Artigo

DAS COINCIDÊNCIAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

A vida é cheia de coincidências; mas as coincidências que encontramos nos círculos políticos são exageradas. Como verbete dicionarizado, a palavra Coincidência é um substantivo feminino vindo do latim vulgar “coincidere”, significando a condição de dois fatos ocorrerem igualmente por acaso.

Não encontramos para Coincidência um sinônimo perfeito que represente claramente sua significação, a justaposição de situações distintas em tempo e espaço. Nada tem a ver com coexistência, nem concordância, nem semelhança; o mais próximo que achei foi simultaneidade, e mesmo assim passa raspando….

“Uma vez acontece. Duas vezes é coincidência. Três vezes é ação inimiga” é a definição jocosa de Ian Fleming, militar, escritor e jornalista britânico conhecido mundialmente como inventor de James Bond.

Isto está exemplificado pela História Geral no caso ocorrido na 2ª Guerra com o prodígio da engenharia naval alemã nazista que, lançado ao mar, fez o almirantado inglês temer pela sua invulnerabilidade; mas a 27 de maio de 1941, por uma coincidência, uma bomba lançada pelo encouraçado inglês Prince of Wales entrou em uma das chaminés do navio alemão e explodiu a casa de máquinas.

Até hoje nos círculos navais se discute este fato de um dos navios mais lendários do mundo afundar na primeira batalha naval de que participou.

No campo do fantástico situações que ocorrem simultaneamente temos a história de um milionário norte-americano que simples empregado numa granja, indo a uma barbearia ouviu do cabelereiro que tinha palhetas de ouro nos cabelos. Ele se lembrou que havia tomado banho num riacho que corria num terreno devoluto e foi ao órgão competente registrar o terreno como sua propriedade. Assim fez a sua fortuna explorando o ouro que havia ali em profusão.

Como piada, temos de Leon Eliachar, humorista que fez sucesso no século passado, quando o gênio não se acovardava, traz no seu livro “Homem Ao Quadrado”, um problema brasileiríssimo: – “A pontualidade é a coincidência de duas pessoas chegarem ao encontro com o mesmo atraso”. Brasileiríssimo.

O modo de pensar independente desconfia das coincidências; achamos que o que é repetido por duas pessoas sobre um fato ocorre por acidente, pode se considerar coincidência, mas quando surge uma terceira versão tem, sem dúvida, um propósito.

Isto se observa sempre no infelicitado Brasil quando coincidentemente elevou-se na política uma polarização entre populistas corruptos. Neste confronto ensaiado como as disputas dos cordões azul e encarnado nas lapinhas folclóricas.

Antes, as disputas eleitorais eram jogadas de compadrio com uma duração marcada; terminada a eleição tudo voltava à estaca zero. Hoje esta política esquizofrênica, tem reflexos escandalosos como ocorre no assalto aos aposentados e pensionistas do INSS vítimas de descontos ilegais por uma gangue sindicalista.

Encontramos aí coincidências memoráveis. Vejam que os descontos do INSS atingiram 60% dos aposentados, por justaposição foram 19 cidades do Nordeste as mais atingidas; a maioria vive em áreas rurais, segundo a CGU…

Por coincidência o ministro Carlos Lupi, que havia sido demitido no Governo Dilma por denúncias de irregularidades em convênio, teve conhecimento do assalto ao bolso dos velhinhos em 2023 e somente dois anos depois diz que a demora se deveu à “burocracia” …

Também por coincidência um dos envolvidos no roubo é o irmão de Lula, Frei Chico, cujo sindicato teve um aumento de 564% em repasses do INSS nos últimos 5 anos; e ocupa duas situações: o apelido de “Frei” é porque embolsava um “terço” da arrecadação sindical; e recebeu uma ajudinha com a dispensa da biometria e agora foi poupado na lista dos acusados….

Das coincidências advocatícias, temos a imoral – para não dizer criminosa, a contratação por uma das entidades investigadas pela PF do advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro Ricardo Lewandowski!

Há muitas outras situações e compatibilização de ocorrer ao mesmo tempo. A mais interessante é ver-se Lula não demitir Lupi, réu confesso; comenta-se que com isto se repete o caso do asilo dado à ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia condenada por lavagem de dinheiro em um caso envolvendo a construtora Odebrecht. Tanto Nadine como Lupi são arquivos vivos sabendo demais sobre o Pelegão descondenado.

Finalmente uma coincidência que serve de prova para condenar o Governo Lulopetista; vê-se o líder do governo na Câmara Federal, Lindenberg Farias e a ministra petista Gleise Hoffman postar-se com afinco contra uma CPI para investigar o crime na Previdência. É uma suspeição explícita da participação do Chefe no esquema.

Coincidir, ajustar, compatibilizar e concordar é a inútil tentativa de terceirizar o assalto dos corruptos, fugindo do envolvimento no esquema bilionário de fraudes contra aposentados do INSS…. E coincidentemente tudo sob o silêncio ensurdecedor do STF.

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DOS ABSURDOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Não é de agora que nos deparamos com coisas ilógicas, despropositadas e contrárias ao bom senso. Considerações que chamamos de “Absurdos”. E está claro que nos tempos paradoxais em que vivemos o que vem de longe piorou muito….

Como verbete dicionarizado, Absurdo pode ser adjetivo e substantivo; no primeiro, o que é contrário à razão e ao bom senso; que não faz sentido; e como substantivo, algo disparatado e insensato; figurativamente, projeto fantasioso, utopia.

