Arquivo do mês: setembro 2008

MEIO AMBIENTE

Repressão ao comércio clandestino de animais silvestres

Acabou no início da tarde, em Pernambuco, a operação especial de combate ao tráfico de animais, batizada de Operação Vôo Livre. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o tráfico de animais movimenta por ano, no Brasil, de US$ 3 bilhões a US$ 6 bilhões. Ibama e Polícia Militar conseguiram libertar um total de 1.232 aves mantidas irregularmente em cativeiro.

Foram identificadas 35 espécies de pássaros, entre elas: galo de campina, tico-tico, azulão, papa-capim, golinha, patativa, canário da terra, concris, sabiá, cancão, sanhaço, sangue de boi, cravina, xexéu, jandaia, tuim, pássaro preto, coruja buraqueira, asa branca, rolinha, bico de veludo, papagaio e uma espécie ameaçada de extinção: pintassilgo.

Além disso, os 24 agentes que participaram da ação ainda encontraram 15 jabutis, um tatu e um catingueiro. Desde quarta-feira passada, fiscais do sistema de inteligência do Ibama estavam infiltrados nas feiras de comércio de animais da região.

Viviane Cardoso, enviada especial de Zero Hora em Caruaru(PE) (viniane.cardoso@gruporbs.com.br)

BOVESPA

Vendas caem e o dólar sobe

A Bolsa de Valores de São Paulo terminou os negócios em queda nesta sexta-feira. com o Ibovespa registrando a queda de 2,02%, para 50.782 pontos, com giro financeiro em R$ 5 bilhões. Foi um novo dia de baixas em meio a onda pessimista causada pelo impasse nas negociações nos EUA para aprovação da ajuda de US$ 700 bilhões ao mercado financeiro. O dólar fechou em forte alta, com a cautela do investidor antes do final de semana.

Reuters

CORRIDA ARMAMENTISTA

Rússia anuncia novo sistema de defesa nuclear

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou planos para construir um sistema de defesa nuclear mais moderno que deverá iniciar suas operações em 2020 e incluir um sistema de defesa aeroespacial e novos submarinos nucleares – equipados com mísseis.

Medvedev quer que os comandantes militares do país submetam seus planos ao governo até dezembro. “Temos que garantir a defesa nuclear sob várias condições políticas e nucleares até 2020”, disse Medvedev a comandantes militares.

BBC/BRASIL

E L E I Ç Õ E S / E U A

McCain decidiu debater com Obama hoje à noite

O comitê de campanha do candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain, confirmou nesta sexta-feira que o candidato comparecerá ao primeiro debate com o rival democrata, Barack Obama, nesta 6ª feira. Dois dias antes McCain comunicou que ia suspender a campanha e sugeriu que o adiamento do debate por causa da crise econômica nos Estados Unidos.

humbertojc

Fonte: chargeonline.com.br/Humberto

Míriam Leitão comenta

O jogo da imperícia

Esta é a mais perigosa crise econômica de nossa era. Ela tem ingredientes explosivos: um presidente fraco, uma falta de liderança no país mais poderoso do planeta e o pior desmonte do mercado já visto em 80 anos. O retrocesso da negociação ontem foi mais um flagrante da fraqueza da liderança. Mas a chance que a economia tem é de que a democracia a salve, ao melhorar um projeto cheio de defeitos.

Mesmo num dia que termina tão complexo quanto o de ontem, é na democracia que se pode apostar. A proposta inicial, apresentada nos jardins da Casa Branca por quatro cavalheiros com cara de Apocalipse, na sexta-feira passada, era, na visão do governo, para ser aceita sem discussão. Ela era controversa do ponto de vista econômico e insustentável do ponto de vista político e jurídico. A negociação está melhorando o projeto.

O surpreendente retrocesso de ontem à noite, quando tudo parecia já acertado, tem uma explicação simples: é a disputa eleitoral entrando num tema que deveria ter estado acima desse conflito. E não foram os democratas que fizeram o jogo político-partidário, mas os republicanos.

A reunião, descrita pelos participantes à imprensa americana como “conflituosa”, deixou o assunto ainda suspenso no ar.

Clique ao lado para ler na íntegra. Panorama Econômico

FRASE DA VEZ 1/26

“São Tomé estaria completamente desacreditado. Lula, por exemplo, nem vendo se acredita.”

Millôr Fernandes, o Millôr

A festa com o nosso dinheiro no Pan

O relatório do Tribunal de Contas da União sobre os gastos públicos no Pan-2007, divulgado hoje, é ainda parcial, porque faltam dados não só do Ministério do Esporte como também das diversas estatais que apoiaram o evento.

O Ministério tem 30 dias para apresentar suas contas definitivas e as estatais, 15.

Seja como for, há dados que dão a medida do descalabro cometido com o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho. Sabe quanto custou aos cofres públicos a diária de cada atleta hospedado na Vila Pan-Americana?

A incrível quantia de R$ 1.137, 00 por dia, repita-se, algo muito superior ao que cobram os melhores hotéis cariocas, como, aliás, o relatório faz questão de observar.

Mas há muito mais.

O documento faz referências a gastos “despropositados” e volta a mencionar o escândalo cometido com o sistema de credenciamento, originalmente orçado em R$ 55.000,00 e que chegou à casa, pasme, de nada mais nada menos do que 26,7 milhões de reais.

O cálculo, repita-se, ainda parcial estima em 3,3 bilhões de reais o total de dinheiro público gasto no evento, alguma coisa de assombroso numa competição da terceira divisão internacional e de apenas duas semanas.

