PEGASUS

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“O Grande Irmão está lhe vigiando” (George Orwell)

As cidadãs e cidadãos ciosos da sua dignidade e integridade repudiam a invasão espiã da sua vida privada. É claro que fica de fora a manada tangida pelos violadores dos direitos humanos, ditadores e aprendizes de ditador.

Descobrimos, entretanto, ao tomar conhecimento da existência do software espião “Pegasus”, que todos estamos sob esta ameaça, usada por governos antidemocráticos para vigiar ativistas de movimentos sociais, blogueiros, jornalistas, militantes dos partidos políticos de oposição e até mesmo os seus aliados de quem desconfiam….

Criadora desta ferramenta totalitária, a empresa israelense NSO Group, alega que não foi produzida com esta intenção, mas reconhece que a espionagem tem sido aplicada de maneira insensata por governos autoritários.

O escândalo fascistóide contra a privacidade das pessoas e de organizações civis causa apreensões e condenações do mundo pensante. Na ONU, por exemplo, formou-se um comitê de vigilância contra as operações de alguns governos violentos que resultaram em prisões, intimidações e até assassinatos.

Apesar dos protestos internacionais e adoção de medidas de segurança por muitos governos, no Brasil dos estagiários do totalitarismo, a espionagem é vista como necessária. Viu-se, por exemplo, no mês de maio deste ano o vereador federal Carlos Bolsonaro, chefe da propaganda bolsonarista, negociar através do Ministério da Justiça a aquisição do Pegasus.

Participou pessoalmente de negociações para que a NSO Group participasse de uma licitação do Ministério da Justiça. Sem muita explicação, porém, a representante dos israelenses responsável por comercializar o software espião, se retirou do processo licitatório.

Em nome da verdade, a movimentação do filho do Presidente da República, não contou então com o apoio dos militares com cargos no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na Agência Nacional de Inteligência (Abin).

Hoje talvez fosse diferente, com os comandos mudados e a clara intervenção pouco republicana do capitão Bolsonaro nas FFAA, sob a proteção da guarda pretoriana de pijama. Hoje, possivelmente, os brasileiros seríamos esquadrinhados pelo gabinete do ódio que atua nos porões do Planalto.

O exemplo de que a intimidação e espreita está na denúncia feita pelo senador Rogério Carvalho em sessão da CPI da Covid, apontando que o coronel da reserva Roberval Corrêa Leão tentou “bisbilhotar” a sua vida. O Coronel é chapa branca; contemporâneo e ligado ao ministro da Defesa, Braga Netto.

Com isto, temos a impressão de que o projeto de espionagem dos Bolsonaro poderá estar penetrando nos órgãos públicos através dos que morrem de saudades do tempo em que as polícias políticas agiam contra os opositores do regime militar, as prisões eram gratuitas e a tortura ocorria nos porões dos quarteis.

Assim é suspeitável que a ameaça se torne cada vez mais real. A intimidação fantasmagórica atingiu o clímax com a programação de uma “Tanquiata” em continência ao capitão Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios, no dia em que a Câmara Federal apreciaria a PEC do Voto Impresso, a tática trumpista de embaralhar as eleições do ano que vem.

Pairam dúvidas se a cúpula militar submissa aos projetos continuístas do mitomaníaco que ocupa a Presidência tem apoio dos quarteis. Não creio que um militar das FFAA traia o princípio pétreo de defender a Constituição e defender o Estado.  Se isto ocorrer, o retrocesso histórico nos alinhará entre as ridículas “repúblicas das bananas”.

Porque seguir a aventura golpista do Grande Mentiroso é atentar contra o Estado Democrático de Direito, na medida em que ele defende o vazamento dos processos que correm em sigilo, alegando que devem ser conhecidos porque interessam a todos nós. Entretanto vem sendo useiro e vezeiro de decretar sigilos…. Fez segredo até no seu teste para a covid-19 e faz segredo para a movimentação dos filhos no Planalto.

Mesmo assentado em visível incoerência, é cercado de uma horda de aduladores perfilados, fardados ou de pijama, numa cena que foi vaticinada pelo general Olímpio Mourão Filho no seu livro “A Verdade de um Revolucionário”….

 

 

 

Uma resposta para PEGASUS

  1. Pedro Luiz de Assis disse:

    Excelente Texto Mestre