Poesia

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O pão nosso

 

Bebe-se o café da manhã…úmida terra

de cemitério cheira a sangue amado.

Cidade de inverno…A mordaz cruzada

de uma carreta que arrastar parece

uma emoção de jejum encadeada!

Quisera bater em todas as portas,

e perguntar por não sei quem, e logo

ver aos pobres, e, chorando quietos

dar pedacinhos de pão fresco a todos.

E saquear aos ricos seus vinhedos

com as duas mãos […]

 

César Vallejo

 

O Poeta

Caesar Abraham Vallejo nasceu em 16 de Março de 1892, em Santiago de Chuco, Perú.

Toda a vida de Vallejo é um esforço para conquistar, na própria escritura de cada poema, este alfabeto competente ou linguagem adequada: uma linguagem adequada à obscuridade da intuição, à visão das trevas não pode ser senão obscura. O poeta desce à noite e toda a noite deve ser dita no poema, o poema deve mostrá-la; ele a viu, a tocou, e pede que o escutem “em bloco”:

 

             e se vi, que me escutem pois, em bloco,

              se toquei esta mecânica, que vejam

                              lentamente,

              aos poucos, vorazmente, minhas trevas.

                                   

                                     (De Panteão – César Vallejo)
 
(Américo Ferrari: Introdução a César Vallejo:
Obra Poética Completa)

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