Zila Mamede

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Trigal

 

Por entre noite e noite, essas veredas 

para os trigais maduros me acenando. 

Despertam-se campinas, precipitam-se 

as invenções da luz na ventania.

 

 Por entre lua e lua, essa querência 

– um resmungar de espigas conscientes 

do retorno às searas, que ceifeiros 

já descerraram olhos invernais.

 

Planície enlourecendo se oferece 

e um mar desenha nos pendões crescentes. 

Ceifeiros – seus marujos sem navios –

 

pescam sementes, riscam no amarelo 

a saudade dos peixes inascidos 

nesse (não mar das águas) mar de pão.

 

Biografia de Zila Mamede aqui.

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