Artigo

O FATO E O ATO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Quando ainda não tínhamos a imprensa cínica e mercenária de hoje, um capítulo da História registra a resistência jornalística nas primeiras arengas antidemocráticas do movimento militar que derrubou o presidente João Goulart. Entre artigos, editoriais, entrevistas, crônicas e reportagens, há os antológicos artigos de Carlos Heitor Cony,  sob o título “O Ato e o Fato”, depois editados em livro.

Inverti a epígrafe de Cony como “O Fato e o Ato” para resistir à irresponsabilidade de Lula da Silva, expressando insanidades do limbo do seu egocentrismo grosseiro e ignorante; e criando uma crise entre o Brasil e Israel.

Afirmo, antes de mais nada, ser impossível acusar-me de antissemitismo; em toda a minha vida convivi e convivo fraternalmente com judeus, sendo que ainda criança, recolhi dinheiro naqueles cofrinhos azuis da Haganah para a instalação do Estado de Israel.

Posso expressar dessa maneira, sem vacilar, a minha dura repulsa à ideologia sionista e ao governo extremista de Benjamin Netanyahu, um fascistóide assentado sobre o tripé deplorável da ortodoxia religiosa, do militarismo expansionista e da política que despreza os kibutzim trocando-os por “assentamentos”.

Nada disto justifica, porém, a desastrada fala de Lula comparando o Holocausto com a invasão da Faixa de Gaza, território onde deveria se assentar o Estado Palestino; com esta afronta à História, além do conhecido apedeutismo e insensatez, ele se imagina acima do bem e do mal, por ter sido solto e elegível depois de sentenciado, preso e inelegível por corrupção e lavagem de dinheiro em três instâncias jurídicas.

Assume, graças aos seus “amigos” do 5TF, o desvario da impunidade e por isto os ministros togados do Supremo levarão ao futuro a responsabilidade desta culpa. Aliás, uma culpa dúplice; primeiro, por desrespeitar três poderes judiciais sem interpretação constitucional, baseados em pífios considerandos.

Segundo, pelo mal que a decisão infeliz da Corte causou à Nação Brasileira levando os amigos da Democracia a votar no Descondenado contra os arreganhos totalitários da Familiocracia Bolsonaro, que conspirava um golpe contra o Estado de Direito.

Este Fato detalhadamente divulgado ferve nas cabeças pensantes. Rememorar Hitler e as atrocidades nazistas é, além de extemporâneo, uma arma para os “antifascistas” de hoje, acusados na profecia da cintilante inteligência de Churchill: “Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas”.

O Ato é tão condenável como uma empada venenosa recheada de cumplicidade e má fé, e apimentada com a brutalidade que as guerras provocam; e, pior, baixou uma pauta para os mercenários do jornalismo, exigindo-lhes incríveis acrobacias mentais para defender o indefensável.

A Síntese é o véu da vergonha que cobre o Brasil no concerto internacional trazendo o constrangimento nacional ao ver a humilhação que levou o embaixador brasileiro em Tel-Aviv a visitar o Museu do Holocausto, o epicentro da vitimologia que memoriza a perda de seis milhões de judeus entre 24 milhões de eslavos, ciganos, deficientes físicos e mentais, homossexuais e opositores do nazifascismo de várias nações.

O Fato e o Ato decepcionam os humanistas em geral. Dos pacifistas que esperam dos seus governantes uma ação pela Paz e daqueles que estão conscientes de passar o vexame de ser visto lá fora como apoiador da barbaridade lulista.

A Síntese se amplia na medida da gigantesca revolta mundial assumida por pessoas de todas as idades, crenças políticas e religiosas e filosofia de vida. Vemos nas redes sociais, conversas familiares, em todo lugar, a manifestação condenatória `Lula, sem medida e sem medo.

Assim, desprezando a cicatriz do repúdio ao discurso de ódio, a Nação Multirracial Brasileira eleva a ideia de que Lula e Netanyahu pouco significam para a História da Humanidade. O Capítulo de Ouro abrangerá o desejo dos povos do mundo por uma Paz Duradoura.

 

 

 

SENTIMENTAL, EU SOU

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Roubei o título do romântico bolero de Altemar Dutra para desenvolver uma tese levantada por Graciliano Ramos fazendo uma auto análise: “considerando que me comovo em excesso, por natureza e por ofício, acho medonho alguém viver sem paixões”.

Eu tinha uma certa prevenção pela Astrologia e ignoro tudo sobre os signos, mas ouvi dizer que o sentimentalismo é produto da influência astral e passei a refletir sobre isto; se a Lua intervém no fluxo das marés, então é normal crer que a constelação de Câncer – que rege as minhas tendências –, impõe meu sentimentalismo.

Quando menino buchudo ouvia o Realejo da Adivinhação tocar na minha rua e as meninas-moças correrem pagarem um cruzeiro para o periquitinho, domado pelo velho cigano, entregar-lhes com o bico um cartão com o nome do futuro marido.

Não sei dizer se a expressão “o passarinho verde me contou…” vem daí. Procurei nos dicionários de gíria e expressões populares e não encontrei “passarinho verde”; achei no livro Locuções Tradicionais do Brasil do folclorista norte-rio-grandense Câmara Cascudo, uma referência ao periquito, usado antigamente para troca de bilhetes entre os amantes.

