Artigo
POVO & PÚBLICO
MIRANDA SÁ 9Email: mirandasa@uol.com.br)
Das frases que seleciono para levar as cabeças pensantes à reflexão, publiquei uma de Lima Barreto, escritor da minha estima: “O Brasil não tem povo, tem público. Povo luta por seus direitos, público só assiste de camarote”. Esta original conclusão foi retuitada dezenas de vezes, obrigando-me a comentá-la.
Como entendo, a diferença é abismal. O que o público quer é festa, e não é por acaso que 50% das verbas municipais bancam para satisfazê-lo. A festança começa nas campanhas eleitorais nos comícios, banda de música ou trio elétrico, fogos de artifício e a colorida demagogia discursada nos palanques.
O povo, ao contrário, define-se como sistema de organização política da massa, e com ou sem folguedos carnavalescos, participa da política discutindo, reivindicando, enfim, lutando, enquanto o púbico se diverte….
O público, quando fatiado, repete individualmente “O que é que eu tenho com isto?”, e veste a camisa do analfabeto político tão bem descrito por Brecht; alheia-se à realidade, sem ouvir, sem falar, e vê divertidamente os acontecimentos políticos. É o indivíduo a quem pouco importa o custo de vida, o preço do feijão, da carne, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio, ignorando que tudo isto depende de decisões políticas.
“O que é que eu tenho com isto?”, dói nos ouvidos da cidadania e revolta os espíritos humanistas; aquele que assim se expressa é responsável pelo analfabetismo, a fome e a insegurança. Quem profere esta pergunta, além de néscio e antissocial, é cúmplice da corrupção política e do crime organizado.
Um psiquiatra meu amigo disse-me que é um reflexo automático e involuntário dos estúpidos; são pessoas que não entendem o simbolismo das atitudes, dos gestos e do comportamento; que não possuem defesas orgânicas e neuronais, são inoculadas facilmente pelo vírus do fanatismo e erguem altares para ídolos políticos.
São herdeiros daqueles que cultuaram Hitler, Mussolini e Stálin, aos quais dedicaram obediência ampla e irrestrita. Não enxergam que os políticos são seres humanos que ao assumirem o poder mostram-se egocêntricos e egoístas envoltos pelo desejo da vitaliciedade do domínio.
É isto o que vemos, infelizmente. A maioria dos políticos põe o interesse pessoal ou grupista acima dos princípios éticos e morais, incentivando a modelagem das suas próprias estátuas. A eles pouco importa a distinção de público e povo confundindo-os do alto dos palanques. (Alguns permanentes por todo um mandato).
O público emprenha pelos ouvidos da demagogia barata e se enche de convicção, servindo com servilismo ao chefe para o que der e vier. Foi o que assistimos na cena da depredação vandálica em Brasília a oito de janeiro do ano passado.
Bolsonaro, aquele que os incentivou durante largo tempo com recursos eficientes de propaganda, abandonou-os e se exime de culpabilidade. Terceirizou as responsabilidades como é norma dos “líderes populistas’.
Do outro lado, vê-se Lula voltar ao local da desenfreada corrupção, a Refinaria Abreu e Lima, caloteada pelo amigo ditador Chávez e posta à disposição de corruptos e corruptores como a Lava Jato mostrou. O trem desenfreado da corrupção vai de volta ao passado criminoso e o seu ruído desperta as pessoas honestas deste País.
Lula, “populista de esquerda”, impune da roubalheira que praticou e foi condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro em três instâncias, foi descondenado sem-cerimônia pelos cúmplices togados do STF.
Bolsonaro, o “populista de direita”, prepara novo assalto ao poder, conspirando e induzindo os seus asseclas a atacar o Exército que repudiou sua tentativa de golpe.
Nos trilhos da História, Bolso e Lula veem reduzir o seu público de fanáticos e mercenários no entorno palaciano, o público dos cercadinhos. O povo fica à parte, mostrando-se consciente dos males do populismo demagógico e desperta para a terceira via que nos livrará da desgraçada polarização.
POPULISMO HIPÓCRITA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Não precisa ter o invejável QI dos gênios; basta ter a mente aberta, com boa informação e dispor de independência intelectual, para não suportar a infame polarização eleitoral dos extremismos auto assumidos “de direita” e “de esquerda”.
A ideologia distorcida dos dois segmentos políticos usada para cativar a simpatia das massas ignorantes, tem o nome de “Populismo”, termo dicionarizado como “o modo de governar em que certa pessoa procura conquistar a liderança de uma nação usando o mecanismo governamental” (e o dinheiro público) para isto.
Esta acepção é moderna; a palavra “populismo” vem do Império Czarista Russo, onde auto assumidos “populistas” pregavam a revolução camponesa, visando transferir o poder político às comunas por meio de uma reforma agrária radical.
