Poesia

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A violeta

 

 

A ROSA vermelha

Semelha

Beleza de moça vaidosa, indiscreta.

As rosas são virgens

Que em doudas vertigens

Palpitam,

Se agitam

E murcham das salas na febre inquieta.

 

Mas ai! Quem não sonha num trêmulo anseio

Prendê-las no seio

Saudoso o Poeta.

 

Camélias fulgentes,

Nitentes,

Bem como o alabastro de estátua quieta…

Primor… sem aroma!

 

Partida redoma!

Tesouro

Sem ouro!

Que valem sorrisos em boca indiscreta?

 

Perdida! Não sonha num tremulo anseio

Prender-te no seio

Saudoso o Poeta

 

Bem longe da festa

Modesta

Prodígios de aroma guardando discreta

Existe da sombra,

Na lânguida alfombra,

Medrosa,

Mimosa,

Dos anjos errantes a flor predileta

 

Silêncio! Consintam que em trêmulo anseio

Prendendo-a no seio

Suspire o Poeta.

 

Ó Filha dos ermos

Sem temos!

O casta, suave, serena Violeta

Tu és entre as flores

A flor dos amores

Que em magos

Afagos

Acalma os martírios de uma alma inquieta.

 

Por isso é que sonha num trêmulo anseio,

Prender-te no seio

Saudoso o Poeta! …

 

Castro Alves (1847-1871)

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