Há também uma lenda do século 19, segundo a qual as moças se correspondiam com os namorados amarrando mensagens de amor nas patinhas de um passarinho que pousava na grade da janela. A ave associada a esta lenda seria o periquito.

Das nossas heranças culturais temos a locução “viu passarinho verde” com o significado de quem se encanta por algo ou alguém que acabou de encontrar; a cor das penas da ave evoca uma alegre esperança.

No tempo de Graciliano, quando vigorava estes costumes, não se precisava estudar a biologia corporal nem deitar no sofá do analista para a psicanálise, como fazem hoje sem dia sem o realejo do cigano e com os periquitos engaiolados nos jardins zoológicos.

A realidade amplia problemas de bem-aventurança, desgostos e até desatinos, mais não nos levam às análises laboratoriais. E, na vida social, se limita a manjada teoria de que a Lei é para todos, para todos nós – sem exceção –, deixando-nos sujeitos ao comando invisível e insípido do respeito à Justiça.

Ou cumprindo prognóstico dos nossos signos? Tenho cá as minhas dúvidas, porque ao me valer do exemplo teórico da Lei, a experiência vivida lembra-me que a sua interpretação é desigual, relativa e seletiva…. Os excelentíssimos juízes vacilam entre o apelo da família de um réu e o patrimônio de outro.

Sabemos que a Justiça é aplicada por seres humanos e se submete ao humor do juiz, oscilando entre cegueira, surdez e a impiedade; é por isto que suprime a ideia de punir os crimes hediondos com a pena de morte….

Lembramos que as punições na Antiguidade (e ainda vigoram em alguns países) obedecem a uma escala baseada no “olho por olho e dente por dente”; têm a morte para o assassino, a amputação das mãos para ladrão, e chibatadas em público para os crimes menores. Para os corruptos a desapropriação dos seus bens.

Como condenavam os ocupantes do poder que se apossavam do bem público? Como puniam os que atentavam contra as instituições para se locupletar? Vamos à pesquisa histórica para saber; mas “um passarinho me contou” (e a informação me parece verdadeira), que existe uma conspiração civil e militar punitiva contra o governo Lula, sem a presença nefasta de Bolsonaro.

Seria a reação natural contra os desmandos de um governo ideologizado, superado, não por envelhecimento, mas pela sua inconsequência político-administrativa?

Esta questão me leva ao “Poeminho do Contra” do genial Mário Quintana: “Todos esses que aí estão “Atravancando meu caminho/ Eles passarão…Eu passarinho!”, e inspirado poeticamente abro meu bico para rogar uma praga aos polarizadores populistas que sabotam a paz, a ordem e o progresso do Brasil.

Sentimental, mas com muita paixão, eu gostaria que Bolsonaro e Lula recebessem o castigo do desprezo popular como punição, e fossem acompanhados nesta sentença pelos juízes garantistas e os políticos picaretas.

Os brasileiros estão fartos de uma Política e uma Justiça a serviço da corrupção e dos conhecidos corrompidos, corruptos e corruptores.

 

DOS DEMÔNIOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Ouvi uma anedota outro dia pouco evangélica; evoca o Demônio, o mito que aparece com expressões e nomes diversos, sendo uma figura universal, conforme analisa o estudioso do assunto, o professor Mateus Soares de Azevedo (USP).

A piada fala do Demônio, seja como anjo mau, belzebu, cão, chifrudo, diabo, lúcifer, maldito ou satanás. Conta que São Pedro, caminhando ao lado de Jesus, assistiu uma briga de um Fariseu (o político de então) com o Demônio; irritado com ambos contundentes, pegou a espada e decepou a cabeça dos dois….

“Cristo, piedoso, repreende o apóstolo pela violência praticada: – “Agiste mal, meu caro amigo”, disse, e se afastou. Pedro, constrangido, voltou e recolocou as duas cabeças nos corpos caídos; retornando ao lado do Mestre, confessou constrangido que apressado para reparar o erro, pôs no tronco do Demônio a cabeça do Fariseu, e vice-versa….

“Na sua divina sabedoria, Cristo tranquilizou-o: – “Não faz mal. A troca não é grave, deixe as coisas como ficaram”.

É por isto que os políticos têm o Diabo na cabeça; e lembramos Nelson Rodrigues que se recusava a acreditar nos políticos, até mesmo dos mais simpáticos. Ele não pensava sozinho, muitos veem assim. No campo da política, os malefícios dos parlamentares, executivos e juízes são inegáveis.

Não é, porém, coisa dos nossos dias; vem da remota antiguidade o Espírito do Mal tentando as pessoas: no Gênesis (6: 5 e 8:21) está escrito: “a imaginação do coração do homem [é] o mal”, tirando-se daí o conceito de que é demoníaca a disposição de certas pessoas em fazer o mal, violando a vontade de Deus.

Na Mitologia greco-romana o Demônio foi visto como um espírito sobrenatural que personificava uma natureza entre a mortal e a divina, e estimulava os humanos a cometer desatinos.

