Alfred Musset

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Lembra-te



Lembra-te, quando ao sol, timidamente,

a aurora abrir seu encantado paço;

e quando, sob um véu de prata algente

cismando, a noite devanear no espaço.

Quando o gozo agitar teu seio de mulher,

quando os sonhos da tarde a sombra te trouxer,

escutarás, além, na mata umbrosa,

a voz misteriosa:

Lembra-te!

Lembra-te, quando fomos condenados

a magoa eterna da separação,

e a dor, o exílio, os anos fatigados,

me houverem corroído o coração;

pensa no extremo adeus, nesta triste existência!

Para quem ama, o tempo é nada, e é nada a ausência.

Meu pobre coração, até morrer,

sempre te há de dizer:

Lembra-te!

Lembra-te ainda quando paz sem termo

ele, extinto, gozar na terra fria;

e quando, em meu sepulcro, a flor do ermo

Desabrochar suavemente um dia!

Não mais tu me hás de ver; mas, onde quer que vás,

junto de ti minha alma – irmã fiel – terás!

E, alta noite, hás de ouvir a voz desconhecida,

murmurando sentida:

Lembra-te!


Alfred Musset

(Trad. de Magalhães de Azeredo)

Leia aqui a biografia do poeta

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