Utilizado pela primeira vez no Império Russo, o populismo surgiu mais tarde nos Estados Unidos com um tal “Partido do Povo”, propondo o incentivo à pequena agricultura através de uma política monetária e de crédito expansionistas.
A definição atual veio após as experiências fascistas e stalinistas na Itália e na Rússia ocorridas no século passado. Estas trazem reflexões para a direita e para a esquerda. A primeira vem do sociólogo norte-americano Seymour Martin e a outra do pensador italiano Antônio Gramsci.
Seymour defende a tese de que o populismo seria uma característica de Direita baseada na hegemonia política das classes médias, apoiadas pelos estamentos mais pobres da periferia urbana e campesina, como fez Mussolini, imitado por Hitler na Alemanha nazista.
Do outro lado, a visão marxista de Gramsci aborda a historicidade das revoluções francesa e americana, refletindo que o populismo surge num estágio em que a burguesia perde a capacidade de liderança, mas os trabalhadores não a assumiram, transferindo-a então para uma personalidade da sua simpatia.
Nestes dois pontos de vista encontramos a convergência de atribuir o exercício do poder populista a um líder carismático. Caem assim na teoria simplificada no modelo de governo paternalista, onde o chefe da Nação usa o poder para mobilizar a massa e organiza-la em “movimentos” financiados por esmolas sociais, afim de se perpetuar no poder.
Cachoeiras de palavras não bastam para mostrar como o populismo é prejudicial a um povo e a um País. Não há justificativa imparcial nem explicação escapatória e não deve ser visto com indiferença.
Tomemos por exemplo a leniência jurídica com o crime e os criminosos. O atrevimento juvenil ainda me revolta assistindo os exemplos baixados pelo STF pelo vil “garantismo populista” que representa o fim da Justiça boa e perfeita que todos queremos.
Tampouco podemos admitir a hipocrisia dos pelegos sindicais no poder com Lula da Silva, servindo como exemplo da negociata política com os trezentos picaretas do Congresso. É assim que o Presidente-Turista e o seu ministério medíocre desenham a mais abjeta forma de populismo.
Por fim, os truques do populismo hipócrita não se limitam ao lulopetismo, revelam o que fez seu sinistro antecessor, Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições após criar um “populismo fardado”, sindicalizando militares pelegos malquistos nas FFAA que, em boa hora, abortaram uma tentativa de golpe de Estado.
Nos ninhos de serpente que acolhem os ovos do populismo e da corrupção, lembram a passagem bíblica de Adão e Eva, que pode ensinar a nos livrar do mal: Se o casal divino em vez de comer o fruto proibido tivesse matado a serpente, a humanidade estaria livre dos populistas demagogos.
DAS TRADUÇÕES
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
A esquisitice das traduções que a gente encontra quando vai ao dicionário, nos obriga a pensar o que o estrangeiro alcança no português falado no Brasil, que o professor Borto neologiza como “brasilês” e Noel Rosa canta: “o samba não tem tradução no idioma francês.
Do inglês temos “Naked” que vai do nu ao desprotegido; o nosso calote, no francês, é “Pouf”; o que os espano-falantes tratam “broma” como gozação, gracejo, piada, o nosso coloquial vê como estúpido, grosseiro; e, vinda do quimbundo, “bunda”, nádegas, nos chega como “bumbum” e “bunda mole” se refere a um conversador…
Tivemos discutindo outro dia sobre o francesismo “débroullard”, que chegou ao dicionário da Academia Francesa após acaloradas discussões, designando alguém com a capacidade de escapar de complicações.
Lembrei-me de leitura antiga, uma crônica do escritor ítalo-argentino Pitigrilli que deu a “débroullard” o significado de “inteligência prática”; e, no seu texto, conta uma anedota clerical que vale a pena publicar:
“Reunidos à noite num convento, antes de se recolher, um beneditino, um capuchinho, um dominicano e um jesuíta conversavam e foram surpreendidos por um apagão elétrico; então o capuchinho falou que não precisavam de luz para manterem a conversação.
“O beneditino concordou, e propôs que lembrassem Deus na Criação, quando falou: ‘Faça-se a luz”; a proposta levou o dominicano a declinar sobre a origem divina das causas e a materialidade das consequências.
O jesuíta estava ausente; e, de repente, antes de concluído o assunto, a luz se acendeu e o discípulo de Santo Inácio de Loyola voltou: fora à caixa de luz mudar os fusíveis. Era um ‘débroullard’”.
Embora eu tenha colocado aspas na historieta, não a reproduzi ipsis litteris; escrevi-a de memória, e de memória lembrei-me que temos ocupando o trono de São Pedro no Vaticano um jesuíta, o papa Francisco.
Considero-o corajoso nas suas iniciativas com a ousadia de enfrentar as dificuldades burocráticas da Igreja Católica Apostólica Romana e abrindo a janela para arejá-la para fortalece-la, arrebanhando os cristãos arredios.