A visão judaico-islâmica vê satanás como um ente subalterno a Deus; segundo o Velho Testamento e o Alcorão os diabos surgiram no sexto dia da Criação para coexistir com os seres humanos.

O budismo vê o diabo como uma entidade adversa à divindade de Buda, Mara, que representa a ilusão; foi aquela figura que tentou conquistar o príncipe Sidarta, “oferecendo-lhe lindas mulheres” que nas lendas são suas filhas. No hinduísmo, o diabo não vingou; tentou se achegar aos humanos, mas foi derrotado por Vishnu, o seu deus principal.

O taoísmo guarda a herança da antiga Pérsia, o dualismo do bem e do mal; os taoístas creem no confronto do bem e do mal, do Espírito da Luz com a Sombra das Trevas.

Como vimos, o Demônio passeia de formas variadas no catolicismo, no judaísmo, no islamismo, no hinduísmo, no budismo e no taoísmo; sendo que no Ocidente, a tradição cristã vem do Apocalipse, que descreve a guerra no céu, quando “200 anjos” liderados por Lúcifer, se rebelaram contra Deus… E derrotados pelo Arcanjo Miguel foram expulsos.

No Reino Celestial, Lúcifer chamava-se Samuel e se sentava ao lado de Deus; “era perfeito, sábio e formoso, mas sua ambição levou-o a se revoltar e pretender sentar-se no Trono” (Ez 28:15, Ez 28:17); a sua qualificação como “Demônio” está dicionarizada.

Como verbete, é um substantivo masculino de etimologia grega (daimon), chegando ao brasilês através do latim vulgar, (daemonium), designando o anjo caído que lutou contra Deus e instiga a perdição da humanidade.

Há uma versão de que os 200 anjos castigados pela intenção do mal são exorcizados pelos rabinos judaicos; na Geografia Católica, pelos padres, e, no Reformismo inglês e norte-americano pelos pastores anglicanos, batistas e evangélicos.

São muito poucos os que ficaram naqueles hemisférios; quase todos vieram para o Brasil e aqui se acomodaram com as bênçãos do 5TF. Infiltraram-se satanicamente como bolsonaristas e lulopetistas, fazendo com os seus malefícios o Brasil o único lugar do mundo onde há torcidas organizadas para a corrupção e o golpismo.

Estes demônios impõem aos brasileiros uma demoníaca polarização, farsa ideológica que está levando a nossa Nação para o caos.

DOS FANTASMAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Não acredito em fantasmas. Mas inúmeras testemunhas garantem que eles existem. Que me lembre, a genialidade de William Shakespeare pôs em cena dois. Um, na celebrada tragédia “Hamlet”, a lenda de um jovem príncipe dinamarquês que vê o fantasma do pai, denunciando ter sido assassinado pelo próprio irmão, que se casou com a sua viúva.

Outro, em “Macbeth”, quando num banquete com a nobreza, o personagem-título vê o fantasma de Banquo, capitão do exército do rei Duncan, sentado à mesa.  Alucina-se com isto pois assassinara o Rei da Escócia e ocupara seu lugar; como mandou matar Banquo, cujos desdentes se sentariam no trono, segundo uma profecia.

Das clássicas peças do dramaturgo e ator inglês, incomparável poeta e escritor, vamos como caça-fantasmas ao cinema. Lá encontramos vários filmes baseados nos livros do renomado romancista Charles Dickens, também inglês.

A obra mais vistosa de Dickens é “A Christmas Carol”, traduzida editorialmente para o português como “Um Conto de Natal”. Como filme, teve várias versões em Hollywood e em estúdios ingleses.

Conta a história de um velho avarento, Ebenezer Scrooge, uma criatura egoísta e pouco amistoso, insociável que abomina as festividades natalinas. Numa véspera do Natal, vê o espírito do seu ex-sócio, Jacob Marley, morto há sete anos e sofre o castigo pela sovinice arrastando pesadas correntes de ferro.

O Espectro adverte Scrooge de que ele ainda tem chance de escapar de pesadas penas pelo seu comportamento desumano e antissocial, mas para isto deverá receber a visita de três fantasmas.

E assim se dá: à meia-noite chega o Fantasma dos Natais Passados que leva Scrooge de volta à infância e juventude, quando amava a família e festejava o nascimento de Cristo; a seguir, vem o Fantasma do Natal Presente: este retrata com fortes cenas a sua frieza com relação às outras pessoas e o leva a assistir seu empregado, que explora e maltrata, reunir-se feliz com a família numa humilde mesa arrumada para a comemoração.

Viu que o seu escriturário é pai de quatro filhos, e com eles e a esposa mostram uma atenção carinhosa pelo mais moço, o frágil Pequeno Tim, que tem problemas na perna como sequela da poliomielite.

Por fim, aparece o Fantasma dos Natais Futuros que silencioso aponta a cena da sua morte solitária, sem amigos, e seu enterro tristemente indigente num cenário que emocionou Scrooge. Este, no dia seguinte, acordou completamente modificado, levantando-se sentimental e generoso.

Como um homem novo, o antigo avarento foi tomado pelo Espírito do Natal. Decidiu ajudar o seu empregado Bob Cratchit e torna-se um segundo pai para o Pequeno Tim. Escrito por Dickens entre outubro e novembro de 1843, “Um Conto de Natal” é visto como o criador das atuais celebrações natalinas.

