Hoje na História

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11 de setembro de 1973 – Allende suicida-se. Militares tomam o poder.

Após dois anos, 10 meses e sete dias de governo democrático, o presidente Salvador Allende suicidou-se com um tiro na boca, no momento em que o Palácio La Moneda estava sob intenso bombardeio das Forças Armadas, cujos líderes revoltosos exigiam a renúncia do Chefe de Estado chileno. Allende resistiu durante mais de quatro horas ao ataque violento das forças revoltosas contra a sede centenária do governo que, à hora de sua morte, encontrava-se parcialmente destruída.

De formação socialista, representante da coligação esquerdista Unidade Popular, Salvador Allende foi deposto por um movimento comandado pelos principais chefes militares do país, dentre os quais estava o General Augusto Pinochet, que logo assumiria o cargo executivo mais importante do Chile, colocando fim a 41 anos de normalidade constitucional e iniciando uma era ditatorial de violência e repressão, a qual só terminaria 17 anos depois.

A Junta Militar justificou o levante como uma necessidade de por fim à “gravíssima crise econômica e social do Chile” e à incapacidade do governo para conter o caos, o crescimento de grupos armados e organizados por Partidos da coalizão governamental.

Desde a campanha eleitoral, Allende proclamava como meta de governo a instituição constitucional do socialismo no Chile, com a transferência do poder aos trabalhadores e homens do campo, reforma agrária e nacionalização dos recursos básicos da economia. Seu objetivo esbarrou, entretanto, na ação do Congresso, onde a oposição tinha maioria, e na deterioração da economia. Sobre um plano de fundo de racionamento de comida, panelas vazias, taxas recordes de inflação, greves e violência, Allende não conseguiu evitar a revolta, sua deposição e morte.

O JB na história

Proibido pela censura de anunciar na primeira página o suicídio de Allende utilizando manchete ou fotografias, o JB usou a criatividade para driblar a lupa autoritária estatal. Nas bancas no dia 12 de setembro de 1973 o JB chegou trazendo na capa e em primeira mão a notícia sobre o suicídio do líder chileno na íntegra, emoldurada pelo habitual serviço de classificados.

O JB daquele dia, além de noticiar e explorar com densidade e profundidade o acontecido nas páginas do primeiro caderno, ofereceu também ao leitor um caderno especial, quase uma revista, com 65 páginas de história, sobre o governo, declínio e queda do líder comunista latino-americano, intitulado Tudo Sobre Salvador Allende.

“Os jornais sempre foram uma fonte de História. Repositório de fatos, recolhidos, selecionados e editados no calor do acontecimento, um grande jornal, hoje em dia, ampliou e aprofundou o seu campo visual. O Jornal do Brasil (…) também tem consciência disso. Fazemos jornalismo e, ao mesmo tempo, numa perspectiva distinta, fazemos história. A manchete de hoje não desaparece com o correr dos dias, nem dos anos. Transforma-se”. (Tudo sobre Salvador Allende, JB, 12 de setembro de 1973).

Fonte: Hoje na História/JBlog – JBOnline

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