Ele não vê mudanças apenas pela modernização administrativa dos conventos e das irmandades; faz uma reciclagem teológica do cristianismo, contra o machismo dominante, o moralismo hipócrita, a imposição da castidade, a renúncia ao casamento peço sacerdócio e a negação das mulheres em exercer o sacerdócio.
Suas orientações voltadas para atender os crentes que estão deixando as igrejas vazias são lições práticas para um clero conservador que olha pelo retrovisor conceitos ultrapassados.
Embora agnóstico e a-religioso, considero que o papa Francisco traz um sentido humano para a controversa e questionável ordem mística mantida num tempo em que o homem pisa em solo lunar, a astronomia busca vida no cosmos e as pessoas necessitam livrar-se de preconceitos para readquirir a fé em Deus.
Que seja um deus diferente da imagem e semelhança do homem, tipo greco-romano, de barbas e olhos tristes e precisando ser adorado continuamente.
O sábio Einstein, após afirmar que “a ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega”, considera deus como a “Alma do Universo” como Spinoza defendia, “uma energia imaterial que subtrai ilusões e superstições”.
Seria ateísmo pensar assim? ou, ao contrário, será encontrar as partículas divinas universais em tudo, nos seres viventes e na matéria inanimada?
Aldous Huxley disse que “o medo da morte, e do que vem depois da morte, que leva os homens a voltar-se para a religião, à medida que os anos se acumulam”. Conheço muitos casos assim.
Então, estejam à vontade; mas que reflitam com o ecumenismo defendido pelo papa Francisco, aproximando-se ao que Buda ensinou: “As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?”
SOBRE PORNOPOLÍTICA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Muitos acharam graça, mas deixaram por isto mesmo; os estudiosos de linguística, entretanto, já propuseram a dicionarização do neologismo “Pornomímica” por mim usado ao observar gestos como aquele que Cristina Kirchner fez mostrando o dedo para eleitores de Javier Milei.
Há pessoas que não gostam de neologismos; são céticas quanto ao reconhecimento de valores literários. Felizmente se curam quando encontram razão nas gírias que o povo cria e que se desenvolvem e se multiplicam como cogumelos após as chuvas.
Não sei se é o caso de encontrarmos na zona sombria da política entre a luminosidade do bem e a escuridão do mal outro neologismo, “pornopolítica”, dedicando-o ao lado obsceno das fake news na invasão de privacidade, na indiscrição e no mexerico, publicadas nas redes sociais e reproduzidas em massa.
Este é o lado negativo das redes sociais. Não é apenas a desinformação, mas a interferência na vida das pessoas que pensam diferente da corrente divulgadora de infâmias.
O seu exemplo mais atual e palpável é o revoltante caso da jovem Jéssica Vitória Canedo, levada ao suicídio em virtude de uma notícia falsa publicada pelo perfil “Choquei”, um dos tentáculos de uma organização mafiosa de nome “Mynd”, que prestidigita tecnicamente uma rede de intrigas.
É amplíssimo o domínio da Mynd. Mantém diversos polos informáticos voltados para o entretenimento e o ativismo político, como o Garoto do Blog e Alfinetadas dos Famosos, citados em reportagens que denunciam, também, as ligações desta agência com órgãos governamentais.
Também é inegável o controle desta teia poeirenta de comunicação que serve a interesses escusos. Os mistificadores da Internet são de uma variedade incrível; reconhecemos os que agem individualmente e em grupo, incitados quando seguidores partidários ou conduzidos quando vendem a sua participação.
Todos estão enquadrados no Código Penal pelo crime de falsidade ideológica; e não vale a pena estender muito sobre as punições previstas para crimes e delitos num sistema em que muito poucos magistrados aplicam a Justiça julgando conforme a Lei, e não procurando brechas para atender a defesa de parentes advogados.
Mesmo para quem é alheado ao que ocorre à sua volta e não raciocina desta maneira, desconsiderando a fake news como criminosa, deveria vê-la prejudicial por falsear a verdade, e contribuir para a desinformação moldando o comportamento das pessoas. Muito pior, interferindo no voto do eleitorado.
Infelizmente temos lista com centenas de nomes que praticam esta delinquência e deveriam sofrer um castigo exemplar sem o chorôrô dos coleguinhas nas redes sociais e o apoio midiático dos comparsas mercenários ou ideológicos.
Talvez impulsionado pelo saudosismo, sinto que antigamente não era assim. Autores de perjúrio, fofoqueiros sobre a vida alheira, imprudentes difamadores e caluniosos eram punidos; não havia a Justiça leniente do “garantismo” salvando-os.
Tampouco tínhamos governos que os amparasse e financiasse, como se faz hoje aglomerando-os com miolos de pão das verbas públicas e atraindo-os como peixes nos aquários das bancas digitais como a Mynd.