Na literatura, teatro e cinema brasileiros, chega-nos uma versão ingênua da fantasmagoria com “Pluft – O Fantasminha” de Maria Clara Machado, revertendo toda expectativa amedrontadora dos Fantasmas, ao levar à cena um fantasminha tímido que tem medo das pessoas….

A intelectual e respeitada teatróloga patrícia, Maria Clara Machado, deu um mergulho na ficção totalmente distinta do que ocorre na política brasileira, onde dominam os fantasmas do horror, amedrontando o país ao promover a falta de educação, da saúde, da segurança e da corrupção.

Estas sombras espectrais rondaram o Estado de Direito em Brasília, arrastando as correntes antidemocráticas do finado fascismo. Demoníacas, exalaram a catinga de enxofre de um golpe contra as eleições presidenciais. Traziam até a revelação de uma minuta pronta para anunciar o estado de sítio!

Tais quimeras provocam temores entre os médiuns do Congresso Nacional, alguns mortos e insepultos; e traz também um alívio para os sensitivos do 5TF, como cortina de fumaça que esconde a cumplicidade da Corte com a corrupção lulopetista, através das decisões monocráticas de Dias Toffoli.

Contraditoriamente, a manifestação espectral política nos leva a acreditar que os mortos têm muito a nos dizer; e além disto nos diverte com o “Espírito do Carnaval”, fantasiado de Fantasminha Pluft, que canta em dueto com o espírito de Rita Lee: “A inocência não dura a vida inteira/ Brinque de ser sério/ E leve a sério a brincadeira”.

DO PASSADO

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Tem uma jovem no “X” que traz no seu perfil a divisa “Ainda não entendi o que estou fazendo no mundo”; ela se iguala aos nossos antepassados do estágio preparatório da civilização e, se fazendo a mesma pergunta, criaram a Filosofia.

Passados cinco mil anos de evolução humana no nosso Planeta Azul, a dúvida sobre a existência persiste. Entretanto, se pusermos nos pratos da balança das probabilidades este entendimento de um lado e a certeza de nossa curta passagem pela vida do outro, teremos um equilíbrio perfeito.

Observando a realidade da sua época, o genial cineasta e pensador Orson Welles disse que “é preciso ter dúvidas. Só os estúpidos têm uma confiança absoluta em si mesmos”. Assim, analisando a questão do tempo e do espaço que nos cercam e aprisionam, é possível encontrarmos muitas justificativas para o limitado estágio da vida.

Há quem as encontre respostas na metafísica, abstraindo religiosamente a historicidade da nossa existência. Estes mandam o passado às favas; e encontram no fundo do quintal do fanatismo a opinião que Einstein expôs em carta para um amigo, dizendo que “A diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão”.

Extraímos desta crença uma verdade. Relativa. É quê, de acordo com os dados obtidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), o mundo alcançou em 2021 7 bilhões de habitantes e, em cada cabeça, um sem número de ilusões.

Na sua grande maioria, as pessoas que habitam a Terra deitam-se em berço esplêndido cobertos pelo lençol da fantasia e a colcha da ficção; não cogitam se o passado foi melhor do que o presente.

Escrevi outro dia sobre o maravilhoso filme de Woody Allen, “Meia Noite em Paris”, de roteiro sobre o filosófico (e científico) tema do espaço-tempo. Narra uma aventura em Paris da transposição do tempo protagonizada por um jovem escritor americano, Gil Pender, e uma figurinista francesa, Adriana.

Nostálgicos, ambos sonham com o passado. Ele vive a década de vinte acompanhado de seus ídolos, escritores e pintores americanos que acorriam à época para França em busca de inspiração; ela sonhava com a “Belle Époque” e surgiu a oportunidade de irem da década de 1920 para o ano de 1890.

Não era a praia de Gil, mas encantou Adriana, a ponto dela ficar lá no “Moulin Rouge” em companhia de Lautrec, Gauguin e Degas…. E daí, Gil volta à Paris e ao presente.

Na minha longa vida no Brasil brasileiro e andanças mundo afora, procuro lembrar-me qual o período de minha vida que mais me encantou. Adolescente quando a guerra acabou, assisti o desfile dos pracinhas da FEB de volta à Pátria; ouvi discursos de Getúlio Vargas falando da sacada do Palácio do Catete com o famoso preâmbulo: “Trabalhadores do Brasil!”.

Votei pela primeira vez da chapa “JJ”, Juscelino e Jango, influenciado por meu pai; não me arrependi; JK e o seu governo implantaram a paz social, trouxeram alegria e esperança; então passei a gostar de política. Estudei teorias e biografias, participei de eventos ainda bem moço como cidadão e já atuando na Imprensa.

Não estou fazendo uma autobiografia e mantenho minha privacidade na convivência familiar; mas uma coisa assumo abertamente: o passado da minha participação política, independente e baseada em princípios.

É por isto que abomino a volta ao passado da roubalheira lulopetista dos governos Lula e Dilma, o tobogã onde escorregou a corrupção e seus participantes corruptores e corrompidos. Assim, aderi à campanha que corre no “X” pela “Convocação imediata do colegiado pleno do STF para derrubar a decisão monocrática que determina a suspenção de multas da corrupção”.

