Rainer Maria Rilke

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Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?

 

Que farás tu, meu Deus, se eu perecer?

Eu sou o teu vaso – e se me quebro?

Eu sou tua água – e se apodreço?

Sou tua roupa e teu trabalho

Comigo perdes tu o teu sentido.

 

Depois de mim não terás um lugar

Onde as palavras ardentes te saúdem.

Dos teus pés cansados cairão

As sandálias que sou.

Perderás tua ampla túnica.

Teu olhar que em minhas pálpebras,

Como num travesseiro,

Ardentemente recebo,

Virá me procurar por largo tempo

E se deitará, na hora do crepúsculo,

No duro chão de pedra.

 

Que farás tu, meu Deus? O medo me domina.

 

(Tradução: Paulo Plínio Abreu)

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