Poesia

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A Flor do Maracujá     

 

Encontrando-me com um sertanejo 

Perto de um pé de maracujá

Eu lhe perguntei: 

Diga-me caro sertanejo 

Porque razão nasce roxa 

A flor do maracujá?

 

Ah, pois então eu lhi conto 

A estória que ouvi contá

A razão pro que nasci roxa 

A flor do maracujá

 

Maracujá já foi branco 

Eu posso inté lhe ajurá

Mais branco qui caridadi 

Mais brando do que o luá

 

Quando a flor brotava nele 

Lá pros cunfim do sertão

Maracujá parecia 

Um ninho de argodão

 

Mais um dia, há muito tempo 

Num meis que inté num mi alembro 

Si foi maio, si foi junho 

Si foi janero ou dezembro 

 

Nosso sinhô Jesus Cristo 

Foi condenado a morrer

Numa cruis crucificado 

Longe daqui como o quê

 

Pregaro cristo a martelo 

E ao vê tamanha crueza 

A natureza inteirinha 

Pois-se a chorá di tristeza 

 

Chorava us campu 

As foia, as ribera 

Sabiá também chorava 

Nos gaio a laranjera 

 

E havia junto da cruis 

Um pé de maracujá

Carregadinho de flor

Aos pé de nosso sinhô

 

I o sangue de Jesus Cristo 

Sangui pisado de dô

Nus pé du maracujá 

Tingia todas as flor

 

Eis aqui seu moço

A estoria que eu vi contá

A razão proque nasce roxa 

A flor do maracujá.

 

Catulo da Paixão Cearense

 

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