A isto, chamo de Pornopolítica; e só vejo uma maneira de imprimir a ordem das coisas no Brasil do presente: a revisão geral da legislação por uma Constituinte, sem permitir a reeleição de políticos que ocupam atualmente cargos eletivos.
GUERRA E PAZ
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Não trato do esplêndido livro de Liev Tolstói – de quem guardo profunda admiração – dos amores romanceados por ele, de aventuras, de Napoleão na Rússia enfrentando o general Inverno; mas as consequências de uma guerra.
Como inimigo de qualquer conflito armado, faço a leitura do besteirol (outros acham caduquice) de Joe Biden, numa entrevista à CNN, afirmando que o seu governo, mesmo enfrentando o Congresso, continuará enviando armamentos, inclusive bombas de fragmentação, para a Ucrânia.
Revelou ainda que esta “ajuda” visa acabar a guerra sem contar com a unanimidade dos aliados da Otan. Disse ainda que gostaria que o apoio ocorresse para justificar uma intervenção direta contra a Rússia ao lado do governo de Zelensky.
– “Se a guerra estivesse acontecendo com um membro da Otan, estaríamos todos em guerra com a Rússia”, enfatizou Biden. O porquê destas declarações coincidem com o anúncio de que é a produção e a comercialização de equipamentos bélicos que estão salvando os EUA da recessão.
Do outro lado, esse retorno idiota à “Guerra Fria”, vimos Putin se garantir com o apoio político, diplomático, econômico e militar dos países de economia emergente e da China; e que está à espera de que cresça a insatisfação dos europeus contra o manobrismo norte-americano na Otan.
Pela fala tresloucada destes protagonistas no palco ucraniano, com o envelhecido script que revive o temor de uma guerra atômica mundial. Por eles exala o fedor nauseabundo de ameaças de uma catástrofe contra a civilização .
Esta asquerosa contaminação se espalha pelos ares do Oriente Médio quando inadvertidamente (ou criminosamente) os “duros” do Exército Israelense enviam drones sobre o Líbano ferindo a soberania do país com a justificativa de matar líderes do Hamas ali domiciliados.
Alguém já disse que este ataque um país neutro se trata de mais um desequilíbrio fomentador de conflitos na região aonde se sedia o Hisbolá; obteve grande repercussão na Europa, e, no Líbano, Antony Samrani, editor-chefe do jornal L’Orient-Le Jour, deixou claro num editorial: “Se o Hisbolá não fizer nada, abre o caminho para mais ataques desse tipo em sua fortaleza. Mas se a reação for forte demais, abre o caminho para a guerra total.”
É preciso advertir o mundo para este perigo. Internamente no Estado de Israel já se multiplicam as manifestações pacifistas contra a fúria extremista de Netanyahu. Estes protestos deveriam ser copiados pelos amantes da Paz contra a insanidade armamentista fomentada pelo complexo Industrial-Militar dos EUA.
Igualmente provocadores de guerra, temos também no Extremo Oriente, a China e sua consideração de que Taiwan é uma “província rebelde” que poderá sofrer uma intervenção militar; e, como no caso da Ucrânia, os EUA intervêm lá, apoiando Taiwan.
Como testemunho de ações e pretensões bélicas, tivemos agora na Península Coreana, o chefe de governo da Coreia do Norte, Kim Jon-um, pedir uma prontidão militar para enfrentar uma guerra; e exigiu maior eficácia na produção de armas ofensivas. Ao seu redor, encontra-se também os EUA dando cobertura à Coreia do Sul e ao Japão.
Vemos que esta polarização planetária aumenta o perigo de uma guerra atômica mundial, que se trata Trata de uma oposição ao humanismo, à alegria, à concepção e à felicidade, tanto individuais como nacionais, em todos os povos do mundo.
Enfrentando o galope do Apocalipse, coloco-me contra a mortandade de civis e a destruição de cidades. Este cuidado leva-me a Einstein, genial físico e ainda melhor pensador lúcido e independente, que preveniu: – “A próxima guerra mundial trará uma nova arma secreta, depois da qual a arma secreta da outra guerra será uma atiradeira de arremessar pedras…”
A UTI DA LINGUÍSTICA
MIRANDA SÁ (Email: mirandasasa@uol.com.br)
A minha pretensão de contar leitores próprios para os meus textos, levou-me a pensar que todos sabem da minha mania de visitar a UTI da Linguística no Hospital da Gramática…. Ninguém vai estranhar que para projetar a futurologia para 2024, fui tirar de lá a palavra “Blefe”.
O verbete dicionarizado é um substantivo masculino significando a ação de blefar, isto é, de enganar, principalmente procurando iludir no pôquer fingindo ter boas cartas. É vasta a sua sinonímia: engano, disfarce, logro, simulação, tapeação….
