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PT-governo repete gangsterismo de Palocci

MIRANDA SÁ, jornalista
E-mail:
mirandasa@uol.com.br

Será que o Brasil já se esqueceu do que o todo-poderoso ministro Palocci fez quabrando os sigilos de Francenildo Santos Costa, o humilde caseiro que testemunhou sobre a presença dele na mansão mantida pela chamada “república de Ribeirão” onde se fazia lobbies, dividia-se propinas e tramava-se assaltos ao Erário? Para os que têm memória não há surpresas na chantagem que o PT-governo resolveu fazer contra o ex-presidente Fernando Henrique e dona Ruth Cardoso.

Os aloprados mais do que individualizaram o dossiê sobre os recursos repassados pela Presidência anterior; agem em duas frentes: de um lado, pressionam a CPMI dos Cartões Corporativos e do outro fazem a vergonhosa defesa prévia de Lula da Silva e família com aquele argumento fajuta do “nós fizemos mas os outros também fizeram”…

Diante da repetição do gangsterismo de Palocci, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e esposa já se adiantaram e aceitam abrir o sigilo dos cartões corporativos no período entre 1995 e 2001, época em que ocuparam o Palácio do Planalto. Materializaram esta intenção com uma carta escrita à mão aos cuidados do senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB no Senado.

E agora? Será que Lula da Silva e dona Marisa abrirão também os seus sigilos? Esperamos que sim, porque o Estado Brasileiro não é um sindicato, embora os pelegos que fazem parte das tropas de ocupação de Brasília pensem que sim.

O ministro Tarso Genro – que não pode ser considerado um ingênuo – chutou uma defesa da sua turma e quebrou a cara quando negou a existência do dossiê sobre os gastos da gestão FHC. Teve o cuidado de metamorfosear o “dossiê” em “relatório” e disse que se tratava de um levantamento feito pela Casa Civil a pedido do Tribunal de Contas da União e na expectativa de a CPMI vir a solicitar aqueles dados.

“No intervalo de poucas horas” – segundo o oportuno texto da repórter Marta Salomon, da Folha de São Paulo, “o Tribunal de Contas da União derrubou ontem a versão apresentada mais cedo pelo governo para tentar explicar o vazamento de dados sigilosos sobre despesas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o TCU, não foi pedida nenhuma informação da base de dados do Planalto”.

De sua parte, Lula da Silva – cuja palavra é um risco n’água – se apressou também a negar existência do dossiê. Disse que não era capaz de baixezas desse tipo, mas usou a desmoralizada versão que seu Ministro da Fazenda deu à imprensa, desmentido pelo TCU. O Presidente fez tais declarações numa reunião com os presidentes dos partidos da base de governo, e foi secundado pelo ministro José Múcio, das Relações Institucionais, encarregado de divulgar uma nota da Casa Civil negando a existência do dossiê.

A titular da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff fez também o dever de casa telefonando para a professora Ruth Cardoso e negou que o governo tivesse feito um “dossiê” sobre gastos dela quando seu marido, FHC, era presidente. Apenas esqueceu-se de dizer que havia um “relatório”, conforme declarou seu colega da Justiça, Tarso Genro. Uma questão de semântica.

A verdade é que assim se confirma a marcha batida para a desmoralização completa dos poderes da República. Felizmente, pela primeira vez, o governador de São Paulo, José Serra resolveu intervir com a autoridade que possui, e no Congresso, o PSDB já tem o apoio do DEM para convocar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a dar explicações na CPI dos Cartões, apesar das negativas oficiais.

A oposição não deveria se limitar à ação parlamentar. Deve ir ao Supremo Tribunal Federal e manifestar-se ao povo brasileiro conclamando a cidadania a se mobilizar contra a prática ilícita que não é admissível num governo democrático, mas do crime organizado. Não os fichinhas dos comandos de traficantes paulistas e cariocas, mas dos gângsteres de Chicago na década tiroteada de 1920.

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