Convido os compatriotas honestos a participar desta luta contra a mais-do-que-perfeita expressão de cumplicidade com o crime do ministro Dias Toffoli, delatado por Marcelo Odebrecht de ter recebido propinas sob codinome de “Amigo do Amigo do meu Pai”.

 

 

DAS SUPERSTIÇÕES

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

A superstição é uma criação humana que atribui influências ocultas ou sobrenaturais a fatos inexplicáveis ou possíveis de serem explicados naturalmente. Esta definição traz a sabedoria dos antigos; eles a usaram como salvaguarda de riscos iminentes.

Quando menino, aprendi com a minha avó Quininha que deixar os chinelos e sapatos revirados chama desgraças e até a morte na família; pois bem, isto serviu para que eu nunca tenha sido mordido por escorpiões, que se escondem nos calçados… Mais tarde, ouvi dizer que “dá azar” passar debaixo de uma escada; claro, ela pode cair e nos ferir, até matar; e por cuidado, evito fazê-lo.

Dizem que quebrar um espelho gera desgraças; claro, os cacos de vidro e sua camada metálica ferem e infeccionam; mas em todas superstições têm o propósito de ensinar ou prevenir. O folclore mundial, e o nosso em particular, injetam uma overdose de exagero e termina caindo no descrédito e na hilaridade.

Crendices em demasia já não assustam. Quem teme ver um gato preto passar à sua frente?… Qual adolescente crê que um trevo de quatro folhas rende sorte no amor e que um galhinho de arruda na orelha afaste o mau olhado?

A influência africana trouxe-nos os “banhos” sendo o de sal grosso que atrai pessoas; vaqueiros garantem que uma ferradura na porta evita acidentes, portugueses creem que uma figa afasta o diabo e nossos índios usavam colares e pulseiras para exorcizar o espírito dos inimigos mortos….

Tais heranças trazem à memória das moças no após guerra que usavam pulseiras de balangandãs com penduricalhos de estrelas, meias luas, tartarugas, olhos, cobras, caveiras, plantas e animais cercados de sortilégios; a famosa cantora Carmem Miranda levou-os para os Estados Unidos, onde se tornaram moda. Lá, os rapazes usavam chaveiros com pé-de-coelho para ter sorte. Ouvi falar agora de uma nova simpatia  para não adoecer: soprar canela em pó….

A palavra Superstição dicionarizada é um substantivo feminino de etimologia latina, (superstitio, -onis) significando medo excessivo dos deuses ou do sobrenatural; e no brasilês, é uma crença religiosa fundada em preconceitos.

O Museu Nacional Romano exibe uma esfera zodiacal de ouro e mosaico, que foi encontrada nas ruínas de Pompeia, cidade sepultada pelo Vesúvio. Foi um símbolo de universalidade que incutia fé e esperança na alta sociedade romana; governantes, intelectuais, militares e recatadas ‘mater familiae’ alisavam o globo por um futuro auspicioso.

Vê-se que a crendice vem de longe; e muito antes do Império Romano, herdeiro da cultura grega. Terá sido da mítica Atlântida? Ou da Arcádia, Egito e China? É muito difícil saber; entretanto, podemos afirmar que apareceu a mais de cinco mil anos.

Evoluiu transmudando-se com o avanço civilizatório. Surgiram os jogos divinatórios e a astrologia, avoenga da moderna astronomia…. E foi perseguida; o Talmude  judaico – a mais antiga versão da Bíblia -, condena a superstição e proíbe a jogos adivinhatórios mesmo praticados por curiosidade ou diversão.

É interessante observar que geralmente as crenças metafísicas, devoções e práticas mágicas, são objetos de rituais secretos, obrigando uma adesão absoluta do seguidor, com deveres e o temor do castigo.

Para compensar, porém, algumas crendices trazem alegria para as famílias e amigos, como assisti em Brasília no Chá de Revelação, jogos para adivinhar o sexo do bebê; e deu feminino, minha futura neta Luísa.

Por outro lado, no cotidiano, a superstição leva ao fanatismo, impregnada na política brasileira e adotada por milhares de psicopatas, seguidores da famigerada polarização entre as falsas direita e esquerda.

No Deuteronômio (18:9-14) está escrito que Deus fez um apelo para que Israel fugisse das superstições como uma abominação ao Senhor. Coisa que muitos “crentes” não cumprem ao mergulhar na politicagem reinante.

Da minha parte, tornei-me supersticioso com polarização perversa:  a falsidade de Bolsonaro e o “13 de Lula” dão azar… rsrsrs.

FITA MÉTRICA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Tenho vários amigos médicos no twitter, também os meus médicos são meus amigos, alguns há dezenas de anos. No “X” são vários que sigo e sou seguido por eles; então não os quero ofender como fez outro dia um tuiteiro dizendo que não confia em médicos.

Aquela crítica me levou a matutar qual será a medida da Medicina, e lembrei que Hipócrates disse que a arte médica é como a arte de adivinhar. Nascido na Grécia (460 a.C. – 370 a.C.) Hipócrates é respeitado até os dias de hoje como o pai da Medicina. Este sábio ensinou que o corpo não é apenas um conjunto de órgãos, mas uma unidade viva e complexa que a “natureza” de cada um regula e harmoniza.