O Absurdo chama atenção para o que é Ilógico, Incoerente e foge às normas estabelecidas pelos costumes dos povos no mundo inteiro; e é por isto que merece ser estudado; mas, pela abrangência planetária, será de bom tom limitar as pesquisas aos absurdos ocidentais….

Mesmo assim, o campo é vasto, intervindo em todas ações humanas em sociedade; na arte, na ciência, nos costumes, na literatura, na política e na religião. Percorre na trilha da História como um burro com as cangalhas carregadas de irracionalidades. Inauditas.

Na prancheta das artes lamentamos o desaparecimento das maravilhas do mundo antigo, restando apenas a Grande Pirâmide de Gizé e a Muralha da China; a Ciência esqueceu a revolução ocidental da Medicina, guardando dela apenas a memória de Hipócrates.

O comportamento humano em sociedade também deixou que as classes dominantes omitissem os horrores da escravidão indígena e negra, que deletasse a brutalidade da Inquisição, esquecesse o brutal colonialismo europeu que oprimiu e saqueou os povos na África e na Ásia; e fantasiasse que sob a bandeira da Cruz, viu-se a conquista espanhola e portuguesa das Américas dizimando povos e destruindo as civilizações do México, Mesoamérica e Andes.

Perdura até hoje a estreita mentalidade colonialista nos poderes brasileiros. No caso a Justiça o que vemos é a leniência com o crime, principalmente com a corrupção e se vê o absurdo da facção criminosa de São Paulo, o PCC, manter um Tribunal mais ágil e mais justo, condenando à morte o bandido que sequestrou, violentou e matou uma estudante da USP.

Igualmente correndo nas pistas das incoerências e despropósitos, a religião judaico-cristã se divide entre negocistas frente a um balcão de venda dos evangelhos fraudulentos e a adoração judaico-católica dos fantásticos contos das mil-e-uma-noites sobre a origem da vida num livro “escrito” por seu deus humanizado.

São absurdos as fantasias da Torah (Velho Testamento), o absurdo anticientífico da criação do mundo em 6 dias (Gênesis 1), o mito da criação em conflito com a origem da vida (Gênesis 3); com pessoas vivendo centenas de anos (Matusalém 969 – Gênesis 5:27); a saída dos hebreus do Egito pela abertura do Mar Vermelho (Êxodo 14) …. E vai ao extremo com todos os animais do mundo salvos do dilúvio na arca de Noé.

Na vertente cristã do judaísmo a História registra a morte do cristianismo primitivo tornando-se uma religião imperialista, coroando como “rei dos reis” o Carpinteiro de Nazaré um homem comum, altruísta e milagreiro que andava com pescadores, empregados, prostitutas e inválidos.

Sua trajetória tornou-se um dogma baseado na suspeita verdade de Mateus, Marcos, Lucas e João transcrevendo nos quatro evangelhos “oficiais” o disse-me-disse transmitido oralmente durante 100 anos. Foram aprovados nos primeiros concílios de Cartago e Niceia ao gosto da hierarquia eclesiástica da nova religião; e excluídos outros depoimentos como os evangelhos de Tomé, de Filipe, de Maria Madalena, de Judas e o Protoevangelho de Tiago.

Resultantes desses absurdos culturais, nações inteiras caíram no lamaçal do fanatismo e convivem com os disparates paradoxais da absurdez jurídica vendo-se o STF, leniente com o crime, silenciar com o asilo dado por Lula a ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia, condenada pelo Tribunal Superior Nacional do seu país por corrupção.

Quando abordamos a política – onde tudo que é insensato -, assistimos Edinho Silva um dos principais hierarcas do PT, dizer em longa entrevista que Lula deve manter o pelego Carlos Lupi no ministério, mesmo com a descoberta da gigantesca fraude no INSS; reconhece que o traidor da memória de Brizola é um dos raros políticos não petista que defende o sindicalismo de coalizão com o crime organizado.

Vê-se desta maneira que a realidade brasileira não é lógica ou racional, é contrária à razão e ao bom senso; revolta como absurdo a quem é contra a polarização eleitoral dos dois populistas corruptos, um se assumindo falsamente “de esquerda” e outro falsamente se assumindo como “de direita”.

 

 

DA ROTINA

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Uma das definições de Rotina que mais me agrada é vê-la como a forma organizada de viver. Há pessoas que não consideram este tipo de rotina como norma, dizendo que quem o adota tem uma vida de tédio, sem a graça do aventureirismo, a fuga dos padrões e o enfrentamento do inusitado.

É aí que encontro na sabedoria popular a resposta democrática para quem pensa diferente, seguindo o ditado: “Em cada cabeça uma sentença”; seja, que cada um interprete e assuma uma posição diante da sua realidade.

Como verbete dicionarizado, Rotina é um substantivo feminino com a etimologia de origem francesa “routine”, significando caminho sempre obedecido e usual e repetida maneira de realizar tarefas cotidianas.

Há figuradamente a definição de “conservadorismo que se opõe ao progresso”. Esta, então, é completamente descabida, como vejo nas redes sociais, principalmente nos grupos em que navego, “Tribo do Bem” e “#BrasilConsciente”, em que os participantes mantêm coerência pessoal, sempre enriquecendo os argumentos.

Confesso que neste meu convívio pouco me preocupa em cobrar posições assumidas diferente das minhas; analiso mais e melhor os protagonistas de fora, para entender o que se passa além da bolha. Desta maneira, estabeleço a rotina de analisar os fatos conforme chegam virtualmente.

