Poesia

Comentários desativados em Poesia
Compartilhar

A fome e o amor

 

Fome! E, na ânsia voraz que, ávida, aumenta,

Receando outras mandíbulas a esbanjem,

Os dentes antropófagos que rangem,

Antes da refeição sanguinolenta!

Amor! E a satiríases sedenta,

Rugindo, enquanto as almas se confrangem,

Todas as danações sexuais que abrangem

A apolínica besta famulenta!

Ambos assim, tragando a ambiência vasta,

No desembestamento que os arrasta,

Superexcitadíssimos, os dois

Representam, no ardor dos seus assomos

A alegoria do que outrora fomos

E a imagem bronca do que inda hoje sois!

Augusto dos Anjos

 

O Poeta

 

Augusto dos Anjos foi um poeta brasileiro pré-modernista que viveu de 1884 a 1914. Sua obra “Eu e Outras Poesias”, foi publicada dois anos antes de sua morte.

Suas poesias trazem marcantes sentimentos de pessimismo e desânimo, além de inclinação para a morte. Com relação à estrutura, pode-se dizer que suas poesias apresentam rigor na forma e rico conteúdo metafórico.

Morreu ainda jovem (em 1914) devido a uma enfermidade pulmonar, deixando para trás suas carreiras de promotor público (formou-se em Direito em 1906) e de professor, além de sua única e marcante obra.

Os comentários estão fechados.