Poesia

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Ser Doido-Alegre, que Maior Ventura!


Ser doido-alegre, que maior ventura!

Morrer vivendo p’ra além da verdade.

É tão feliz quem goza tal loucura

Que nem na morte crê, que felicidade!

Encara, rindo, a vida que o tortura,

Sem ver na esmola, a falsa caridade,

Que bem no fundo é só vaidade pura,

Se acaso houver pureza na vaidade.

Já que não tenho, tal como preciso,

A felicidade que esse doido tem

De ver no purgatório um paraíso…

Direi, ao contemplar o seu sorriso,

Ai quem me dera ser doido também

P’ra suportar melhor quem tem juízo.

António Aleixo


O Poeta

Antônio Fernandes Aleixo (Vila Real de Santo António, 18 de Fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de Novembro de 1949) foi um dos poetas populares algarvios de maior relevo, famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente em seus versos. Também é recordado por ter sido simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX.

Conheça mais sobre Antonio Aleixo aqui

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