Como rotina pessoal, trago o exemplo do que se passou comigo um dia desses, quando ainda convalescente da queda que sofri, fui ao Centro com a minha mulher cumprir duas obrigações intransferíveis: o cadastramento exigido a pessoas da minha idade pelo Ministério da Economia.; e, no Cartório de Títulos, confirmar um pagamento do IPTU já realizado.

Fugi à Rotina, não foi? Mas, ao voltar para casa, entreguei-me por completo ao meu dia-a-dia. Uma partida de Canastra às 11,30h e o aperitivo do almoço; almoçado, fui à sesta – a notável rotina dos mexicanos –, cochilando ao som da minha vitrolinha de cds.

Alertado pelo despertador para assistir o jogo do Arsenal contra o Real Madri, assisti um belo espetáculo que me levou ao futebol brasileiro do passado, aquele das jogadas individuais que eu adorava na juventude, nada parecido com o futebol europeu.

Lá na Europa, a atuação em campo dos profissionais obedece a estratégia dos recuos atraindo o adversário para possibilitar o contra-ataque, um esquema psicológico que vem sendo usado pelo técnico flamenguista Davi Luís e esquecido pelo time ao jogar contra o Central de Córdoba, perdendo de 2 x 1…

Após a diversão com o futebol, fui à leitura. Estou relendo o Dicionário Filosófico de Voltaire e concomitantemente folheio o curioso debate de Bertrand Russel com o padre Copleston sobre a existência de Deus.

É assim que levo a vida desde muitos anos. Domesticação, diversão e estudo, a fuga da banalidade que enxameia o noticiário televisivo, idiotizando as massas com debates ensaiados e comentários repetitivos, comprovando o que vaticinou Joseph Pulitzer ao dizer que: – “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.

Do antigo jornalismo contestador, independente e vibrante, sobrou infelizmente um produto degenerado., que exemplificou ao silenciar contra a criminosa censura da ESPN e sem se solidarizar com os jornalistas demitidos pela denúncia que fizeram contra a CBF, um covil de bandidos com tentáculos no STF e na Presidência da República.

Enquanto isso, temos um público vil de cabeça feita pela conspiração midiática do Sistema, mantendo acesa a nojenta polarização dos dois populistas corruptos, Bolso e Lula…. E é este público que observo rotineiramente fora dos grupos que sigo no “X” e no “BS”.

Enquanto mantenho o respeito pela opinião alheia que discorda da minha, a manada garroteada pela polarização discrimina e xinga com ataques pessoais que se sobrepõem ao argumento.

Por isto, venho repetindo rotineiramente a máxima de Lao-Tsé: “Reaja inteligentemente mesmo a um tratamento não inteligente”, exaltando a educação no trato com outrem e a defesa da liberdade da expressão do pensamento. Esta foge do tédio, pela animação no confronto das ideias que desejamos “conservar” política e filosoficamente.

DA MITOLOGIA

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Como parece estarmos de volta à exaltação da Cultura, lembrei-me do presente que o Teatro nos dá, desde a antiga Grécia, quando Eurípedes escreveu “Hipólito” (Ιππόλυτος) com um tema que se tornou clássico com a obra da Racine “Fedra”.

Na versão dos dois, temos uma tragédia ambígua descrevendo a desventura de Fedra que era esposa de Teseu e se apaixonou por Hipólito, filho ilegítimo do marido, propondo-lhe a consumação desse amor… E Hipólito recusou-lhe.

A ambiguidade da interpretação mitológica em que um aceita e outro nega, levou-me a relembrar das vésperas da fracassada conspiração golpista e o relatório do Ministério da Defesa sobre as eleições – onde jamais deveria ter se metido -, acendendo uma vela a Deus e outra ao diabo.

De um lado, assegurou a legitimidade das urnas eletrônicas “em nome da verdade” que, segundo o Boletim do Exército, é o símbolo da honradez militar; mas, do outro lado, serviu à ambição do ex-Presidente, levantando a hipótese de um tal “código secreto”.

De secreto já temos os mergulhos na impunidade, com os sigilos de cem anos do Executivo e o orçamento camuflado dos picaretas do Congresso Nacional; com o “Relatório” inventaram mais um, para satisfazer as loucuras golpistas da seita bolsonarista….

A turma adoradora dos “Deuses das Rachadinhas” deveria se preocupar em fazer oposição ao eleito, Lula da Silva, sem deixar que o próprio partido dele, o PT, se encarregue disto como sempre faz. Bastaria aproveitar-se da experiência que assistimos com Bolsonaro, que se derrotou a si mesmo, ao adotar os desvarios extremistas dos filhos.

Para combater Lula, começariam por vê-lo como o Rei da Demagogia, que governa com os malabarismos da pelegagem sindical driblando a Lei para arrancar dinheiro do contribuinte na ânsia de pagar as promessas de campanha.

… E já que comecei surfando nas ondas dos mares Egeu e Jônico que banham a Grécia, vou à figura de Midas, rei da Lídia, que entrou no disse-me-disse do folclore ocidental pela riqueza imensa e distribuição em ouro para conquistar intelectuais com uma espécie de Lei Rouanet da sua época

Por uma concessão do deus Baco, tudo em que Midas tocava virava ouro; por isto, a sua querida filha Phoebe transformou-se em estátua de ouro ao encostar nele. Imitam-no os populistas fascistóides (não importa a ideologia que adotem, sejam de direita ou esquerda) que usam a riqueza nacional para se manter no poder.

Dessa maneira vê-se a disseminação da pandemia populista latina (cuja febre tem alcançado também na Europa francos, normandos e saxões). O princípio desta política é dúbia; enfrenta o contraditório da responsabilidade fiscal com o populismo distributivo.

