AUTO-ENTREVISTA

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MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

“A liberdade de eleições permite que você escolha o molho com o qual será devorado. ”
(Eduardo Galeano)

Pode parecer bizarro, mas estou copiando o grande Gilberto Freire que já escreveu uma auto-entrevista, perguntando-se e respondendo-se sobre os tipos sócio- antropológicos no romance brasileiro. Enxeridamente tentarei fazer o mesmo replicando o que penso sobre as eleições num Estado de Direito.

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PERGUNTA:  qual a razão de você, ao contrário de um grande número de tuiteiros, recusar-se a comentar sobre as eleições nos Estados Unidos, sequer acompanha-las como muitos seguidores, torcendo por um dos candidatos majoritários?

RESPOSTA:  acho que fui muito claro na mensagem que tuitei. Sou um patriota brasileiro sem sofrer a síndrome do colonizado… para mim tanto faria quem ganhasse o confuso processo de votação nos Estados Unidos e o ainda mais complicado o da apuração dos votos…

Isto nada tem a ver com xenofobia e muito menos com ranços anti-imperialistas que eram inculcados na minha geração. Nunca me influenciaram; estudei a guerra de libertação americana e invejava o “way american of life”. Fui um grande admirador de Franklin Delano Roosevelt, um exemplo de estadista.

Quem conhece a passagem histórica de Roosevelt por três mandatos na Casa Branca, como poderia ter alguma empolgação por Biden ou Trump? Ambos, no sistema criticado por Gore Vidal, distinguiram-se eleitoralmente como Analgésico “A” e o Analgésico “B”, sendo que ambos são aspirinas….

Para os meus jovens seguidores que pouco conhecem sobre a quebra da Bolsa de Valores em 1929, que levou os Estados Unidos à bancarrota e abalou o mundo, informo que se deveu a Roosevelt, com o seu programa New Deal, a recuperação do País da chamada “Grande Depressão”.

Impressionante também foi a condução dos EUA para a guerra contra o nazi-fascismo e o extraordinário esforço industrial responsável pela vitória dos aliados. Tristemente, com a sua morte aos 63 anos em abril de 1945, Roosevelt não assistiu a ascensão do país à liderança mundial e a prosperidade pós-guerra do povo americano.

Dele, resta a confiável análise de C. G. Jung: – “Não tenham dúvidas, Roosevelt é uma força da natureza, um homem dotado de uma mente superior”; e também a referência elogiosa do pastor Martin Luther King lembrando discurso dele (em 1934!), na Universidade de Harvard: – “Não devem existir homens ou raças esquecidos entre os cidadãos americanos”.

O inegável definhamento cultural e moral das personalidades mundiais que assistimos nos nossos dias, leva-me ao reconhecimento dos estadistas (goste-se ou não se goste deles) que conviveram à época de Roosevelt, como Churchill, De Gaulle, Getúlio Vargas, Perón e Stálin.

Com não entristecer com os governantes que vemos hoje à frente dos países que eles lideraram? …  E, pior, são novamente candidatos, despreparados e personalistas. É por isto que na nossa Pátria, o Brasil, deve residir a nossa preocupação. Findo o capítulo eleitoral lá no país em que para alguns é a matriz, essas mentes intoxicadas pelas drogas ideológicas estão em polvorosa. Já sabem que o povo vai enfrenta-los agora nas eleições municipais.

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PERGUNTA:  como o eleitor deve se comportar no Brasil, votando para prefeitos e vereadores na corrida pelo poder municipal executivo e legislativo?

RESPOSTA:  estas eleições apresentam um quadro surreal, pincelado com as mediocridades coloridas e a falta de patriotismo. Nelas pontificam os políticos que meteram a mão no dinheiro do contribuinte para o Fundão Eleitoral, para eleger os inimigos do povo, carreiristas, oportunistas e picaretas.

É deles que a Democracia sofre a infecção virulenta da corrupção municipal que se alastra pelo país, e a maior prova disto é a ganância continuísta na reeleição dos prefeitos em municípios “falidos”…

Neste mar de lama, sem dúvida, sobrevivem honrosas exceções, mas nos dá trabalho para batear cascalhos atrás de pepitas de ouro…. Da minha parte, se não encontrar o candidato ideal, escolho o menos pior….

Se não me engando, Theodore Roosevelt Jr., tio de Franklin, disse que “ o voto é como um rifle, sua utilidade depende do caráter do beneficiado”.

Atrás de um bom caráter, não encontrei ainda um candidato a vereador no Rio; se morasse em São Paulo votaria no médico Gilberto Natalini, ambientalista vigoroso e honesto. Para prefeito no Rio votarei na juíza Marta Rocha, por eliminação dos demais concorrentes.

 

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