A etimologia leva ao holandês, “Blufffen” (“exagerar a própria capacidade”). Ao atravessar o Canal da Mancha foi batizada de “Bluff na Inglaterra.
Os puristas do idioma mantêm uma discussão sobre a diferença entre mentir e blefar, embora ambos tenham a mesma intenção de enganar e lograr alguém; no campo do Direito se distingue seus aspectos concebendo que o Blefe é imoral no seu propósito de falsear, e a mentira é um ato criminoso com intenção de prejudicar a quem se refere.
Apesar de criminosa, a mentira vive no cotidiano social e o mentiroso tem o intuito muitas vezes planejado de adulterar, atraiçoar e desvirtuar. Temos um exemplo muito interessante disto num filme antigo, de 1997, “O Mentiroso”.
É uma divertida comédia filmada sob a direção de Tom Shadyac estrelado por Jim Carrey, indicado ao Globo de Ouro como Melhor Ator de Comédia. Discorre sobre o comportamento de um advogado inescrupuloso de Los Angeles, Fletcher Reede, e sua relação com a esposa Audrey e o filho Max, a quem dedica profundo amor.
Acusado pelos que lhe cercam como incapaz de cumprir uma promessa e farto divulgador de mentiras teve o casamento desfeito pela mulher não tolerar este comportamento. No seu aniversário, Max também revoltado pelos problemas causados pelo pai, cria, ao soprar as velinhas, o desejo de vê-lo falando a verdade por 24 horas…. E daí temos um final feliz que pode ser conferido assistindo a fita…
Na linguagem morfológica e psicológica, a Mentira se faz presente no convívio social, mas a sua expressão grosseira e revoltante se encontra na cena política, impudica, com seus agentes praticando-a nos palanques eleitorais, nas tribunas parlamentares e nos pronunciamentos presidenciais e ministeriais.
A mentira mais nojenta e revoltante sai da língua mentirosa da polarização eleitoral que o sistema impõe à Nação Brasileira. No seu lado fonético estimula o fanatismo dos indivíduos, levando-os ao culto da personalidade dos líderes de facção.
Estes desvairados ególatras, Bolsonaro e Lula, cada um do seu modo e linguagem peculiar, mentem descaradamente. Fazem-no com a intenção criminosa de se manter no poder usufruindo vantagens pessoais e familiares.
É escandalosa a mentira gerada pelo maquinismo polarizador, com uma percussão diabólica cujas escalas maiores e menores atordoam os ouvidos dos democratas autênticos e penetram nos neurônios dos desavisados, promovendo o derrame sanguíneo da demência.
Mentindo, Lula e Bolsonaro, polarizadores da falsa direita e da falsa esquerda, soltam aos quatro ventos o discurso do mal; e assim fazendo, nos roubam até o mito da Caixa de Pandora que, após espalhar todas as desgraças do mundo manteve no fundo o único dom, a Esperança.
Esta ficou ao pé da Árvore-de-Natal, projetando a sadia expectativa para 2024; mas será trágico se ao abrir tardiamente um presente esquecido, achemos na modesta embalagem, bem escondidinho, o Blefe de 2024.
DISCUTINDO A RELAÇÃO
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Renovadas as esperanças de que tudo melhore no Ano Novo, temos várias opções: a fundamental, no meu entender, é cuidar da saúde; e a seguir vem a conquista da paz de espírito, com uma convivência saudável entre parentes e amigos.
É óbvio que não se pode deixar de lado a manutenção da mente aberta, independente e livre; o que nos leva ao alerta de Brecht quando disse que o que os malfeitores da vida pública mais querem é a nossa omissão da política.
Assim não nos custa definir uma posição política para 2024. Pela deterioração dos poderes republicanos, todos três, penso em lutar pela convocação de uma Assembleia Constituinte.
A “Carta de 88” já era. Primeiro, não tem nada de cidadã, traz favorecimentos insólitos aos políticos que viraram profissionais, com privilégios pessoais e até recebendo aposentadorias e pensões “mais iguais do que as dos outros”; e, segundo, priva-nos da segurança pela leniência para o crime e os criminosos.
Também são muitas e se multiplicam como uma colcha de retalhos as brechas intercaladas nos seus capítulos, jeitinhos que beneficiam governantes e parlamentares que fazem mal uso do dinheiro público. Incita claramente a corrupção e a garante a tolerância para os corruptos e corruptores, tornando impossível a aplicação de uma Justiça boa e perfeita.
Por tudo isto, faz-se necessário escrever uma nova constituição mais enxuta e realista que nos permita citá-la com a inicial maiúscula. Mas é preciso muito cuidado com a eleição dos constituintes e rejeitar o que fizeram os que assinaram a Constituição da República de Bruzundanga, fato descrito magistralmente por Lima Barreto.