O populismo é um mergulho na corrupção a fim de conquistar adeptos e comprar votos pensando na futura eleição. Vale para os dois polarizadores eleitorais, Bolso e Lula, aplaudidos e acompanhados por comparsas capazes de tudo, seja nos desvios de conduta, seja no sonho fascistóide de se manter no poder.

De um lado, Bolso se inflou na política praticando o sindicalismo fardado e investindo contra o Erário; foi derrotado na tentativa de reeleição; do outro lado, seu vencedor, Lula, olha somente pelo retrovisor da História fazendo uma política que se limita em distribuir com o dinheiro público esmolas com fito eleitoral.

Ouvimos repetidamente declarações dos atuais ocupantes do poder a intenção de seguir na trilha pantanosa da irresponsabilidade fiscal como se fora a “socialização” do Erário através de bolsas e de cotas…. Contra isto, se ouve ecoando no continental território brasileiro o toque de alerta para os autênticos patriotas, mostrando a volta da corrupção e a necessidade urgente de se fazer mudanças na política e na economia.

Para enxergar a realidade e reconstruir o País, não é preciso pegar carona na permanente insatisfação dos caminhoneiros, nem os usar para bloquear estradas; basta-nos pegar metrô e ônibus, ir à feira, à farmácia ou ao supermercado, para ouvir “nos ouvidos” as reações do povão. Esta é a verdadeira contestação e a razão de gritar “fora Lula”.

Sente-se que está em curso a revolta popular refletida e atestada por várias pesquisas de opinião pública, mostrando a queda vertiginosa da popularidade de Lula da Silva e do seu governo.

São números e percentuais que não se limitam à horda dos fanáticos apoiadores do mito frouxo e corrupto, assentados em argumentos levianos para justificar o quebra-quebra de Brasília, planejado para dar sustança a um golpe de Estado.

Aliás, a cabulice dos polarizadores Bolso e Lula limita-se a preparar-se para as próximas eleições, sem pensar no País e na Nação, mas apenas em si próprios. E nisto, sem nenhum pudor, os seus seguidores também colaboram com o estúpido fanatismo.

Nesta Mitologia viva e ululante como larva de esgoto, temos deuses nos três poderes republicanos que se aquecem na fogueira do poder desde as Capitanias Hereditárias do favoritismo, dos degredados, dos cruéis predadores de índios e dos escravocratas.

É o “Sistema”.

 

 

 

DAS APALPADELAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Tirei da escritora chilena Izabel Allende o curioso termo “Apalpadela”, um substantivo feminino originário do verbo transitivo apalpar, significando tatear, tocar com a mão e figurativamente, sondar. O verbo é de etimologia latina palpare (palpo,as,āvi,ātum,āre), “acariciar.”

Algumas “apalpadelas” nadam nas raias da delinquência, abuso sexual, no mínimo assédio e muitos passam a mão na História estudando origens e encontrando o cheiro nauseabundo das capitanias hereditárias como herança dos conquistadores ambiciosos que criaram o Sistema que persiste até hoje.

É contra isto que fui à pesquisa do porquê o Consórcio STF-Lula deseja censurar as redes sociais apoiado nos picaretas do Congresso e nos títeres da magistratura. Curioso é que repetem as mesmas táticas, assumindo-se como democratas atentando contra o direito à livre expressão do pensamento.

Nada de Democracia; é puro fascismo. Muitos, por analfabetismo ou ignorância, não sabem o que é o fascismo, ideologia política criada na Itália pelo ex-anarquista Benito Mussolini, adotando a palavra da tradição romana do “fascio” – um feixe de varas de bétula branca amarradas por correias vermelhas – símbolo da união nacional.

Jornalista, Mussolini alertou num artigo que uma vara é quebrada facilmente; algumas dão dificuldade de parti-las e muitas juntas tornam-se impossível de quebrar. Assim pediu a união dos italianos contra o comunismo, prometendo-lhes um socialismo nacional.

Conquistando o poder (a História registra como) o fascismo estabeleceu com a máscara de “nacional socialismo” a repressão ditatorial do “Capitalismo de Estado” totalitário, perseguindo e prendendo opositores, principalmente sindicalistas, em sua maioria anarquistas, comunistas e socialistas.

Esta reação contra os sindicatos de trabalhadores eliminou os membros antifascistas e estendeu resta perseguição aos círculos acadêmicos e meios científicos, literários e artísticos, estabelecendo limites às suas atividades e correspondência.

Assim recriou os sindicatos, as academias e as associações de artistas e intelectuais, transformando-os em órgãos governamentais e partidários; entregou as direções aos colaboradores do regime. Influenciou e foi imitado por ditadores populistas latino-americanos, como Vargas, no Brasil, Perón, na Argentina, e Eleazar López Contreras na Venezuela.

Aqui, os agentes governistas foram chamados de “Pelegos”, alcunha criada para indicar os líderes sindicais atrelados a um Ministério (aqui, “do Trabalho); na Argentina com o modelo peronista, ficaram conhecidos (e ainda hoje o são) como “amarelos”.

Implantada a ditadura militar em 1964, o palco trabalhista brasileiro manteve uma estreita unidade sindical dos comunistas liderados por Luiz Carlos Prestes com os trabalhistas, sob a orientação de Leonel Brizola. Traçando a estratégia da abertura “ampla, geral e irrestrita” o general Golbery do Couto e Silva investiu contra isto.

