MÁSCARA

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MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

“Por baixo desta máscara não há só carne…Por baixo desta máscara há uma ideia Sr. Cryde. E ideias são à prova de bala! ” (V de Vingança)

Nas artes cênicas, a máscara é possivelmente o elemento mais simbólico da linguagem no teatro, mas também em cerimônias religiosas primitivas, nas festas carnavalescas e, até no uso medicinal como proteção de vírus para si ou para os outros.

Dicionarizada, “Máscara” é um substantivo feminino que designa um acessório para cobrir total ou parcial o rosto a fim de ocultar a identidade. O verbete tem origem discutível; poderá vir do latim mascus ou masca, “fantasma”, ou no árabe maskharah, “palhaço”, “homem disfarçado”.

Seu uso vem de muito longe no tempo como peça incorpórea; mas não é apenas um meio de cobrir o corpo e mais particularmente o rosto. Atualmente há um misterioso poder de transfiguração nas expressões e nos gestos do ser humano, servindo também de disfarce social e político.

Tal qualidade de transfiguração é inata à muitas pessoas. Uns fingem mais, outros fingem até sem o saber, e fingem até poeticamente, como expressa Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor / Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente”…

O ruim, porém, é que o uso da máscara como fingimento é muitas vezes antissocial. A psicologia estuda muitas formas das expressões enganosas com o fito de conquistar confiança ou simpatia. As mais comuns são a “máscara de religioso” que exibe conhecimento de textos “sagrados” sem leva-los à prática pessoal; a “máscara do forte”, de homens e mulheres que embora decaídos, não revelam fraqueza.

Na política brasileira tal qual a conhecemos fala-se comumente numa locução dirigida a um político: “deve tirar a máscara”, o quê, no sentido figurado, manda-o abandonar a dissimulação para mostrar-se como realmente é.

Entre os profissionais da política as máscaras são reconhecidas com a convivência, o noticiário sem desmentido, e algumas delas são patéticas!  Não há exemplo melhor no nosso dia-a-dia do que o caso das denúncias de Tuma Júnior, no seu livro “Assassinato de Reputações”, que aponta Lula da Silva como informante da ditadura militar, que não sofreu contestação do referido…

Outros políticos de todos os partidos mostram-se mascarados de “bonzinhos”, “reformadores” e “honestos”, e se revelam travestidos de bondade, maquiados de reformadores e de aparência enganosa.

Existem milhares desses fingidores na pirâmide da atividade política, da Presidência da República no ápice, descendo pelos ministros, senadores, deputados federais ou estaduais e prefeitos e vereadores dos mais longínquos municípios. Mostram-se defensores ou opositores ao poder constituído, otimistas ou insatisfeitos com a realidade, tudo para manter o status quo.

Na Justiça, é banal a “máscara do justiceiro” de magistrados que vendem sentenças e com elas a consciência. Muitos juízes aparentam uma postura que não corresponde à garantia dos direitos à punição dos crimes.

Ao lado dos proxenetas e eunucos da Política e da Justiça, existem, sem dúvida, honrosas exceções; temos políticos sérios, patriotas e bem-intencionados, e distribuidores da Justiça de excepcional espírito público, com saber, independência e equanimidade.

Infelizmente temos que admitir, penosamente, que a grande maioria dos homens públicos (não se pode usar “mulheres públicas” neste caso) podiam ser personagens de cinema, não no filme “V de Vingança”, que é contra o totalitarismo e a corrupção governamental; mas daquele filme de Chuck Russell, “O Máskara”, que traz Jim Carrey com a máscara de Loki, o deus escandinavo de pele verde que realiza loucuras desonestas e violentas.

Nos quadrinhos, os super-heróis também colocam máscaras e se transformam naquilo que não são na frente dos outros; esses são imitados na vida real como os “heróis petistas da corrupção”. No gibi de Lula-Loki e dos seus quadrilheiros, entretanto, sua aparência não é verde, mas vermelha…

 

12 respostas para MÁSCARA

  1. “Tal qualidade de transfiguração é inata à muitas pessoas. Uns fingem mais, outros fingem até sem o saber, e fingem até poeticamente, como expressa Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor / Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ A dor que deveras sente”… Miranda Sá
    1º: O ator global Hugo Gross arrebanhou mais de 700 alunos de teatro em novembro de 2002, dos quais 50 foram aprovados para participarem de 20 quadros de uma peça teatral
    2º: Entre os 20 quadros havia um que homenageava Evita Peron, mas a música tema era “Non Llores por mi Argentina” versão com Paloma San Basilio
    3º: Em 20 ensaios fazendo o “papel” dos 12 Perons, era o único que chorava de verdade em 90% das vêzes (o que comovia principalmente as mulheres), mas deixei a desejar a mim mesmo, quando a cena contou com 500 presenças e não me senti emocionado o suficiente para derramar uma única gota.

