ARTIGO
Trinômio fatal: Incompetência, Corrupção e Impunidade
MIRANDA SÁ ( E-mail: mirandasa@uol.com.br )
Sou do tempo em que se louvava o Binômio de JK – “Energia e Transporte” – que levou Juscelino Kubitscheck ao Governo de Minas Gerais e depois à presidência da República. Agora vejo vigorar o Trinômio do PT – “Incompetência, Corrupção e Impunidade”.
No meu último artigo, tracei a escalada da corrupção do lulo-petismo, e já surgiram mais: são escândalos cotidianos. O sobrepreço das obras e das compras públicas, acompanhados das infalíveis propinas é trivial; e o uso da coisa pública em proveito pessoal ou grupista, é rotina.
Ao tempo em que a necrofilia narco-populista desenterra o cadáver de Juscelino (e o de Jango em conseqüência), vigora o trinômio do PT, na radiografia da ossatura administrativa federal mostrando incompetência nas obras intermináveis ou inacabadas, e a impunidade sobrenadando nos ministérios e nas estatais.
Os fatos da última semana me induzem a riscar a impunidade deste texto porque, no fim do julgamento do Mensalão, parece que ingressamos numa era de Justiça Boa e Perfeita… Contrariando essa premissa, meu raciocínio é de que a punição dos quadrilheiros restringe-se ao STF (com pontuais fragmentações éticas e até culturais).
Vejo no STF, até o momento em que fecho este artigo, que já não existem réus e sim condenados às vésperas de cumprir a pena imposta. Será um fim honroso da Ação Penal 470, devendo-se isto à ousadia do relator do processo, o ministro Joaquim Barbosa.
Paralelamente, acabamos de assistir uma punição de “advertência” dada pelo Conselho de Ética da Presidência da República ao presidente do órgão, Vinícius Marques de Carvalho, pelo crime de falsidade ideológica praticado na omissão de dados curriculares (inclusive filiação partidária).
No pântano da corrupção lulo-petista, esta punição é ‘duríssima’ retratando a desonestidade reinante neste País. O Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica é a agência federal que regula a concorrência entre empresas no País, e Vinícius, petista de carteirinha e sobrinho do titular da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi plantado lá para agir partidariamente.
A omissão em quatro currículos de Vinicius não foi caracterizada como crime administrativo e por isso manteve-se no cargo, talvez pelos “serviços prestados”. Ele submeteu a Siemens, detentora de diversos contratos com o governo tucano de São Paulo, a um acordo de leniência e à denúncia de um cartel nos contratos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Comprometendo sucessivos governos tucanos paulistas, Vinicius é um dos heróis proletários do narco-populismo. Também Ideli Salvati continua ministra à espera de uma decisão da mesma Comissão de Ética. Se for mantido o “rigor” do presidente da Comissão, Américo Lacombe no julgamento de Vinicius Carvalho, Ideli também se sairá bem, possivelmente promovida.
A Ministra, porta-voz da presidente Dilma, voou por vários dias num helicóptero da Polícia Rodoviária Federal, em Santa Catarina, usado para remover vítimas em estado grave de acidentes e desastres naturais. Dessas visitas aos seus redutos eleitorais resultaram mortos e feridos não atendidos em acidentes nas estradas catarinenses; mas isto não importa porque ela é petista.
Ainda no campo da impunidade ficam os responsáveis pelas sete obras públicas, quatro do PAC. As obras receberam o pedido de suspensão do Tribunal de Contas da União, tendo o seu presidente, o ministro Augusto Nardes, apontado falta de planejamento, falhas na gestão, incompetência, e suspeitas de superfaturamento.
Eis, porém, que a Presidente da República corre a defender o andamento das obras, mesmo condenadas. Minimizando os desacertos apontados e até criticando o TCU, Dilma se acumplicia publicamente com a incompetência e a corrupção, quando deveria agradecer a colaboração moralizadora e patriótica do TCU.
Vê-se, dessa maneira, que é o Executivo o poder centralizador e centrifugador que coordena a difusão do trinômio fatal, Incompetência, Corrupção e Impunidade, regendo os destinos da nossa infeliz República.
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