Prevendo a redemocratização, Golbery traçou a estratégia de uma disputa sindical criando o PT contra a hegemonia da aliança de esquerda. A legenda PT  (lembrando a sigla e a proposta do Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista Alemão) foi entregue ao pelego da VW, Lula da Silva, informante do Dops paulista, segundo denunciou Romeu Tuma Júnior. Sem desmentidos.

Com o apoio do irmão metalúrgico, dissidente do PCB, s trotskistas e católicos “de esquerda”, Lula, espertíssimo, havia se tornado o centro das atenções nos meios sindicais; este êxito subiu-lhe à cabeça e sucumbiu à vertigem politiqueira, virando o astro dos intelectuais obreiristas e descontentes com o comunismo pró soviético e o trabalhismo getulista.

O forte apoio da Igreja Católica que conquistou com a esperteza da pelegagem, Lula teve a capacidade de controlar o partido, eliminando a democracia interna e expurgando os livre pensadores de esquerda.

Sob forte influência trotskista expressada por José Dirceu mostrou os seus propósitos totalitários que só não levou adiante pela ambição de enriquecer, recolhendo o butim fornecido pelas empreiteiras corruptoras, principalmente a Odebrecht criada por Emílio com o seu sobrenome.

O filho de Emílio, Noberto Odebrecht, assumiu a empresa, e temendo a ascensão de Lula, ouviu do pai o que que lhe disse Golbery sobre o Pelego: – “Emílio, o Lula não tem nada de esquerda. Ele é um bon vivant“…. E, a partir daí o Pelego surfou no pântano da corrupção.

Quem primeiro reconheceu isto foi um dos iludidos fundadores do PT, Hélio Bicudo, jurista e ativo militante dos direitos civis, declarando que: – “O Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira como ela é hoje através da sua atuação como presidente da República”.

É esta figura sinistra que protagoniza um dos elementos da polarização eleitoral que atenta contra a Democracia; do outro lado está Bolsonaro, capitão afastado do exército por subversão, que, cercado por um grupo fascista, adota o slogan “Deus, Pátria, Família”, da Ação Integralista Brasileira, partido criado por Plínio Salgado como versão tupiniquim do Partito Nazionale Fascista, de Mussolini.

Os autênticos patriotas e defensores intransigentes das liberdades democráticas, ficamos contra estes antagonistas corruptos que desmascaramos e enfrentamos  nas redes sociais às apalpadelas para despertar o povo com o  combate à imunda polarização tentacular, estendida  criminosamente aos três poderes republicanos.

DO ARBÍTRIO

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Líder da concentração de poder monárquico na Europa, o rei Luís XIV instalou o absolutismo na França e, como a vitaliciedade dos semideuses do STF, teve o mais longo reinado da História. De 1643 até à morte, em 1715.

Criou a própria alcunha de “Rei Sol”, impondo por maciça propaganda a aceitação popular da personificação caracterizada pelo absolutismo que manifestou com uma frase famosa: “O Estado sou Eu”.

Lembremos que nos primórdios da civilização, com as pessoas na dependência dos deuses, os sacerdotes foram intermediários entre o divino e o humano nos antigos impérios  reconhecendo que os reis, como suprema autoridade religiosa, (ainda são na Inglaterra) foram outorgados de autoridade política.

Os historiadores concluem nos seus estudos sobre a autoridade política dos reis, pela atribuição de rei-sacerdote, como escreveu Fustel de Coulanges no seu livro “A Cidade Antiga”.

Dessa maneira, nos primórdios da civilização, ficou estabelecida a relação entre o poder, a religião e a sociedade. Contra este princípio, a História da Civilização registra que somente no século 5ª a/C a autoridade impondo obediência foi combatida pelo dialeta grego Anaxágoras, um filósofo defensor de que há uma inteligência universal que governa tudo e dá liberdade aos seres humanos para expressarem suas opiniões.

Este postulado reviveu na modernidade com o pensador francês Denis Diderot dizendo que “Nenhum homem recebeu da natureza, o direito de mandar nos outros”. Vemos então que a filosofia da Grécia antiga assumiu uma resistência que foi reconstruída no século 18, uma atitude democrática que nós, brasileiros, ainda não assumimos, mesmo com visão libertária atual.

Por ignorância ou covardia, muitos deixam de combater o arbítrio quase religioso das sentenças monocráticas do STF sob o manto fraudulento da “defesa da Democracia”, que  evoca a lembrança do alerta que Martin Luther King nos legou: “Nunca se esqueça que tudo o que Hitler fez na Alemanha era legal para os juízes daquele país”.

Infelizmente isto não entra na cabeça de seguidores da ideologia distorcida do culto às personalidades políticas, cujos antolhos do fanatismo não lhes permite ver a reimplantação da censura ditatorial proposta pela Suprema Corte, como vemos nas entrevistas de alguns togados.

Voltando à resistência dos gregos antigos contra o totalitarismo, tivemos também os antigos sofistas que travaram uma guerra contra os preconceitos e a obtusidade ultrapassada do poder constituído, pregando os direitos da cidadania assegurados por uma justiça  racional e não na política dos togados do STF.

A arte de raciocinar e se manifestar combatendo velhos costume pelo exercício da cidadania independente e livre, deve voltar a ser pensada, discutida e implantada, para garantir a autêntica Democracia não adjetivada como fazem os amigos de ditadores.

No nosso caso, não somos obrigados a nos submeter ao poder instituído se seus gestores não cumprem as prerrogativas constitucionais. Recentemente, assistimos a tentativa de nos levar à servidão das decisões particulares de alguns juízes auto assumidos de uma autoridade que não lhes cabe.

