Dylan Thomas

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A força que impele através do verde rastilho a flor
impele os meus verdes anos; a que aniquila as raízes das árvores
é o que me destrói.
E não tenho voz para dizer à rosa que se inclina
como a minha juventude se curva sobre a febre do mesmo inverno.

A força que impele a água através das pedras
impele o meu rubro sangue; a que seca o impulso das correntes
deixa as minhas como se fossem de cera.
E não tenho voz para que os lábios digam às minhas veias
como a mesma boca suga as nascentes da montanha.

A mão que faz oscilar a água no pântano
agita ainda mais as da areia; a que detém o sopro do vento
levanta as velas do meu sudário.
E não tenho voz para dizer ao homem enforcado
como da minha argila é feito o lodo do carrasco.

Como sanguessugas, os lábios do tempo unem-se à fonte;
fica o amor intumescido e goteja, mas o sangue derramado
acalmará as suas feridas.
E não tenho voz para dizer ao dia tempestuoso
como as horas assinalam um céu à volta dos astros.

E não tenho voz para dizer ao túmulo da amada
como sobre o meu sudário rastejam os mesmos vermes.

tradução: Fernando Guimarães

3 respostas para Dylan Thomas

  1. Reginaldo disse:

    Obrigado Miranda, Dylan me fez lembrar meus metafísicos como Wordsworth ” Nothing can bring in return the splendor in the grass (or youth – I acress) but we have that to have gallows to search what was of the past (Nada pode trazer de volta o esplendor da relva, – ou da juventude, acrescento – mas temos que ter força para buscar o que ficou no passado – trad. livre nossa)

  2. elisabeth laval jede disse:

    Que PRIMOR!!!

  3. elisabeth laval jede disse:

    Chico Anísio diría:FALOU E DISSE! E DISSE TUDO MESMO!!!