Poesia

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LAÇOS

 

Cordas feitas de gritos

 

Sons de sinos através da Europa

Séculos enforcados

Carris que amarrais nações

Não somos mais que dois ou três homens

Livres de todas as peias

Vamos dar-nos as mãos

 

Violenta chuva que penteia os fumos

Cordas

Cordas tecidas

Cabos submarinos

Torres de Babel transformadas em pontes

 

Aranhas-Pontífices

Todos os apaixonados que um só laço enlaçou

 

Outros laços mais firmes

Brancas estrias de luz

Cordas e Concórdia

 

Escrevo apenas para vos celebrar

Ó sentido ó sentidos caros

Inimigos do recordar

Inimigos do desejar

 

Inimigos da saudade

Inimigos das lágrimas

Inimigos de tudo o que eu amo ainda.

 

Guillaume Apollinaire

 

O Poeta

 

Guillaume Apollinaire , na verdade Wilhelm Albert Vladimir Apollinaris de Kostrowitzky (26 de agosto de 1880, Roma — 9 de novembro de 1918, Paris) foi um escritor e crítico de arte francês.

Filho de uma condessa polaca, desde 1902 foi um dos membros mais populares do bairro artístico parisiense de Montparnasse; foram seus amigos e colaboradores Pablo Picasso, Max Jacob, André Salmon, Marie Laurencin, André Derain, Blaise Cendrars, Pierre Reverdy, Jean Cocteau, Erik Satie, Ossip Zadkine e Marcel Duchamp.

Em 1909 publicou o seu primeiro livro O encantador en putrefacción, baseado na lenda de Merlin e Viviane. Os seus poemas, O bestiário ou o cortexo de Orfeo (1911) e Álcoois (1913) refletem a influência do simbolismo, com importantes inovações formais; nesse mesmo ano apareceu o ensaio crítico Os pintores cubistas, em defesa do novo movimento como superação do realismo. Alistou-se como voluntário em 1914. Foi ferido gravemente na cabeça, morrendo dois anos depois, vítima da gripe.

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