Poesia

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Que importa?…

 

Eu era a desdenhosa, a indiferente,

Nunca sentira em mim o coração

Bater em violência de paixão,

Como bate no peito à outra gente.

 

Agora, olhas-me tu altivamente,

Sem sombra de desejo ou de emoção,

Enquanto as asas loiras da ilusão

Abrem dentro de mim ao sol nascente.

 

Minh’alma, a pedra, transformou-se em fonte;

Como nascida em carinhoso monte,

Toda ela é riso e é frescura e graça!

 

Nela refresca a boca um só instante…

Que importa?… Se o cansado viandante

Bebe em todas as fontes… quando passa?…

 

 Florbela Espanca

A Poetisa

 

A poesia de Florbela caracteriza-se pela recorrência dos temas do sofrimento, da solidão, do desencanto, aliados a uma imensa ternura e a um desejo de felicidade e plenitude que só poderão ser alcançados no absoluto, no infinito.

 

A veemência passional da sua linguagem, marcadamente pessoal, centrada nas suas próprias frustrações e anseios, é de um sensualismo muitas vezes erótico.

 

Simultaneamente, a paisagem da charneca alentejana está presente em muitas das suas imagens e poemas, transbordando a convulsão interior da poetisa para a natureza.

 

 

 

 

 

 

 

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