Lembro o atentado perpetrado contra o “X”, penalizando 21,4 milhões de usuários da rede em consequência de um choque de personalidades vaidosas do ministro Alexandre Moraes e seu presumido símile, dono da empresa, Elon Musck.

Com esta infâmia, encontramos a semelhança com Luiz XIV do meritíssimo Alexandre – de alcunha “Guardião da Democracia” – e o “Rei Sol”, na prática do arbítrio e a ascendência do poder sobre a cidadania. E o pior é que Ele não está só, tem o apoio dos demais ministros, deixando o Brasil inflacionado de luíses catorze….

Entre eles, a presença de um camaleão, Flávio Dino, que muda de cor e posição; já que se declarou branco, pardo e preto e se dizendo democrata ressuscita Stálin, ao censurar velhos livros de Direito com o argumento de trazerem homofobia; felizmente, por ignorância, ainda não investiu contra as descrições sexuais que a Bíblia traz…

Diante do arbítrio da ditadura jurisdicional que Rui Barbosa criticou, é chegada a hora de quebrar os grilhões do mando arbitrário, admitindo a premissa de Ulisses Guimarães de que “a Pátria não pode se tornar capanga de idiossincrasias pessoais” e repisando com um truísmo que merece eco: “A Nação quer mudar, a Nação deve mudar, a Nação vai mudar”.

DAS MÁGICAS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Aprendi que para falar de mágica deve-se distingui-la da alquimia, a parteira da química moderna, embora ambas contrariem as leis da Natureza. Uma é exercida pelo ritual do ilusionismo e truques obtidos na prestidigitação, e a outra é relacionada na busca de valores reais e vitais.

Magia é a arte de criar a ilusão por meio de agilidade motora das mãos ou pela desatenção dos espectadores. Confundir a aplicação da magia com o empreendimento alquímico foi coisa criada por Louis Pauwels e Jacques Bergier no realismo fantástico do livro “O Despertar dos Mágicos”, de 1960.

A leitura deste livro leva-nos a um caminho sem volta, porque fascina e faz pensar. Traz nas suas reflexões a presença de Isaac Newton e a sua famosa frase em resposta a um elogio: – “Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes”. Segundo biógrafos do físico inglês referiu-se aos sábios da Grécia antiga, principalmente Aristóteles, de quem guardava profunda admiração.

Temos também a curiosa diretriz de Bergier com vista aos alquimistas, suas pesquisas ocultas e o silêncio em torno das descobertas; ele se refere a uma carta de Eugène Canseliet dizendo que – “Se existe um processo que permite fabricar bombas de hidrogênio num fogão de cozinha, é francamente preferível que esse processo não seja revelado”.

O escritor e alquimista francês citado, afirmou que isto não se trata de fantasia: – “Estou em boa posição de ver que é possível chegar à desintegração atômica partindo de um mineral relativamente comum e barato”.

Antecedeu à ficção cinematográfica dos transportes no tempo inventados e usados por Emmett Brown (Christopher Lloyd) no filme “De Volta para o Futuro”, protagonizado ao lado de Marty McFly (Michael J. Fox). A primeira máquina do tempo do doutor Brown foi acionada com plutônio roubado de terroristas líbios e mais tarde foi abastecida com o lixo doméstico….

Isto, evidentemente, tanto no cinema como nos laboratórios, mostra que a alquimia não é o encanto mágico e dele só tem em comum com o ocultismo, praticado às escondidas e com seus métodos mantidos sob sigilo.

É o sigilo respeitoso das pesquisas científicas sobre os fenômenos produzidos pela Natureza, muito diferente dos sigilos decretados pelos políticos corruptos quando ocupam o poder como se viu no Governo Bolsonaro e depois no Governo Lula que o havia condenado… Estes dois hipócritas polarizam eleitoralmente na ilusória mágica do populismo.

Temos assistido revoltados no desenrolar da política brasileira o que parece ter como combustível a lama pútrida dos esgotos, a manipulação da propaganda e das fake news, cujos objetivos visam levar os polarizadores a se alternar no poder.

Estas práticas ilusórias deslumbram os fanáticos cultuadores de personalidades; vêm dos tempos sombrios de Mussolini, Hitler e Stálin, e renascem hoje na adoração dos populistas corruptos, cujas ações indecorosas e alcances criminosos dos bens públicos são conhecidos.

Quem se relaciona com a verdade e a honestidade, deseja uma justiça perfeita e respeita o autêntico patriotismo, repudia essas figuras imundas. Quem defende o humanismo, a paz e a solidariedade humana, adota o princípio básico de que não se deve repetir a ilusão desfeita.

Assim, os defensores da Democracia e da Liberdade não apoiam o populismo, nem as ditaduras baseada em fraudes e violência como vigora na Venezuela de Maduro, opressor do povo venezuelano.

Da minha parte, junto-me aos que somente reverenciam as palavras mágicas, que são: “Bom dia; Boa tarde; Boa noite; Com licença; Desculpe; Obrigado; Perdão; e Por favor”.

DOS ASSISTIDOS

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Criei uma “fake news” abrindo uma brecha no rigor que me leva à busca da verdade dos fatos. Nasceu da comemoração do aniversário do PT, partido fundado pelo general Golbery do Couto e Silva e entregue ao pelego da VW, Lula da Silva, seu informante, segundo Tuma Jr., e ainda não desmentido…

Na festa, entre as louvaminhas à Lula, que sempre rebusca na memória ideias antigas, ainda do tempo de pelegagem para enriquecer a sua demagogia, houve discursos com propostas de renovação do partido; entre esses, um “cumpanhero” da antiga (aliás todos dirigentes são “da antiga”) sugeriu que se fizesse um broche com a inscrição “PT-40 Anos”. É dos mais inteligentes.