Além de pesquisador científico à época, excursionava pela Filosofia e destinou vários ensinamentos sobre a ética médica. Pela sua honestidade e o humanismo, nasceu o famoso Juramento de Hipócrates, expresso por todos que se formam em medicina no Ocidente.

O Juramento é digno de menção: “Prometo solenemente consagrar a minha vida a serviço da Humanidade. Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhes são devidos. Exercerei a minha arte com consciência e dignidade. A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação”.

Brinco muito com os “noves fora”, e desta vez os usarei para conjecturar que apesar dos “noves fora dos extraordinários avanços da tecnologia e da cibernética”, vê-se os atuais diagnósticos médicos pouco diferindo de Hipócrates para cá….

A Ciência Médica enriqueceu com as pesquisas que formatam as imagens anatômicas e os processos fisiológicos através da ressonância magnética. Por ela, descobriu-se a subdivisão de várias enfermidades e também foram observadas patologias até então escondidas no subsolo da ignorância.

Voltadas para a cura das alterações no estado de saúde, dos pequenos distúrbios e mal-estares até a neoplasia maligna, as indústrias farmacêuticas lucram muito. Originárias da Europa e dos Estado Unidos mantêm praticamente o oligopólio das vitaminas e antibióticos.

Se alguém ver nisto um mal, é preciso entender que a recuperação da saúde é louvável, livrando-nos das pedras mágicas e da água benta, deixando fora do consultório as benzeduras dos xamãs, pajés e bruxas…. O feitiço só se faz presente na Medicina Moderna com a Psicanálise, criada pelo bruxo Sigmund Freud.

A cura das enfermidades mentais usa uma fita métrica analítica, instrumento de trabalho indispensável para a Psicanálise e a Psicologia como é usada por alfaiates e costureiras; e, nos tempos antigos, pelas mães de família, guardada na gaveta da máquina de costura….

Com a mesma função da mensuração computadorizada do corpo, a fita métrica analítica dos psicólogos e psicanalistas avaliam a mente. Funciona com o Teste de Rorschach, mundialmente conhecido e aplicado profissionalmente; usado até como brincadeira nos círculos estudantis.

Curiosamente, ouvi falar outro dia de um outro teste, aplicado para sondar a disposição da pessoa nas relações humanas, do respeito e salvaguarda a outro indivíduo, mesmo desconhecido. Até este mês eu nunca ouvira falar dele: É o Teste de Jean Jacques Rousseau exposto numa das suas obras de ficção.

“Um personagem indaga ao outro:  – ‘Se para se tornar herdeiro bilionário de um mandarim chinês de quem nunca ouviu falar, bastasse apertar um botão provocando a morte dele, você apertaria?’”.

Vamos então nos autoanalisar através do Teste Rousseau? Assim cumpriremos a lição que o grande Sócrates nos deixou:  “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus”.

Se o altruísmo estiver presente pelo desprendimento dos valores materiais e a defesa da vida por amor ao próximo, daquele desconhecido de quem nunca se ouviu falar, estaremos prontos para defender uma sociedade futura, livres do egoísmo e da ganância.

Livres de corpo e mente para enfrentar a corrupção política e o egocentrismo maligno dos extremistas e suas ideologias fraudulentas; livres para denunciar os assaltantes do poder político e a gazua da desgraçada polarização, infecção inoculada pelo vírus do fanatismo.

PASSADO & PRESENTE

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

É muito difícil não encucar com o pensamento que Einstein expôs em carta para um amigo, dizendo que “A diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão”; refletindo, penso que o melhor é ficar entre uma proposição temática e a ficção.

Sabemos que os pesquisadores vestem a fantasia com as lantejoulas coloridas da imaginação, jogando-as uma a uma nos tubos de ensaio das hipóteses variáveis procurando o diferencial que o criador da Teoria da Relatividade expôs.

Em paralelo às pesquisas científicas, a arte cinematográfica patina nas pistas do ficcionismo e nos traz um filme dirigido por Robert Zemeckis com Michael J. Fox, Christopher Lloyd; Michael fazendo o papel de um adolescente, Marty McFly, admirador e auxiliar de um excêntrico cientista, Dr. Emmett Brown, interpretado por Christopher Lloyd.

A película foi desdobrada em três roteiros, dando seguimento a uma experiência de viagem no tempo. Salvaram-se os dois primeiros, o terceiro não vale a pena ver. No “De Volta para o Futuro” encontramos a invenção de Emmett, – um carro adaptado à radioatividade – , que por um inusitado acidente leva Marty a 50 anos antes, encontrando os seus pais ainda jovens; e se obriga a interferir na vida deles para poder existir. Indica, assim, que uma decisão no passado pode mudar o futuro.

Também no Cinema, fruto da genialidade de Woody Allen, autor e diretor de “Meia Noite em Paris”, premiado com um Oscar. Já o assisti seis vezes, admirando a aventura de um roteirista de Hollywood, Gil Pender (Owen Wilson), obcecado em tornar-se escritor.

