RETRATO

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“A Democracia deve correr certos riscos, se quiser ser digna desse nome”. (Osvaldo Peralva)

A epígrafe que complementa este artigo foi tirada do livro “O Retrato” do jornalista Osvaldo Peralva, uma leitura necessária para quem quer estudar a história negativa do comunismo no Brasil que a idiotia anticomunista da “direita conservadora bolsonarista” é incapaz de alcançar com a sua real visão neonazista.

Peralva publicou em 1960 o seu esclarecedor livro sobre o stalinismo em pleno conflito político-ideológico entre os EUA e a URSS, conhecido como a “Guerra Fria”, que terminou com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a derrocada do sistema soviético.

A apresentação das críticas e denúncias do Jornalista, são de um observador e ativista que viveu o interior da organização comunista internacional. É uma reportagem de excelente qualidade, cujo enfeixe traz, já naquele tempo, o alerta: “A Democracia deve correr certos riscos, se quiser ser digna desse nome”.

Nos dias de hoje constatamos a importância do sobreaviso de Peralva. Assiste-se no mundo inteiro sinais do ressurgimento do nazi-fascismo e, entre nós, é revoltante se ver este fenômeno surgir no Brasil, governado por psicótico obsessivo que recebeu no palácio presidencial uma deputada neonazista alemã, neta de um ministro de Hitler.

Assisti a pouco o documentário dirigido e comentado por Joachim Fest – “Hitler, uma carreira” -, que apesar de omissões históricas e visível lenidade oferece cenas reais da ascensão do nazismo na Alemanha, das agressões militares contra as democracias, dos campos de concentração e dos 50 milhões de mortos.

Entre trechos dos discursos de Hitler, não foram mostrados censuravelmente aqueles em que ele determina a “solução final”, a morte de eslavos, judeus, ciganos e homossexuais; nem a ordem execrável para que Paris fosse incendiada.

Isto ficando claro, não sei por qual doença mental existem pessoas que aceitam e respaldam as aberrações das SS e da Gestapo, das prisões, torturas e mortes de pessoas indefesas; mas que as há, há.

Poucos dias atrás tivemos a notícia de uma jovem estudante da Universidade de Pelotas, que comemorando o seu 24º aniversário teve o “Bolo de Hitler”, com o retrato do abominável führer nazista fardado e ostentando a suástica.

A mídia informou que essa mensagem nas redes sociais foi apagada após compartilhar a intolerável mostra da simpatia ao nazismo de uma saudosista da Bund Deutscher Mädel, a “Liga das Moças Alemãs”, defensoras da morte de quem não fosse da raça superior.

A sua defesa – própria do chicanismo fascistóide – já ensaia em dizer que foi uma brincadeira para sacanear os colegas, e que a moça tem atitudes inconstantes…. Na verdade, não foi um divertimento nem uma piada o bolo festivo com o retrato oficial de Hitler em uniforme militar.

Mais do que tristeza, é criminosamente repelente a gente saber que não se trata de um caso isolado. Tivemos no Rio Grande do Sul uma demonstração inequívoca de apoio aos crimes contra a humanidade de Hitler e seus asseclas: um grupo contra o passaporte vacinal invadiu a Câmara de Vereadores de Porto Alegre que apreciava um projeto para evitar as contaminações pela covid-19.

Estes ativistas portavam cartazes com a suástica, símbolo de “identidade ariana”, xingando as vereadoras negras, Tássia Amorim e Bruna Rodrigues; eles são, sem dúvida, membros da nova Hitlerjugend, a juventude hitlerista ressurgida no Brasil para apoiar o genocídio das pessoas condenadas à morte pela política necrófila do capitão Bolsonaro.

Vê-se, dessa maneira, o retrato em grande angular do Brasil de hoje. A marcha a passo de ganso dos extremistas da direita contra a nossa Democracia, alguns deles usando a máscara de “conservador”, mas todos agindo livres e confiantes sob o comando invisível e estratégico do aprendiz de ditador Bolsonaro e sua Schutzstaffel – guarda de proteção -, formada por candidatos a guardas de campos de concentração.

3 respostas para RETRATO

  1. Dinah Ribeiro disse:

    A q ponto chegamos. Artigo muito bom como sempre

  2. Dinah Ribeiro disse:

    A q ponto chegamos. Artigo muito bom como sempre.

  3. Pedro Luiz de Assis disse:

    Perfeito e magnifico Texto, e com certeza Mestre vivemos no Brasil tempos sombrios. a pouco um amigo me falou: “Estamos perto do caos Geral”, ai eu respondi, “Já estamos no caos geral”.