Monólogo eleitoral – Guilherme Fiúza comenta

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Sociólogos, jornalistas, cientistas políticos, marqueteiros e todos os que têm explicado a largada da corrida presidencial estão convidados a tirar férias até novembro. A realidade nunca foi tão mal embrulhada pela teoria.

No que Dilma Rousseff apareceu em empate técnico com José Serra, segundo a última pesquisa, já surgiu nova tese aberrante. Diz ela, basicamente, que a culpa é do Serra.

A hesitação do candidato tucano está prejudicando a oposição, dizem os analistas. Enquanto Serra se esconde, Dilma faz campanha sozinha. Por isso ela chegou ao empate, concluem.

É a conta de chegar mais fajuta dos últimos tempos. O tipo de explicação que maltrata o bom senso. Se Serra estivesse no palanque presidencial, batendo a céu aberto em Lula e em Dilma, os índices das pesquisas estariam no mesmo lugar em que estão. E essa mesma corrente de análise estaria cravando que o tucano perdeu terreno porque se precipitou.

Não há nada que Serra possa fazer. Aliás, o que não pode fazer é bater em Lula. O filho do Brasil é sagrado, está a meio caminho da canonização. Chutar imagem de santo é o caminho mais rápido para o suicídio político.

Lula está há mais de ano em campanha aberta, gritando de comício em comício que Dilma é a sua imagem e semelhança de saia. Ou seja: bater em Dilma é complicado também. Não porque ela é mulher. Porque ela é Lula.

Assim se inicia a corrida eleitoral de 2010: no campo da divindade. A pretensa racionalidade dos analistas, tentando explicar as pesquisas com (maus) argumentos terrenos, é de dar dó.

Serra vai aparecer como candidato em março, e lá para junho vai começar a bater o tambor para valer. Não há outro script possível. E mesmo assim, não vai poder voar no pescoço da adversária de proveta. Terá que ficar esperando as gafes, vocação principal dela.

Naturalmente, a assessoria de Dilma procurará mantê-la calada. Só dando pinta à sombra de Lula, com textinhos decorados na TV. Serra será quase um espectador, botando fé em que uma personagem destemperada e mentirosa não consiga atravessar meses de campanha sem arranhar o verniz da propaganda.

Os entendidos estão dizendo por aí que Ciro Gomes é o fiel da balança eleitoral. Estão mesmo precisando de férias. O fator que deveria estar chamando a atenção se chama Antônio Palocci. Lula decidiu botá-lo na cola de Dilma.

Se o ex-ministro da Fazenda não for sabotado por Top Garcia e demais representantes do chavismo desvairado, o pastel de vento Dilma Rousseff pode até ganhar algum recheio.

Seria uma boa notícia para o Brasil. E a tarefa da oposição ficaria um pouco mais próxima do impossível.

 

Fonte: Guilherme Fiúza

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