Escreveu Lima que “os bruzudanguenses quiseram uma nova lei básica para governar o país; então foi convocada uma constituinte “com toda solenidade”, participando dela “jovens poetas, transandando à grossa boemia; imponentes tenentes de infantaria, ainda ‘cheirando’ aos cadernos da Escola; velhos possuidores de escravos cheios de ódio ao antigo regime que os libertou; bisonhos jornalistas da roça recheados de uma erudição à flor da pele e alguns colegas da capital entusiastas por caudilhos políticos”.
“Um dos artigos por eles sancionado na Magna Carta, trouxe, nas disposições gerais, que toda vez que um dos capítulos da Constituição ferir interesses de parentes das pessoas da situação, ou membros dela, fica subentendido que ele não tem aplicação no caso….”
“Com este artigo, a Lei Suprema de Bruzundanga tomou uma elasticidade extraordinária; os presidentes das províncias que apoiavam o Presidente, fizeram tudo o que queriam, e se alguém apelasse contra seus malfeitos à Justiça (lá se chamava Chicana) logo os ministros interpretavam a Lei Máxima garantindo o direito considerado errado”.
“A Carta de Bruzundanga foi copiada de um país de gigantes, mas às três páginas daquela, acrescentou-se 580, e assim foi obedecida de modo religioso”.
Lembra ainda Lima Barreto: “A Constituição da Bruzundanga era sábia no que tocava às condições para elegibilidade do Mandachuva, isto é, o presidente”.
Para discutir a relação da Constituição, Justiça e eleições na República de Ficção com o que ocorre no Brasil, nestes campos da atividade, temos aqui a obscena reeleição, o foro privilegiado e uma Justiça “garantista” julgando o “andar de cima”.
Quanto à convocação de uma constituinte para elaborar uma Constituição de verdade, temos que evitar que façam parte dela cúmplices do crime organizado, donos de cartório, filhos e netos de fazendeiros desmatadores, militares que sonham com uma ditadura e oportunistas de todos os naipes.
Assim, deixando de fora do poder gente egocêntrica, religiosos indiferentes, mulheres luxentas, intelectuais levianos e sindicalistas preguiçosos, eu gostaria de uma definição: A nova Constituição deve vir preocupada tão somente em realizar o dístico da nossa Bandeira: “Ordem e Progresso”.
UMA FESTA PAGÃ
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Escrevi uma crônica leve, cheia de pitorescas curiosidades para ser lida na data em que se comemora o Natal que reverencio como todos os que sofrem a influência do cristianismo. Repetindo anos anteriores nos reunimos em família, mulher, filhos, netos e bisnetos.
Poderia ter usado isto como tema; não o fiz porque considero o que celebramos uma festividade pagã, lembrando que o 25 de dezembro fazia parte do calendário civil romano como o Dia do Sol Invencível.
Homenageava o deus Mitra, patrono da justiça e da aliança e condutor da luz com farras orgíacas. Ele era representado materialmente pelo sol. Estas festas pagãs duraram até que o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano.
Então, o deus que vigiava a ordem cósmica, as estações do ano e a alternância do dia e da noite, foi substituído por Jesus Cristo divinizado; e o culto ao Sol Invencível foi proscrito pelo Edito de Teodósio, no ano 380.
Mesmo proibido, o mitraísmo continuou sendo a religião popular em mais da metade da parte ocidental do Império, sendo que muitos cristãos aderiam às festividades do Solstício de Inverno que ocorrem em dezembro no Hemisfério Norte.
A hierarquia católica sentiu isto e se apropriou da data, decretando o dogma da Natividade. Foi o trigésimo-sexto papa, Libério, que reinou sobre a Igreja Católica Romana de 352 até 366, que impôs o dia 25 de dezembro como data do nascimento de Jesus Cristo.
Libério e seus acólitos estabeleceram a Natividade junto com as demais festividades católicas, como a Páscoa da Ressureição e o Pentecostes herdado dos judeus (que dignifica o recebimento por Moisés das Tábuas da Lei), adaptando-o para a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.
Pretendendo despertar e conquistar os pagãos para Cristo, o seu nascimento poderia ter sido em qualquer data. Antes, recebia a atenção de diversos seguimentos cristãos para o 7 de janeiro, o 3 de março ou o 13 de abril, adotados por antigas seitas cristãs.
Lucas no seu evangelho (Lc, 1, 26) expõe que o arcanjo Gabriel anunciou a vinda do filho de Deus a Maria, seis meses após o profeta João Batista ter nascido, o que ocorreu a 24 de julho. Portanto, por uma gravidez normal de nove meses, a noite do nascimento de Jesus dificilmente teria sido em dezembro.
