Lêdo Ivo

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O cavalo

 

 

No campo matinal

um cavalo assediado

pelo zumbir das moscas

mastiga avidamente,

o capim do universo.

Os insetos volteiam

no anel azul do mundo

– esfera sem passado

nos ares momentâneos.

Não há mitologia

espalhada na relva

que é verde, sem caminhos,

longe das longes terras.

E o cavalo sobrado

da inenarrável guerra

e da paz defendida

à sombra das espadas

mata a fome no campo

onde não jazem mortos

nem retroam clarins.

Sua crina estremece.

E seus cascos escarvam

a plácida planície

coberta pelos pássaros.

Já sem fome, relincha

para os céus que não guardam

as fanfarras e flâmulas

e a fumaça da História,

e se muda em estátua.

 

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