  2. Mary de Paula disse:

    Adorei a lembrança do livro de Tuma Junior. Poucos lembram dele.
    Parabéns pelo excelente artigo, Miranda!

  3. WELTON REIS DOS SANTOS disse:

    Segundo Jorge Amado o político é o profisdionalugar da falsidade. Dizer que tudo está bem quando tudo vai mal ou vice versa, uma das atitudes hipócritas desses homens. A máscara foi um artífice usado no passado, hoje é inerente ao exercício e os socialistas são os mais talentosos na arte da dissimulação. Excelente artigo mestre Miranda.

  4. ISNAR RIZZI GODINHO disse:

    É exatamente isso,tem um monte de corruptos que aparentam ser sérios e competentes e continuam enganando o povo anos pós anos.

  5. Alexsandro Fernandes disse:

    mas se Deus quiser a quarta-feira de cinzas ja vem chegando e aos poucis todas as máscaras estão caindo.

  6. Alexsandro Fernandes disse:

    mas se Deus quiser a quarta-feira de cinzas ja vem chegando e aos poucos todas as máscaras estão caindo.

  7. Neide Freitas disse:

    Eles são tão especialistas em usarem essa máscara que engana até os mais experientes . Vi uma reportagem do Senador Magno Malta que acreditou no Lula e apoiou confiante que seria uma nova política, Malta reclamava arrependido de ter depositado tanta confiança , mas um dia a casa cai.

  8. Realmente a BOA REPUTAÇÃO está quase falida no Brasil. Em se tratando de políticos, a degradação é total para esta importante classe que mexe com os interesses da sociedade. Chegamos a um nível tão caótico que já NEM se faz necessário usar mais as tradicionais MÁSCARAS Históricas, para disfarçar NEGLIGÊNCIAS. Na política brasileira , ser INIDÔNEO, é um fato comum. ESTRANHO no Brasil, é ser Autêntico, Idôneo, ou quem sabe procurar ser um Verdadeiro Político com perfil ESTADISTA.

    ROGÉRIO MARCELINO ( Twitter : @Rogermar32 )

  9. Realmente a BOA REPUTAÇÃO está quase falida no Brasil. Em se tratando de políticos, a degradação é total para esta importante classe que mexe com os interesses da sociedade. Chegamos a um nível tão caótico que já NEM se faz necessário usar mais as tradicionais MÁSCARAS Históricas, para disfarçar NEGLIGÊNCIAS. Na política brasileira , ser INIDÔNEO, é um fato comum. ESTRANHO no Brasil, é ser Autêntico, Idôneo, ou quem sabe procurar ser um Verdadeiro Político com perfil ESTADISTA.
    ROGÉRIO MARCELINO ( Twitter : @Rogermar32 )

  10. HS Naddeo disse:

    Se me permite, amplio esse conceito para as máscaras que nós usamos diante disso tudo. Todos acordam e se olham no espelho diariamente, e talvez essa seja o único momento do dia no qual se olham e se vêem como realmente são. Encerrado o acabamento pra sair de casa, pegamos nossa sacola de máscaras, pois são muitas, que usaremos no resto do dia. A máscara do motorista ou de usuário de transporte coletivo, a máscara do profissional, a máscara do funcionário que finge que gosta do chefe, a máscara que impede que vem que sabemos das mazelas do mundo, e tantas outras máscaras que nos permitem conviver em sociedade. Uma delas que vale a pena ressaltar é a máscara de cidadão indignado, usada o tempo necessário para que a exposição seja percebida, mas que fatalmente é largada de lado no primeiro momento em que exercitamos aquilo que realmente somos, como naquela imagem do espelho, um reflexo do que não queremos que ninguém saiba, basta o espelho saber.

  11. A pior máscara que temos atualmente é a tal da “Democracia -31 anos e todos ladrões e soltos; completamente e diferente do Governo Militar 1964-1985 nenhum ladrão.