Vê-se então que a adoção do 25 de dezembro, atendendo ao interesse expansionista do papado, não foi a única concessão ao mitraísmo. O sacerdócio católico vestiu-se igualmente ao vestuário dos prelados e do pontífice de Mitra, com os papas usando o turbante mitral, de que os rabinos judeus já haviam também se apossado.
Diversas vertentes do cristianismo discordam e contrariam a adoção da Natividade a 25 de dezembro no Ocidente, Europa e Américas; mas aceitam-na a Igreja Anglicana, a maioria das Igrejas ortodoxas e tendências protestantes nórdicas.
A Reforma protestante, proibiu a celebração do nascimento de Cristo admitida pelo Papado que segundo Martin Lutero. era uma das fraudes papistas e denunciou-a como uma volta ao paganismo.
Austero, o luteranismo combatia também o Carnaval por sua inegável ligação com o catolicismo. Tal como é festejado no Ocidente, antecede a Quaresma criada na Alta Idade Média por um período de 40 dias antes da Páscoa.
Como o culto do Sol Invicto, o Carnaval tem também a sua origem greco-romana e era celebrado em Roma no solstício de Inverno, como a Lupercália, que ocorria em fevereiro.
Tudo visto e pesquisado não se trata de uma crítica, nem uma condenação como fez Lutero; trata-se apenas de um registro histórico sobre as festas pagãs. Da minha parte, festejo o 25 de dezembro com os meus parentes e amigos. Trocamos presentes e semeamos alegria com comida e bebida.
NINHOS DE SERPENTE
MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Neste segundo milênio da era cristã, com o fervilhar de notáveis avanços científicos e surgimento de grandiosos aparatos tecnológicos, a nossa Pátria Mãe acolhe na Praça dos Três Poderes, em Brasília, ninhos de serpente.
Constatar isto nos indigna e revolta assistindo os monstruosos ofídios por ovos e ver o nascimento de serpentezinhas no ninho, unidas com peles serpentiformes avermelhadas e verdosas, se diferenciando somente pela cor.
A coloração diferente dá-lhes uma ajuda para atrair e conquistar a opção de inocular o veneno de fanatismo nos desavisados, propagando a toxidade polarizadora que provoca o ódio entre os que se enfrentam nos confrontos eleitorais.
Desenha-se assim a metafórica contenda dos extremismos populistas, bolsonarista e lulista, que serpenteiam no Planalto. Contra Bolsonaro e Lula não devemos arquivar perífrases nem usar reticências. É obrigatório denunciá-los e combatê-los porque já não há dúvida de que ambos ultrapassam os limites da exploração de ideologias deturpadas à direita e à esquerda.
Estes dois populistas rejeitam princípios éticos e morais e devem ser acusados para evitar que trapaceiem a massa que se deixa enganar cativada pelo colorido e musicalidade de promessas demagógicas nunca cumpridas.
É preciso acusá-los de manter a população na ignorância pelo desprezo à Educação que lhes ajuda a manobrar o País. É por isto que peço licença aos críticos de Leonel Brizola, para citá-lo quando disse que “a educação é o único caminho para emancipar o homem; desenvolvimento sem educação é criar riquezas apenas para alguns privilegiados”.
Também o tribuno baiano João Mangabeira nos legou uma louvável proposta, ao afirmar que “no dia que os filhos do pobre e do rico, do político e do cidadão, do empresário e do trabalhador, estudarem na mesma escola…. Neste dia, o Brasil será o país que queremos”.
Para que nenhum cretino de plantão resmungue que cito apenas opiniões do centro e da esquerda, declaro meu respeito à política educacional teorizada em 1974 pelos generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, atendendo à aspiração de libertar o povo pela instrução.
Entretanto, para os populistas que se revezam no poder, a incultura lhes garante a permanência no abominável cenário político que atravessamos. Assim, o serpentário traz uma distorcida concepção de Democracia, chegando até adjetiva-la, como fez Lula concebendo a ditadura venezuelana como uma “democracia relativa’, e Bolsonaro articulando um golpe contra o Estado de Direito.
Há quem apoie tais disposições deles e há quem se cale diante disto. Felizmente surgem aqui e acolá protestos, mesmo longe de atacar estruturalmente o esquema populista; é plausível, porém, que muitos entendem que só se conquista a Democracia pelo seriado educativo da conscientização e da alforria intelectual.
Precisa-se para isto de uma reformulação científica nos currículos escolares, estimulando o alunato e qualificando os professores, remunerando-os com os padrões mundiais (em Singapura o piso equivale a R$16 mil). Sem que isto se faça, tudo continuará no mesmo ramerrão de uma política educacional de fachada.
No plano internacional, lembro Dwight D. Eisenhower, presidente dos Estados Unidos, quando, no fim do seu mandato fez uma autocrítica digna de citação, dizendo que um dos maiores erros e mais notáveis que cometeu, foi em não ter dado prioridade à Educação.