Lembremos que, segundo o orçamento inicial, os gastos públicos seriam da ordem de R$ 523,84 milhões. Há casos ainda como os de materiais importados, dardos, varas de salto e material para o taekwondo, encontrados pelos fiscais do TCU nos depósitos do Comitê Olímpico Brasileiro, que simplesmente não foram usados porque chegaram ao país depois do fim dos Jogos.

Não é mesmo de se tirar o chapéu para Carlos Nuzman e Orlando Silva?

Fonte: Juca Kfouri

Elas vão longe

Dilma Rousseff e a mentira se encontraram de novo. Como se sabe, elas têm uma sina juntas. Na ditadura e na democracia.

A ministra-chefe da Casa Civil, que Lula inventou como gerentona e o Brasil acreditou (o Brasil acredita em Lula), mentiu sob tortura para salvar seus companheiros. Um gesto nobre, pelo qual ela tomou gosto.

A mãe do PAC (esse menino anda sumido) declarou, sem ninguém a torturá-la, que o governo a que serve investiu 504 bilhões de reais na aceleração do crescimento. É mentira, claro, mas colou e ela foi em frente.

E agora disparou: o dinheiro do pré-sal vai erradicar a pobreza em menos de 18 anos.

Dilma vai acabar com a pobreza porque é modesta. Se fosse atrevida, acabaria também com a corrupção e a tristeza. A tristeza até que seria fácil, mas a corrupção ela teria que fazer umas consultas ao partido.

Como se sabe, Lula e o PT inflaram o número de brasileiros famintos para incrementar seu banquete de votos. Sua plataforma era Fome Zero – programa que sumiu do mapa, sinal de que a fome deve ter acabado. Nessa linha, acabar com a pobreza também não vai ser problema.

Inclusive porque o dinheiro do pré-sal pode comprar tudo, até amor verdadeiro. Como nem a Dilma, nem ninguém, sabe quando nem quanto vai sair do fundo do mar, não há motivo para limitações. Em cheque em branco, cada um põe o valor que quiser.

A relação de Dilma com a mentira está evoluindo: antes salvava seus companheiros, agora salva seus votos. Não deixa de ser uma causa nobre.

Fonte: Guilherme Fiúza

Desculpas ao esporte e aos atletas brasileiros

Por RONALDO PACHECO DE OLIVEIRA FILHO*

Desculpem pela falta de espaços esportivos nas escolas;
Pela falta de professores de educação física nas séries iniciais;
Pelas escolinhas mercantilizadas que buscam quantidade de clientes e não qualidade de aprendizagem;
Desculpem pela falta de incentivo na base;
Desculpem pela falta de praças esportivas;
Desculpem pelo discurso de que “o esporte serve para tirar a criança da rua” (é muito pouco se for só isso!);
Desculpem pela violência nas ruas que impede jovens de brincar livremente, tirando deles a oportunidade de vivenciar experiências motoras;
Desculpem se muito cedo lhe tiraram o “esporte-brincadeira” e lhe impuseram o “esporte-profissão”;
Desculpem pelo investimento apenas na fase adulta quando já conseguiram provar que valia a pena;
Desculpem pelas centenas de talentos desperdiçados por não terem condições mínimas de pagar um transporte para ir ao treino, de se alimentar adequadamente, ou de pagar um “exame de faixa”;
Desculpem por não permitirmos que estudem para poder se dedicar integralmente aos treinos.
Desculpem pelo sacrifício imposto aos seus pais que dedicaram seus poucos recursos para investir em algo que deveria ser oferecido gratuitamente;
Desculpem levá-los a acreditar que o esporte é uma das poucas maneiras de ascensão social para a classe menos favorecida no nosso país;
Desculpem pela incompetência dos nossos dirigentes esportivos;
Desculpem pelos dirigentes que se eternizam no poder sem apresentar novas propostas;
Desculpem pelos dirigentes que desviam verbas em benefício próprio;
Desculpem pela falta de uma política nacional voltada para o esporte;
Desculpem por só nos preocuparmos com leis voltadas para o futebol (Lei Zico, Lei Pelé, etc.);
Desculpem se a única lei que conhecem ligada ao esporte é a “Lei do Gérson” (coitado do Gérson);
Desculpem pelos secretários de esporte de “ocasião”, cujas escolhas visam atender apenas, promessas de ocupação de espaços político-partidários (e com pouca verba no orçamento);
Desculpem pelos políticos que os recebem antes ou após grandes feitos (apenas os vencedores) para usá-los como instrumento de marketing político;
Desculpem por pensar em organizar “Olimpíadas” se ainda não conseguimos organizar nossos ministérios; nossas secretarias, nossas federações, nossa legislação esportiva;
Desculpem por forçá-los, contra a vontade, a se “exilarem” no exterior caso pretendam se aprimorar no esporte;
Desculpem pela cobrança indevida de parte da imprensa que pouco conhece e opina pelo senso comum.
Desculpem o povo brasileiro carente de ídolos e líderes por depositar em vocês toda a sua esperança;
Desculpem pela nossa paixão pelo esporte, que como toda paixão, nem sempre é baseada na razão;
Desculpem por levá-los do céu ao inferno em cada competição, pela expectativa criada;
Desculpem pelo rápido esquecimento quando partimos em busca de novos ídolos;
Desculpem pelas lágrimas na derrota, ou na vitória, pois é a forma que temos para extravasar o inexplicável orgulho de ser brasileiro e de, apesar de tudo, acreditar que um dia ainda estaremos entre os grandes.

*Ronaldo Pacheco de Oliveira Filho é professor da Secretaria de Educação do DF (cedido à UnB) e da Universidade Católica de Brasília.