De férias em Paris com a noiva, que se reencontra entusiasmada com um ex-professor, se desgruda dela e resolve percorrer a cidade após uma degustação de vinhos. Só, relembra a vida na década de vinte nos lugares frequentados pelos personagens da sua predileção, escritores, músicos, poetas e pintores.

Eis que à meia-noite, sob badalos e repiques de sinos, um carro para à sua frente e o casal Fitzgerald, F. Scott e Zelda, lhe convidam a excursão boêmia. Muita bebida e conversas interessantes reúnem em torno dele, Buñuel, Cole Porter, Dalí, Degas, Gauguin, Matisse, Picasso e T. S. Eliot. Por orientação de Hemingway, entrega o livro que está escrevendo para análise e revisão de Gertrude Stein.

Neste cenário do passado (que os norte-americanos rememoram talentosos representantes da sua cultura), o aspirante a escritor nas andanças pelo sonho, vive um romance com a ex-modelo e ex-amante dos pintores Braque, Modigliani e Picasso, Adriana (Marion Cotillard).

Adriana, como Gil, é apaixonada pelo passado, e então vivem juntos a fantasia de um retorno ao tempo, indo da década de 1920 para 1890 –, a “Belle Époque” –, uma utopia dela, que termina ficando no “Moulin Rouge” na companhia de Lautrec, Gauguin e Degas…

Este reencontro com a teoria de Einstein é curioso…. A ilusão persistente da diferença entre passado, presente e futuro se materializa não apenas socialmente, mas também politicamente.

O exemplo mais-do-que-perfeito da configuração da passagem do tempo nos chega com o ditado popular “O criminoso volta sempre à cena do crime”; que o relacionamento entre a psicanálise e a criminologia invoca o “Princípio de Locard”, em que a cena onde o crime foi praticado incita o interveniente a revelar-se, deixando um rastro.

Tivemos agora no Brasil esta representação que poderia ter como trilha sonora o Concerto n º1 para Cello de Shostakovich: A volta de Lula à Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, cenário da delinquência praticada no seu governo anterior em parceria com o ditador venezuelano Hugo Chávez.

Com isto, o passado se faz presente com a amostra do que foi mais desastroso para o País:  mandonismo, incompetência e desenfreada corrupção. Um projeto que teve o orçamento original de US$ 2 bilhões e consumiu dez vezes mais, US$18 bilhões, ficando inacabado; um fracasso que enriqueceu muitos “cumpanheros”.

Inconsequente, Lula anunciou de lá a retomada do projeto, pisando no rastro do crime. É revoltante esta volta ao escândalo que abalou a Petrobras e a Operação Lava Jato foi uma exigência histórica do povo brasileiro.

Três instâncias jurídicas condenaram Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. Foi descondenado pelo STF, o que infelizmente resultou numa ajuda, pelo voto, ao assalto ao poder pela familiocracia oportunista, golpista e também corrupta dos Bolsonaro; eleito depois, o Presidente protagoniza esta tragédia que  permite uma tentativa de volta ao passado….

POVO & PÚBLICO

MIRANDA SÁ 9Email: mirandasa@uol.com.br)

Das frases que seleciono para levar as cabeças pensantes à reflexão, publiquei uma de Lima Barreto, escritor da minha estima: “O Brasil não tem povo, tem público. Povo luta por seus direitos, público só assiste de camarote”. Esta original conclusão foi retuitada dezenas de vezes, obrigando-me a comentá-la.

Como entendo, a diferença é abismal. O que o público quer é festa, e não é por acaso que 50% das verbas municipais bancam para satisfazê-lo. A festança começa nas campanhas eleitorais nos comícios, banda de música ou trio elétrico, fogos de artifício e a colorida demagogia discursada nos palanques.

O povo, ao contrário, define-se como sistema de organização política da massa, e com ou sem folguedos carnavalescos, participa da política discutindo, reivindicando, enfim, lutando, enquanto o púbico se diverte….

O público, quando fatiado, repete individualmente “O que é que eu tenho com isto?”, e veste a camisa do analfabeto político tão bem descrito por Brecht; alheia-se à realidade, sem ouvir, sem falar, e vê divertidamente os acontecimentos políticos. É o indivíduo a quem pouco importa o custo de vida, o preço do feijão, da carne, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio, ignorando que tudo isto depende de decisões políticas.

“O que é que eu tenho com isto?”, dói nos ouvidos da cidadania e revolta os espíritos humanistas; aquele que assim se expressa é responsável pelo analfabetismo, a fome e a insegurança. Quem profere esta pergunta, além de néscio e antissocial, é cúmplice da corrupção política e do crime organizado.

Um psiquiatra meu amigo disse-me que é um reflexo automático e involuntário dos estúpidos; são pessoas que não entendem o simbolismo das atitudes, dos gestos e do comportamento; que não possuem defesas orgânicas e neuronais, são inoculadas facilmente pelo vírus do fanatismo e erguem altares para ídolos políticos.

São herdeiros daqueles que cultuaram Hitler, Mussolini e Stálin, aos quais dedicaram obediência ampla e irrestrita. Não enxergam que os políticos são seres humanos que ao assumirem o poder mostram-se egocêntricos e egoístas envoltos pelo desejo da vitaliciedade do domínio.

