Artigo
Armas da Rede Social: facas de dois gumes
MIRANDA SÁ, e-mail: mirandasa@uol.com.br
Sou um agitador e propagandista da Rede Social e suas ferramentas, Twitter, Orkut, Facebook, You Tube e outras, contra a exploração econômica, erros judiciários, a política antipopular e os políticos corruptos.
Quero que a intelligentsia brasileira use os instrumentos da Rede Social a favor dos interesses do Brasil e dos brasileiros (evidentemente sem esquecer o humanismo e a solidariedade internacional) e creio que neste meu querer sou um bom agitador e propagandista, mas não fanático e muito menos burro.
Sei que há forças gigantescas e miúdas também que estão infiltradas na Rede. Até os politicozinhos de meia tigela se misturam com os políticos sérios para fazer média. E nesse quadro, por extensão, forças poderosas do Império Norte-Americano e seus satélites interveem sem-cerimônia.
Basta acompanhar de leve as versões do Twitter em inglês e francês para se encontrar o rabo do gato, talqualzinho a interferência de Zé Dirceu e Roberto Jefferson no mundo dos blogs, e os jornalistas chapas-brancas no Twitter, concorrendo com jornalistas de oposição, independentes ou igualmente mercenários.
Os que me conhecem sabem que não bato prego sem estopa. A notícia é de boa fonte, assumo, se é duvidosa, boto na boca de quem repassou. Quando digo que as nossas armas da Web são facas de dois gumes, me baseio nas notícias sobre a Líbia, tão controvertidas quanto diferentes as traduções do nome do ditador Kadafi, grafia que adotei.
As comunicações que correm na Rede Social teem três origens: Dos defensores do regime ditatorial; dos que querem derrubá-lo de qualquer maneira; e dos que tentam trazer uma informação correta.
O engraçado é que as mais próximas da realidade vêem dos EUA. A postura on-line da Al Jazeera, por exemplo, defende o conselho formado pelos rebeldes como verdadeiro governo da Líbia, enquanto a linha da revista New Yorker pergunta quem são os rebeldes, registrando que a liderança do movimento é uma mistura de estudantes, clérigos, pequenos comerciantes e desempregados.
Frente à chamada Coalizão, as intervenções através de links trazem versões diferentes de origem alemã, francesa, inglesa, italiana e até russa. Der Welt, Le Fígaro, Corriere de La Será e Daily Telegraph defendem cada um os interesses nacionais.
Justiça se faça ao inglês “Financial Times”, que não esconde a perseguição de lucros com o petróleo, vindo ao encontro do que já escrevi na atual série de artigos, no texto “A Guerra Secreta pelo Petróleo”, relatando a relação das grandes empresas petrolíferas com a Líbia e Kadafi. Um dos seus TT foi dizendo que o “Qatar abre caminho para oposição líbia lucrar com petróleo”.
O Qatar, como sabemos, é uma sucursal da British Petroleum, que foi ligada ao mundo árabe com o nome de Anglo-Persian Oil Company, e hoje se chama BP Amoco.
A maioria dos twitters brasileiros combate as ditaduras e deve estar atenta para a contra-informação. Agora mesmo temos um peso pesado do grupo Obama entrando na Rede, Robert Gibbs, que vai para a direção do Facebook, conforme reportou o New York Times.
O grande jornal americano não disfarça: “O Facebook vem recebendo solicitações de intervenção na rede social no Oriente Médio”. E é o parceiro de Obama que irá executar esta política…
Importante a divulgação! Infelizmente nosso povo tem pouco, se não inexistente, senso crítico repetindo como papagaios as informações (muitas das quais erradas). Quanto a grafia … Socorro! Nos TT Clarice Lispector com SS:(
Parabéns pelo excelente artigo.
Achei muito importante o aspecto das redes sociais, que por serem um imenso canal ‘bidirecional’ de informações e contra-informações, estarem sendo utilizadas (ou manipuladas) por grandes e poderosos grupos de interesses diversos.
Infelizmente, como bem destacou a Christina no comentário anterior, a grande maioria dos usuários não possui a formação necessária para visualizar a profundidade das informações, e utilizar todo o seu potencial.
São meros papagaios, ou pior… vazios de conteúdo, que buscam apenas angariar seguidores como troféu estatístico.