico, escreveu: “A morte é meramente a separação dos átomos que nos compõe. Não anuncia, portanto, nem castigos nem recompensas para os homens. Não devemos temer nem a morte e menos ainda, as punições infernais inventadas pela ignorância e pela superstição. ”
Os rabinos antigos debitavam ao profeta Enoque o conhecimento de ciências ocultas, a criação da onomatomancia, jogo advinhatório que vê nos nomes próprios o futuro das pessoas, e mesmo o tempo de vida…. Se funciona ou não, é difícil saber; mas é parte da mística judaica e se encontra na Cabala.
Vem, entretanto, de muitíssimo longe o culto dos mortos. As almas eram divinizadas e os ritos fúnebres parece que foram as primeiras manifestações religiosas nas antigas civilizações. No Egito dos faraós resumia toda a crença religiosa, na Índia apareceu antes de se adorar Indra, e na Grécia Zeus vinha após as preces dedicadas aos defuntos.
A idolatria pela morte ainda persiste viva na Índia e principalmente no México, onde nasceu o Dia dos Mortos, depois adotado pelo cristianismo a dois de novembro do Calendário Gregoriano. Era venerado antes dos astecas se tornarem um império, vindo dos náuatles, purépechas, tepanecas e totonacas que cultuavam a deusa Mictecacíhuatl, a chamada “Dama da Morte”.
Infelizmente, o respeito e a reverência pelos mortos são desprezados no contexto insensato do carreirismo político na pandemia do novo coronavírus. Com mais de meio milhão de mortos, o Brasil ainda não ouviu do presidente Jair Bolsonaro sequer uma palavra de conforto às famílias enlutadas.
Esta conduta desumana retrata uma personalidade doentia, incapaz de refletir sobre o significado da vida, como faz agora, ao oferecer fuzis a uma Nação que quer paz, segurança, saúde e pão.
Além disto, investindo contra o STF e o Congresso Nacional, poderes republicanos que devem ser respeitados, o capitão Bolsonaro prega a morte da Democracia sem contar com o apoio nacional.
Resta-lhe apenas o aplauso fácil dos bajuladores e dos agentes pagos nas redes sociais, sem contar com um só amigo que sopre no seu ouvido a observação de Honoré de Balzac: “de todas as sementes confiadas à terra, o sangue dos mártires é o que dá colheita mais rápida”.
Bom dia Mestre, me sinto grato de poder ter lhe conhecido mesmo que virtualmente, tido o prazer de ter recebido de tu “Mestre” um pouco deste vasto conhecimento e sabedoria. Meu muito obrigado
A MORTE É A CURVA DA ESTRADA.
MORRER É SÓ NÃO SER VISTO.
ORA, NA VERDADE, OS MORTOS NÃO MORREM!
Ê PRECISO ESCLARECER, ENTÃO, NESSA MINHA ASSERTIVA PROCURO EXALTAR O SENTIDO DE ETERNIDADE DO QUE REALMENTE É PERENE NESTE MUNDO. O AMOR FRATERNO, EXEMPLIFICADO PELO DIVINO MESTRE EM SACRIFÍCIO POR TODOS NÓS.