Paul Eluard

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Man Ray



A agitação dum vestido que tomba

Depois um corpo simples sem nuvens

Venha assim confiar-me os seus charmes

Você que teve a sua parte de felicidade

E que muitas vezes chora o sinistro fado daquele que a fez feliz

Você que não tem vontade de pensar

Que nunca soube edificar um homem

Sem amar um outro

Nos espaços de marés dum corpo que se desnuda

À mama que se afigura ser crepúsculo

O olho passeia sobre as dunas distraídas

Onde as fontes guardam as unhas de mãos nuas

Vestígios da vanguarda nua face pálida sob as celhas do horizonte

Uma breve lágrima noiva do passado

Saber que o clarão foi fértil

Infantis andorinhas julgam que a terra é o céu

O quarto negro onde todos os calhaus do frio estão afiados

Não me digas que não tens medo

O teu olhar está ao nível do meu ombro

És bela demais para exaltar a castidade

No quarto negro onde mesmo o trigo

Nasce da gulodice

Ficas imutável

Estás só.


Paul Elouard

Tradução: Fernando Oliveira


Este poema provém do tema intitulado “ A rosa pública “ – 1933 – de Paul Elouard

Leia aqui a biografia do poeta.

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