É isto o que vemos, infelizmente. A maioria dos políticos põe o interesse pessoal ou grupista acima dos princípios éticos e morais, incentivando a modelagem das suas próprias estátuas. A eles pouco importa a distinção de público e povo confundindo-os do alto dos palanques. (Alguns permanentes por todo um mandato).

O público emprenha pelos ouvidos da demagogia barata e se enche de convicção, servindo com servilismo ao chefe para o que der e vier. Foi o que assistimos na cena da depredação vandálica em Brasília a oito de janeiro do ano passado.

Bolsonaro, aquele que os incentivou durante largo tempo com recursos eficientes de propaganda, abandonou-os e se exime de culpabilidade. Terceirizou as responsabilidades como é norma dos “líderes populistas’.

Do outro lado, vê-se Lula voltar ao local da desenfreada corrupção, a Refinaria Abreu e Lima, caloteada pelo amigo ditador Chávez e posta à disposição de corruptos e corruptores como a Lava Jato mostrou.  O trem desenfreado da corrupção vai de volta ao passado criminoso e o seu ruído desperta as pessoas honestas deste País.

Lula, “populista de esquerda”, impune da roubalheira que praticou e foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro em três instâncias, foi descondenado sem-cerimônia pelos cúmplices togados do STF.

Bolsonaro, o “populista de direita”, prepara novo assalto ao poder, conspirando e induzindo os seus asseclas a atacar o Exército que repudiou sua tentativa de golpe.

Nos trilhos da História, Bolso e Lula veem reduzir o seu público de fanáticos e mercenários no entorno palaciano, o público dos cercadinhos. O povo fica à parte, mostrando-se consciente dos males do populismo demagógico e desperta para a terceira via que nos livrará da desgraçada polarização.

POPULISMO HIPÓCRITA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Não precisa ter o invejável QI dos gênios; basta ter a mente aberta, com boa informação e dispor de independência intelectual, para não suportar a infame polarização eleitoral dos extremismos auto assumidos “de direita” e “de esquerda”.

A ideologia distorcida dos dois segmentos políticos usada para cativar a simpatia das massas ignorantes, tem o nome de “Populismo”, termo dicionarizado como “o modo de governar em que certa pessoa procura conquistar a liderança de uma nação usando o mecanismo governamental” (e o dinheiro público) para isto.

Esta acepção é moderna; a palavra “populismo” vem do Império Czarista Russo, onde auto assumidos “populistas” pregavam a revolução camponesa, visando transferir o poder político às comunas por meio de uma reforma agrária radical.

Utilizado pela primeira vez no Império Russo, o populismo surgiu mais tarde nos Estados Unidos com um tal “Partido do Povo”, propondo o incentivo à pequena agricultura através de uma política monetária e de crédito expansionistas.

A definição atual veio após as experiências fascistas e stalinistas na Itália e na Rússia ocorridas no século passado. Estas trazem reflexões para a direita e para a esquerda. A primeira vem do sociólogo norte-americano Seymour Martin e a outra do pensador italiano Antônio Gramsci.

Seymour defende a tese de que o populismo seria uma característica de Direita baseada na hegemonia política das classes médias, apoiadas pelos estamentos mais pobres da periferia urbana e campesina, como fez Mussolini, imitado por Hitler na Alemanha nazista.

Do outro lado, a visão marxista de Gramsci aborda a historicidade das revoluções francesa e americana, refletindo que o populismo surge num estágio em que a burguesia perde a capacidade de liderança, mas os trabalhadores não a assumiram, transferindo-a então para uma personalidade da sua simpatia.

Nestes dois pontos de vista encontramos a convergência de atribuir o exercício do poder populista a um líder carismático. Caem assim na teoria simplificada no modelo de governo paternalista, onde o chefe da Nação usa o poder para mobilizar a massa e organiza-la em “movimentos” financiados por esmolas sociais, afim de se perpetuar no poder.

Cachoeiras de palavras não bastam para mostrar como o populismo é prejudicial a um povo e a um País. Não há justificativa imparcial nem explicação escapatória e não deve ser visto com indiferença.

Tomemos por exemplo a leniência jurídica com o crime e os criminosos. O atrevimento juvenil ainda me revolta assistindo os exemplos baixados pelo STF pelo vil “garantismo populista” que representa o fim da Justiça boa e perfeita que todos queremos.

Tampouco podemos admitir a hipocrisia dos pelegos sindicais no poder com Lula da Silva, servindo como exemplo da negociata política com os trezentos picaretas do Congresso. É assim que o Presidente-Turista e o seu ministério medíocre desenham a mais abjeta forma de populismo.

Por fim, os truques do populismo hipócrita não se limitam ao lulopetismo, revelam o que fez seu sinistro antecessor, Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições após criar um “populismo fardado”, sindicalizando militares pelegos malquistos nas FFAA que, em boa hora, abortaram uma tentativa de golpe de Estado.

Nos ninhos de serpente que acolhem os ovos do populismo e da corrupção, lembram a passagem bíblica de Adão e Eva, que pode ensinar a nos livrar do mal: Se o casal divino em vez de comer o fruto proibido tivesse matado a serpente, a humanidade estaria livre dos populistas demagogos.