A minha “fake” se faz presente, imaginando que alguém deveria propor, na verdade, a troca da legenda “PT” por “PA”, já que o partido não é mais dos trabalhadores, mas dos “assistidos” pela bolsas eleitorais populistas…

Comprova-se isto numa notinha saída distraidamente na imprensa mercenária vendida à Secom, informando sobre a filmagem de uma quilométrica fila de pacientes de baixo poder econômico numa Unidade Básica de Saúde. São os trabalhadores sem condição de ir ao Sírio Libanês.

Muitos trabalhadores também formaram fila esta semana em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Terceirizados do Distrito Federal, nesta semana, para dar uma declaração a fim de não pagar a taxa de assistência sindical, instituída pelo Governo Lula.

E há um geral inconformismo pela volta do famigerado imposto sindical, que a novilíngua lulopetista batizou de “Contribuição” (agora teremos uma contribuição obrigatória). Foi anunciado um projeto de Lei diretamente pelo petista ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que deve ser apresentado neste primeiro semestre instituindo esta deformidade por “acordo” ou “convenção coletiva”.

Há uma revolta surda entre os petroleiros e engenheiros da Petrobras pela má gestão impressa por Lula à empresa. Recrudesce igualmente entre os acionários com o recente anúncio do prejuízo do último trimestre do ano que, de acordo com o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo que foi diretor da Previ, ocorreu por causa de “um item de natureza contábil”.

Ocorre que a Petrobrás perde inexplicavelmente R$ 10 bi vendendo combustível mais barato no Exterior, e pagando antecipadamente aos fornecedores. Também as despesas operacionais aumentaram no quarto trimestre do ano passado, 31,9% maior do que no mesmo período de 2023…. Deixando um cheiro gasoso de Petrolão.

Dos Correios, entregue aos lulopetistas nem vale a pena repetir o desastre, em verdade prejudicial aos que na empresa prestam serviço. É o único monopólio do mundo que dá prejuízo, que não é pequeno; no ano passado foi de R$ 3,2 bilhões.

São os trabalhadores que vão pagar a conta, porque é impossível reverter o rombo que até agora não recebeu uma observação do Governo Petista, e muito menos teve uma proposta para resolver o problema.

Assim, o mundo do trabalho é pisoteado pelo Partido dos Trabalhadores, onde o populismo que venceu a ideologia atende a execrável Bolsa Família e o inoperante há 20 anos Fome Zero; e mais o Auxílio Reconstrução, o Seguro Defeso, o Gás Social, o novo Pé-de-Meia, e outros que não lembro…. Somam-se aos programas invejosos de estados e municípios.

Desta maneira, os trabalhadores trabalham para sustentar que não trabalha, graças ao Partido dos Assistidos. É a mentirosa ideologia socialista do Partido dos Assistidos; uma mera ficção que  tem a ver com a realidade que vivemos e observamos.

Esta “fake news” é uma caricatura do que ocorre, e parece que o mais nojento de tudo torna-se viva no cenário político nacional de uma ideologia distorcida e enganadora para os que sonham com o respeito a quem produz.

 

DA LIBERDADE

MIRANDA SÁ (Email: mirandasa@uol.com.br)

Nos tempos em que Pátria, patriotismo e patriota, não eram palavras vãs, hoje usadas somente na demagogia populista, crianças e adolescentes cantavam hinos nas escolas, e, entre eles, o da Proclamação da República, de Medeiros e Albuquerque e Leopoldo Américo Miguez.

“Liberdade!/ Liberdade!/ Abre as asas sobre nós!” um verso que foi um grito de guerra na minha juventude, o sonho de uma terra livre de livres irmãos. De coração, garanto que ainda ecoa no meu nonagenário com mais se 70 anos de exercício jornalístico.

Já adulto e me iniciando no saudoso jornal “A Manhã”, escrevendo sobre o futebol amador, fuçando as estantes do meu pai encontrei a curiosa figura do arcebispo católico, escritor, filósofo, pedagogo e teólogo francês, François Fénelon, cujas ideias valeram-lhe uma forte oposição tanto da Igreja quanto do Estado.

A História registra que foi nos finais do século 17 que vieram de Fénelon as noções de liberdade, igualdade e fraternidade, usadas mais tarde como consigna da Revolução Francesa. Tiveram um alvo perfeito, atingindo o absolutismo monárquico no Estado e o arbítrio clerical na Igreja. É interessante registrar que François Fénelon é um dos espíritos da codificação espírita como um dos Espíritos da Verdade que se comunicou com Allan Kardec.

Mais tarde como bandeira revolucionária, a Liberdade teve grande relevância na França, surgindo na insurreição popular de 1871, conhecida como Comuna de Paris, evento estudado com afinco por Karl Marx, precedendo a publicação do Manifesto Comunista. Vivia-se naquela época a chamada Primavera dos Povos por causa da brisa da Liberdade que cobria a Europa e influenciou a Revolução Americana.

Dos ventos soprados do norte do continente americano, tivemos em 1817 a Revolução Pernambucana, um levante independentista que defendia a República e as liberdades de credo e de expressão. Foi lindamente romanceada no livro “Dezessete”, do escritor, jornalista e poeta paraibano, Eudes Barros.