O herói da guerra contra o nazifascismo conscientizou-se de que somente com a Educação poderemos manter a Democracia e programar o desenvolvimento econômico. Tivemos também um presidente que se preocupou com isto, Epitácio Pessoa, semeador no seu governo de escolas públicas Brasil afora. Mais tarde, não custa louvar Darcy Ribeiro que revolucionou o Rio de Janeiro com os CIEPs.
Estas personalidades nos ensinaram a eliminar as serpentes da ignorância que se aninham ameaçadoras com 60% de analfabetos funcionais no País; e são aliadas dos populismos auto assumidos “de direita” e “de esquerda”. Exterminá-las é uma prioridade fundamental; parece redundância, e se for, reforça a afirmação.
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FÁCIL OU DIFÍCIL ?
MIRANDASÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)
Não venho tratar de problemas de palavras cruzadas nem do Sudoku, mas de uma das lições mais inteligentes que recebi sobre as dificuldades ou facilidades de aprender, fazer e entender, é um pensamento de George Santayana que guardo comigo desde a adolescência (que vai muito longe): “O difícil é o que se pode fazer facilmente; o impossível é o que exige um pouco mais de tempo…”
Não conheço qualquer pesquisa de opinião ou estatística sobre isto, mas a minha grande dificuldade no estudo foi a Matemática, principalmente a sua etapa superior; e fiquei satisfeito em compartilhar isto com Shakespeare que disse: “Deixei de gostar da matemática depois que “x” deixou de ser sinal de multiplicação”.
Sou melhor que ele, porque gostava (e gosto) das expressões matemáticas em equações de primeiro grau que buscam a igualdade entre duas quantidades. E amo a Geometria, o que me levaria a conviver com os antigos filósofos gregos….
Na alvorada da minha vida tive uma fácil compreensão geográfica e histórica; pena que a Geografia Política mudou do meu curso primário para cá com a descolonização na África e na Ásia e as consequências da 2ª Guerra na Europa.
A História ficou. Como o passado não muda, apenas enriquece com novas informações, tenho estudos arquivados na massa folheada dos meus neurônios, guardando curiosidades e anedotário sobre personalidades que se sucedem por gerações….
Lembro, por exemplo a narrativa do historiador pioneiro, Heródoto, sobre o primeiro grande faraó, Keops, que se vendo em dificuldade financeiras para concluir a construção da sua pirâmide, levou sua filha à prostituição, cujos honorários cobrados eram pedras de dez por dez metros…
Coisa pouco conhecida, como a consagração do Ovo que se transformou em caríssimas joias no reino czarista e foi adotado pelo cristianismo imperial como símbolo da Páscoa. Surgiu por uma coincidência: um ovo vermelho de galinha posto no dia do nascimento do imperador romano Alexandre Severo, que reinou nos anos 235 da Era Cristã e foi bastante influente na Igreja Católica Romana.
Para matar a curiosidade não podemos deixar de estudar e, satisfeitas as pesquisas feitas, é uma obrigação divulga-la. É necessário não deixar qualquer vácuo na informação; todas as coisas são importantes para o interlocutor.
Cumprindo a minha tarefa de descobrir coisas de interesse geral, descobri uma coisa simples para uma palavra que está internada na UTI da Linguística, mas em certas regiões brasileiras ainda é usada, a palavra Ponche.
Pensava que era francesa. Ledo engano: a sua etimologia é indiana significando cinco; isto mesmo, o número cardinal que fica entre o quatro e o seis…. Simplesmente se refere aos cinco ingredientes que o compõem: açúcar, água, canela, limão, rum, e bastante gelo.
Como tratamos de diversão, encontramos também uma sutil diferenciação nos termos usados na Ciência Médica, na Botânica e na Zoologia. A primeira adota o grego e as duas outras latim; e é interessante a adoção do grego nas referências às manias e fobias pela psicanálise e psicologia – talvez por influência de Freud.
A fobia – fóbos/ou, medo, + ia – é a aversão exagerada por alguma coisa (o dicionário registra “receio patológico persistente”). Ultimamente na linguagem comum usamos o termo Homofobia combatendo o preconceito aos homossexuais. Aparentados, temos Agorafobia o medo da altura; Quenofobia, medo da escuridão, Claustrofobia, medo de lugares fechados e Oclofobia, medo mórbido de multidões.
O medo psiconeurótico, irracional e doentio, dificulta os portadores da Oclofobia impedindo-os de assistir um clássico do futebol; mas facilita a higiene mental no campo da política; não vai às manifestações extremistas, comícios e invasões a prédio públicos.
Isto é fácil de entender, embora dificílimo de evitar outras enfermidades fóbicas, algumas até benvindas, como a Bolsofobia e a Moluscofobia, ambas trazendo o medo de manter a continuidade da polarização patológica destas bactérias populistas e demagógicas.
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