VISTORIA

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“Ao analisar os fatos históricos, evita ser profundo, pois muitas vezes as causas são bastante superficiais” (Ralph Waldo Emerson)

Desde a adolescência jamais neguei a minha malquerença com a demagogia, o eleitoralismo e a politicagem, por uma questão de princípios; e agora, na eleição encontrei retalhos dessas modalidades políticas.

Uma por uma, assisti a presença da demagogia substituindo propostas objetivas para o governo somando-se a ataques pessoais e promessas irrealizáveis; vi o eleitoralismo exaltando o oportunismo e o carreirismo acima da vocação política, e registrei a politicagem travestida de ideologismo, se sobressaindo acima das boas intenções.

Considerando os discursos e a propaganda, não somente eu, mas quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir distinguiu esta observação; e, para empanar a “Festa da Democracia” o divisionismo ocupou o lugar da convergência pelo bem comum.

Constatamos que a grande mídia muito contribuiu para isto, instigando artificialmente uma polarização de “direita” e “esquerda” que na realidade inexistente, a não ser entre minorias grupais fanatizadas e cultuadoras de personalidades.

Quem estuda a ciência política sabe muito bem (e repito sempre) que direita e esquerda não são discursos ideológicos estáveis, apenas a expressão primária de união grupal; basta que duas pessoas se achegarem e assumirem ser de direita ou de esquerda para que essas tendências passem a existir sem um conteúdo programático.

Além dos observadores, a grande massa eleitoral sabe instintivamente disto; e mesmo bombardeada pela propaganda subliminar dos comentaristas televisivos e das pesquisas enganosas, soube reagir nos grandes centros urbanos do país. O canhoneio de comentaristas da tevê, principalmente da Globo, insistiu em alçar Guilherme Boulos em São Paulo, e as pesquisas “de opinião pública” mostraram uma irreal situação das candidatas petistas em Porto Alegre e Recife.

Estas maquinações não influenciaram o eleitorado vacinado contra a esquerda lulopetista, que finge combater as “estruturas burguesas” para se apropriar de propinas das empreiteiras e de empresas fornecedoras do Estado. Esta mistificação “esquerdista” durou três mandatos e meio de governos federais do PT, o suficiente para despertar a Nação.

Do outro lado, temos o avesso do lulopetismo com Bolsonaro & Filhos no poder, que se apresentam como conservadores, mas inocentam as delinquências no varejo sem punir  a corrupção e o crime organizado como prometeram na campanha eleitoral. E, no lugar da Economia Liberal que asseveravam, praticam o populismo reformista distribuindo os mesmos benefícios das enganosas “bolsas” lulopetistas.

Este círculo vicioso da politicagem foi repudiado nacionalmente pela nítida incoerência dos auto-assumidos grupos de “direita” e “esquerda”. O eleitor médio repudiou as pretensões ambiciosas do bolsonarismo e do lulismo; deu um “chega prá lá” nos candidatos que eles apadrinharam.

O eleitorado preferiu voltar-se para a política tradicional que, certa ou errada, não engana com juras utópicas. Votou nos partidos convencionais, DEM, MDB e PSDB; e escolheu fora do sistema, pessoas em vez de partidos, dando a maioria das capitais às pequenas legendas que formam o chamado “Centrão”.

Com vistas a quem tem a caneta na mão julgando-se onipotente, assistimos a acachapante derrota do negacionismo assumido pelo presidente Jair Bolsonaro, com o seu desdém pela pandemia, o desprezo pela ciência e a total ignorância sobre os avanços da pesquisa médica das vacinas antivírus.

Tudo à vista, indesmentível, ajudou esta vistoria eleitoral que está sujeita a correções, mas baseei-me em números e análise dos resultados finais. Com isto, desejo contribuir para os analistas que, como eu, querem o bem do Brasil e dos brasileiros.

Uma resposta para VISTORIA

  1. Neide Soares de Freitas disse:

    Muito bem colocado Mestre Miranda suas pontuações quanto ao eleitorado e candidatos , imagino que daqui pra frente como canta R Carlos ” tudo vai ser diferente ” as eleições não serão como antes , com os meios de comunicação deixando os eleitores por dentro de quase tudo , eles vão ficando espertinhos . Esses próximos candidatos as eleições futuras que mudem suas táticas, pq as velhas o eleitorado já sabe de cor . O eleitorado já deu sua mostra que estão afinadinhos .