“Dezessete” precedeu o último levante  pela independência do Brasil em 1824, a Confederação do Equador, que também eclodiu em Pernambuco e recebeu a adesão de quase todas províncias do atual Nordeste.

Este conflito teve as raízes do liberalismo iluminista de François Fénelon; defendeu uma Constituição que promovesse a descentralização política do governo, concedendo às províncias autonomia política, administrativa e financeira.

Seu idealizador e líder foi o frade Joaquim do Amor Divino Rabelo, popularmente conhecido como Frei Caneca, uma personalidade que expressava ideias liberais e republicanas. Sua formação ideológica nasceu na subversiva Academia do Paraíso, entidade que reunia admiradores da Revolução Francesa e da independência dos Estados Unidos da América.

A Confederação pouco durou; sofreu a violentíssima repressão de numerosas tropas terrestres e de uma esquadra de mercenários ingleses financiada pelo governo imperial.

Derrotado o movimento, Frei Caneca foi condenado à morte por enforcamento, indiciado como um dos chefes da rebelião. Terminou, porém, sendo fuzilado num muro vizinho ao Forte das Cinco Pontas em Recife, parede que continua de pé com o busto dele e uma placa alusiva promovidos pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.

A minha homenagem ao Herói e Mártir da brasilidade é deixar patente que o seu ímpeto revolucionário foi além do autoritarismo monárquico e da crise econômica que se abatia no país; defendeu acima de tudo, como princípio, liberdade, igualdade e justiça social.

O sonho de Caneca se insere num Estado Democrático de Direito. Atentar contra ele é fuzilá-lo outra vez; por isto, é um imperativo da consciência nacional condenar a trama golpista de Bolsonaro e das viúvas da ditadura militar que o cercavam.

A Liberdade é inegociável. O fundador da Filosofia Crítica, Immanuel Kant, considerou a liberdade como base do seu sistema filosófico, como ética e dever. Assim, a defesa da Liberdade se torna uma obrigação e exige rigorosa punição de quem a ameaça com um golpe ou com a censura….

 

 

 

 

 

 

 

DAS MEDIDAS

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br)

Lembro do tempo em que o alfaiate tomava a medida das pessoas e fazia um terno; e outro profissional tão antigo e, como o alfaiate, quase desaparecido, o chapeleiro, fazia um chapéu sem sequer conhecer o cliente, apenas com dados da cabeça dele.

Também o psicólogo – tira a medida do que está no interior do crâneo, revelando pelos medidores freudianos ou junguianos, verdades desconhecidas até pelo paciente…

Como verbete dicionarizado, “Medida” é um substantivo feminino de origem latina, particípio passado de Metire, “medir”. Define-se como uma determinada quantidade para avaliar dimensões ou frações mensuráveis.

Para medir grandezas físicas temos instrumentos, as unidades de medida que são: para o comprimento: metro (m), para a massa: grama (g) e para o volume: metro cúbico (m3).

Para quantificar a percepção humana, Platão nos trouxe um enunciado de Protágoras, filósofo e matemático grego, criador da corrente de pensamento conhecida como pitagorismo: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são”.

Isto induz que se uma pessoa pensa que uma coisa é verdade, tal coisa é a verdade para ela; serviu de base filosófica para o dialética materialista de Heráclito, defensor de que o conhecimento humano pode ser alterado conforme circunstâncias mutáveis.

Heráclito formulou como exemplo que “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não encontra as mesmas águas, e o próprio indivíduo já se modificou”.

Da sabedoria grega antiga concluímos que o ser humano tem o poder para determinar o valor ou significado das coisas, criando a sua própria realidade. E assim possuímos a representação cultural de medidas políticas. Com elas temos a formação dos governos autoritários dispondo restrições e controle para a cidadania.

Com referência a estes critérios, sabemos que tais ações provocam reação dos defensores da liberdade de expressão que assumem nas redes sociais a luta contra a censura que o Governo Lula e seus sabujos no Judiciário e Legislativo tentam implantar.

Pela contradição no exercício de suas funções, o Supremo Tribunal Federal, inoculou-se com o vírus da lerdeza coletiva, do interesse pessoal e permitiu a entrada da política no Tribunal, expulsando de lá a Justiça boa e perfeita.

É inegável que com isto fica escancarado o problema das decisões monocráticas. A questão é tão chocante que se põe à frente dos privilégios gozados pela magistratura – A mais cara do mundo –, e mantém nela um comportamento leniente enfermiço diante do crime e dos criminosos.

Neste campo, a febre do autoritarismo fica a serviço dos aspirantes da “Democracia Relativa” com tremores doentios que levam um ministro do STF a dizer que as redes sociais não têm regulamentação. Ele ignora por falta de estudo ou acumpliciado com o totalitarismo, que já temos o Marco Civil da Internet, permitindo que qualquer juiz peça a retirada do conteúdo das redes a qualquer tempo.

Aliás, não é falta de estudo. Acho proposital a fala equivocada do ministro Alexandre de Moraes, pois julgo impossível seu desconhecimento de que o código penal tipifica os crimes contra a honra, a fraude e o estelionato, punindo-os em qualquer contexto, em tempo e espaço.

Portando, qualquer crime cometido no mundo virtual pode e deve ser reprimido, investigado, e os culpados devem ser punidos. Não o fazer, alegando necessidade de repressão ou censura prévia, nada tem a ver com o Estado Democrático de Direito.

Por isto, é um dever da nacionalidade repudiar a volta da censura ditatorial, que só existe na cabeça de golpistas fanáticos de Bolsonaro ou defensores lulistas da Ditadura Maduro, que lhes inspira.